Zero

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    Capítulo 6

    O segredo de Zero

    "Porque em breve, eu me tornarei um vampiro." Essa foi a grande notícia que Zero me deu, o seu grande segredo. Fiquei espantada de imediato, de todoas as coisas ruins que eu imaginara para a vida de Zero, nunca imaginei que seu maior problema seria se tornar um vampiro.

    - Yuuki...

    Interrompi Zero colocando o dedo indicador em sua boca.

    - Como isso aconteceu? - perguntei.

    - Minha família foi atacada por um vampiro puro sangue e este me mordeu. Quando você é mordido por um vampiro puro sangue, você se transforma em vampiro.

    Confesso que ainda estava lenta para receber bem as notícias. Mesmo que eu esteja sozinha, totalmente presa às mãos de um vampiro, eu não estva com medo, pois sabia que aquele vampiro era Zero, eu não conseguia enchergar Zero como algo perigoso, algo que eu deva evitar.

    Na hora em que fomos dormir, eu não consegui dormir muito bem, o que Zero me dissera ainda ecoava em minha mente, ao mesmo tempo em que ficava com pena de Zero, eu não acreditava que aquilo estava acontecendo. Tudo bem que eu estudo numa escola onde vampiros frequentam mas Zero era tão diferente deles que nunca me veio à mente que ele esteja se tornando um deles.

    Tentei, a noite toda, fazer a voz de Zero parar de ecoar em minha mente para que eu conseguisse dormir, tudo foi em vão. Quando olhei pela janela, já estava de manhã, olhei para o relógio e já estava quase na hora de ir para a aula, comecei a me arrumar lentamente,quando terminei saí do meu quarto e comecei a caminhar pensativa para a sala de aula. No caminho, encontrei Zero onde sempre costumava encontrá-lo.

    - Bom dia - disse Zero.

    - Bom dia - lhe dei um grande sorriso

    Zero foi ao meu lado para a sala de aula, chegamos e nos sentamos.

    Durante a aula, me senti meio sonolenta, a aula estava tão empolgante , então deitei minha cabeça na carteira e meus olhos se fecharam automaticamente. De repente, meus olhos se abriram e me vi em um jardim cheio de flores brancas, flores de todos os tipos, eu estava usando um vestido branco de cetim, olhei para todos os lados e consegui encontrar Zero. Fiquei super contente em vê-lo ali, pois não me senti mais sozinha, ele me deu aquele minúsculo e maravilhoso sorriso torto e comecei a correr em sua direção alegremente. No meio do caminho, antes que eu pudesse tocar em Zero, as flores começaram a ficar vermelhas, vermelhas da cor de sangue, Zero colocou a mão na cabeça e fez cara de dor, parei imediatamente, quando tentei ajudá-lo, ele olhou para mim e seus belos olhos lilás se tornaram vermelhos, aquilo me deixou um pouco com medo mas não consegui correr. Zero pegou minha mão, me puxou para perto dele, mostrou seus caninos ferozmente. Implorei para que parasse mas ele parecia não me ouvir e então me mordeu.

    - AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! - levantei rapidamente de olhos abertos e percebi que estava na sala de aula .

    - Dormir no meio da aula é aceitável senhorita Cross, mas gritar já é demais - disse o professor.

    - Me desculpe - eu disse em pânico.

    - O que houve? - Zero perguntou baixo de modo que só eu ouvia.

    - Não foi nada, só um pesadelo - dei um sorriso envergonhado.

    - Que tipo de pesadelo?

    - Pesadelo comum, que todas as pessoas costumam ter.

    Não voltei a dormir na aula.

    A noite, durante a vigia, eu e Zero conversamos muito e Zero, como sempre, adorava me deixar com raiva. De repente, Zero colocou a mão na cabeça, fez cara de dor e pulou a sacada. Pulei e comecei a correr atrás de Zero, desta vez eu consegui acompanhá-lo. Zero não conseguiu mais correr e parou em uma árvore, ele parecia gemer de dor. Tentei me aproximar.

    - Vá embora Yuuki - ele disse com dor em sua voz.

    - Mas...

    - Vá! - Zero disse furioso - Por favor Yuuki, não me faça machucar você. Por favor, eu não quero te machucar.

    Tentei correr, mas a cada grito ou gemido que Zero dava, me fazia vontade de voltar e ajudá-lo. Comecei a corer, mas não consegui ir longe o suficiente para parar de ouvir o sofrimento de Zero. Parei de correr, ancostei numa árvore e tapei meus ouvidos, mesmo assim não foi o suficiente.

    Depois de um bom tempo daquele jeito, senti uma mão me tocar, olhei para cima, era Aidou.

    - Venha comigo - disse Aidou.

    - Ajude Zero, por favor - eu implorei à Aidou.

    Aidou não disse nada, apenas me pegou no colo e me levou para o dormitório. Quando chegamos na porta do meu quarto, Aidou me colocou no chão.

    - É melhor você dormir Yuuki.

