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Tempo estimado de leitura: 12 minutos
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Considerações iniciais: Desejo fazer uma fic do Ômega desde que o anime começou, mas ainda é cedo. Preciso ver mais, conhecer melhor os personagens novos, conhecer melhor o dia-a-dia da Palaestra. Enfim, falta material. Mas de Shiryu e Shunrei eu entendo! Então, quando eu ainda estava sob o efeito do episódio do Ryuhou, nasceu essa fic! Haha!Os fatos acerca da perda dos sentidos do Shiryu não ficaram muito claros no episódio, então eu meio que inventei coisas para preencher o que não sabia. Acho que ficou fofinha! É isso! Boa leitura!
Os personagens de Saint Seiya e Saint Seiya Omega pertencem ao tio Kurumada, à Toei e aos japas lá. Os demais personagens são meus, meus, meus!
DE AMÊNDOAS E ROSAS
Chiisana Hana
Beta-reader: Nina Neviani
Tinham prometido a ela que nos próximos anos não haveria guerra. O Mestre jurara que quem sobrevivesse à guerra contra Hades, teria duzentos anos de paz adiante. Ela acreditou. Até o dia em que ele teve de partir outra vez. Dessa vez ela não chorou, não protestou. Sofreu, é verdade. Mas para ele dedicou um sorriso e desejou-lhe boa sorte, rogando a Deus que o protegesse. Ele voltaria. Ele sempre voltava, afinal. Ainda mais agora que estavam casados e tinham um filho, nascido há dez meses, e a quem deram o nome de Ryuhou. Não tinha uma saúde muito boa, mas era lindo e adorável, tinha os traços do pai, e herdara os olhos da mãe.
Pôs o bebê nos braços de Shiryu e se comoveu quando ele segurou o menino junto ao peito.
? Meu filho ? ele murmurou consternado ?, seu pai vai voltar, não importa o que aconteça.
Ele beijou o garotinho, que se agarrou a uma mecha do cabelo do pai. Gentilmente, Shiryu soltou as mãozinhas dele do seu cabelo e entregou-o à mãe, e disse:
? Eu volto, Shunrei. Por vocês dois.
? Eu sei, Shi ? ela disse. ? Acredito nisso. Nós vamos esperar, não, é Ryu?
O garotinho deu um sorriso adorável como se entendesse o que a mãe dizia. Shiryu deu novamente um beijo nele e em seguida beijou a esposa, pôs a caixa de Pandora nas costas e partiu.
Ela só teve notícias dele muitos dias depois, quando ligaram do Japão avisando que ele estava no hospital. Já esperava por isso. Era de praxe depois das batalhas, sempre tão duras. Mas ela sempre se sentia grata por ele sobreviver. Se estivesse vivo, tudo bem, nada importava. Pegou a mala que já tinha deixado arrumada na expectativa da notícia, colocou mais algumas coisas que julgou necessárias e os objetos de uso diário. Pegou Ryuhou, deu-lhe um banho, arrumou-o, amamentou-o e partiu, trancando a casa, que agora estava reformada e maior, do jeito que ela sempre tinha sonhado. Shiryu fizera as reformas ele mesmo, sempre fora jeitoso com as coisas domésticas e consertava tudo sozinho. Tinha até aprendido a trabalhar com madeira e entalhara num tronco um dragãozinho para Ryu montar, no lugar do tradicional cavalinho que as crianças normais teriam.
Desembarcou no Japão e foi direto para o hospital, carregando o filho. Lá, foi recebida por uma Saori extremamente pálida e com uma expressão de sofrimento que não a agradou. Abraçaram-se longamente sem dizer nada.
? Mas como está grande esse rapazinho! ? Saori esforçou-se para sorrir e brincar com Ryuhou.
? É, eles crescem muito rápido. Como está Kouga? ? Shunrei perguntou, referindo-se ao menino que Saori criava e que, desconfiava ela, era filho da deusa. Ela só não entendia o porquê de esconder esse fato. O garotinho de cabelos vermelhos era pouco mais velho que Ryuhou e tinha uns olhos expressivos que lembravam os de Seiya...
? Ele está bem ? Saori disse e Shunrei notou que ela segurou o braço direito com uma expressão de dor. "Ela também se machucou..." observou Shunrei em pensamento. ? Shina está com ele agora. Mas você não veio de Rozan para isso, claro. Venha, vou levá-la para ver Shiryu.
Shunrei acompanhou a deusa. Quando pararam em frente à unidade de tratamento intensivo, Ryuhou imediatamente reconheceu o pai, mesmo com todos aquele fios e tubos ligados a ele.
? Papá ? o garotinho gritou. Shunrei sorriu.
? É a única coisa que ele sabe falar ? ela disse. ? É apegado demais ao pai. Mas me diga, Saori, qual é a real situação do Shi?
? Não é nada boa, Shunrei, infelizmente. Sinto muito, de verdade.
? O que houve?
? Ele perdeu todos os sentidos.
? Todos? ? surpreendeu-se Shunrei. Não estava preparada para isso. Shiryu sempre voltava cego ou seriamente machucado, mas perder todos os sentidos assim? Era uma situação que ela não conseguia sequer imaginar.
? Sim ? Saori assentiu com pesar.
? Sem possibilidade de recuperação?
? Os médicos ainda não sabem, não conseguem determinar a causa da perda e por isso não sabem como curá-lo.
? Eu realmente sinto muito, Shunrei. Se você quiser ficar lá em casa com ele, até se recuperar...
? Não, obrigada ? ela disse, resoluta. ? Assim que os médicos disserem que ele pode viajar, nós voltaremos para casa. Eu, ele e o dragãozinho aqui. Lá é o nosso lugar. Só gostaria de ficar na sua casa enquanto ele estiver aqui. Ryu é calminho, não vamos incomodar.
? Claro que sim. E Kouga vai adorar brincar com ele. Aliás, estou indo para casa agora. Se quiser ir conosco, tudo bem.
? Irei sim. Preciso deixar as nossas coisas lá e Ryu precisa descansar um pouco também. Depois voltaremos para cá.
Quando voltou ao hospital, Shunrei conversou longamente com os médicos encarregados do caso de Shiryu, mas todos disseram a mesma coisa: ele ficaria assim para sempre. Era como se a perda gradual dos sentidos que ocorria com a idade tivesse atingido o rapaz num segundo, sem possibilidade de recuperação. Que ele voltasse sem enxergar já era comum, Shunrei estava acostumada. Só que dessa vez ele também não ouviria, não sentiria os cheiros, os gostos, não teria nenhuma sensação tátil. Era como estar morto em vida, disseram-lhe os médicos. Mas ela sabia que não era bem assim. Sabia que ele estava ali dentro, lutando com todas as forças para se recuperar. E ele ia conseguir. Ele ia voltar a sentir o cheirinho do óleo de amêndoas que ela passava em Ryuhou, ia voltar a sentir o cheiro da água de rosas com que ela se perfumava, ia sentir o gosto da sua comida, dos seus beijos, ia ouvir sua voz sussurrando o quanto ela o amava.
Continua...