? Nicholas!
O garoto lançou a Lúcia um olhar de desdém e depois o desviou para uma garota a sua frente (também montada no cão infernal). E ela se afundou em tristeza novamente. Ouviu trotes cada vez mas distantes. Foi arrastada para o passado rapidamente.
Flashback on/ Pov Nico Off
Lúcia acordou com um barulho. Eram de trotes. Alguém acordado aquela hora? 5 horas Da manhã não pareciam o horário apropriado. E além disso chovia. Correu em direção a porta. Nicholas ia embora do vilarejo, aliás agora alagado. Ela se sentiu confusa, mas seguiu os instintos e correu.
? Nicholas- Berrou.
O cavalo parou. Um garoto triste olhou para ela rapidamente.
? Vá para casa...- estas foram suas únicas palavras.
O modo como Nico foi frio incentivou as continuas lágrimas de Lúcia que se misturavam a chuva. Estava escuro... Nicholas prosseguiu mais uma vez. Lúcia não hesitou. Correu rapidamente e escorregou na lama enfiando a cara no chão. Nico olhou mais uma vez para a garota abaixo do cavalo com desprezo. Ela rolou virando olhos tristes para o filho de Hades.
? Nico, eu lhe ajudei a compreender o inferno que é a vida. O inferno que é ser semideus. Como pode ir embora sem ao menos se despedir?
A água da chuva agora quase cobria as orelhas de Lúcia.
? Não há nada que um demônio como eu posso fazer por alguém tão infeliz. Viva! Sofra! Sofra bastante, minha vadia, o prazer será meu. E quando acabar de sofrer...
A garota quase não podia acreditar nas palavras dele. Suas lágrimas pararam por um instante. Mas logo recomeçaram, desta vez mais gélidas.
? ... quando acabar de sofrer, se mate por mim, Ok?
Espere Nico, ela agarrou o casaco do garoto enquanto ele tentava prosseguir. Nicholas se desequilibrou do cavalo e caiu sobre Lúcia. A menina nunca tinha visto aqueles olhos negros de tão perto. Percebeu como eram cheios de ódio e rancor. Instintivamente o beijou.
Agora podia se ouvir o farfalhar das folhas e o nascer do sol estava visível. O beijo foi prolongado, mas desanimado. Lúcia parou retomando o fôlego. Mas o que via nos olhos de Nico agora era apenas mais ódio. Sentiu uma mão delicada, mas vingativa bater- lhe no rosto com força. Seguida de um murro em sua boca. Sim, ela chorava, mas agora sangue. O autor dos murros simplesmente voltou a montar o cavalo e seguir calmamente. A chuva estava parando, mas a rua continuava alagada. Ainda mais alagada, cobrindo inteiramente o rosto ensaguentado ao chão...
Ele me pediu para sofrer, não foi? Então que eu sofra.