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Uma manhã. Uma segunda feira fria de Janeiro. Verão, mas a Terra parecia não se importar com as supostas estações do ano, e um frio ar espreitava pelos arredores de um certo colégio particular. Era janeiro, ainda havia alguns dias antes do início do ano letivo, então poucos pessoas se encontravam nos edifícios escolares.
Ishizono Kamijou, um jovem de ascendência oriental estava correndo seus 5000 metros diários. Perto de completar o percurso diário, Kamijou estava perto do mencionado complexo de edifícios do colégio. Apreciava a já paisagem que tinha de aturar todos os dias, prestando atenção a sua respiração, e tendo certeza que o seu calcanhar tocasse primeiramente a superfície do chão, antes de apoiar, seguidamente, a batata dos pés e a ponta dos dedos.
Com algumas gotas de suor a pingar por meio de seu cabelo preso a la rabo de cavalo, Kamijou usou suas mangas para limpar algumas gotas salgadas que escorriam por sua testa. Instante após ter feito isso, avistou próximo ao portão do colégio uma jovem também de ascendência oriental com longos cabelos compridos.
Devido ao exercício, não conseguiu ver por certo o rosto daquela garota. Para completar o percurso, teria que dar mais uma volta pelo campus, terminando 5 quilômetros, consoante uma certa ferramente de internet. Assim procedendo, poderia certamente encontrar novamente aquela pessoa.
Era só um simples sentimento de curiosidade? Era a necessidade de completar o percurso? Ou algo mais complexo? Quem era aquela garota? Seria uma pessoa que já estudava no complexo?
Essas eram perguntas que o assombrou temporariamente. Por que gostaria de ver tanto aquela garota? Subitamente, um sentimento, supostamente novo, tomou conta de seu corpo. Não era um singelo sentimento de curiosidade, tampouco a vontade de obter os confortos de um corpo feminino.
Era um sentimento de completude, mas tal complexo sentir só seria capaz de compreender meses depois.
Instantes depois, estava novamente próximo ao portão, com batimentos cardíacos mais intensos ( o que achava estranho, pois normalmente não sentia dificuldades em correr aquela distância ). Corria com as costas um pouco curvadas, e com a ânsia intrínseca da falta de fôlego. Mas o fim do percurso estava próxima, assim como o ínicio do efeito da endorfina.
Mas ele não encontrou a figura misteriosa que havia avistado há poucos minutos. Apenas o gelado vento que o atormentava, os ruídos peculiares de um ambiente urbano e pássaros corajosos e adaptados para sobreviver naquele clima desfavorável. Apoiou ? se no portão, e ali permaneceu por alguns instantes, vendo a monótona paisagem que de tempos remotos já conhecia.
Enquanto tentava recuperar o fôlego, respirando vagarosamente, as perguntas que o assombravam continuavam a preencher por completo a sua mente, afogando o num mar de dúvidas, afinal, o que era esse sentimento? Era amor? Em sua inexperiência, essa era uma das únicas opções a qual poderia chegar.
?...?
Enquanto estava perdido em seus enigmas, não notou que a pessoa que queria tanto ver estava ali, há poucos metros dele. Em verdade, há alguns segundos atrás, ela estava um tanto distante, mas vendo o semblante permeado pela dúvida e pela ausência de uma respiração calma estampado no rosto de um jovem que se prendia aos portões de um colégio, ela aproximou-se:
?Kamijou?
?Ah?...Ha...Ha...Co....Como...O meu nome...?
Silêncio. O jovem recupera o fôlego.
?Como você sabe o meu nome??
?Meu nome é Kamijou Inohue?
?...?
Silêncio novamente. Desta vez o jovem estava ainda mais impressionado, ?Kamijou? não era exatamente o nome mais comum de se encontrar em uma jovem; mas perguntas ainda existiam na mente do garoto:
?...Por que você me contou o seu nome??
A jovem, com um olhar sincero, inclinou a cabeça para baixo, como se estivesse com um pouco de vergonha em dizer algo. Com razão, pois faz pouco sentido o que ela iria dizer. Mas eram justamente essas palavras as quais dariam início a uma relação que nunca deveria ter começado. O fim de uma das partes, o nascimento de um ser completo, o vexame do auto prazer.
Impossível a premonição do que ocorreria posteriormente em suas vidas.
Com uma voz calma, não muito grossa, a jovem responde:
?Não sei, só sei que senti a vontade de me encontrar com vocẽ, e dizer o meu nome?
?...?
Kamijou notou uma certa medida de vexame em suas palavras. Mas não poderia reclamar ou falar nada, pois sentia a mesma sensação, e igualmente não gostaria de adimitir isso. Notou que após ter dito isso, a jovem continuou a fitar o quadrilhado mediocremente colocado naquela calçada. Era a hora também de dizer algo:
?Ishizono Kamijou?
A garota levantou o rosto, agora há poucos centímetros de distância do jovem que acabou de se apresentar.
?E eu também senti isso?
E assim é que eles se conheceram. Sem grandes acontecimentos, sem chuvas de pétalas a banhar seus uniformes, sem resgates de proporções cinematográficas: um jovem suado e imundo, uma jovem a caminhar o seu percurso diário a fim de se exercitar, e um sentimento de curiosidade a tomar conta daqueles dois púberes de 17 anos.
?Prazer?
E isso foi dito em uníssono.