Mit Dir

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    12
    Capítulos:

    Capítulo 19

    Capítulo XVIII A Última Vez

    Linguagem Imprópria, Nudez, Violência

    Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

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    MIT DIR

    Chiisana Hana

    Beta-reader: Nina Neviani

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    Capítulo 18 ? A Última Vez

    Assim que deixa o quarto de Siegfried, Ann se tranca num banheiro e chora.

    ? Acabou ? ela murmura. ? Acabou tudo. Minha carreira, minha vida... e Bado... vou sentir muita falta do olho de tigre. Tanta falta... Como eu nunca pensei que sentiria de alguém...

    Depois do brevíssimo momento de descontrole, a médica lava o rosto, respira fundo e sai do hospital, decidida a procurar o guerreiro-deus.

    Uma chuvinha fina cai enquanto ela dirige até o hotel em seu conversível, mesmo assim ela deixa a capota aberta. O estofado do automóvel é a última de suas preocupações.

    Ann estaciona o carro de qualquer jeito, desce e se anuncia na recepção. Bado, que divide o quarto com o irmão, aparece no saguão pouco tempo depois. Ann corre até ele, abraça-o e beija-o, sem se importar com os olhares dos outros hóspedes.

    ? Vem comigo ? ela sussurra ao ouvido de Bado, e ele atende, seguindo-a até o carro. A médica dirige em silêncio até uma parte erma da cidade e ali torna a beijar Bado. As lágrimas caem naturalmente, escorrendo pela face dela e misturando-se à saliva de ambos.

    Os dois despem-se apressadamente e amam-se com uma urgência que jamais tinham experimentado. A possibilidade de que aquela seja a última vez deixa ambos quase irracionais, agindo com mais violência do que numa situação normal. Eles entregam-se a um gozo intenso, sôfrego, e pela primeira vez, Ann expõe seus verdadeiros sentimentos, ao sussurrar no ouvido de Bado:

    ? Eu o amo, tigre. Meu tigre. Eu o amo como jamais amei ninguém.

    ? Ann ? ele murmura, ainda dentro dela. ? Eu quero que você vá para Asgard comigo. Quero que seja minha mulher.

    ? Eu não posso ? ela diz. ? Eu não saberia viver em paz com a minha consciência depois de tudo que fiz.

    ? E o que você fez? Quem matou Linus foi Grethe e a morte da enfermeira foi um acidente.

    ? Você não entende... Eu devia salvar vidas, não ser cúmplice de dois assassinatos.

    ? O que eu entendo é que você não fez nada e merece uma chance. Venha comigo.

    ? Eu não posso... ? ela repete, e sai de cima dele. ? Não posso, Bado.

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    Dia seguinte...

    Um helicóptero da Fundação Graad está pronto para partir do heliporto do hospital. Ann chegara cedo, com a cara mais fechada que o habitual e profundas olheiras, e assinara toda a documentação de liberação de Siegfried e Fenrir. Depois, dera instruções detalhadas às princesas e à criada sobre os cuidados que deviam ter com os dois pacientes. Também entregara a elas um bom estoque de medicamentos necessários e material para os curativos de Fenrir, bem como advertira que dentro de algum tempo o fixador externo na perna dele teria de ser retirado mediante uma cirurgia.

    A partida dos estranhos asgardianos é um evento para os funcionários do hospital e, junto com eles, Ann está no heliporto, observando a comitiva embarcar na aeronave. Antes de subir, Bado se aproxima dela.

    ? Ainda dá tempo ? ele diz, muito sério.

    ? Não. Vá, meu querido. Eu vou ficar bem.

    ? Eu não acredito nisso.

    Ann dá um sorriso irônico.

    ? E você acha que eu acredito? Vai acabar dando merda. Eu sei.

    ? Eu vou voltar pra buscar você. Eu prometo. É só o tempo de ajeitar as coisas lá em Asgard.

    ? Volta nada, tigre. Não seja bobo de voltar.

    ? Você vai ver.

    Bado despede-se de Ann com um beijo, sob os olhares dos demais guerreiros-deuses, das princesas e dos funcionários. Em seguida, ele entra no helicóptero e a aeronave parte com grande estrépito, o vento das hélices agitando o cabelo de Ann e levando as lágrimas que ele não conseguira conter.

    Horas depois, ela pega seu conversível e vai direto à delegacia de polícia.

    ? Eu vim denunciar o assassinato do prefeito Linus Jensen ? ela diz ao policial que a recebera. ? E mostrar onde está o corpo.

    ? Tarde demais ? o policial responde e aponta para uma mulher sentada num canto.

    ? Eu já fiz isso ? uma voz chorosa diz ao aproximar-se. ? Meu pobre marido...

    Ann mal pode acreditar no que vê.

    ? Grethe?

