Mit Dir

Tempo estimado de leitura: 6 horas

    12
    Capítulos:

    Capítulo 22

    Capítulo XXI Eles Tinham Razão

    Linguagem Imprópria, Nudez, Violência

    Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

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    MIT DIR

    Chiisana Hana

    Beta-reader: Nina Neviani

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    Capítulo 21 ? Eles Tinham Razão

    Dias depois...

    Fenrir já está melhor da perna e decide voltar para a antiga residência de sua família. O local ainda estava sendo reformada a expensas da coroa, mas ele quer ir assim mesmo. A vida no Palácio o irrita, com todas aquelas pessoas ao redor, sempre falando, sempre incomodando, sempre perguntando alguma coisa. Passava os dias procurando algum lugar reservado onde pudesse ficar sem ser incomodado, mas era difícil encontrar. Havia sempre algum criado que passava e perguntava algo. Não tinha como ficar mais tempo em Valhalla, ele tinha que sair.

    Diante da irredutibilidade do guerreiro, Hilda permite que ele vá, mas decide designar alguns servos do palácio para que o auxiliem nos cuidados com a casa e com ele próprio, uma vez que ainda tinha o fixador externo na perna. Com o problema na perna e sem nenhuma habilidade para viver como um humano normal, Fenrir precisaria mesmo de empregados, mas declina a oferta dizendo que bastava uma criada que lhe fizesse a comida. Hilda concorda. Ela havia decretado que os guerreiros envolvidos na batalha contra Athena passariam a receber um soldo vitalício. Por muitos anos, Fenrir viveu quase como um animal, não se entendia bem com dinheiro, mas agora que procurava viver normalmente, ficou satisfeito por ter essa quantia certa todos os meses.

    Uma vez em casa, Fenrir sente-se aliviado. A serva designada por Hilda não lhe dirige palavras desnecessárias, o que ele acha extremamente conveniente. A moça limita-se a entrar na casa, limpar tudo rapidamente, preparar a comida dele, servi-la e esperar a hora de ir embora. Ele tampouco se esforça para falar com ela. Gosta de apreciar o silêncio e a solidão. Só sente falta dos seus queridos lobos que tinham sido mortos naquela luta idiota em que se metera, já nem sabia mais direito a razão.

    Mesmo andando com dificuldade, ele sai todas as manhãs para procurar algum lobinho órfão desgarrado da alcateia. Até chega a encontrar uma mãe com dois filhotes, mas é incapaz de tirar-lhe um dos bebês. Ele então tenta atraí-la para sua casa, mas, desconfiada, ela foge. E ele sabe bem a razão: não é bom confiar em estranhos e ele agora é um para ela. Não tem mais o cheiro de lobo que tinha, nem o andar furtivo, o olhar de caçador. Agora, na verdade, está mais para caça.

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    Do mesmo modo que Fenrir, Thor apenas termina sua recuperação no palácio, e retorna o mais breve possível para sua vila. Viver em Valhalla é insuportável para ele, já que a princesa está envolvida com Siegfried. Cada vez que os vê juntos é uma tortura, então ele decide partir.

    Antes de ir, ele pondera se deve aceitar o soldo oferecido pela coroa. Não quer depender de nada vindo de Hilda, entretanto sabe que o dinheiro será útil para continuar o que fazia antes de se envolver naquela guerra sem sentido: ajudar aos mais pobres. Já que não podia ter sua princesa, queria dedicar-se ainda mais a sua missão, aquela verdadeira, não a luta em que quase perdera a vida.

    Decide aceitar o dinheiro e faz mais que isso: pede a Hilda que preste mais atenção na vila, uma das mais distantes da povoação principal. Ele reclama que as crianças de lá não frequentam a escola por causa da distância e que as pessoas não tinham assistência médica básica, porque o médico do lugar, doutor Iwan Borowski, já era muito velho e não podia mais viajar até lá. Hilda promete-lhe tomar providências e ele parte de Valhalla satisfeito.

