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Só aí que a música parou. ?Finalmente?, pensei. Quando já estava abrindo a boca pra falar o meu discurso, alguém que com certeza não era nem o senhor e muito menos a senhora Connor abriu a porta. E fez com que todas as palavras fugissem da minha boca e da minha mente.
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Cap. 19
- Meus pais não estão, posso ajudar? ? disse o filho dos mais novos inquilinos da minha rua.
Tateei minha mão para fechar a boca que estava exageradamente aberta. Meu Deus, o que era aquilo? Uma ilusão? Eu estou sonhando? Aquela criatura que estava sem camisa e apoiando a guitarra no chão era o meu mais novo vizinho? Moreno, alto, bonito e sensual? Eu estava completamente estática, nem sei se sabia mais meu nome.
- Você está bem? ?perguntou ele, e imaginei que eu estivesse meio pálida.
- Aham. ? procurei as palavras. ? É que eu sou sua vizinha, e...
- Ah, muito prazer. Eu sou Alex Connor. Como você chama? ? ele estendeu a mão pra mim, eu procurei meu nome.
- Anne Louis. ? apertei sua mão. Seus olhos percorreram meu corpo da cabeça aos pés, terminando em meu olhar, dando um sorriso de canto. Oh, Deus, que sorriso de canto!
- Sua mãe, seu pai e seu irmão vieram aqui nos dar as boas vindas pela manhã. Veio fazê-lo também?
- Ah, é... boas vindas. Mas eu queria também... é que... é que eu tô estudando, e... você estava tocando...
- Eu te atrapalhei? Oh, desculpa, Anne... Porque você não veio antes avisar? Nossa, desculpa mesmo, já cheguei causando problemas... ? ele fez uma carinha de cachorro abandonado.
- Não, tudo bem, sem problemas... É só diminuir um pouquinho o volume....
- Imagina, por hoje deu. Outro dia eu toco. Não vou te atrapalhar.
- Bem, então eu vou pra casa, ainda preciso tentar entender algumas coisas...
- Qual é a matéria? ? ele perguntou.
- Matemática. ? fiz uma cara de nojo, esperando que ele também a fizesse. Mas não. Ele sorriu.
- Ah, se quiser eu posso te ajudar! Eu adoro matemática, sou engenheiro.
Quê? Como assim? O Alex é um anjo que caiu do céu? Eu não sabia se dizia que sim ou que não.
- Não precisa... errr... eu vou te atrapalhar...
- Imagina, eu faço questão. E quem te atrapalhou primeiro fui eu, então... é mais do que minha obrigação te ajudar.
Fiquei sem saber o que fazer. Soltei um ?então tá? e ele sorriu, satisfeito por ter conseguido. Pegou uma camisa que estava no sofá e vestiu, fechou a porta da casa e nós nos direcionamos para a minha.
Caramba, ele sabia mesmo! Tirou-me todas as dúvidas, e até revisou o que eu já tinha estudado... Eu estava boba com o jeito que ele me explicava, o jeito dele de falar, de corrigir meus erros... todo fofo! Eu não estava acreditando que tudo aquilo pudesse ser verdade. Eu não estava acreditando que minha mãe estava certa. Alex era lindo.
- Então, entendeu? ? ele me perguntava sobre uma questão que acabara de me explicar.
- Aham.
- Viu que não é tão difícil? É só ter calma!
Nós dois rimos juntos. Mas nossas risadas foram caladas por meus pais e meu irmão que acabaram de chegar do clube. Nós estávamos sentados mesa quase de frente com a porta. Ri por dentro ao ver os olhos do meu pai se arregalar ao nos ver juntos.
- Alex? O que você tá fazendo aqui? ? foi a única coisa que saiu da boca do meu pai.
- Pai, o Alex veio me ajudar em matemática... pra minha prova amanhã. ? fiz logo questão de explicar.
- É que eu sou engenheiro, senhor Augusto ? ele falou na maior tranquilidade ? sou bom nisso.
Isso foi o bastante pra minha mãe amá-lo mais ainda. Depois da chuva de elogios que ela o fez, e depois de convidá-lo pro jantar (e ele, muito educado, ficou), finalmente deixaram-no ir. Fui com ele até a porta da minha casa, já era umas 9h da noite. Minha família tinha subido para o 1º andar, nós estávamos a sós. Ele parou na minha frente. Ficou me olhando...
- Obrigada por hoje. Acho que eu vou me dar bem amanhã. ? falei. Ele sorriu.
- Imagina, foi um prazer te dar essa ?aulinha?. Sempre que precisar, estamos aí.
- Olha que eu chamo mesmo, hein?
- Pode chamar. A hora que quiser. ? ele respirou fundo ? Bem, eu... vou pra casa. Boa noite e... vou estar torcendo por você amanhã.
- Obrigada mais uma vez e... boa noite.
Alex pôs as duas mãos em minhas bochechas. Deu um sorriso. ?Meu Deus, ele vai me beijar!? pensei. Senti-me começar a corar. Mas, para a minha surpresa, ele virou o meu rosto, e beijou minha bochecha. Deu um sorriso de canto ? ah, como ele ficava lindo ? e se foi.
Confesso que demorei um pouco pra dormir à noite. Mas eu precisava. Amanhã seria a minha prova. Eu precisava de uma nota boa, pois só assim meus pais iriam me deixar ir a um show que iria ter no final de semana. Estava ansiosa para amanhã. E para saber como seria daqui em diante, eu e Alex.