    ? Eu já disse ao senhor delegado que só pode ter sido aquele irmão do Linus ? ela continua. ? Ouvi os dois discutirem diversas vezes e Lars chegou a ameaçar Linus de morte. Você também ouviu, Ann, não foi?

    ? Não! ? Ann protesta, indignada. ? Não é nada disso! Cadê o delegado? Foi ela quem atirou no próprio marido!

    ? Eu? Estou chocada, Ann. Chocada.

    ? Chocada você vai ficar quando eu arrebentar a sua cara, sua mentirosa!

    O policial intervém e segura Ann. O delegado aparece para ver a confusão entre as duas. Grethe continua seu teatro.

    ? Sei bem que você era uma das... uma das... mulheres com quem Linus me traía, mas eu sempre fui uma esposa devotada e nunca me importei com essas coisas... É coisa de homem, senhor delegado, o senhor me entende, não é? Além do mais eu sequer sei segurar uma arma.

    ? A doutora pode provar o que diz? ? o delegado pergunta.

    ? Não, mas eu vi! Eu vi a Grethe de arma na mão e o marido caído no chão com um buraco de bala na têmpora.

    ? Ela viu sim, doutor, mas isso foi bem na hora que cheguei lá e vi a arma no chão, conforme já contei para o senhor. Peguei-a sem pensar. Eu estava horrorizada!

    ? Ah, é? Horrorizada? ? ironizou Ann. ? E por que raios esperou tanto para procurar a polícia?

    ? Lars me ameaçou! Disse que me mataria também! Só agora tive coragem... Eu devia isso ao meu querido Linus! Ele precisa de justiça!

    ? Eu não estou acreditando no que eu estou ouvindo. Ela está mentindo! Foi ela quem matou o marido e escondeu o corpo!

    ? O que é isso, Ann? Você está de conluio com o Lars para me incriminar? Justo eu!

    ? Doutora, a senhora há de convir que não tem o menor fundamento nessa acusação ? pondera o delegado. ? A senhora primeira-dama matando o marido? Não faz sentido!

    Ann começa a bater palmas.

    ? Parabéns, Grethe. Você fez seu papel muito bem.

    ? Doutor, veja só como essa mulher é ardilosa! Quer me incriminar pela morte do meu amado marido! Você não tem coração, Ann.

    ? Pra mim já deu. Delegado, se o senhor quiser saber mais alguma coisa, é só me procurar.

    Depois que Ann deixa a delegacia, o delegado discute com Grethe as estratégias de busca pelo corpo de Linus, que ainda não tinha sido encontrado, embora já tivessem procurado na casa que Grethe indicara, inclusive no sótão; bem como as buscas por Lars, que também estava desaparecido.

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    Palácio de Valhalla, Asgard.

    O helicóptero acabara de pousar no pátio parcialmente destruído do palácio. Durante a viagem, Hilda havia determinado que os guerreiros-deuses a se instalarem em Valhalla, o que não foi exatamente bem recebido por todos, mas não quiseram contestá-la de imediato. Entretanto, Siegfried levanta a questão assim que é instalado em um quarto.

    ? Alteza, não seria mais prudente que eu ficasse em minha casa? ? ele questiona

    ? De forma alguma ? Hilda responde, pausadamente e olhando diretamente para ele. ? Quero todos aqui no palácio, especialmente você e Fenrir, que ainda inspiram cuidados.

    Ele se ajeita melhor nos travesseiros.

    ? A senhorita é muito generosa.

    ? Não é mais que minha obrigação cuidar de vocês depois de tudo que houve e... ? ela detém-se ao lembrar-se de Linus e Grethe na cabana, do sangue escorrendo no chão, da vergonha e do medo que sentira. Siegfried imediatamente percebe que a expressão dela mudara.

    ? O que houve? ? ele pergunta com ternura. ? Desde que a vi quando acordei no hospital, sinto que há algo diferente na senhorita.

    ? Foi tudo isso, Siegfried, meu caro. Toda essa situação, a guerra, a permanência em Narvik, o pre... ? ela hesita novamente. Tem vontade de falar do assunto com alguém, mas nem a Freya confessara por completo o que tinha passado quando estivera nas mãos de Linus. Ela não consegue evitar o choro e, gentilmente, o guerreiro-deus inclina-se para abraçá-la. Hilda aprecia o calor confortável e amoroso do corpo dele envolvendo-a, acalmando-a, protegendo-a. Sente a mão dele acariciando seus cabelos e pensa que não é nada adequado que a princesa esteja sendo acariciada por um soldado, ainda mais sendo ele o chefe da guarda-real. Mas no instante seguinte, ela muda de opinião.

    "Danem-se as convenções", ela pensa. "Dane-se o que vão pensar se souberem, danem-se todos". Ela retribui o abraço de Siegfried e ergue a face para falar com ele, já que com o problema auditivo é imprescindível que ele veja seu rosto. Antes de ela começar a falar, Siegfried tem o atrevimento de beijá-la. Um beijo suave, delicado, que ele interrompe constrangido ao se dar conta da ousadia que tivera.