    Antes de pegar a estrada que leva a sua vila, Thor passa na casa de Bado e faz uma proposta a Ann. Quer que ela vá até lá ensinar as pessoas alguns cuidados médicos mais simples, como fazer curativos e pequenas suturas. A médica aceita a missão e, junto com Bado, acompanha Thor até a vila. São algumas horas de viagem a cavalo, mas o tempo estava bom, e eles podem avançar sem problema.

    ? Sejam bem-vindos à Vila da Baleia Azul ? Thor diz aos dois, ainda montados no cavalo, que o assistem ser recebido como heroi. As pessoas orgulham-se por terem-no entre os honrados guerreiros da guarda real e recebem com júbilo a notícia de que a coroa finalmente olhará por eles. Nas opinião das pessoas, ele tinha se tornado uma espécie de porta-voz das necessidades da vila, um contato direto com Valhalla e com a princesa.

    Enquanto se dirige para sua casa, ele explica a Ann que a Vila da Baleia Azul é uma antiga base baleeira, que as pessoas caçam diversas espécies do mamífero, que lhes serve de alimento e fonte de renda, pois vendem o excedente da carne e da gordura, e usam os ossos para produzirem objetos variados.

    ? Da próxima vez, viremos de carroça ? Ann reclama assim que entra na casa de Thor. ? Pelo amor de Deus, seis horas no lombo do cavalo? Andar a cavalo é uma merda, sabia? No começo é lindo, depois a bunda reclama, meu bem. Desculpa, Thor, mas eu preciso desabafar.

    Thor e Bado riem.

    A casinha de Thor é parecida com a de Bado, de pedra nua, simples, mas muito organizada e, assim que souberam do retorno dele a Asgard, as pessoas da vila se juntaram e limparam-na. Eles se acomodam na sala e Thor volta a falar na atividade baleeira, ressaltando que nas épocas em que caça é impossível, por conta do tempo ruim ou da escassez do mamífero, muitas vezes falta alimento na vila. Por conta disso, ele se arriscava a caçar no bosque real. Ele menciona também que muitos caçadores contraíam doenças respiratórias por enfrentarem o vento frio em mar aberto ou acabavam por se ferir com os arpões. Como as pessoas ali não tinham assistência médica, muitos morriam de causas que poderiam ser contornadas com primeiros-socorros adequados.

    ? Se você puder ensinar como dar os primeiros-socorros às pessoas ? ele disse ?, teremos tempo de levá-las até o hospital ou mesmo até você, se quiser. Podia fazer uma espécie de consultório na casa de Bado.

    ? A princesa Hilda está pensando em melhorar o pequeno hospital daqui ? Bado diz. ? O nosso médico já está muito velho e ela convidou Ann para ajudá-lo a cuidar disso.

    ? É ? ela afirma. ? Eu já dei uma olhada nas instalações. Tudo muito medieval, mas dá para fazer alguma coisa. Orientei a princesa a mandar buscar no continente equipamentos e medicamentos básicos e ela disse que providenciaria. Iria eu mesma até lá buscá-los, mas não posso pisar em Narvik até que aquela vaca da primeira-doida seja entregue à justiça.

    ? Mas a polícia já sabe que foi ela, não é? ? Thor pergunta.

    ? Sabe, mas parece que acham que eu sou cúmplice. Ela precisa se entregar e confessar a merda toda. Mas a princesa não quer fazer isso porque a Grethe lhe salvou a vida e blá, blá, blá. Olha, Thor, vamos mudar de assunto porque esse me deixa com sangue nos olhos. Eu aceito ensinar às pessoas, não se preocupe com isso. Acho que será bastante útil se souberem o que fazer numa emergência. Além disso, podemos arranjar um jeito de eu vir para cá, sei lá, uma vez por semana, já que o hospital é muito longe. E não achei má ideia essa coisa do consultório... mas sério, agora preciso descansar um pouco. Essa viagem me deixou moída.

