Com a aproximação do trem que iria para Kyoto, Ethan e Kaede ficaram surpresos com a presença de Ryoga, que diz:
— Mas não se incomodem comigo. Eu estou na paz, se é que me entendem...
— Ryoga, o que está fazendo aqui? - Disse Ethan, coçando a cabeça.
— Simples: eu vou com vocês.
— Sabia que iria dizer isso...
— Mas como soube que iríamos sair cedo? - Perguntou Kaede, curiosa.
— Hehehe... Ontem de noite liguei para sua casa. Como estava dormindo, sua avó me contou que iria sair cedo com Ethan Perguntei a ela se podia ir e ela deixou... Deixou tudo mastigado pra mim, hehehe.
Ethan, olhando para Kaede, logo jogo a real:
— Kaede, sua avó é bem democrática, sabia? Amor de pessoa...
— Não começe! - Disse Kaede, irritada.
— É, melhor ficar na minha... - Ethan logo coçou a cabeça novamente.
— Mas casalzinho, pra onde iremos? - Ryoga estava curioso.
— Kyoto, Ryoga... Kyoto...
— Jura? legal! Sempre quis ir até lá.
E chega o trêm. Ryoga, eufórico como estava, diz:
— Vamos Ethan... Kaede... O Trêm vai sair!
E Ryoga corre para dentro do vagão. Ethan e Kaede, irritados, conversavam em voz baixa enquanto andavam até a cabine onde se alojariam.
— Ethan, o que faremos com esse mala?
— Sei lá, mas ele pode atrapalhar nossos planos.
— Vai acabar sabendo do que está acontecendo.
— Sim e seria muito ruin envolver o Ryoga nesta guerra.
— E agora?
— Teremos que enrolar um pouco.
— Bem... quando entrarmos, me deixe sair... que será melhor para todos. Ele não vai me ver. Isso ameniza o grande problema que vocês criaram!
— É verdade, Anuon... Ei! Que problema criamos? E nada de querer dar uma de mandona!
— ETHAN!
— Calma, Anuon... é brincadeira.
Ethan e Kaede, já alocados na cabine, partem rumo a Kyoto. Durante a viagem, onde Ethan já havia soltado Anuon, que passou a viagem toda entre as vigas e vinhas do trem, ficou completamente escondida de Ryoga. O jovem estava mesmo disposto a aproveitar a viagem.
— Ethan, tu veio preparado mesmo, e até Kaede também...
— É... Bem... É que vamos ficar uns dias por lá.
— Sério? Que beleza! Agora poderei visitar Kyoto do jeito que sempre quis: na tranquilidade.
— Ryoga, vc não se incomoda em ser um "entrão"? - Kaede logo disse a Ryoga.
— Que isso Kaede! Vocês são meus brothers! Hehehe!
— *Que droga... Esse cara vai estragar tudo...* - Pensou Ethan, pressentindo o pior.
Mas Ryoga ignorou a pergunta de Kaede, dizendo:
— Eu trouxe biscoitos. Vocês querem?
— Me dê um... - Ethan logo pegou um.
— Me dê também... - E Kaede fez o mesmo.
— Viram? Todo mundo é amigo! - Ryoga realmente estava tentando ser amigável.
E se passam as horas...
Todos já estão um pouco cansados da viagem. Tiveram de aguentar as gozações e brincadeiras de Ryoga durante todo o trajeto. E parecia demorar ainda mais a viagem por causa da incoveniente presença do jovem.
— Pô, falta pouco, Kaede?
— Falta, Ryoga! Já é a vígésima primeira vez que me pergunta isso...
— Eu sei mas é que eu estou ansioso pra chegar. Sabem o que aconteceu com o professor Ruo?
— Não, Ryoga. O que houve? - Perguntou Ethan.
— Ele foi para "Rua"! Hahaha!
— Essa entre todas as piadas e pegadinhas que falou ao longo da viagem, foi a pior...
— Concordo plenamente! - Disse Kaede.
— E ainda faz brincadeira com o professor! Se ele ouve... - Ethan logo colocou terror em Ryoga.
— Ele não está aqui, está? Hein? Putz, se ele estiver...
— Relaxa, Ryoga... Aff...
— Só um pouco. Vai que...
E finalmente chegam a Kyoto. Todos se espreguiçam assim que saem do vagão. Estavam um pouco cansados e decidem fazer um lanche. Neste meio tempo, Ethan pede licença a ambos e vai procurar por Anuon.
— Anuon, onde você está?
— Estou aqui! - Disse a felina, pulando sob os ombros de Ethan.
— Que susto! Bem, entre na mochila.
— O que? Outra vez aí? Não estou gostando disso...
