La Femelle

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 8

    Segundo Ato - Cena 4

    Adultério, Bissexualidade, Estupro, Hentai, Heterossexualidade, Homossexualidade, Incesto, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Suicídio, Violência

    Luz em Notredame.

    NOTREDAME (aos berros) ? Atenção, ?formar?! (com ironia) ? Agamenon, tudo bem? Tem faltado luma coisa pra você? Tem se alimentado bem? Você sabe que aqui os menores são bem tratados e não se esqueça de dizer que aqui você tem tudo o de melhor... Só depende de você pra conseguir aquele curso de cozinha...

    Agamenon sobre no praticável de Minerva. Luz em Agamenon e Minerva que estará vestida com um micro short e um top mínimo.

    MINERVA ? Meu irmão! Como você está? (abraça Agamenon)

    AGAMENON (contido) ? Oi.

    MINERVA ? Eu estava morrendo de saudades!

    AGAMENON ? Eu também.

    MINERVA ? Você parece estar tão triste?

    AGAMENON (ainda contido) ? Eu estou bem...

    MINERVA ? O que foi meu irmão?

    AGAMENON ? Nada! Eu estou bem.

    MINERVA ? Me leva pra passear? Vamos ao riacho?

    Agamenon não responde.

    MINERVA ? O que foi? Você não quer me levar pra passear?

    AGAMENON ? Não posso. Estou de castigo, no ?gancho?.

    MINERVA ? Fiquei sabendo... Você tentou fugir com mais três moleques?

    AGAMENON ? Fugimos e tentamos pegar uma carona na beira da estrada... Conseguimos chegar em Jundiaí, quase chegando à capital quando parou um caminhão amarelo, ofereceu carona e o caminhoneiro deu a volta e trouxe a gente de volta pra Batatais. A gente nem percebeu que o cara fez o retorno; praticamente desmaiamos nos sacos de açúcar.

    MINERVA - Puta azar do caralho!

    AGAMENON ? Quem dirigia o caminhão era o Parobé, o responsável pelo almoxarifado.

    MINERVA - No mínimo ele estava mesmo na captura de vocês.

    AGAMENON ? Apanhamos tanto que a gente não conseguia nem andar. E além de apanhar, puxamos ?gancho? com duas semanas de castigo no escovão?

    MINERVA ? Você não deveria tentar fugir. Eles te espancam!

    AGAMENON (exasperado) ? Tentei mesmo! Mas ainda vou conseguir.

    MINERVA ? Conversei com o vigilante e ele disse que você pode me levar pra passear. Ele disse que eu deveria conhecer o centro de Batatais, a matriz e o Colégio São José... Quero muito passear pelo Pau do Urubu...

    AGAMENON ? Mas lá só tem mato!

    MINERVA ? Mas assim que é bom! Vamos logo...

    Minerva e Agamenon descem para a boca de cena.

    MINERVA (para a plateia) ? Olha! Parece que chegaram mais animais no mini-zoológico...

    AGAMENON ? Chegaram ontem.

    MINERVA (apontando para um espectador) ? Ai que lindo! Qual o nome dele?

    AGAMENON ? Mão de ouro é um mico-leão dourado.

    MINERVA ? Que gracinha! (para outro espectador) - E aquele? O que está fazendo?

    AGAMENON ? Aquele feio ali? (rindo) ? Está batendo punheta...

    MINERVA ? Bicho safado!

    AGAMENON (irônico) ? Você não viu nada!

    MINERVA ? Você também faz isso?

    AGAMENON (irônico) ? Sempre! É gostoso e serve pra aliviar as neuroses... Vai falar que você também não faz isso?

    MINERVA ? Você é doido?

    AGAMENON (aos risos) ? Está bem! Pra onde você quer ir primeiro? Igreja Matriz ou Colégio São José?

    MINERVA ? Tanto faz; você escolhe!

    AGAMENON ? E o doutor Tarses?

    MINERVA ? Aquele é um crápula... Você tinha razão. Antes não entendia, mas hoje percebo as intenções daquele pederasta.

    AGAMENON (exasperado) ? Pederasta?

    MINERVA ? Pederasta, viado, puto!

    AGAMENON ? Ele tentou fazer alguma coisa com você?

    MINERVA (numa revolta) ? Ele não é louco! Mato aquele infeliz... Ele vive insinuando coisas...

    AGAMENON ? Desgraçado!

    MINERVA ? Mas não vamos falar de coisas desagradáveis. Esta cidade é muito bonita e se torna mais bonita ainda com você aqui perto de mim. (breve pausa) ? Estou morrendo de saudades de uma coisa...

    AGAMENON ? O que?

    MINERVA ? Quero o seu beijo!