    Thor assente e mostra à médica o quarto. Ele e Bado continuam conversando na sala.

    ? Esse assunto a irrita muito ? Bado diz. ? Ela não suporta a ideia de ver a Grethe por aqui, vivendo normalmente, posando de amiguinha da princesa. Na verdade, nem eu. É injusto que Ann pague por algo que não fez. Ao mesmo tempo, tenho medo de que a coisa se resolva e ela queira voltar para Narvik.

    ? Você está mesmo muito apaixonado por ela ? Thor diz.

    ? Sim, eu estou. E seria capaz até de largar tudo aqui para ir embora com ela...

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    Além dos benefícios oferecidos aos outros guerreiros-deuses, Mime também foi contratado para tocar no palácio, alegrando as princesas com sua música nos dias de festa e nas cerimônias. O primeiro evento já estava marcado: o casamento da princesa Freya, que aconteceria dentro de poucas semanas. O músico empenha-se em preparar um bom repertório de peças clássicas para a cerimônia, bem como um segundo, ligeiramente mais animado a fim de entreter os convidados durante a festa. Quando o vinho subisse às cabeças, ele sabia que provavelmente todos iam querer dançar.

    Voltara a morar na casa de seu pai adotivo, apesar da culpa que o perseguia. Ter matado Folker tinha sido seu maior pecado e ele se culparia para sempre por isso, mas agora finalmente podia crer que os bons momentos que teve com ele eram mais fortes. Ele era duro, mas era um bom pai. Foi preciso haver uma guerra para que Mime se desse conta disso. Foi preciso levar um golpe de um cavaleiro de Athena para que aflorasse tudo que estava escondido na sua mente. Desde então, ele está decidido: nunca mais usará sua música para a violência e a guerra. Sua harpa será instrumento apenas de alegria e beleza.

    E aquele cavaleiro de Athena tinha razão, ele odiava matar. Também tinha razão quando falou que ele odiava a si próprio. Mime está aprendendo a lidar com isso, embora ainda seja difícil. Na luta, Ikki falou de esperança, dos sonhos. Pela primeira vez na vida, Mime se permite sonhar. Quer ser uma pessoa melhor, quer levar sua música a todos os cantos do mundo. Pode parecer um sonho impossível, afinal, ele é apenas um músico de um país distante, que muita gente nem acha que existe, mas Ikki lhe disse que qualquer sonho era possível. E ele também quer acreditar nisso.

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    Ann e Bado passam dois dias na Vila da Baleia Azul e, por fim, ela acerta com Thor de ir sempre uma vez por semana atender as pessoas, desde que não seja a cavalo. O guerreiro-deus compromete-se a mandar buscá-la de carroça e ela aceita.

    Na volta para casa, o casal resolve passar na casa de Fenrir, pois Ann quer ver como está a perna do guerreiro e Bado quer entregar-lhe um presente. Ele mesmo os recebe na porta, pois era fim de tarde e a criada tinha acabado de ir embora.

    ? E aí? ? Ann pergunta, parada na porta. ? Como está a perna?

    ? Ah, vai bem ? Fenrir responde. ? Ainda sinto um pouco de dor, mas é suportável.

    ? Se nos convidar para entrar, posso examiná-la.

    ? Claro, claro, entrem ? Fenrir os convida depois da reclamação de Ann. Sente-se levemente incomodado com a presença dos dois. Não gosta de visitas e torce para que vão embora rapidamente. Bado também entra, trazendo consigo uma cesta.

    ? Antes do exame ? ele diz ?, quero que veja o que trouxe para você.

    Bado entrega a cesta a Fenrir. Desconfiado, ele abre, esperando alguma brincadeira de mau gosto, mas lá dentro encontra um filhotinho de husky siberiano.

    ? Um cachorro? ? Fenrir indaga surpreso.

    ? É ? Bado assente. ? Nós ganhamos na vila de Thor. Como sei que está sentindo falta dos seus lobos, pensei que poderia gostar de ter um cachorro.

