O sinal havia batido, já era hora do recreio.
Como eu não queria ser incomodada por ninguém, peguei minha bolsa, e subi para onde anteriormente Kyoya esteve. Não demorou muito e pude ouvir alunos subindo as escadas.
? Hey, Sasuke! Viu como a novata fugiu da aula? ? Ouvi uma voz que parecia masculina comentando sobre o feliz acontecimento.
? Você fala como se isso fosse de meu interesse.
Ótimo, gostei da resposta! E gostei mais ainda do tom que foi proferida, mas, como eu ia dizendo. Não quero ficar, e observar a liberdade que a nuvem tem e eu não.. Quer dizer, as nuvens, e tampouco ouvir conversa fiada das pessoas. Será melhor se eu ler um livro, talvez o tempo passe mais rápido e assim a aula vem mais depressa.
Já em sala, eu me perguntava se Fuuta estaria hoje na biblioteca do colégio.
Afundada em meus pensamentos, por pouco quase fiquei sem escutar a menina sentada ao meu lado, que tentava puxar assunto comigo.
O momento que tive com minha tia veio a mente.
? Não que eu não goste de novas amizades, mas ultimamente algo me incomoda, e está me atrapalhando a me relacionar com os outros..?
A rosada de cabelos longos que, como presente eu tinha como tia agora, estava certa. Eu precisava ?me superar?, como dizia também seu precioso mestre.
? Sim, eu costumava jogar basquete em Shokoku. E você? Pratica algo aqui?
? Faço parte do grupo de dança. ? Disse com brilho nos olhos.
? Sério, é? E quais são os tipos, e ritmos que dão lá?
? Ah, tem dança de salão, jazz, hip hop, zouk, tango dentre outros.
? Soo!
Costumava guardar em seu coração a frase que sua mãe dissera na noite em que foi vista dançando com Gokudera por Sakura.
? Mama, a senhora dança tão bem!?
? Minha linda filha. Todos tem dentro de si uma alma pertencente á um tipo de dança; Seja ele lento, rápido, sensuale ou inocente. Basta encontrá-lo aqui dentro.? As palavras pareciam que estavam sendo sussurradas em meus ouvidos.
A conversa teve um desenrolar. O resultado até que foi satisfatório para a aluna de olhos esmeraldas que até então estava tediada.
Ao término da aula resolveu procurar por seu amigo na biblioteca, como havia pensado em fazer antes. Como acompanhou a menina do grupo de dança até o portão do colégio, resolveu pegar uma flor no canteiro que tinha logo ali no início para dar ao mesmo quando o encontrasse.
? Com licença, Senhorita.. ?? Olhando para a placa no balcão, leu o nome da moça de cabelos laranjas, e completou a frase.- ..Sasame. Algum Fuuta trabalha aqui ?
? Sim.
? Poderia me mostrar onde? É que eu sou nova e ainda não conheço essa parte da escola.
A morena se virou e então analisou Sakura; devido seu olhar á menina, lembrou de imediato de sua amiga. Um sentimento nostálgico tomou conta dela, e a mesma assentiu para a garota descendo desajeitadamente da escada. Pondo seu óculo delicadamente, seguiu até o local acompanhada de Sakura.
Quando chegou lpa, viu algo desagradável, e instintivamente recuou alguns passos. Haruto vendo a reação da moça, se inclinou um pouco para ver o que tinha acontecido. Também não gostou do que viu, e teve que pensar em questões de segundos como resolver aquela situação.
A idéia surgiu. Era uma maneira divertida de resolver aquilo.. Entretanto, a bibliotecária podia não concordar, mas por sorte algo na cabeça dela falou mais alto, e a mesma quis participar.
O rapaz de cabelo castanho andava para trás fugindo da ruiva que agora estava sem óculos, quando por fim foi encostado na estante por ela. Ao contrário dela, Fuuta relutava demostrando que não queria contacto físico, e nem mesmo qualquer toque vindo da parte dela, mas ela parecia estar aproveitando isso e chegava mais e mais perto do rosto dele. Ele dizia coisas como ?Não faça isso, Karin. Se o fizer teremos problemas!?. Mas ela não se importava, parecia que nem estava ouvindo. A menina se aproximava devagar, pronta para beijá-lo quando Sasame apareceu.
? Acho que não vai querer fazer isso. ? Num tom ameaçador se aproximou com a câmera do celular virado para eles, como se estivesse gravando.
? Sasame-sama! Eu não estava fazendo nada, foi ele que me atacou!
? Eu vi, Karin. Vi, gravei, e se fizer mais um movimento ou tentar algo, a diretora vai ficar sabendo desse infeliz acontecimento. E nós não queremos isso, certo?
? Mesmo que mostre.. Vou dizer que ele me seduziu, e que você editou a gravação porque tem sentimentos por ele!
? Só tente. ? Disse devagar.
Hesitou na tentavida, mas ao olhar para cima viu suas amigas rindo na sacada do andar de cima. Se não o beijasse, perderia a aposta. Pensando na perda, Karin se virou e tentou o beijo. Porém, Sakura impediu que o acontecesse pondo a mão em frente a boca do moreno como se estivesse tampando.
? Não comigo aqui. ? Disse Sakura.
A mesma estava de cabeça baixa, contava até 10 para não bater em Karin por ter dado em cima de seu amigo, e quase o ter beijado quando o mesmo não queria. Segundos depois da frase dita, ergueu a cabeça, e olhou para Karin como quem estivesse dando sua resposta a provocação feita mais cedo na sala. ? Game-over. ? Completou a frase por fim.
