Os dias passavam e eu continuava sorrindo. Por algum motivo, meu sorriso bobo alegrava as pessoas a minha volta e isso era bom. Me sentia um pouco mais corajoso que antes. Mas aquele valentão continuava a me incomodar... Ele sempre me batia... Mas por algum motivo eu não chorava. Só sentia um ódio incontrolável e uma vontade de revidar.
Todos os dias eu ia até aquele lugar onde encontrei a Sombra pela primeira vez e ela sempre estava lá me esperando. Conversávamos um tempo e depois eu tinha que entrar pra sala de aula. Uma vez ou outra eu a via me observando na sombra de uma arvore ou espiando em algum lugar. Mas com o tempo eu percebi que ela não aparecia com o sol forte. Talvez por causa da pele branca... Eu era muito pequeno, não entendia.
O tempo se passava, e no meu aniversário de 7 anos ela apareceu pra mim com um presente...
- Hey garoto, soube que hoje é seu dia. Parabéns, quantos anos?
- Sete. Estou feliz pelo meu aniversário, mas o Kaio quer ir, aposto que pra estragar minha comemoração e me bater...
- Aquele valentão ainda não te deixou em paz, não é?
- Ele nunca me deixará em paz. Tenho tanto ódio dele que poderia mata-lo!
- Mata-lo você diz? Bem... Por enquanto esqueça tudo isso. Toma, esse é seu presente...
Ela me deu um colar com uma pedra negra em forma de esfera. Quando olhava pra ele podia ver algo, não sabia direito o que era...
- O que é isto?
Quando perguntei, ela já não estava lá. Eu olhava aquele colar misterioso, acabei aceitando e o colocando no pescoço. Assim que o coloquei eu senti algo diferente. Não me pergunte o que era, por que até hoje não descobri. É uma sensação de ódio, alegria e poder...
Depois que fui pra casa ajudei minha mãe a preparar a festa. Estava tudo correndo bem, até que durante a festa o Kaio chegou... Eu o odiava tanto que podia mata-lo, mas me controlei
- Bem vindo a minha festa ?disse eu-
- Festa? Chama isso de festa pivete? Isso nem se compara a uma festa! ?falou indo direto pros salgadinhos-
Aquilo me deu uma vontade de pegar uma faca e... Bem, aguentei mais um pouco... Mas eu explodi mesmo foi quando a festa acabou.
- Ai galera, vamos embora dessa festa de merda do pivete!
- Não... Você não pode fazer isso! É minha festa!
- E vai fazer o que pra impedir, pirralho?!
Eu estava a beira de perder a sanidade. Aquele colar... Senti alguma coisa vinda dele... Eu não me lembro, mas descreveram o seguinte... ?Seus olhos estavam negros... Você pegou uma faca e partiu pra direção do Kaio. Quando ele te socou, você simplesmente segurou e começou a apertar até os ossos dele se quebrarem e depois o apunhalou várias vezes...?
Eu não me lembrava o que tinha acontecido... Quando voltei a mim estava em cima do Kaio... A faca em minha mão e ele todo ensanguentado. Não sei por que, mas nunca me senti tão satisfeito na vida. Uma sensação maravilhosa percorria meu corpo e naquela hora eu lambi o sangue da faca. Nunca mais tive uma festa de aniversário...