Sorrisos, Segredos e Enganos

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 4

    IV

    Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria

    Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

    SORRISOS, SEGREDOS E ENGANOS

    Side story da fanfiction "O Casamento"

    Chiisana Hana

    Beta-reader: Nina Neviani

    Capítulo IV

    Marin e Seika desembarcam no Japão. Um carro da Fundação GRAAD deixa a irmã de Seiya na Mansão Kido e leva a amazona até uma pousada, mesmo lugar onde Shina, que as seguia de táxi, se hospeda. Mais tarde o carro retorna à pousada com Seika, pega Marin e vai para o hospital. Shina segue o carro mais uma vez e aguarda na porta do hospital. Horas depois, quando Marin e Seika saem, ela entra. As visitas furtivas repetem-se por alguns dias, até que Marin consegue pegá-la no flagra.

    (Marin, irritada)O que é que você está fazendo aqui?

    (Shina, assustada e irritada) Me deixa! Não se meta na minha vida!

    (Marin) Por que você veio pra cá? Está querendo machucar o Seiya?

    (Shina)Não seja imbecil! Eu não vou fazer nada contra ele porque eu...

    (Marin, encostando-a na parede)Você o quê? Fala!

    (Shina) Eu o amo...

    (Marin) Ah, isso eu já sabia. Só queria ouvir você falar com todas as letras.

    (Shina)Idiota!

    (Marin)Não me ofende, tá? Olha, você não precisa vir aqui escondida. Você pode vir comigo.

    (Shina)Não! Nem pensar!

    (Marin)Deixa de ser teimosa! Você vem comigo! Tudo que temos de fazer é evitar encontrar a Srta. Saori e tudo ficará certo. Você deve saber que ela tem uma quedinha pelo Seiya, então é melhor vocês duas não se encontrarem.

    (Shina) Eu não faria nada com ela! Ela é Athena! Eu sou só uma amazona de prata.

    (Marin) Mesmo assim é melhor evitar o encontro. Onde você está hospedada?

    (Shina)Na mesma pensão que você, num quarto ao lado do seu.

    (Marin)Você é mesmo impossível!

    (Shina) Eu sou muito boa em tudo que eu faço.

    (Marin) Como é que você conseguiu fazer tudo isso? Não fala quase nada de japonês.

    (Shina, irônica) Conhece uma coisa chamada inglês?

    (Marin, rindo)Sim, claro. Mas onde você aprendeu?

    (Shina) Jamian era inglês e me ensinou a língua dele muito bem. Pelo menos pra isso ele serviu. Também aprendi um pouco de francês com o Misty. Ora, você nunca aprendeu que tem que pegar o melhor de cada um que estiver a seu redor? Que tipo de amazona é você?

    (Marin) O tipo que não se importa com essas coisas.

    (Shina) Pois devia se importar. Mas me diga, você acha que o Seiya vai ficar bom?

    (Marin) Vai. Ele é duro na queda.

    (Shina, pensativa)Tomara.

    -S-A-I-N-T-S-

    Santuário.

    Dohko se prepara para embarcar rumo a Tóquio.

    (Dohko, para os dourados) Enquanto eu estiver fora, Mu e Shaka estarão no comando. É para obedecerem as ordens deles.

    (Kanon) Se não tem outro jeito...

    (Dohko)E você, Máscara da Morte, nada de inventar que está com dores. Eu sei o que é que você anda fazendo na enfermaria.

    (Máscara da Morte, sussurrando para Milo) Pô, como é que ele descobriu que eu só vou lá para ver a enfermeira gostosa? Aliás, Milo, você já viu?

    (Milo)Não só vi, como peguei.

    (Máscara, incrédulo) Pegou?

    (Milo)Claro. Ela deu mole, eu agarrei.

    (Máscara da Morte) Depois você vai ter que me contar essa história direito.

    (Milo)Tudo bem, eu conto. Mas fique sabendo de uma coisa: depois de mim, todos os outros com quem a Fatma se relacionar serão medíocres.

    (Máscara)Isso é o que você pensa.

    -S-A-I-N-T-S-

    Dohko chega ao Japão e vai até a Mansão Kido. Saori o recebe.

    (Dohko, fazendo uma reverência) Athena.