    ? Perdão, alteza, eu... ? desconcerta-se o rapaz. Hilda põe o indicador nos lábios dele.

    ? Não diga nada ? ela ordena, e volta a beijá-lo.

    ? Hilda... ? ele murmura depois do segundo beijo. ? Sei que sou apenas um soldado, que não estou aos pés da minha princesa, mas eu a amo tanto.

    ? Siegfried, meu querido, há muito eu ansiava por isso ? ela admite. ? Também o amo.

    ? Gostaria de me casar com a senhorita, se você aceitar este velho soldado surdo como marido.

    Hilda sorri.

    ? Eu desejo ter esse belo, bravo e honrado soldado como marido.

    Em outro quarto, Freya e Judith ajudam Hagen a se acomodar.

    ? Obrigada, Judith ? ela agradece a criada. ? Agora vá lá ajudar os gêmeos ? ela diz, travessa, fazendo Judith corar.

    ? Senhorita Freya! Por favor!

    ? Ah, Jud, o Hagen já sabe de tudo.

    A criada ruboriza terrivelmente e deixa o quarto como um raio. Freya e Hagen riem.

    ? Acha que algum dia o Shido vai ceder? ? Hagen pergunta.

    Freya se senta na cama, ao lado dele.

    ? Espero que sim! A Jud merece.

    ? Não sei, Freya. Ele é um tanto metidinho. Não consigo vê-lo casado com uma moça que é criada do palácio.

    ? Judith é bonita, tem bons modos, não faria feio como um dama da sociedade.

    ? Mas não tem berço, Freya. Isso é importante para o Shido.

    ? Se ele perder a Jud só por isso, ele é um bobo. Para sua sorte, meu querido, eu não ligo a mínima para berço ou qualquer outra porcaria semelhante. E agora que estamos finalmente em casa e sozinhos, me diga, está cansado?

    ? Não, minha querida, por quê?

    ? Hum... Porque é hora de eu deixar de ser a princesinha virgem de Asgard!

    Hagen dá uma gargalhada satisfeita e puxa Freya para si, segurando-a pela cintura.

    ? Essa temporada em Narvik lhe fez muito bem, Freya.

    ? Pois é, meu querido! Pois é.

    Enquanto isso, Shido e Bado conversam no quarto onde o gêmeo pobre ficaria hospedado.

    ? Só vou passar uns dias aqui ? Shido diz ?, para ajudar a cuidar do Fenrir. Depois, volto para a minha casa. Tem certeza de que não quer morar lá?

    ? Tenho.

    ? Sei... Você está é preocupado com a médica e acha que no palácio tem mais possibilidades de receber alguma notícia, não é?

    ? Bom, admito que é isso. Não saber o que está acontecendo com ela é torturante, meu irmão. Queria muito saber como ela está. Devia ter ficado lá com ela. Acho que vou voltar...

    ? Você vai voltar lá agora? E se nos acusaram? Se a polícia estiver atrás de nós?

    ? Eu sou o Tigre das Sombras, lembra? Eu sei me manter escondido. O helicóptero ainda está aí. Shido, eu vou para o continente. E só volto com a Ann.

    ? Bado, não faça essa loucura. Esqueça essa mulher, meu irmão.

    ? Está decidido. Só me deseje sorte.

    Judith bate à porta e se anuncia.

    ? Com licença, senhores ? Judith diz respeitosa, ao receber permissão para entrar. Na temporada em Narvik, habituou-se a lidar com as princesas e os guerreiros-deuses menos formalmente, mas estando no palácio a moça acha por bem retomar as maneiras adequadas. ? A senhorita Freya mandou ver se estão precisando de algo.

    ? Não, Judith ? Shido responde. ? Obrigado.

    ? Eu preciso ? Bado diz. ? Quero que procure o piloto do helicóptero e lhe diga que vou com ele.

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    Narvik.

    Através de um telefonema anônimo, a polícia localizara o corpo de Lars Jensen. Estava numa velha cabana de pesca, próxima da casa onde Linus tinha sido supostamente assassinado. Tinha uma perfuração a bala na têmpora. Numa rápida busca pela cabana, a polícia encontrou a arma, a aliança de Linus e um jaleco manchado de sangue.

    Mais tarde, os policiais cercam a casa de Ann. O delegado bate à porta com violência. Ela mesma abre.

    ? Finalmente o senhor resolveu ouvir o que eu tenho a dizer, não é? ? ela diz, sem perceber o cerco formado.

    ? Você está presa pelos assassinatos de Linus e Lars Jensen ? o delegado anuncia, com as algemas na mão. Ann fita-o incrédula.

    ? Como é que é?

    Continua...


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