— Anuon, não reclame, por favor. Faça isso por mim.
— Mas isso é uma humilhação.
— Não, Anuon. É providencial. E não saia daí nem que passemos perigo.
— Se diz...
Depois de comerem, Kaede diz:
— Bem, agora devemos pegar uma condução até o cruzamento Wena. Vamos perguntar a alguém qual tomar.
— Concordo - Disse Ethan, confirmando com a cabeça.
— Vai na frente, tia! Hehehe... - Ryoga perdeu a noção.
— Você está muito zuera hoje, hein...
— Que nada, Kaede. Sempre fui assim bobão...
— Primeira coisa certa que você disse hoje - Ethan logo disse.
E Kaede pergunta a uma senhoa que estava parada na rua.
— Com licença, senhora...
— Diga, jovem.
— Sabe onde fica o cruzamento Wena?
— Sei, sim. Pegue este ônibus que vocês chegam lá!
— Ele deixa lá?
— Sim!
— Muito obrigada!
— De nada, minha jovem. Mas cuidado querendo estiver por lá. Ande com cuidado.
— Porque, senhora?
— Dizem que a noite por lá se ouvem coisas estranhas e há quem diga que pessoas sumiram quando adentraram na floresta do caminho do templo.
— O templo?! Então ele existe ainda.
— Você o conhece?
— Sim... e é para lá que estou indo.
— Minha jovem, não faça isso! Para o seu próprio bem.
— Senhora, o que houve? Porque?
— Eu acabei de dizer a você o que acontece por lá...
— Mas eu preciso chegar ao templo. Minha tia mora lá.
— Muito estranho!
— O que tem de estranho?
— Nunca mais viram alma viva naquele templo. Só um garoto que vive saindo de lá... Parece que faz a limpeza do local.
— Limpeza?
— Sim. Dizem que por causa dessas lendas que dizem o dono nunca conseguiu vender aquele templo.
— Mas como vender? Aquele lugar é tomado. Uma construção milenar.
— Bem, minha jovem... Depois que no passado aconteceu sérios acontecimentos envolvendo a morte da senhora Ryaka, a mestra de Maratsu-Kyoken, os habitantes de Kyoto decidiram em não voltar suas atenções a nada que envolva aquele templo.
— Ah... sim... eu... eu... sei, senhora... Eu entendi... - Disse Kaede, tentando desviar o olhar.
— Bem, eu avisei a você. Boa sorte em sua busca, mas tome cuidado.
— Tudo bem. Pode deixar. Obrigada por tudo.
— Por nada.
Ethan, olhando para Kaede, esta indiferente, diz:
— kaede, você está bem?
— Oh sim... estou, Ethan...
— Kaede, porque você está tão pálida?
— Não... nada não, Ryoga...
— Ficou com medo do que aquela senhora falou, não é? Hahaha!
— Isso não tem graça, Ryoga! - Ethan logo chamou atenção de seu amigo, num tom mais sério.
— Cara, Kaede é uma garota! É normal isso acontecer! Hehehe...
Kaede, depois dos comentários de Ryoga, fica um pouco cabisbaixa. Ethan não gosta disso e diz:
— RYOGA, SEU MALUCO! Quer parar com a bobeira? Pô, Kaede já não está bem com...
— Ei, cara.. Calma aí... Mas ela não está bem porque?
— Não importa. Desde que saímos de nossa cidade, você tem sido muito chato. Não era nem para estar aqui...
— Ei cara... Isso machucou, sabia?
— E você queria o que? Que mentisse? Cara, pare de ficar fazendo piadinhas infames em momentos como esse.
— Pô, cara... Não precisa pagar uma pra mim assim. Bastava falar que não estava gostando da brincadeira...
— Até parece que isso iria funcionar!
— Iria sim! E pare de falar assim comigo!
— Então pare que fazer gracinhas, Ryoga!
— Você não manda em mim!
— E nem preciso! Eu estou lhe pedindo para que pare de fazer palhaçadas e se orgulhar disso.
— Você não sabe brincar, cara!
— Brincadeira tem hora, sabia?
Ryoga não gostou mesmo de ser chamado a atenção pelo seu amigo. Irritado, virou seu rosto, ficando um pouco envergonhado. Em seguida Kaede os chama, pois o ônibus já estava saindo. Sem demorarem muito, todos entram no coletivo. Ethan e Ryoga não falavam um com o outro, chamando a atenção de Kaede.
— O que houve com vocês?
— Nada não, Kaede. Só uma discussãozinha entre amigos... - Disse Ethan.
— É, nada demais... Só disses e me disses... - Ryoga completou.
