Eu, Pirata?!

  • Mannu
  • Capitulos 3
  • Gêneros Ação

Tempo estimado de leitura: 12 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 3

    Capítulo 3

    Álcool, Violência

    Eu não tinha nem sequer uma moeda, muito menos queria morrer depois de finalmente ter saído daquela casa dos horrores.

    "Eu não vou desistir, não agora."

    Levantei bruscamente o meu pé, chutando a mão do homem que segurava a espada. Acho que ele não esperava que eu fizesse isso por que logo que o acertei a espada caiu no chão, fazendo ecoar pela rua deserta um tilintar metálico. Ergui-me e comecei a correr de novo, quando algo quente e macio segurou uma de minhas pernas me fazendo cair outra vez. Olhei para trás, era ele.

    ?Tá pensando que vai fugir? Não sabe com quem está lidando seu moleque. - falou rispidamente enquanto apertava meu tornozelo.

    Sabia que se continuasse quebraria meu osso.

    "De onde ele tira tanta força? Que droga, tenho que reagir!"

    Girei a outra perna em direção ao seu rosto, mas ele percebeu e com a mão vaga segurou-a.

    Ele riu.

    ?É o melhor que pode fazer? - perguntou.

    ?Não... - respondi, fechando a minha mão e levando-a ao rosto dele. O homem tentou se desviar, no entanto consegui acertá-lo. O impacto foi tão forte que despencou para trás, me soltando. - Esse é o meu melhor.

    Colocou seus dedos no nariz que por sinal estava sangrando. Arrastei-me pra longe dele, tinha certeza de que agora eu o tinha irritado pra valer. Queria sair dali antes que se recuperasse.

    ?Você é um homem morto. - ele falou, mirando-me com um olhar aterrorizante.

    ?Com tanta gente pra eu esbarrar tinha logo que ser um bêbado sem noção... - resmunguei.

    Enquanto me afastava pude vê-lo dar um salto, se pondo de pé, e correndo na minha direção. Tentei acelerar o ritmo, só que de repente o cara pulou em cima de mim, me prensando contra o chão. Antes que eu desse mais um soco nele, o homem me virou para frente dele, segurando minhas mãos no chão e se sentando na minha barriga.

    ?Sai de cima de mim maluco - falei.

    ?Maluco? Não sou eu que saio por aí quebrando o whisky dos outros. - respondeu.

    ?Foi um acidente e se não sair de cima de mim eu vou gritar e... e aí você vai ser preso e passar o resto de sua vida na cadeia por abuso. - ameacei.

    ?Depois eu é que sou o maluco. Sei que to meio chapadão, mas fala sério... nem que você fosse a única pessoa viva da Terra eu faria algo além de quebrar a tua cara. Prefiro maçãs ao invés de bananas.

    ?Do que você ta falando? O que é que as frutas têm a ver com a nossa conversa?

    Ele me olhou meio estranho, balançando a cabeça.

    ?Eu bebi muito e parece que você também, amanhã eu tenho um longo dia e não to afim de perder tempo com uma criança. - disse enquanto me soltava e se levantava - Não sei por que estou fazendo isso, mas vou deixar você ir. Se contar pra alguém que acertou meu rosto eu te mato, de verdade. E você só conseguiu porque eu estou meio tonto.

    "Que cara locão. Agora decidiu ser bonzinho."

    ?Ok. - falei, olhando meus pulsos avermelhados. Ele era forte, bem forte.

    Me virei.

    ?Espere. - chamou-me.

    Será que tinha mudado de idéia de novo?

    ?O que? - indaguei, olhando em seus belos olhos negros.

    ?Que marca é essa em suas mãos? Você é de algum clã?

    ?N-não... isso é só uma marca de nascença.

    ?Posso ver? - falou, estendendo a mão.

    ?Tá.

    Coloquei meu pulso em seus dedos. Ele girou levemente meu braço, analisando a marca. Seu rosto estava inexpressivo. De repente soltou-me.

    ?Como você me deve, e ainda não me pagou, terá que trabalhar pra mim até eu decidir que já quitou sua dívida. - falou.

    ?Como assim? Você não disse que eu podia ir?

    ?Eu disse que podia ir, não falei nada sobre ter perdoado a dívida.

    ?Que dívida? Aquela garrafa? - perguntei.

    ?É... a que eu comprei com o MEU dinheiro. - disse-me - Agora você irá me encontrar amanhã ao nascer do sol no Porto das Águas Flamejantes. Se não estiver lá... digamos apenas que é melhor estar lá quando eu chegar. - continuou, com um sorriso no canto dos lábios.

    O homem virou-se, caminhando pra longe de mim, pegou sua espada do chão e foi-se embora.

    Eu não estava entendendo mais nada. Tentei falar algo, mas não consegui dizer nem sequer uma palavra.

    Comecei a andar no sentido contrário na qual ele tinha ido. Com os pensamentos a zunir em minha mente como abelhas. Eu não sabia se devia ir. Se eu não fosse talvez um homem que eu nem conhecia direito viesse atrás de mim, e se fosse quem sabe o que estivesse me aguardando.

    Meus pés nus eram acariciados pelas pedras acinzentadas do asfalto enquanto eu andava. Elevei minha face para observar a rua. Casas de diversas cores dividiam o espaço com algumas árvores. Não havia ninguém caminhando ali além de mim.

    Quando percebi tinha chegado numa ponte de madeira que estava acima do rio. Parei ali. O som das águas correndo acalmava-me um pouco. Olhei meu reflexo. Um ser de cabelos rosados curtos e desgrenhados olhava pra mim. Tinha a pele suja e coberta de machucados, onde quase não se notava os olhos esverdeados em sua face. Estava com uma camisa marrom velha e desbotada, que de tão larga escondia seus seios, e uma calça azul que ia até um pouco abaixo do joelho cheia de remendos e poeira. Era também muito magra. Qualquer um a confundiria com um garoto.

    "Por isso ele pensou que eu era um homem."

    Será que minha voz também era masculina, ou grossa demais?

    "Não... ele devia estar muito bêbado pra não perceber."

    Resolvi andar mais, chegando à divisão das ruas. Estava nos limites da minha aldeia e ali existiam dois caminhos. O da direita levava ao Porto que ele tinha mencionado e o da esquerda levava a outra cidade. Eu deveria fingir ser um homem e ir até ao Porto ou sair e tentar encontrar meu irmão?


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