    ? Sim, mas... por que está fazendo isso?

    ? Porque eu quero, ora essa! Não posso presentear um amigo?

    ? Amigo? Eu?

    ? Bom, eu acho que sim. Se você não pensa o mesmo, aí já é outra história.

    Fenrir se sente ainda mais desconfortável com isso, mas gosta do presente de Bado e o aceita.

    ? O-obrigado ? diz hesitante, tirando o cachorrinho da cesta. Imediatamente o bichinho lambe sua face, o que arranca um sorriso dele e, consequentemente, de Bado.

    ? De nada ? Bado diz. ? E parece que ele gostou de você.

    ? É, parece que sim.

    Ann também sorri ao ver a cena, mas pede que Fenrir se sente para que ela lhe examine a perna. O homem põe o cachorrinho no chão e faz o que ela manda. Enquanto ele é examinado, o bichinho logo se empenha em explorar a sala de sua nova casa.

    ? Está tudo bem ? ela diz depois do exame. ? Acho que já dá para tirar o fixador. O ideal seria fazer uma radiografia, mas como aqui não vai ser possível, vou confiar na minha experiência. Só não sei como vou fazer a cirurgia pra retirar isso, Fenrir. A princesa ficou de providenciar materiais adequados. Assim que ela conseguir, eu faço a operação.

    ? Está bem ? ele diz, um tanto alheio às palavras de Ann. Quer mesmo é que os dois vão embora para ficar a sós com o cachorro. Quando o casal finalmente deixa a casa, o cachorro vem até ele e fica parado, sentado, olhando-o com olhinhos pidões e abanando o rabinho. Vez ou outra dá um latido.

    ? Você está com fome, não é? ? Fenrir pergunta. Ele vai manquejando até a cozinha e o filhote o segue. Pega um naco de carne, parte em pedaços menores e oferece ao cachorro, que come avidamente e fica pedindo mais. Fenrir lhe dá mais um pouco. Depois, oferece-lhe uma tigela de água, que o bichinho bebe quase toda.

    ? Acho que vamos gostar um do outro, seu diabinho ? ele diz, afagando o cachorro.

    De barriga cheia, o filhote enrodilha-se no tapete da porta da cozinha e cochila. Fenrir senta-se perto dele e dedica-se a seus pensamentos.

    Bado o considerava um amigo? Quando tinha começado isso? Ele não percebeu. Será que não havia algum interesse? As pessoas são interesseiras, sempre querem tirar alguma vantagem. Sempre? Teria razão aquele cavaleiro de Athena que lhe disse para confiar nas pessoas? Nem todo mundo era movido por interesses? Enquanto esteve internado em Narvik, ficou totalmente dependente dos outros e ninguém lhe pediu nada por isso. Pelo contrário, mesmo agora alguns continuavam fazendo coisas por ele, procurando se aproximar. Bado sempre vinha saber como estava e agora trouxe o cachorrinho. Certo dia, Shido lhe enviou uma cesta com frutas e vinho, e dois belos pares de sapatos de couro, acompanhados de um cartão onde ele dizia que tinha reparado que os que ele tinha estavam gastos demais. Até mesmo Alberich passou por lá para saber se ele precisava de alguma coisa e disse que se precisasse de carvão era só falar que ele mandaria trazer de sua mina.

    Ele podia dizer que tinha feito amigos em Narvik? Talvez Shiryu tivesse razão quando falava de amizade... talvez algumas pessoas fossem boas... talvez valesse a pena confiar nelas.

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    Casa de Alberich.

    ? Mas o que é que se faz nesse lugar? ? Grethe indaga a Alberich. Está esparramada no sofá do escritório dele, enquanto o rapaz está em sua mesa de trabalho, fazendo a contabilidade da mina de carvão. ? Estou entediada, Albie XVIII!

