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Bem, agora nós voltaríamos ao Brasil. E voltaria tudo de novo, os shows, a Marília... Ah, essa garota... Eu não sabia mais quanto tempo iria aguentar vê-la perto dele.
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Cap. 10
A banda fez uma viagem tranquila de volta e voltaram a fazer seus diversos shows pelo Brasil. Dan continuava namorando aquela garota, na verdade, eles praticamente não se desgrudavam um do outro, a não ser durante as viagens. E eram delas que eu mais gostava, pois só assim podia vê-lo longe de Marília.
Passaram-se 3 meses desde aquele show em Londres. O produtor da banda estava a mil por hora, pois os organizadores de festivais da Inglaterra inteira queriam novos shows do The White Sky. O produtor aproveitou a chance e marcou shows para outros lugares da Europa também. Essa nova turnê, segundo ele, seria daqui a 5 meses.
Em uma manhã ensolarada, a banda tinha acabado de voltar de um show, eu estava com Dan no quarto. Estes últimos 3 dias eu não o havia visto muito, já que ele sempre estava com Marília, e isso continuava a ser um problema pra mim.
- Alô? Mari? ? já era ele ligando de novo pra ela, no fim de todos os shows ele fazia isso. ? Mari, é que... agente precisa conversar urgente. Eu tenho que te falar uma coisa... é... bem importante. Eu tenho que falar pessoalmente, sabe? É... tenho que fazer isso agora pra não te deixar ainda mais magoada depois.
Peraí... ?Coisa bem importante?, ?falar pessoalmente? e ?pra não te deixar ainda mais magoada depois?... ele vai terminar com ela!!! Mas é claro!!! Oh, Deus, como eu esperei que isso acontecesse!!
Eles marcaram de se encontrar num restaurante bem bonito de Campinas. ?Pelo menos será gentil com ela?, pensei. Dan chegou primeiro, sentou-se em uma mesa e ficou um pouco nervoso. Não entendi o porquê, afinal de contas ele estava lá só pra terminar um romancezinho com aquela garota.
Quando ela chegou, sentou rapidamente na mesa e logo disse pra ele:
- O que houve, Dan? Algum problema? O jeito que você falou me deixou tão preocupada!!
- Não... não se preocupe. ? Dan praticamente gaguejava.
- Então, o que houve?
- Lembra quando eu pedi pra namorar contigo? Que eu disse que foi uma atitude precipitada?
- Sim, lembro.
- É que... eu vou ter outra atitude assim. ? ?É agora que ele dá um pé na bunda dela?, pensei.
- O que foi Dan?! ? Marília parecia preocupada.
- Mari, você... quer se casar comigo? ? falou Dan tirando do bolso uma caixinha vermelha e abrindo-a, deixando a mostra um belo anel com um baita de um diamante.
Meu chão se abriu.
- Mas é claro que sim!! ? Mari pulou no pescoço dele chorando, Dan sorria.
Eu também estava chorando. Mas não como ela. E nem como uma criança birrenta ao ver que sua mãe não lhe dará um brinquedo. Eu chorava como alguém que tinha levado uma facada no coração e sabia que ia morrer, eu chorava como alguém que perdeu a coisa que mais lhe importava, e eu chorava por dentro como no dia que eu morri nos braços dele.
Aquela felicidade não me pertencia. Talvez eu fosse egoísta demais pra ficar ali. Voltei pro céu e me escorei num canto qualquer pra tentar chorar sozinha. Na verdade, eu queria quebrar tudo o que visse pela frente. Até que senti uma mão em meu ombro e uma voz falando comigo.
- Lucy? Porque está chorando, Lucy? ? Era Miguel.
- Ele v...vai c...casar!!! ? eu puxei Miguel pra abraçá-lo, e soluçava em seu ombro.
- Calma, Lucy, calma!! Você sabe que eu como ninguém conhece o seu sentimento por ele... Sei que seu amor é verdadeiro. Mas, Lucy, se aquela garota for a verdadeira, eles se pertencem!
- Como assim ?a verdadeira?? ? o soltei para vê-lo falar.
- A alma gêmea dele. A que está escrita por Deus no livro.
- O livro... aquele que fica na montanha mais alta? Eu vou ver!!!!!
- Lucy, é proibido!!
- Eu não tô nem aí!!! ? falei limpando as lágrimas. ? Eu só quero saber se isso é verdade, se aquela menina pode fazê-lo feliz!!! E também quem poderia me fazer feliz...
- Lucy, não faz isso...
- Não adianta me impedir. Eu não posso ficar sem saber isso. Não isso. ? dei as costas pra Miguel, quando o senti segurar meu braço.
- Lucy, já que você está decidida, eu tenho que te dizer uma coisa. Mas só estou fazendo isso porque não pude fazer nada por você no dia de sua morte. Desde então me sinto endividado. E essa dívida eu tiro agora.
- Pode falar.
- A lista de nomes é por ordem alfabética. Mas o nome que consta é de nossas almas, não o nosso próprio nome. O nome da alma de Dan está no lado inverso do pingente. Eu costumo anotar o nome de meus protegidos. Eu já protegi aquela garota em outra vida. O dela é esse e o seu é esse aqui.
Ele me deu um papelzinho com dois nomes estranhos, e depois mostrou no meu pingente o nome de Dan. Eu o agradeci por aquilo, afinal de contas, era proibido, sabia que ele podia ser punido, e eu também.
Fui correndo como nunca corri na minha vida. Subi a montanha, e cheguei em uma construção incrível, parecia muito uma construção grega. Havia muitas esculturas ali. Entrei e logo vi: um livro enorme, amparado por uma coluna. Ele estava aberto, e dele parecia sair uma áurea impressionante. Cheguei mais perto e vi alguns nomes esquisitos como os que Miguel havia me dito. ?É o livro?, pensei. Comecei a procurar o nome de Dan, olharia primeiro se aquela garota realmente estava escrita pra ele, e depois olharia quem seria a minha alma gêmea.
Finalmente cheguei na letra dele. Fui descendo o dedo até chegar em seu nome. ?Achei?, disse pra mim mesma quando o vi ali. Ao lado estaria sua alma gêmea. Peguei o papelzinho e fui comparar o nome que lá constava com o do papel. Mas, peraí... o nome que tá no livro é o segundo nome do papel... ?Eu costumo anotar o nome de meus protegidos. Eu já protegi aquela garota em outra vida. O dela é esse e o seu é esse aqui.? Me lembrei do que Miguel disse.
Então... o nome batia com o segundo do papel. O segundo nome do papel era... era... eu. Era o meu nome.
Eu não podia acreditar. Eu era a alma gêmea de Dan.