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- Leve-a para cima.
- Tá! - Alguém me envolveu nos braços e foi andando. Depois disso a dor ficou mais forte, tudo em minha volta girava, a queimação não diminuía.
- Mary? Mary? Amor diga algo, não dorme! MARY? - A voz estava desesperada.
- Coloque isso na testa dela. - Senti algo gelado na minha testa.
- Droga ela está queimando! Mãe o que está acontecendo?! - Fui perdendo a consciência mas ainda ouvia susurros.
- Não sei, vou chamar um médico. - A voz mais calma disse, logo a dor começou a parar. Eu já conseguia ouvir meus pensamentos.
- Ela está acordando... Meu bem você está melhor? - Perguntou dona Márcia.
- Sim... O o..Que acon...teceu? - Perguntei aturdida.
- Meu amor, você passou mal de repente. - Disse Eduardo ainda com expressão de desespero no rosto.
- Vou ligar para o médico agora!
- NÃO! Por favor não é necessário! Isso acontece às vezes. - Eu menti, o médico poderia desconfiar de algo e nem eu sabia o que havia acontecido.
- Temos que falar com um médico, isso não é normal.
- Eu esqueci do meu remédio, foi só isso. Por isso passei mal. - Menti novamente.
- Tudo bem, então descanse um pouco. Vou pegar um copo de água. - Dona Márcia desceu e de imediato a imagem da mulher veio em minha mente. O meu celular tocou mas não atendi e em seguida desliguei.
- Por que você fez isso? - Perguntou Edu.
- Não quero falar com ninguém agora.
- Você está melhor?
- Um pouco. - O que tinha acontecido comigo? Eu nunca senti dor de cabeça, nada pode me ferir tão pouco me fazer desmaiar, e eu me senti como se a dor que jamais senti em toda minha vida viessem à mim com uma intensidade cem vezes maior.
- Pronto querida. Beba, vai se sentir melhor. - A mãe de Eduardo me oferecia um copo com água.
- Obrigado. - Ela desceu as escadas, Edu ainda me olhava desconfiado.
- Você quer ir para casa? - Ele perguntou ainda preocupado.
- Acho melhor, não quero lhe dar mais trabalho.
- Então vamos você precisa descansar. - Ele me ajudou a descer. Me despedi da mãe dele e não vi Susan quando desci. Edu me levou para casa, quando estávamos na sala de estar meu irmão o olhou e Sam também, minha tia devia estar na estufa.
- O que você fez com ela?! - Perguntou Guga com os olhos arregalados.
- Eu não fiz nada, ela passou mal. - Após a resposta, minha tia entra na sala enquanto Sam me ajudava a sentar no sofá.
- Obrigado rapaz, mas agora ela precisa descançar. - Minha tia disse gentilmente para o Edu.
- Tchau amor. Depois venho ver como está. - Disse Edu ao se aproximar de mim, depois que ele saiu todos me olharam.
- O que foi? - Perguntei ao ver os três olhando para mim.
- O que aconteceu? - Perguntou sam.
- Eu não sei, eu só entrei na casa dele e havia uma mulher e de repente me senti muito mal.- Minha tia imediatamente arregalou os olhos e pediu que eu mostrasse a ela que tentasse lembrar exatamente o acontecido. Minha mente começou a vagar no escuro, e imagens começaram a aparecer na minha cabeça, como quando você vê um filme e avança as imagens. A dor era uma lembrança eu não a sentia, mas me lembrava que era forte. Logo tomei consciência, eu estava novamente na minha sala de estar, com todos ainda com o olhar sob mim.
- Achei que estivessem extintos...- Minha tia susurrou.
- Quem? - Perguntei e ela ainda estava mergulhada em seus pensamentos.
- Susan.
- Você a conhece?
- Na verdade ela é uma das humanas culpadas pela morte de milhares de nossa espécie. - Admito, fiquei com cara de pateta na hora que ela concluiu a frase. Como uma humana poderia ser culpada por mortes de bruxos? É impossível, nunca! Fiquei atordoada, os pensamentos fugiam ao meu controle.
- Então o que aconteceu foi culpa dela? - Perguntei esperando a resposta óbvia.
- Sim...
- Então ela sabe... Oh não! Ela sabe?! - Droga ela iria contar tudo à ele!
- Calma ela não deve saber, os humanos demoram a perceber a presença de bruxos.
- Então...- Esperei ela terminar de me explicar.
- Alguns deles ainda mantém os feitiços de pega-bruxa.
- Pega-bruxa? - Repeti a palavra com um tom de interrogação.
- Sim ela faz as bruxas perderem o controle e sentirem dor, mas é apenas um estado ilusório. Na época muitos humanos morriam pelo fato de tentarem matar nossa espécie e por isso desenvolveram essa técnica.
- Idiotas. - Susurrou sam.
- A essa altura ela deve ter notado o que somos. - Disse Guga.
- Vou subir, quero descansar.- Eu disse.
- Eu ajudo. - Disse Guga. Eu não neguei sua ajuda, estava cansada. Quando estávamos no quarto ele arrumou as cobertas e puxou as cortinas, estava frio. Ele me ajudou a deitar, estava atencioso, mas notei que seus pensamentos estavam obscuros e não conseguia ouvi-los. Antes dele sair, decidi questioná-lo ao fato da ligação para Edu que ele fez.
- Espere.- Disse enquanto ele ia saindo.
- Diga.
- Senta. - Fiz um gesto com as mãos para ele sentar na beirada da cama.
- Já sei o que vai dizer.
- Então me explique, por quê?
- Não achei que fosse preferir ele a mim. - Nesse momento senti um acúmulo de lágrimas em meus olhos, e uma pequena dor no coração ao vê-lo sofrer por mim.
- Eu não...- Ele me olhou e sorriu limpando as lágrimas que fugiram de meus olhos.
- Não fique assim Mary ficarei bem eu... Posso superar.- Bem isso me deixou pior do que antes, mas tentei fingir, apesar dele ser super protetor, infantil (às vezes), ele era gentil e atencioso comigo, queria retribuir mas não escolhemos quem amamos...