    ? Devia ir ajudar na cozinha ? ele resmunga, sem levantar os olhos das contas.

    ? Para quê? Você tem várias criadas, ora! Você não disse que tinha uma taverna ou algo parecido? Pois eu quero ir lá.

    ? Não é ambiente para mulher.

    Grethe ergue uma sobrancelha.

    ? Sério que você está dizendo isso, Albie? Já basta o tempo em que eu vivi sob as ordens do Linus. Deixe de frescura e me leve lá.

    ? Será que pode pelo menos esperar que eu termine o trabalho?

    Grethe responde com um resmungo insatisfeito e resolve perambular pela casa enquanto espera. Quase uma hora depois, conforme prometido, Alberich leva a mulher à taverna localizada na parte central da vila, perto do mercado. Da rua não era possível ver a construção por trás dela, onde todos sabiam funcionar o prostíbulo local.

    ? Sombra do Urso. ? Grethe lê no letreiro esculpido em madeira escura. ? Nome pomposo para uma espelunca, não? Eu sempre quis vir num local assim! Mas sabe como é, eu era a primeira-dama. Linus jamais me deixaria frequentar lugares assim.

    Alberich dirige a ela um olhar de desprezo e desce da charrete.

    Quando os dois entram na taverna, os homens presentes voltam seus olhares para eles. É raro aparecer ali alguma mulher além das prostitutas e, além disso, Grethe tinha a aparência de uma mulher rica e polida vinda do continente. Logo eles deduziram tratar-se de uma das visitantes da princesa.

    ? Senhor Alberich ? cumprimenta um dos homens. ? Bem-vindo de volta.

    ? Obrigado, Gunnar.

    ? Soubemos da luta ? outro diz. ? Felizmente o senhor sobreviveu.

    ? É, eu não sou tão fácil de ser morto ? Alberich diz. Não estava muito à vontade com a presença de Grethe ali, mas sabe que em breve o vinho o deixará relaxado.

    ? E a senhorita? ? Gunnar indaga, curioso.

    ? Hum... é uma convidada da princesa ? Alberich a apresenta. ? Grethe Jensen, primeira-dama de Narvik. O marido dela nos acolheu enquanto estávamos lá e ela veio nos visitar. Está hospedada na minha casa.

    ? Muito prazer ? ela diz, cumprimentando o homem e exibindo seu melhor sorriso. Depois, cumprimenta um por um os demais presentes.

    ? Bebem conosco? ? Gunnar convida.

    ? Claro, claro ? ela diz. ? Tragam o vinho!

    Depois de se embebedar, e dançar com todos os que se dispunham, Grethe acaba num dos quartos do prostíbulo, com Gunnar e Alberich. Ela se surpreende ao ver Alberich trocando com o outro homem, bem como acha excitante ver os dois juntos. Quando se cansa de ser apenas expectadora, Grethe desliza entre eles e os três viram um novelo humano, caindo em uma voragem erótica com a qual ela sonhava há muito.

    ? Albie, eu já tinha visto que você era bom com mulheres, mas você não me disse que também gostava de rapazes ? ela comenta quando já estão na charrete, voltando para casa.

    ? Eu gosto de pessoas ? ele responde. ? Não importa o sexo.

    ? Da próxima vez podíamos experimentar outra combinação, hein?

    Alberich dá um sorriso desavergonhado e ajeita a franja.

    ? Experimentaremos. ? ele diz, pensando que não importava a configuração do grupo, ele seria a peça que faria valer a pena.

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    Semanas depois...

    Dias antes, um barco tinha aportado em Asgard trazendo os materiais cirúrgicos que Ann e o médico local solicitaram. Com a chegada do material, Ann faz a cirurgia para retirada do fixador de Fenrir. Ele continua mancando um pouco, mas passa bem, e sem o trambolho metálico, já pode brincar com o cachorro, a quem tinha dado o nome de Ensom.

