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Frustração. Era a única coisa que conseguia sentir após descobrir a verdade. Sinceramente, eu nunca admirei o meu tio, mas nunca pensei que o mesmo faria uma coisa dessas.
Sim, o meu próprio tio, irmão do meu pai. Aquele que me viu crescer, ao lado da minha família. Eu era o filho único do casal, por isso, sempre fui cercado de mimos. Acho que isso só agravava minha sensibilidade às adversidades da vida. E aquele meu tio, no qual meu pai sempre confiou, foi capaz de passar a própria perna no irmão.
Já se passara um mês desde a morte do meu pai. Aquele que possuía o reino da Dinamarca em mãos, agora já não está mais presente entre nós. Nunca me conformara com o fato, nunca. Meu pai era meu motivo de orgulho, a imagem que eu projetava para mim mesmo no futuro. O motivo da morte, segundo relatos, foi de que o mesmo teria sofrido um ataque cardíaco durante o sono. Como não houve socorro, o mesmo amanheceu sem vida. Minhas lágrimas não haviam secado completamente, mas em algum momento, pensei que pudesse superar sua morte.
Mas ontem, eu descobri que o mesmo fora assassinado. Com base em manuscritos feitos pelo meu próprio tio, descobri que o mesmo traidor, matou o meu pai. Tudo por uma tentativa desesperada de usurpar o trono do reino. Derramara um veneno fatal em seu ouvido enquanto o mesmo dormia, para que amanhecesse sem vida, e sem vestígios de assassinato. Um plano quase perfeito, se não precisasse relatar o seu crime no papel.
E minha mãe? Apenas, por necessidades políticas, havia se casado com esse mesmo traidor, no qual sou obrigado a chamá-lo de pai. Em menos de um mês, desde a morte do meu pai! Hipocrisia e muita falta de consideração da minha progenitora. A mesma alega que um dia, a morte do meu pai haveria de acontecer, então sente-se obrigada a seguir em frente. Quanta hipocrisia, oh meu Deus! Um mundo repleto de lobos em pele de cordeiro, almejando atender seus desejos egoístas. E agora, esse mesmo traidor, por conta disso, fora declarado Rei. Tão óbvio e ridículo, que as pessoas achariam um absurdo caso contasse.
Então, o que vocês esperam de mim, um rapaz no seu auge dos 21 anos, mimado pelos pais e desiludido pela vida? Uma pessoa que nunca fora equilibrada mentalmente, agora passa a ver a realidade de uma forma cruel, principalmente por saber que seu próprio pai fora assassinado por alguém do mesmo sangue... Sinceramente, não consigo pensar em mais outra coisa, a não ser vingança. Vingar daquele que destruiu o meu maior ídolo. Sem arrependimentos.
Por isso, estou aqui, nesse exato momento, diante do traidor. Sei que estou sujando o meu espírito, mas não consigo pensar em outra coisa, a não ser vingança. O mesmo acovarda-se, procurando um refúgio para se defender. Mas está sem saída, não existem chances de escapatória. E com meu olhar frio e sem piedade, aponto-lhe uma espada contra o pescoço daquele que matou o meu pai. E corto-lhe a sua cabeça.
E assim, meu desejo de vingança, alimentado pelo meu ódio, fora consumado. O que acontecerá comigo depois disso? Não, nem eu sei o que acontecerá comigo após esse crime. Apenas seguirei o caminho que estará reservado para mim. Só o tempo dirá.