Capítulo IV - As Turmas

2-1

O pior pesadelo de Sakura estava finalmente acontecendo: Sasuke não estava na sua turma! E pior, estava com a Karin e Ino! Mas não era só isso, todos os seus amigos haviam sido separados por causa daquela maldita fusão interescolar: os únicos que ela conhecia eram Hinata, Shino, Kiba e Choiji, resumindo, ninguém numa turma de 35. Ela se sentou perto da janela de forma a poder observar os pássaros e tentar se distrair quando sentiu alguém cutucando-a. Era a Hinata.

- Que foi Hina? ? perguntou emburrada. Hinata apenas ignorou o tom da amiga, até porque entendia os seus sentimentos já que ela também havia sido separada de Naruto-kun.

- Olha para trás, mas disfarça. ? A rosada ficou muito intrigada com a afirmação da amiga. Pegou um espelho de maquiagem que tinha na mochila e olhou disfarçadamente para as mesas detrás. Imediatamente entendeu o que Hinata quis dizer: a uma mesa de distância dela havia um rapaz de cachecol branco e cabelos cor-de-rosa. Rosa! Nunca na vida tinha visto outra pessoa com a mesma tonalidade de cabelo. Seu pai era ruivo e sua mãe albina (só Kami-sama sabia o que causara o rosa?) por isso não podia dar uma explicação aos seus amigos, mas agora com este novo aluno poderia provar que seu cabelo não era pintado, ou pelo menos que havia outras pessoas com a mesma doença que ela (sempre pensara nesse possibilidade e vendo este rapaz suas suspeitas aumentaram). Guardou o espelho na mochila e olhou perplexa para Hinata que apenas tinha um sorriso nos lábios. Ela virou a cabeça ligeiramente e viu que o rapaz e alguns dos alunos que estavam perto dele tinham parado de falar e agora a observavam. Virou o rosto corado para a frente e esperou o professor entrar. O que viu a animou pois o seu professor titular era o mesmo do ano anterior, Hatake Kakashi.

- Bom dia turma. Meu nome é Hatake Kakashi e serei o vosso professor titular.

- Bom dia Hatake-sensei. ? Os alunos responderam em coro.

- Sei que muitos de vocês são alunos transferidos e como não temos o dia todo para apresentações tentem decorar o nome dos outros pelas chamadas sim?

- Hai.

Os nomes foram chamados até que foi a vez do garoto do cachecol. Natsu Dragneel hein? Talvez vá falar com ele durante o intervalo?, foi o pensamento que tomou conta de Sakura. No entanto Hinata estava mais interessada na loira sentada ao seu lado. Lucy Heartfilia. Tinha a absoluta certeza que já escutara aquele nome nalgum lugar mas por mais que tentasse não conseguia lembrar.

- Bem, agora falta escolher os representantes da turma. ? o sensei olhou para os alunos ? Alguém se candidata?

Um silêncio religioso preencheu a sala. Ninguém se atreveu a dar o mais pequeno dos movimentos. Alguns até pararam de respirar.

- Se ninguém se candidatar eu vou ter que escolher ao acaso? ? Kakashi passou o dedo pela lista com os nomes. Todos engoliram em seco. Sakura e Gray se levantaram ao mesmo tempo. Sakura queria aproveitar essa oportunidade para manter a mente ocupada enquanto que Gray queria usar esse tempo para fugir de Juvia.

- Ora bem, Sakura fica como representante principal e o?

- Gray. - Ele completou.

- ?Gray como substituto. Depois da aula venham comigo assinar alguns papéis e ficam livres. Por enquanto. ? pensou Kakashi no final. Aqueles alunos não sabiam o que lhes esperava.

Sakura se sentou mas antes deu uma espiada no aluno que tinha se oferecido, o tal de Gray. Ele estava sentado atrás do cor-de-rosa. Ela ficou boquiaberta por alguns segundos mas depois se recompôs. O seu ?substituto? era lindo. Uma verdadeira maravilha da natureza, e nessa maravilha ela tinha caprichado! Ele tinha cabelos azuis-escuros curtos, olhos da mesma cor e um ar de ?badboy?. Lembrava muito o seu Sasuke-kun mas ao mesmo tempo era muito diferente. Sua força interior parecia ser mais fria e ao mesmo tempo mais calorosa do que a de Sasuke.