    (Saori, sorrindo e dirigindo-se à biblioteca da Mansão)Dohko! Entre, por favor. Você é fantástico! Mais de duzentos anos e corpinho de dezoito!

    (Dohko, acompanhando a garota) Athena, você conseguiu me deixar encabulado...

    (Saori) É só para descontrair um pouco. Estou precisando dizer coisas alegres. Conte como estão as coisas no Santuário.

    (Dohko) Já começou a reconstrução. Creio que em um ano tudo estará melhor do que o que era antes.

    (Saori) E como estão os cavaleiros de ouro?

    (Dohko) Recuperam-se bem, não se preocupe com eles. E Mu fará um ótimo trabalho com as armaduras danificadas, inclusive a minha. Enquanto isso, quem ainda tem armadura está lá para defender o Santuário, ou o que restou dele.

    (Saori, displicente) Não creio que haja algum perigo agora.

    (Dohko, muito sério) Nunca se sabe.

    (Saori, assumindo uma postura séria) Você pressente alguma coisa anormal?

    (Dohko) Nada. Vai demorar muitos anos ou mesmo séculos para acontecer algo. Mas quero manter treinamentos de cavaleiros. Muitas armaduras estão sem dono. Os meninos de bronze praticamente acabaram com a estirpe de prata.

    (Saori) É verdade!

    (Dohko) Athena, tem uma coisa que acho imprescindível fazer.

    (Saori) O quê?

    (Dohko) Abolir o uso das máscaras das amazonas

    (Saori) Não seria um trauma para elas terem de expor seus rostos depois de tanto tempo escondendo-os?

    (Dohko) Para algumas talvez, mas garanto que a maioria vai adorar poder exibir seus belos rostos e respirar livremente sem algo que lhes bloqueie o nariz. As máscaras continuam a ser usadas hoje em dia simplesmente por uma questão de tradição e, na minha opinião, funcionam muito mais como um fetiche que como uma coisa que esconda a identidade e a feminilidade delas.

    (Saori) Você tem razão. De que adianta esconderem os rostos se os corpos torneados são exibidos em malhas justíssimas? Então, que sejam abolidas as máscaras.

    (Dohko) Ótimo. Ah, tem mais uma coisa. Vou fundar uma escola dentro do Santuário para que as crianças em treinamento recebam aulas normais além das lições de seus mestres.

    (Saori) Dohko, você devia se candidatar à presidência de algum país!

    (Dohko) Que nada! Apenas quero deixar o Santuário bem organizado para entregá-lo ao meu sucessor.

    (Saori, entusiasmada com o assunto) E você já escolheu alguém?

    (Dohko) Tenho pensado muito nisso. Acho que nunca tivemos tantas opções excelentes, mas somente observando com calma é que poderei decidir. Essa escolha não pode ser precipitada.

    (Saori) Mu, Aiolia e Shaka são as opções?

    (Dohko) Mais ou menos. Bom, Mu tem qualidades indiscutíveis, é discípulo de Shion e mestre de Kiki. Esse menino, aliás, será um ótimo cavaleiro. É poderoso, perspicaz e tem uma língua afiadíssima. O problema é que Mu nunca permaneceu muito tempo no Santuário, não conhece como aquele lugar funciona. E nesse sentido, Aiolia é imbatível. Nasceu lá, conhece tudo muito bem. Sua personalidade impulsiva, no entanto, pode ser um problema. E de qualquer forma, ele manifestou a vontade de ter um discípulo e treinar um novo cavaleiro toma todo o tempo do mestre. E Shaka, o que posso dizer dele? É um predestinado, reconhecido por muitos como a reencarnação de Buda, tem experiência com discípulos, é muito forte, equilibrado, sábio, um quase-santo como o chamam. E talvez seja esse o pior defeito dele no que se refere ao cargo de Grande Mestre. Perfeição e santidade demais são indesejáveis quando é preciso lidar com as vidas de humanos imperfeitos.

    (Saori) Por Zeus! Essa vai ser uma escolha dura.

    (Dohko) E ainda tem mais uma pessoa que eu considero um forte candidato...

    (Saori, surpresa) Outra pessoa?

    (Dohko) Sim. Tenho observado o comportamento dessa pessoa e, principalmente, o modo como as outras pessoas o vêem. Isso é muito importante. Não basta ser respeitável, tem que ser respeitado. Essa pessoa é admirada por todos aqueles que já lutaram com ele.

