Dama de Copas - Capítulo Único.

Tão intocável, tão forte, tão arrogante e prepotente. Talvez sejam as palavras certas para descrevê-la, ou não. Em seus lábios o sorriso sarcástico da tristeza e nos seus olhos o vazio.

Ela, dona de uma personalidade forte, talvez dona de um coração gentil e, iludido? Talvez seu maior problema seja amar demais o errado. Mas, todos tem esse problema. Talvez não devesse sorrir mais, ninguém está sendo digno que vê aquele belo sorriso receptivo,mas ela se nega,continua vivendo a sua ilusão.

Ela confia demais, ama demais, se entrega demais? E claro, se magoa demais. Se ela não fosse tão ingênua e infantil, nada teria acontecido, não teria chorado, não teria desperdiçado seu precioso tempo. Seu andar é leve, parece flutuar, sua personalidade forte contrasta com seus lábios e olhos, ambos inexpressivos. Palavras saem, não tão sutilmente, para ferir, essa é a razão de suas palavras, ferir? Seria vingança? Talvez sim, talvez não. Garota de olhos vazios porque choras? Damas de copas porque deixaste ser descartada?

Ela se perde entre ilusão e realidade e cada dia acha mais deleitoso o seu mundo, sua ilusão. Ela ainda se importa com ele, por quê? Nem ela sabe. Sua cabeça está embaralhada, não sabe mais o que pensar. Como vai seguir em frente. Ela quer viver, tem pressa de viver sabe que não tem muito tempo, mas não quer se arrepender. Tarde mais... Está cada vez mais difícil se olhar no espelho. Ela não se vê mais. Mas hoje decidiu enfrentar. Olhou no espelho. Seu rosto manchado de preto e vermelho a maquiagem do dia anterior. Na sua cama, ele. Ah ele. Ela sabia que era só um brinquedo em suas mãos. Mas não podia negá-lo, o amava. Não, não o amava. Sacudiu a cabeça. Jurou a si mesmo não amar. Apenas sofreria. Contorceu o lábio e franziu a testa. Ele acordou, não disse nada. Vestiu-se e foi embora, deixando a moça no recinto com os braços apoiados na penteadeira. Decidiu. Lavou o rosto, pôs um vestido belíssimo negro com detalhes brancos na cintura. O espartilho apertado quase fazendo seu busto saltar. Iria viajar. Pelo menos iria tentar esquecer essa vida... Mas sabia que não iria conseguir.

Ela foi.

Ele sentiu falta do seu colo quente e do seu afago.

Ela voltou. Depois de meses. Seu rosto parecia está congelado. Nem piscava, mas não surpreendia mais ninguém. Parecia que agora estava de luto. Tudo preto. Sua pele branca pálida parecia mais branca ainda. Nos seus lábios convidativos estava uma cor avermelhada, quase como a cor de sangue. Nos seus olhos lápis negros e fortes. Seus cabelos longos e brancos estavam soltos com o vento. Desceu da sua carruagem decidiu seguir o caminho para sua casa a pé. Ela o viu com o rosto colado ao rosto de uma bela mulher, era esbelta, alta. Fazia o tipo dele. Apertou os punhos e seguiu em frente. Mas quando ele a viu. Congelou. Ele se aproximou, mas ela virou o rosto. Seu mordomo a esperava na porta. Entrou. E caminhou para o andar de cima onde ficava seu quarto, passos lentos, alguns rangidos de tabuas soltas eram ouvidas além do salto alto da moça.

Bonequinha de porcelana. Sorria. Seu dia chegou, vamos sorria. Deixe-me segurar suas cordas e te usar como minha marionete. Minha bela dama com rosto de porcelana. Minha apenas minha. Deixa-te eu move-la corretamente. Sem riscos. Deixa-te eu desenhar-te um sorriso nesses teus lábios. Deixe-te desenhar suas expressões. Minha bela dama, perfeita boneca de porcelana. Caminhe, ande e surpreenda, mas nunca se esqueça de sorrir. Uma perfeita marionete deixe-me reger como manda o decoro. Seus cabelos pentearei, limpa sempre estará, vamos minha bela bonequinha de porcelana deixe-me reger-te como manda o decoro.

Sua taça que estava cheia agora está vazia e quebrada no chão ao lado de um vidro que tinha uma caveira estampada e estava a garota caída no chão de olhos abertos e inexpressiva.

Linda, linda bonequinha de porcelana, sorria até mesmo se chegar o seu fim. Prometo-te cuidar e amar, como se fosse a única. Será minha marionete favorita. Uma perfeita boneca de porcelana regendo como manda o decoro. Deixe-me amolecer seu coração de gelo...