- Muito bem, vamos começar a aula. O vosso trabalho para o semestre será um trabalho de grupo sobre livro de um autor mundialmente famoso, Júlio Verne. ? grande parte da turma fez um ?ahhh?- Vocês poderão escolher os membros, ? ouviram-se gritos e assobios de ?aê?, ?demorou?, ?é nois? ? mas os livros serão escolhidos pelo destino. ? o professor tirou um saquinho ? no final da aula cada grupo tira um papel e terá de fazer um trabalho sobre esse livro. Perguntas? ? uma garota loira levantou a mão. ? Sim?

- Não era suposto aprendermos sobre como controlar a nossa força interior? ? todos olharam para o sensei em expetativa. Ela tinha tocado num ponto que em que todos queriam respostas.

- Sim e vocês vão, mas isso não quer dizer que vocês não necessitem de cultura geral. O mundo ainda não sabe da existência de pessoas como nós e as autoridades encaram este estabelecimento como uma escola prestigiada normal. Por esse motivo que vocês fazem os testes nacionais e têm as mesmas disciplinas como todos os alunos do país. Mais alguma coisa? ? todos ficaram calados. ? Ótimo, agora abram os seus livros na página sete.

Sakura ficou a aula toda no seu mundinho pensando no seu substituto gostoso que nem reparou que a garota de cabelos azuis ao lado dele a fuzilava com os olhos.

2-2

O pior pesadelo de Sasuke estava acontecendo: Karin estava na sua turma! Mas essa não foi a sua maior surpresa.

Quando chegou a sala constatou que a sua classe agora tinha 35 alunos ao contrário do ano passado, que só tinha 20. Ele sabia que todas as 5 turmas tinham o mesmo número de alunos e que muitos haviam repetido devido as exigências da escola, alguns tinham se mudado depois dos terremotos e tsunamis e que alguns tinham morrido, como seu amigo Sai, então nunca tinha lhe passado pela cabeça que teria tantos colegas. Sabia que a escola havia acolhido alunos das outras escolas, mas mesmo assim?

Ele viu que seu lugar habitual, no fundo, já havia sido ocupado por um garoto cheio de piercings. Então fez a escolha que lhe pareceu a mas inteligente: a segunda carteira perto da janela. Ele se arrependeria dessa escolha no Inverno e no Verão.

Naruto sentou do seu lado e teve pena da garota de cabelos azuis que se sentou na sua frente e ficou logo na mira do professor chafariz. Gaara se sentou atrás de Sasuke e Ino ao seu lado. Pelo menos a Karin não vai ficar perto. Nota mental: pagar um almoço para eles, pensou Sasuke quando viu a cara emburrada de Karin. Shikamaru ficou no fundo, do lado do cara cheio de piercings e Kankuro se sentou do lado de Naruto.

Logo o professor entrou e Naruto o achou muito estranho. Estava vestido impecavelmente mais os cabelos estavam desalinhados, tinha olheiras, um leve cheiro a álcool e a barba mal feita. Ele se apresentou dizendo que o seu nome era Gildarts Clive e que seria o professor titular deles. Também falou algo sobre um trabalho sobre um tal de Sir Turquemenistone ou algo do género mas a cabeça de Naruto estava em outro lugar. Muita coisa havia mudado num espaço de semanas e agora isto: ele, Sasuke e Sakura separados. Justamente eles que estavam juntos desde a primeira série! Talvez conseguisse convencer o Kankuro a trocar de turma. Ele sabia que Kankuro não ia gostar de estar na mesma sala que o irmão mais novo e como eles ainda estavam no primeiro dia talvez a Tsunade-obaa-chan aceitasse?

Mas foi aí que um terrível pensamento passou pela sua cabeça: e se a Tsunade-obaa-chan tivesse os separado de propósito por que sabia que eles haviam ficado traumatizados pela morte de Sai, ou pior ainda, e se as garotas não quisessem falar com ele porque o culpavam? Naruto decidiu que não conseguiria viver assim e iria tirar esta história a limpo durante o intervalo.

Enquanto isso Gaara tentava prestar atenção a aula. Desde o dia em que ele e Ino tinham feito aquilo que não conseguia tirar a loira da sua cabeça. Era Ino, Ino, Ino vinte e quatro horas por dia. Sentia-se um idiota por se ter deixado dominar por um amor que não deveria existir em primeiro lugar. Olhou discretamente para o lado e ficou paralisado com o que viu: ela estava ainda mais perfeita do que naquele dia (como se isso fosse possível?). O cabelo, preso no seu habitual alto rabo-de-cavalo, parecia mais sedoso e feito de fios de ouro; a pele alva e levemente rosada das suas bochechas o deixaram encantado; os longos cílios pareciam terem sido pincelados; os olhos, ai por Kami-sama que olhos! Eram do azul mais azul que alguma vez tinha visto. Sempre que os olhava era como olhar para um céu límpido e brilhante; os seus maravilhosos lábios estavam cobertos por uma fina camada de gloss vermelho que era lentamente retirada pela ponta da caneta que ela passava enquanto fazia movimentos circulares. Pensamentos nem um pouco pervertidos passaram pela sua cabeça?