    (Saori) Seria a mesma pessoa que Nikol andou elogiando?

    (Dohko) Sim.

    (Saori) Puxa, estou realmente surpresa. Bom, os quatro são excelentes, cada um do seu jeito, mas eu gostaria que você ficasse no comando do Santuário por muito tempo.

    (Dohko) Eu aceitaria somente se não houvesse boas alternativas. Athena, não se engane com minha aparência. Os anos que vivi não pesam nas costas porque esse corpo está novinho em folha mas pesam muito sobre minha mente. Preciso de algum tempo de descanso, de um pouco de vida normal. Não conte a ninguém, mas logo vou me dedicar somente ao papel de avô babão.

    (Saori, chocada)Avô?

    (Dohko)É! Dos filhos que Shiryu vai ter com Shunrei!

    (Saori) Ah, mas isso ainda deve demorar!

    (Dohko) Não vai, não. Posso garantir. Conheço Shiryu.

    (Saori) Se você diz...

    (Dohko) É. Agora tenho de ir, Athena.

    (Saori) Já? Por que não fica para o jantar?

    (Dohko) Obrigado pelo convite, mas prefiro voltar logo ao Santuário.

    (Saori) Está bem. Quando for possível irei ao Santuário ver a reconstrução e os novos discípulos. Quem sabe até posso levar os rapazes e fazer uma bela festa lá? Ia ser ótimo para alegrar os cavaleiros de ouro!

    (Dohko) Vou cobrar essa festa!

    (Saori) Pode cobrar!

    Dohko se despede de Saori. Antes de voltar para a Grécia, ele vai ao hospital ver os cavaleiros de bronze que ainda estão internados. Aproxima-se do vidro da UTI onde Shiryu está. Shunrei também está lá dentro, acompanhando seu amado. Dohko acena para ela que, sem reconhecer o jovem do outro lado, aproxima-se do vidro intrigada. Dohko a chama com um gesto. Ela sabe que é alguém que conhece, mas não consegue identificar quem.

    (Dohko)Shunrei! Não vai dar um abraço no seu velho Mestre?

    (Shunrei, perplexa) Mestre?

    (Dohko)Eu mesmo.

    (Shunrei, desconfiada) Não acredito em você.

    (Dohko, rindo) Eu encontrei você abandonada na floresta ainda bebê, você cozinha extremamente bem e (sussurrando) ama o Shiryu mais que qualquer coisa nesse e no outro mundo.

    (Shunrei, abraçando-o) Mestre!

    (Dohko)Querida, como você está?

    (Shunrei) Eu estou bem. Consegui convencer o médico a me deixar ficar um pouco lá dentro com ele.

    (Dohko)Ninguém conseguiria negar um pedido seu, pequena. Como ele está?

    (Shunrei) Melhor. O médico disse que está estável, e que mesmo inconsciente ele pode me ouvir. Por isso deixaram-me entrar. Eu fico lá do lado dele, falo com ele, rezo, faço um carinho.

    (Dohko) Ele vai ficar bem, querida. Tenho certeza.

    (Shunrei) Eu também tenho muita fé nisso.

    (Dohko) Tenha, querida. Estou voltando para a Grécia ainda hoje, mas não deixe de me avisar quando ele sair daqui.

    (Shunrei) Claro, Mestre. Fiquei muito feliz por vê-lo.

    (Dohko) Agora tenho que ir. Até breve, Shunrei.

    (Shunrei) Até, Mestre.

    Depois de despedir-se de Shunrei, passa rapidamente pelo leito de Ikki e, por último, pelo de Seiya. Shina está saindo do quarto cabisbaixa e com a máscara nas mãos quando esbarra em Dohko.

    (Dohko) Já está virando rotina nos esbarrarmos.

    (Shina, rapidamente recolocando a máscara) Parece que sim. Me perdoe, Mestre.

    (Dohko) Tudo bem?

    (Shina, triste) É...

    (Dohko) Como o Seiya está?

    (Shina) Mais morto que vivo. Mas eu ainda tenho esperanças de que ele vai se recuperar.