? Graças ao Pai. ? Disse Fuuta soltando um leve suspiro de alívio.
? Saia daqui antes que eu resolva te dar uma suspensão. ? Disse a Senhorita Fuuma apontando para a porta.
Não tendo o que fazer, saiu dali jurando vingança pelo acontecido. Suas amigas saíram da sacada e desceram a escada para ir atrás da ruiva.
Fuuta olhou para cima, pôs a mão em seu rosto e logo depois passou-a no cabelo. ? Vocês me livraram de uma boa. ? Disse agradecido.
? Se.. Se não era da sua vontade não devia acontecer..- A morena estava avermelhada por causa da situação. Como sempre ficava envergonhada perto Fuuta, não demorou muito para sair dali.
? Não vai atrás dela? ? Indagou Sakura se virando para ele.
? Ainda não.. ? Respondeu. ? Vem aqui, gracinha. ? Sorrindo, estendeu seus braços para Sakura, e a mesma o abraçou. Sentia muito falta daquele abraço. Quando menor, seu amigo Bovino costumava brigar com Fuuta porque causa de ciúmes e graças a isso raríssima eram as vezes que os dois podiam brincar juntos sem a interferência de Lambo.
? Fuuta-nii.. ? Disse Sakura se afastando. ? Eu tinha trago essa flor para você, mas acho que tem alguém precisando mais. ? Mostrou a flor para ele e o mesmo sorriu.
? Arigato, Saky-nee. ? Se aproximando da rosada, a beijou na testa e estendeu a mão para pegar a flor.
Sakura nada disse, apenas sorriu. Viu seu amigo que estava afastado a anos da mesma, e ainda por cima o ajudou. Isso a fez pensar que tinha ganhado o dia. Felizmente, depois do acontecido, pôde ir para casa, e foi o que fez.
Chegando lá, deu boa tarde a Gokudera seguido de um beijo na bochecha. Logo depois, subiu para seu quarto, se despiu, e foi para o banheiro. Entrou na banheira devagar e por ali ficou.
Pensava em como poderia lidar com a escola para não passar pela mesma coisa que hoje. Parecia que o tédio tinha feito uma visita e tinha decidido ficar com ela nas aulas seguintes.,
Infelizmente, depois do divertido susto em Karin, pensou no quanto tinha se exposto com tal atitude e teria que estar preparada caso algo acontecesse com ela. Como por exemplo uma vingança idiota.
? Saco..
Reposou sua cabeça sobre a borda da banheira, e caiu no sono. Sonhou que sua mãe estava sentada no jardim junto de Gokudera, chamando-a para deitar em seu colo.
Sonhos como aquele era seu único refúgio da realidade. Sonhar com sua mãe viva...Achava que se não fosse pelos conselhos recebidos, podia ter optado por sonhar com isso para sempre, como havia pensado em fazer antes...
Foi acordada de seu curto sonho por batidas repetidas na porta.
? Hai..?
? Sakura? Você já está muito tempo ai dentro, aconteceu algo?
? Não, Oto-san. ? Respondeu se levantando.
Hayato sabia como aquela hora da tarde podia mexer com Sakura. As vezes pensava até que era bipolar, pois a mesma sentia prazer em atiçar, provocar, e sabe lá Deus o que mais fazer se derem corda.
A menina saiu do banheiro com seu roupão preto, que continha algumas folhas de cerejeira.
Esse roupão era típico do gosto dela. Sempre que podia, comprava coisas pretas, e vermelhas. Eram suas cores preferidas, mas as vezes optava pelo rosa também.
?Talvez seja a puberdade? ? Pensou o homem de olhos verdes.
Alguns mafiosos tem gosto pelo tango e a maioria sabe, pelo menos, o básico.
Pessoas dizem que é uma dança sensual, e por isso muitas mulheres desse ramo a usam quando querem informações.
A flor de cerejeira estava se tornando adulta, e no pensamento de Hayato, estava se tornando o tipo de mulher que seduz para arrancar informações.
? Quer dar uma volta?- Ingadou Hayato se virando de costas para a garota e indo até a porta.
De qualquer forma iria sair. ?Então pelo menos que seja com um acompanhante? ? Pensou novamente analisando o agir da garota de uns tempos para cá.
? Praia? ? Perguntou com os olhos brilhando quando uma ponta de esperança surgiu ao seu pai ter feito tal convite.
? O que você quiser. Mas vou avisando que é só hoje ein.
? Ok!
Amava ir a praia. Talvez pela paz que o mar trazia, ou pela sensação de liberdade.
Quando de noite, sempre que estava em frente ao mar, Sakura se via obrigada a admirá-lo.
O mar parecia infinito, era uma visão muito bonita para ela e a mesma adorava.
Feliz da vida, foi até Gokudera e o empurrou para fora de seu quarto.
Ao abrir seu armário, pensou que não queria perder tempo, e por isso pegou a primeira roupa que viu. Por sorte a roupa estava boa, e legal para a saída. Era um vestido branco, simples que dava um tom angelical á menina.Ela gostava disso.
Parecia que por hora, seu lado dark tinha ido embora. Hayato havia conseguido, mas somente um dia.
Para completar o dia da mocinha, Fuuta a mandou uma mensagem dizendo que estava num passeio com Sasame e que estava indo tudo muito bem.
? Inocente ao olhos dos outros, mas na verdade é um pervinho. ? Falou Sakura rindo para si ? Sempre desconfie dos quetinhos ? Terminou por fim a frase, e logo ergueu a cabeça para o mar.