Renovação
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Capítulo único
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? Tsubasa? ? a voz calma veio acompanhada das leves batidas na porta.
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? Ta aberta ? foi a resposta em tom exagerado do dono do quarto.
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Abrindo uma pequena fresta da porta, a cabeça com longos cabelos negros foi posta para dentro, e os olhos violáceos procuraram a figura alta e agitada, os lábios pequenos se abrindo em um sorriso ao fitá-lo sentado em um puff redondo, a pouca luz que vinha do abajur ao seu lado ajudava na hora de criar mais uma de suas invenções.
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Com cuidado abriu a porta, temendo que houvesse alguma das bagunças do outro por ali e pudessem quebrar, e entrando, fechou a porta, caminhando em passos lentos até o inventor, fitando-o curioso.
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? O que está fazendo dessa vez? ? questionou Azusa curioso.
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? É um robô que tampa e destampa canetas ? comentou naturalmente, fazendo o outro rapaz se surpreender.
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? Uau, seria realmente útil! ? gracejou rindo, observando o trabalho bem feito e cuidadoso de Tsubasa.
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Adorava-o por causa daquilo, era tão engenhoso, empenhado, sempre tão ativo, sempre em movimento, criando coisas que, quando não explodiam, eram realmente úteis. Ele era realmente um bom rapaz, e quem sabe não se descobrisse criando coisas.
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Continuou lá, observando-o arrumar peça por peça, calculando, falando consigo mesmo, pregando e despregando, analisando. Mas logo seus olhos mudaram de foco, passaram não a observar a obra sendo feita, mas sim a pessoa que a fazia.
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Seus olhos foram das mãos habilidosas ao rosto suave, vendo o sorriso feliz e satisfeito. Suspirou, era tão bom vê-lo daquele modo. Tsubasa triste deixava-o triste, e não podia se deixar levar por seus sentimentos. Mas vê-lo daquele modo era realmente gratificante, a felicidade que se convertia em criação apenas o fazia se apaixonar mais.
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Sorrindo travesso, se aproximou do Amaha e sentou em seu colo, surpreendendo-o. Ele ergueu os olhos azuis fitando profundamente os lilases, sério, perguntando silenciosamente o que o outro queria. O que Azusa queria? Nada em especial realmente, apenas sentia vontade de estar perto do outro.
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? Você está passando bastante tempo com o pessoal do Conselho Estudantil, não acha? ? sussurrou, enlaçando o pescoço do outro.
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? Eu gosto de estar lá, no meio deles ? respondeu naturalmente ?, eu não achava que isso te incomodava ? confessou.
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? Não incomoda, eu gosto de vê-lo com eles, feliz e sorrindo, só que você me esqueceu ? e fez um biquinho de garoto birrento, fazendo o outro rir levemente.
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? Te esqueci, é? ? perguntou sorrindo malicioso.
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Colocando seu nova invenção no chão, juntamente com suas ferramentas, enlaçou-lhe a cintura, segurando-o ao levantar e caminhar na direção da cama. Com leveza deitou-o na cama, para logo ter seus lábios tomados timidamente pelo outro.
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Era um beijo doce e calmo, digno da personalidade mais reservada de um e a mais calma do outro. As línguas se tocavam com calma e carinho, e a mão de Tsubasa acariciava o rosto alvo, enquanto Azusa enroscava seus dedos nos fios violáceos.
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Se beijaram por longos minutos, riram, trocaram selinhos, leves mordidas um nos lábios do outro. Aquela intimidade toda que tinham desde pequenos, mas haviam começado a namorar quando se reencontraram naquele colégio.
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? O que houve lá no Conselho? ? perguntou Azusa virando o rosto levemente para olhar o namorado.
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Estavam deitados em conchinha, em silêncio até alguns segundos atrás, apenas aproveitando da presença um do outro.
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? Eles fizeram um laboratório lá, agora eu posso criar e explodir coisas ? confessou feliz.
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? Oh, que legal! ? comentou Azusa sorridente, feliz pelo namorado. ? E de onde veio a ideia para a sua nova obra? ? perguntou curioso, olhando para a invenção no chão, pela metade.
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? É para facilitar o trabalho da secretária, Yahisa-san. Ela? Itai Azusa! ? choramingou ao sentir o belisco forte em seu braço.
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Virando, o Kinose se pôs sobre o namorado, sentando em sua cintura e sorrindo malvado, beliscando toda a pele dele que achava, sorrindo vitorioso ao fitar o choroso namorado. Abaixou-se, beijando-o de leve nos lábios, desceu para o queixo, foi ao lóbulo da orelha, e ao chegar ao pescoço, deu um forte chupão ali, deixando a marca visível, surpreendendo Tsubasa.
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? Azusa, isso vai ficar marcado! ? murmurou indignado, tampando a marca com as mãos.
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Rindo, o Kinose levantou, caminhando desviando da bagunça até a porta e abriu-a, virando o rosto na direção do namorado e sorrindo angelicalmente.
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? É para todos saberem que você tem dono ? e saiu, fechando a porta depois de acenar para o outro.
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Sozinho em seu quarto, Tsubasa fitou o teto perdido, tocando a marca em seu pescoço. Não sabia que seu namorado era tão ciumento, mas adorara aquela faceta dele, assim como adorava todas as outras.