    Durante os primeiros dias de recuperação, o guerreiro recebeu visitas frequentes de Bado e da médica, e certa vez até os convidou para almoçar, para desespero da criada, que teve de preparar um almoço decente ao invés da costumeira gororoba que Fenrir comia sem reclamar. A moça odiava aquele trabalho, queria voltar para o palácio, mas não tinha coragem de dizer à princesa que estava insatisfeita. Só o cachorro lhe dá alguma satisfação ao fazer suas gracinhas e pedir carne enquanto ela prepara a comida. Vez ou outra ela lhe dá um pedaço.

    ? Seu danadinho guloso ? ela diz, coçando atrás das orelhas do animal. ? Acabei de colocar seu almoço e mesmo assim você vem me pedir mais carne!

    Todos os dias quando ela chega, só Ensom vai cumprimentá-la, Fenrir nunca se dá ao trabalho. Ela sempre recebe o cachorrinho pegando-o no colo e acariciando-lhe entre as orelhas. Mas certo dia, ela é surpreendida ao chegar ao trabalho.

    ? Daqui a pouco você estará grande demais para eu pegá-lo no colo ? ela diz a Ensom, mas para de falar subitamente quando Fenrir aparece na cozinha com seu andar claudicante.

    "Do cachorro, pelo menos, ela gosta", Fenrir pensa ao ouvir a voz da garota. Uma voz forte e com uma leve rouquidão que ele considera bonita. Não gosta muito de ouvir vozes, mas a dela vinha ficando estranhamente agradável.

    ? Bom dia, Liselotte ? ele a cumprimenta, numa voz alta e clara, sentindo seu coração disparar.

    A moça dá um passo para trás e arregala os olhos.

    ? B-bom dia ? responde assustada. As poucas vezes em que ouvira a voz do patrão foram quando ele falava com Ensom, num tom baixo e grave, assemelhado a um grunhido animalesco. Só o via falar como gente quando recebia a visita da médica.

    ? O que vai fazer hoje para o almoço? ? ele pergunta, procurando soar casual e manter a voz firme.

    ? Um ensopado de cordeiro ? ela responde, ainda um tanto assustada. Fenrir nunca se importara com o que ela fazia para comer. Ele sempre comia qualquer coisa sem pestanejar, daquele jeito dele, sem modos, quase sempre dispensando os talheres e usando as mãos.

    ? Está ótimo, Liselotte. Vou ficar com Ensom lá fora. Pode chamar quando a comida ficar pronta.

    ? Certo, senhor ? ela diz, ainda surpresa com a repentina mudança do patrão.

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    Palácio de Valhalla.

    Hilda coloca a coroa em Freya, que tem os volumosos cabelos arrumados num intricado penteado de tranças, dando a volta em sua cabeça e caindo numa cascata.

    ? Você está tão linda, querida ? a irmã mais velha disse, sentindo um orgulho maternal. Sempre teve a irmã quase como uma filha e era exatamente isso que sentia no dia do casamento dela.

    ? Era você quem devia usar o vestido que foi da mamãe ? Freya diz, emocionada.

    ? Você vai se casar antes de mim, querida. É justo que o use.

    ? Podíamos estar nos casando juntas...

    ? Ainda não é minha hora. Deixe que eu veja você direito...

    Freya levanta-se. O vestido branco ricamente bordado, com mangas bufantes, bem ao estilo medieval que ainda se usa em Asgard, é uma obra de arte. Hilda demora-se olhando para a irmã. Freya está perfeita no traje. Hilda, entretanto, não consegue se ver usando algo tão opulento, ainda mais depois da guerra. Mesmo agora optou por usar a túnica cerimonial mais simples, de um tom azul-celeste, corte reto, com poucos adornos bordados na gola. Se algum dia se casar, ela pretende usar algo parecido.

    ? Eu vou indo ? anuncia a irmã mais velha. ? Preciso estar a postos quando você e Hagen entrarem no salão. Que todas as bênçãos de Odin caiam sobre você, minha querida.

    Continua...


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