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A porta do elevador se abriu. Era o térreo. Saí correndo pra fora do edifício, mas ainda ouvi ser chamada de louca por aquela velha. Nem dei importância. No meio da rua, vi o carro que levaria Dan à igreja entrar na avenida. Corri feito uma maluca esbarrando nas pessoas próximas, mas minha sorte é que logo à frente havia um sinal. Era só torcer pra ficar vermelho antes de eles passarem, pra que eu pudesse chegar ao carro.
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Cap. 13
Dez metros me separavam daquele carro. O sinal ainda estava aberto. ?Fecha, fecha!?, pensei. Mas não fechou.
Minhas pernas fadigadas não aguentavam mais correr. Eu tinha perdido o costume, uma vez que já estava a tanto tempo me transportando como anjo. Eu já estava a me arrastar, quando acabei tropeçando em alguma coisa e caindo de cara no chão. Ouvi as pessoas ao meu redor dizerem ?Nossa, coitadinha?. É, eu era uma coitadinha. Faltavam 2 min pra eu tentar falar com Dan, e eu estava ali, no chão como um tapete. Minha única chance... virou poeira na calçada da rua.
Quando levantei o rosto, vi uma cena que pensei que nunca iria ver. Muito menos presenciar. Quando o carro foi atravessar o cruzamento, um caminhão desgovernado em alta velocidade acertou com tudo o lado direito do carro. Minha boca se abriu em surpresa. Era o lado onde Dan estava.
As pessoas que estavam mais próximas ao carro, quando descobriram que estava ali era Dan, começaram a gritar desesperadas pedindo por socorro. De repente meu corpo se moveu. Levantei do chão como em um salto, e minhas pernas pareciam estar recarregadas novamente. Quando vi já estava correndo ao local do acidente. O motorista do caminhão, sem ter sofrido nada, deu ré e desceu rapidamente para tentar fugir. Mas os pedestres não deixaram, por um momento pensei que iriam linchá-lo.
Ninguém ousou se aproximar do acidente. Só eu. Em meio a um amontoado de pessoas, eu segui em frente e abri a porta direita. Caí de joelhos no chão quando o vi. Dan estava com o braço direito completamente dilacerado. Machucados e grandes sangramentos percorriam todo o seu rosto. Mas ele estava acordado. O amigo dele tinha apenas algumas escoriações, mas havia desmaiado. Eu toquei no rosto de Dan, e ele virou pra olhar pra mim.
A reação do seu olhar a me ver foi incrível. Seus olhos, antes sonolentos, agora estavam abertos, como num susto. Dan suspirou, e abriu a boca, como se quisesse dizer algo. Mas não conseguiu. Eu encostei o meu rosto ao dele, e as minhas lágrimas se misturaram com seu sangue. 10 segundos. Eu nada podia fazer. Não tinha como alguém sobreviver depois de perder tanto sangue.
- Dan, eu te amo... ? disse em seu ouvido.
- Lu ... cy. ? ele sussurrou. Fiquei surpresa por ele lembrar meu nome, então virei de frente pra ele esperando que me dissesse algo.
- Lu...cy... eu... ? ele tentou. Mas desmaiou antes de terminar a frase.
Era essa a consequência? Vê-lo morrer em meus braços assim como morri nos dele? Meus pés começaram a desaparecer. Meus 5 minutos havia chegado ao fim. Coloquei a mão em seu coração, como minha última ação. O coração de Dan não mais batia. Ele se foi.
Como eu viveria agora? Pra onde eu iria? Eu não queria mais viver...