Arco e flecha
Capítulo único
? Eu vou acompanhá-los até a porta ? anunciou Homare se preparando para abaixar o arco, mas Yahisa interveio, sorrindo simpática.
? Não é necessário, Kanabuko-senpai, podemos ir sozinhos ? comentou ela abertamente.
? Sim, não pare seu treinamento por nossa causa. O campeonato está logo aí e o senpai precisa treinar. Iremos deixá-lo à vontade, não se preocupe conosco ? comentou Azusa empurrando os outros membros do clube para fora da sala, encostado a porta ao sair.
Suspirando, Homare fitou tudo ao seu redor, sentindo a solidão daquela enorme sala. Precisava sim treinar para o campeonato que, aliás, estava bem perto, mas ficar ali, sozinho, sem a presença de seus adoráveis kouhais era, de certo modo, triste.
Balançando a cabeça, ergueu o arco, esticando a flecha e mirando em direção ao alvo. Estava incerto sobre o que aconteceria no campeonato. Sabia que era bom, ao menos para conseguir uma boa posição para o colégio, mas estava receoso se conseguiria dar o máximo de si diante de tantas pessoas a olhá-lo.
Fraquejou, perdendo a concentração e a mira da fecha. Suspirando, tomou ar, inspirando profundamente e expirando lentamente, aos poucos. Seus olhos se tornaram sérios, o corpo tomou a posição perfeita e o arco foi erguido na direção da bochecha. Mirou a fecha no alvo se preparado para atirar.
? Homare-chan... ? sussurrou a voz sedutora perto de seu ouvido, fazendo-o perder completamente a concentração.
O leve beijo dado em seu pescoço o fez saber, de imediato, quem era. Aquela voz, o toque, o modo íntimo como se dirigia a si; tudo aquilo só poderia ser obra de uma pessoa: Ooshirou Shirogane.
? Ooshirou-kun ? murmurou fingindo um tom ameaçador, de aviso, mas a tentativa foi falha, pois a doçura e a calma de sua voz ainda reinava quando, corado, sentiu as mãos ágeis procurarem a entrada de suas roupas, logo achando.
Mordeu o lábio, resistido ao ruivo com veemência. Shirogane possuía a feia mania de fazer o que queria na hora que queria, e aquilo era irritante.
? Homare-chan ? choramingou, pedinte, mas tudo que recebeu foi um múrmuro ininteligível do arqueiro.
? Eu estou ocupado, Ooshirou-kun ? disse suavemente, virando-se nos braços do outro, encarando-o com expressão suave.
? Mas Homare-chan ? protestou Shirogane ?, eu não disse nada!
? Mas iria dizer. ? comentou Homare risonho. ? Acha que não te conheço? Mas agora não posso, estou treinando para o campeonato de arco e flecha.
? Moo! Só um beijinho... ? pediu, se arqueando sobre o outro, mas ele lhe cobriu a boca com a mão, balançando a cabeça negativamente.
? Você é teimoso, não? ? questionou retoricamente, franzindo o cenho por leves segundos.
Sorrindo malicioso, Shirogane lambeu os dedos que cobriam seus lábios, abraçando Homare possessivamente e grudado os corpos. Gemendo suavemente, o mais novo afrouxou a mão nos lábios finos, recebendo como respostas leves mordidas do Ooshirou.
O clima esquentava, e as mãos que abraçavam o corpo magro se tornaram mais presentes, firmes, enquanto o ruivo beijava o pulso, subindo levemente até chegar ao pescoço exposto. Sorriu, sentindo o outro derreter em seus braços, a pele queimando sob seus lábios.
Girou o corpo, prendendo Homare contra a parede enquanto mordia-lhe o lóbulo da orelha, enfiando as mãos pela roupa de arqueiro dele. A pele quente e macia se arrepiando sob o toque da sua gelada, e as mãos gentis que antes descansavam em seus ombros subiram, retirando o óculos e jogando-o em algum canto.
Os dedos finos correram pelos fios vermelhos com rapidez, se enroscando neles com carinho. Homare puxou-o para si, unindo os lábios, enquanto sentia as mãos urgentes lhe abrirem a roupa, fazendo-a ficar solta em seu corpo.
Beijava-o com doçura, mas aceitou a possessão da boca agitada, que lhe tomava o fôlego ao enrolar a língua na sua, lambendo seus lábios com carinho e dando leves mordidas.
Ooshirou era uma caixinha de surpresas, e ele não se importava em surpreender Homare. As mãos atrevidas encontraram o membro sexual semi ereto e, com malícia, Shirogane fez leve movimentos de vai e vem que, aos poucos, foram se intensificando. Não havia hesitação em seus atos, apenas a certeza de que era aquilo que queria: proporcionar prazer ao outro.
Homare desistiu do beijo para respirar, e Shirogane aproveitou para violar o pescoço alvo com ardor. Sua paixão era expressa em atos, e os canais, suas mãos e lábios, conseguiam êxito em seu intento.
O Ooshirou masturbava o outro com ímpeto, ouvindo os gemidos altos abafados por sua pele. Não querendo chamar atenção, Homare mordia o pescoço do ruivo com força, excitado pelo momento perigoso que viviam.
Logo o frenesi lhe tomou o estômago. Tentou protestar, mas Shirogane prosseguiu com as carícias, calando-o com um beijo. Seu gemido de clímax foi abafado pelos lábios contra os seus, e Homare sentiu o corpo estremecer enquanto os jatos saíam levemente de si.
Escorregaram para o chão, ficando ali por alguns minutos, apenas esperando suas respirações se normalizarem. Encostando na parede, Shirogane arrumou o quimono do Kanabuko e puxou-o para os seus braços, encostando-o ao seu corpo. Homare relaxou, abraçando o corpo junto ao seu levemente.
? Está mais relaxado? ? perguntou junto ao ouvido de Homare, baixinho.
? Estou sim, por que? ? o Kanabuko não pôde deixar de questionar.
? Quando eu entrei vi que você estava tenso. Todos estão depositando as esperanças para o arco e flecha em você, e eu sei que toda essa pressão não lhe faz bem ? explicou simplesmente, encarando o outro com sinceridade.
? Eu não tenho certeza se posso conquistar uma boa posição, mas vou tentar. Estou, ou estava, até você vir me atrapalhar, treinando para me sair bem ? explicou fechando os olhos, sentindo a respiração suave bater em seu rosto.
? Mesmo que você não consiga, o que importa é que você tentou? ? consolou Shirogane com um sorriso suave nos lábios. ? E, além do mais: eu estarei torcendo por você. Sei que alcançará tudo o que almejar.
? Obrigado. ? agradeceu sorrindo simpático, dando um suave beijo nos lábios de Shirogane. Estar junto do ruivo era sentir uma sensação reconfortante no peito, fora que ele estava sempre muito feliz e tal sentimento o contagiava. ? Não sei o que seria de mim sem você ? comentou amoroso.
? Também não sei o que eu faria se não fosse eu ? comentou arrogante, brincalhão, recebendo um belisco do mais novo, que riu divertido.
Às vezes apenas o companheirismo já é o suficiente para fazer duas pessoas confiarem um na outra ao ponto de se apaixonarem. A amizade daqueles dois, que se iniciara em uma amizade simples, mostrara força, coragem e garra para se tornar um amor doce e suave, digno de Homare.