    AGAMENON (exasperado) ? É melhor não... Somos irmãos. Nem deveríamos pensar nessas coisas. Peço desculpas.

    Minerva ignora o irmão e os dois se beijam calorosamente. Luz nos clowns.

    CLOWN 1 ? Então ela voltou?

    CLOWN 2 ? Vocês viram a bermudinha que ela está usando?

    CLOWN 3 ? Que delícia! Até aparece a polpa da bundinha...

    CLOWN 2 ? E aquela blusinha apertada, então?

    CLOWN 3 ? O Cavalo disse que conseguiu ver os peitinhos dela. Tem biquinho e tudo!

    CLOWN 1 ? Se ela não tem um pintinho, então o que ela tem?

    CLOWN 3 ? Já bati setenta e sete punhetas pra ela.

    CLOWN 2 ? Bem que o Agamenon podia emprestar a irmã dele pra gente.

    CLOWN 1 ? Passearam pela Praça da Matriz, visitaram os bichos empalhados do Colégio São José e o Pau-do-Urubu.

    Blecaute nos clowns.

    MINERVA ? Vamos ao riacho? A gente aproveita as jabuticabas maduras...

    AGAMENON ? Não é mais época de jabuticabas.

    MINERVA ? Que pena!

    AGAMENON ? Época de manga.

    MINERVA ? Adoro mangas! (insinuante) ? Além de adorar mangas, estou morrendo de saudades do riacho.

    Pausa. Minerva senta-se com as pernas fora do praticável.

    MINERVA ? Você tinha razão... O doutor Tarses tem andado estranho. Tem dito coisas esquisitas. Tem um olhar que mete medo.

    AGAMENON ? Ele tentou alguma coisa com você?

    MINERVA ? Ainda não... Porque talvez eu tenha evitado maiores aproximações. Quando percebo um mínimo de perigo saio de casa imediatamente. Mas eu não sei até quando.

    AGAMENON (exasperado) ? Mate o filho da puta enquanto é tempo!

    MINERVA ? Pode deixar meu irmão; sei me proteger!

    AGAMENON ? Você ainda está doente?

    MINERVA ? Minha doença é quase incurável.

    AGAMENON ? Eu posso pegar de você?

    MINERVA ? Não. Esta doença é ruim só pra mim. Se eu não conseguir um doador de medula compatível posso até morrer. Ele tem comprado os remédios; paga do bolso dele os exames caríssimos que preciso fazer. Tenho medo que Ele cobre por tudo isso.

    MINERVA ? Cobrar como?

    AGAMENON (exasperada) ? Queira o meu corpo em troca. De vez em quando ele joga algumas coisas na minha cara...

    Breve pausa. Minerva aproxima-se de Agamenon e lhe dá um beijo na boca.

    MINERVA ? Eu te amo, meu irmão!

    AGAMENON ? Não diga isso; somos irmãos...

    MINERVA ? E daí? Pensei muito na gente durante todo esse tempo. Não é porque nascemos de uma mesma mulher que somos irmãos. Não tenho este sentimento por você. Pra mim você é um carinha estranho no qual me apaixonei. Talvez por não termos sido criados juntos eu não tenha uma ligação afetiva de irmãos. É como mãe... Mãe não é aquela que coloca a gente no mundo; Mãe é quem cria... A minha verdadeira mãe foi o nosso pai e a sua mãe, infelizmente é a Febem...

    AGAMENON ? Não fala merda. Você não sabe o que está dizendo... Você fala umas coisas difíceis. Minha cabeça fica a milhão...

    MINERVA (esboça um sorriso) ? Você é engraçado... O que estou querendo dizer é que somos irmãos somente de carne, não de sentimentos.

    AGAMENON ? Eu também não te vejo como irmã...

    MINERVA ? Então! Estamos com as nossas consciências tranqüilas. Não é pecado duas pessoas que se gostam se amarem.

    AGAMENON ? Não sei...

    MINERVA ? Você vai deixa que o doutor Tarses seja o meu primeiro homem? Nunca namorei ninguém, ainda mais depois que te conheci. Só tenho pensado em você, te desejado muito. Sempre guardei a minha virgindade pra uma pessoa que um dia amasse de verdade. Quero que você seja o meu primeiro homem. Prefiro mil vezes me entregar pra você, do que para o doutor Tarses. Transar com você vai ser a nossa melhor vingança. Tramei esta doce vingança contra o doutorzinho pederasta...

    AGAMENON ? Não sei se podemos...

    MINERVA (numa morbidez voluptuosa) ? Você negaria prazer a uma pessoa que tem uma doença fatal, que tem poucos das de vida e está prestes a morrer?

    Minerva beija Agamenon que se entrega. Os dois se amam em cena. Blecaute.


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