— Você dois... parecem crianças... - Kaede logo disse, olhando para os dois rindo.
E Ethan e Ryoga se olham, percebendo que era bobeira o que estavam fazendo e começam a rir depois do que Kaede diz.
Bem, a viagem não é longa e logo chegam ao lugar. Era bem isolado da cidade e parecia que escurecia mais cedo por lá. Havia uma densa floresta ao redor de uma entrada de onde não podia-se ver o fim. Kaede diz:
— Bem, é aqui.
— Aqui o que? - Disse Ryoga, sem entender.
— O lugar onde vamos entrar.
— Você está brincando, né?
— Não estou, Ryoga. Minha tia mora aqui.
— Sua tia?
— Sim. Porque o espanto?
— Ela deve ser bem corajosa...
— Tá com medo, cara? - Ethan disse, cutucando seu amigo.
— Nada disso! Só temeroso.
— Porque?
— Aquela senhora disse que era perigoso...
— Falava da Kaede antes e agora você que é o medroso?
— Ah pare com isso, Ethan! Esse lugar é sinistro...
— Deixa minha tia ouvir isso... - Disse Kaede, começando a entrar.
E começam a adentrar pelo caminho. Nota-se de que, com a vegetação densa, a luz do sol era dificultada. Continuavam a andar e nada de chegarem ao seu destino. Logo Ethan percebe que Anuon está se movendo como se quisesse avisar de algo
— Esperem galera!
— O que ouve? Via tirar água do joelho? - Disse Ryoga, surpreso.
— Nada disso, cara... Tem algo estranho aqui...
— Ha... Agora que reparou?
— Algo além...
— Foi a sua "A" que avisou? - Perguntou Kaede, usando um código.
— Foi... - Disse Ethan, olhando em volta.
— "A"? Que isso? - Ryoga estava confuso.
— É... É... Sua astúcia! - Kaede conseguiu disfarçar bem.
— Ethan tem isso? Hahaha!
— Peraí, Ryoga, é sério isso... -
— E o que foi?
E todos olham para trás e vêem vários morcegos vindo em sua direção. Ryoga logo surta.
— CARACA! SÃO MORCEGOS! CORRAM!
E saem em disparada! Todos os três correm feito loucos pelo caminho. Mas é em vão, pois sua corrida desesperada não é o suficiente para conseguir se livrar deles.
— E agora, Kaede? O que fazer? - Ryoga estava desesperado.
— Pede para o Ethan usar sua "A"! - Kaede não tinha ideias.
— Não, Kaede! Eu não posso! - Disse Ethan, continuando a fuga.
— Porque?
— Porque não pode!
— NÃO PODE O QUE? USAR SUA ASTÚCIA AGORA É PERDA DE TEMPO, CHAPOLIN! - Disse Ryoga, já quase sem fôlego.
E quando iriam ser atacados pelos morcegos, um vulto sai de dentro da floresta e acaba com o ataque de morcegos com um simples movimento. Com isso, os outros recuam e fogem do agressor. Logo a figura que os ajudou com os morcedos aterrissa a sua frente: usava um kimono típico de samurais e tinha longos cabelos ruivos, presos com um laço, e usava em sua cabeça um lenço vermelho. Seus olhos eram de cor cinza-claro. Kaede logo Perguntou:
— Quem é você?
— Eu me chamo Maeti Ryaka. O que fazem aqui no templo?
— Cara, não sei quem você é e o que faz, mas acaba de ganhar um amigo. Você é meu heroi - Disse Ryoga, reverenciando o jovem.
— Essa pergunta também refere-se a você - Disse Ethan, não entendendo o que aconteceu.
— Sou Kaede Washari. Estou procurando minha tia.
— Sua tia, você diz? - Disse Maeti, parecendo perceber algo em Kaede.
— Sim, ela mora no templo.
— Seu nome é Kaede? - Maeti logo se surpreendeu.
— Sim. Me conhece?
— Não pessoalmente, mas minha mãe me contou sobre você.
— Ih, Ethan... Parece que vai perder a parada pro cara aí... - Ryoga devolveu para seu amigo.
— Fica quieto, Ryoga! - Ethan não gostou do tom da provocação de seu amigo.
— Hehehe!
Maeti, percebendo que Kaede parecia mesmo conhecer o lugar, diz:
—Bem, vocês são bem vindos. Venham comigo até o templo. Eu os guiarei...
— Valeu, cara! Agora a gente vai em segurança - Disse Ryoga, aliviado.
— Obrigado pela ajuda e pela hospitalidade - Disse Ethan, reverenciando o jovem.
— Muito bem. Venham.
E caminham em direção ao templo...
Continua.