    (Dohko) Ótimo. Não se pode perder a esperança. Não quer jantar comigo? Meu vôo de volta à Grécia só sai às três da manhã, até lá, não tenho o que fazer.

    (Shina) Eu não devo.

    (Dohko) E por que não?

    (Shina) Você é o Mestre do Santuário.

    (Dohko)Não estamos no Santuário. Ah, e pode jogar a máscara no lixo. Athena já autorizou a abolição dessa coisa horrenda.

    (Shina) Não acredito que ela concordou mesmo com essa idéia estapafúrdia.

    (Dohko) Acabei de sair da casa dela! Ela autorizou! Então, aceita o jantar?

    (Shina)Aceito.

    (Dohko) Excelente. Um motorista da Fundação está me esperando. Vamos?

    (Shina) Vamos. Mas depois tenho que voltar para cá.

    (Dohko) Eu mando trazerem você de volta.

    Dohko escolhe um restaurante um tanto peculiar para jantar com Shina...

    (Shina) Mestre! Restaurante italiano?

    (Dohko) Para recordar sua terra.

    (Shina) Eu não me lembro de nada de lá. Muito mal sei a língua. Eu era muito pequena quando fui mandada ao Santuário.

    (Dohko) Mas deve haver alguma coisa que lhe recorde sua terra.

    (Shina) Bom, talvez o cheiro... alguns cheiros me lembram a infância. Mas é muito mais instintivo que uma lembrança propriamente dita.

    (Dohko) Sabe o que me lembra Rozan?

    (Shina) Não faço idéia.

    (Dohko) Flores, principalmente as flores de lavanda. Quando elas começam a se abrir na primavera me trazem uma explosão de lembranças.

    (Shina) Parece que algum amor do seu passado gostava de lavanda.

    (Dohko) É. Ela gostava.

    (Shina) E o que aconteceu com essa moça?

    (Dohko) Está morta.

    (Shina) Ah, claro. Pessoas comuns não têm a sua longevidade.

    (Dohko) Quem dera ela tivesse morrido de velhice. Ela morreu ainda na juventude. No parto do nosso primeiro filho.

    (Shina) Uau! Eu não sabia que você teve um filho.

    (Dohko) Eu não tive. Ele também morreu.

    (Shina)Sinto muito.

    (Dohko) Tínhamos dezesseis anos. Eu já era cavaleiro. A família dela não queria o nosso namoro porque eu não tinha posses e passava a maior tempo no Santuário. Então, eu a sequestrei e a levei para a casa de Libra. Imagine!

    (Shina)Sequestrar uma mocinha chinesa há duzentos e tantos anos atrás me parece insano.

    (Dohko)E é. Fomos felizes durante o tempo em que estivemos juntos. Até que no parto do nosso filho, ela morreu.

    (Shina) Me desculpe, Mestre, mas você é mesmo muito maluco.

    (Dohko, rindo)Por quê? Por que fui feliz? Não acho que tenha sido loucura. Eu não sou devagar como o Shiryu.

    (Shina) Não é mesmo... se você estivesse no lugar dele, já tinha uns dois filhos com a Shunrei.

    (Dohko) Provavelmente. Eu não sou tão certinho quanto ele. O caso é que eu não me privei de ser feliz. Eu a amava e ela me amava. Era o bastante. O que quer que acontecesse depois não estaria em nossas mãos. E por uma ironia macabra do destino, eu sobrevivi a todas as guerras e ela partiu enquanto gerava a vida.

    (Shina) Não sei o que dizer...

    (Dohko) Não precisa dizer nada. Já não me machuca. Pensar nela é como ter lembranças de outra vida. E realmente foi outra vida. Bom, o que vamos comer? Não sei nada sobre comida italiana.

    (Shina) Bom... acho que stocafisso alla sicilianacairá bem. Bacalhau à moda da minha terra. Só comi isso uma vez nas sobras de uma festa na casa onde minha mãe era empregada. Mas como sei que é a Senhorita Kido quem vai pagar, quero esse.

    (Dohko, rindo)Excelente! Vamos aproveitar o dinheiro da deusa! Mas depois não reclame se os irmãos deuses dela nos castigarem.

    (Shina)Não castigarão. Eles não olham para as pessoas. Só se preocupam com seus próprios problemas.

    (Dohko)Nem sempre, Shina. Nem sempre.

    Continua...


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