Ino sabia que Gaara a observava e começou a passar a caneta nos seus lábios apenas para o provocar. Sabia que conseguia exercer um efeito sobre o garoto mais frio do colégio e isso a fazia se sentir poderosa.

Shikamaru se sentava no fundo por duas razões: a primeira era que ninguém o incomodava (por enquanto?) e a segunda era que conseguia observar tudo o que acontecia na sala: Sasuke olhando pela janela, Naruto no seu mundo da Lua com um olhar decidido, Karin pagando pau para o Sasuke, Kankuro prestando atenção na aula, Gaara pagando pau para Ino ?disfarçadamente?, Ino provocando Gaara, Levy, a garota nova, tomando anotações, Gaajel, seu novo ?colega? de turma olhando a pequena?, enfim, tudo. Menos no professor furioso que vinha na sua direção?

3-1

Neji estava perdido. Não conhecia ninguém na sua turma nova. Ninguém! E ainda por cima a professora Kurenai disse que eles tinham de fazer um trabalho de grupo sobre a Agatha Christie. Sua namorada, Tenten, e seu melhor amigo, Lee, estavam na sala ao lado. Juntos desde o jardim-de-infância mas separados no último ano escolar. Devo ter mijado na estátua do Buda, pensou amargamente. Mais isso não era tudo: o garoto de cabelo azul e de tatuagem esquisita estava lá também, um tal de Jellal Fernandez (ele ainda iria se perguntar durante anos como um espanhol foi para no Japão, ainda por cima na mesma escola e turma que ele). De vez em quando sentia um olhar cravado nas suas costas e sabia muito bem que era ele. Fora só uma piada! Ele não tinha sentido de humor não? Mas não era só ele, o casal cenoura também estava lá juntamente com uma tampinha branca. Se o chi que eles imanavam não fosse tão forte não teria problemas em arrumar uma briga com eles, mas não agora quando ele não tinha ninguém que o ajudasse. Talvez pudesse se tornar amigo do loiro bombado ou do cara de óculos, até porque eram os que pareciam os mais normais, isto é, até o intervalo.

3-2

Tenten assim que viu a lista de nomes da sua turma jurou que iria pular da Tokyo Tower: Neji tinha se separado dela! Nunca isso tinha acontecido antes, sempre foram unidos, o grupo do Nice Guy, Neji, Lee e Tenten e agora eram separados. Sim, ele estava na sala ao lado e Temari e Lee haviam ficado com ela, mais Neji! O seu namorado, não estava lá e isso era o suficiente para lhe provocar uma terrível depressão.

Temari também não estava nada contente de ficar longe de Shikamaru pois sabia que ele era inteligente o suficiente para pular de ano se quisesse. Ela colocou as suas coisas na mesa perto da janela mas sentiu que era observada por alguém?

Lee por outro lado estava entusiasmado com os novos alunos e correu a sala toda antes do professor chegar se apresentando a todos os alunos, quer dizer, ele arrastou Temari e Tenten pela sala toda para se apresentarem aos novos alunos por que os protestos das amigas não foram o suficiente para impedir o amigo que parecia explodir de alegria. Porém foi graças a isso que Temari conseguiu descobrir quem a observava: uma garota de cabelos pretos que usava duas marias-chiquinhas e uma negra de cabelos loiros (?). Aquilo não pode ser natural, pensou. A loira, que descobriu que se chamava Tia (nota mental: agradecer ao Lee por isso), parecia não gostar dela e ela também não ia com a cara da outra. Por alguma razão os seus chis não se entendiam. Também conheceu uma ruiva chamada Erza e descobriu que ela era escocesa. Achou aquilo muito legal porque sua mãe também era e não demorou muito a ficarem amigas. Tenten, por outro lado, se deu muito bem com uma albina. Tinha a certeza de que iriam ser grandes amigas.

Isso tudo ocorreu, claro, antes do primeiro intervalo.