    Ele abriu a porta do quarto e me fez andar para trás até que eu chegasse lá dentro, em seguida fechou a porta. Fui para a cama lentamente, eu estava muito preocupada com Zero. Consegui dormir um pouco. Quando amanheceu, fui para a aula, não encontrei Zero onde costumava encontrar e nem o encontrei na sala. Pude ouvir alguns alunos atrás de mim cochicharem sobre Zero, tentei ignorá-los. Quando a aula terminou, comecei a procurar Zero.

    Depois de muito tempo procurando-o, eu o encontrei no estábulo, ele estava deitado no feno. Me sentei ao lado dele.

    - O que está fazendo aqui? - ele perguntou.

    - Lhe fazendo companhia. Posso?

    Ele assentiu e eu me deitei ao seu lado.

    - Por que não tem medo de mim Yuuki? Posso te atacar a qualquer momento. Posso até te matar.

    - Sei disso.

    - Então por que não foge de mim? Por que não sente medo?

    Achei melhor não responder àquela pergunta, não acho que era o momento certo. Ficamos horas ali, deitados no feno sem fazer e falar nada. Convidei Zero para lanchar comigo e com meu pai, ele recusou o convite.

    A noite, na hora da vigia, não encontrei Zero. Fiquei preocupada e fui até o estábulo, ele não estava lá, fui até seu quarto. Bati à porta e Zero não respondeu, abri e entrei, fikei chamando por Zero, fechei a porta e consegui vê-lo sentado no chão, sentindo dor e com uma lâmina pequena na mão pronta para cortar seu pescoço.

    - Não! - eu disse desesperadamente e corri para impedi-lo.

    Tirei a lâmina da mão de Zero e a joguei para longe, uma de minhas mãos estava no peito de Zero e a outra estava em sua perna.

    - Por favor, não faça isso Zero, por favor.

    - Eu preciso Yuuki, tenho que matar esse monstro.

    - Você não é um monstro! - eu o xinguei.

    Ele pareceu tentar se segurar mais ainda, quando olhei para minha mão que estava em sua perna, vi que tinha cortado meu dedo na lâmina, tentei escondê-lo, mas percebi que de nada ia adiantar.

    - Yuuki... - Zero dizia com dificuldade - é melhor você ir...

    - Não, desta vez eu não irei. Ficarei aqui para te ajudar.

    Zero me abraçou forte, senti seus dedos se prenderem mais forte em minha blusa, sua respiração estava mais rápida, ele parecia lutar com ele mesmo para não me morder. De repente, senti seus caninos perfurarem meu pescoço. Confesso que aquilo doeu, mas não me deu vontade de gritar como havia feito em meu pesadelo, se é que posso chamar aquilo de pesadelo, aquilo parecia mais um sonho.

    Enquanto Zero bebia meu sangue, apertei de leve sua blusa e ele parou de beber. Ele se afastou um pouco de mim e ficou de cabeça baixa.

    - Me desculpe Yuuki.

    - Tudo bem - olhei para meu dedo machucado. - Beba daqui também - ofereci meu dedo machucado à ele.

    Zero pegou minha mão, a fechou e colocou-a de lado.

    - Por que está fazendo isso Yuuki?

    - Quero que Zero se sinta bem.

    - Você não me respondeu: por que não tem medo de mim? Mesmo agora que eu acabei de beber o seu sangue, por que não está com medo?

    - Acho que... - fiquei corada antes mesmo de falar, mas assim mesmo eu disse: - Acho que é porque eu te amo Zero.

    Zero me olhou surpreso, colocou a mão onde ele havia mordido. Coloquei minha mão em cima da dele e ele encostou sua testa na minha.

    - Eu não queria te machucar Yuuki. Você é importante pra mim.

    - Você não me machucou Zero.

    Algumas horas depois fui para meu quarto e dormi. Dormi mais tranquila do que nas outras noites.

    Acordei, coloquei um curativo onde Zero havia mordido e fui para a aula. Encontrei com Zero no caminho, desejamos bom dia para o outro e fomos para a aula. Sentamos onde sempre sentávamos, abri meu caderno e comecei a escrever o que o professor dizia. Senti Zero tocar em meu curativo e me assustei.

    - Doeu? - ele me perguntou preocupado.

    - Não. Só me assustei - sorri para ele.

    Zero colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e voltei a escrever em meu caderno. Pude sentir o olhar de Zero em mim durante toda a aula. Aquilo não me incomodou, me deixou até aliviada e feliz.

    A tarde, fui até a fonte de água do "jardim-floresta" e fiquei sentada na beirada da fonte observando a água cair.

    - Você está bem? - Zero perguntou e eu olhei em sua direção.

    - Estou ótima e você?

    Zero se sentou ao meu lado.

    - Estou bem se você estiver bem - ele disse.

    Sorri e fui engatinhando até Zero, cheguei bem perto de seu rosto e disse:

    - Isso não está me prejudicando, eu me sinto bem depois que você faz isso. Então, se não está prejudicando nenhum de nós... - dei um beijo na bochecha de Zero - estamos todos bem.

    Me sentei novamente olhando para a a água. Zero olhou para frente, olhei para ele de canto de olho e vi ele colocar a mão suavemente onde eu o beijei e dar aquele sorriso torto insignificante maravilhoso. Naquele momento, seu sorriso durou mais tempo do que de costume, voltei a olhar para a água e sorri feliz.


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