Mit Dir

Tempo estimado de leitura: 6 horas

    12
    Capítulos:

    Capítulo 16

    Capítulo XV Brincadeiras Perigosas

    Linguagem Imprópria, Nudez, Violência

    Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

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    MIT DIR

    Chiisana Hana

    Beta-reader: Nina Neviani

    Consultoria para assuntos asgardianos, dramáticos e geográficos: Fiat Noctum

    Consultoria para assuntos hospitalares: JuliEG

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    Capítulo 15 ? Brincadeiras Perigosas

    Hilda acompanha a transferência de Siegfried da Unidade de Tratamento Intensivo para um quarto. Seu semblante é abatido e a vontade é de orientar ela mesma os enfermeiros, pois empurram a maca de um jeito que lhe parece desnecessariamente rude.

    ? Pronto ? Ann diz assim que o guerreiro-deus é instalado no quarto, sob o olhar sagaz de Alberich, o qual tem suas reações observadas cuidadosamente por Shido. ? Olho vivo nele, princesa. Vivíssimo.

    ? Sim. Ficarei atenta, doutora ? a princesa diz e até sua voz deixa transparecer o intenso cansaço que sente.

    ? E não vá sair beijando o cara como sua irmã fez com o loiro bronzeado! ? Ann adverte. ? Eu sei que ele é bonitinho, mas isso não é nem um pouco recomendável!

    Envergonhada, a princesa não responde ao comentário de Ann, enquanto Alberich tenta disfarçar um sorrisinho cínico. Shido dirige à médica um olhar de censura. Assim que Ann e os enfermeiros deixam o quarto, Hilda pede que Alberich vá cuidar de Fenrir e que Shido fique na enfermaria ajudando Judith. Quando finalmente fica sozinha com Siegfried, ela se aproxima dele e constata que parece ainda mais pálido e que todos aqueles tubos e fios são particularmente angustiantes. Receosa, ela toca a fronte do rapaz com delicadeza.

    ? É difícil saber o que vai acontecer quando voltarmos a Asgard, mas eu espero que o futuro seja bom para nós ? Hilda murmura, acariciando a face de Siegfried. ? Espero de verdade que você fique curado, que nós possamos esquecer tudo o que houve e todo o mal que eu causei e que possamos... recomeçar.

    A voz dela fica embargada e as lágrimas correm inevitavelmente, deslizando pela sua face.

    ? É por minha causa que estamos aqui ? ela continua. ? Nunca me perdoarei por isso, meu querido, nunca.

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    Quarto 102.

    ? Bom, fim do meu turno. Tem certeza de que pode cuidar dele? ? Bado pergunta a Alberich, o encarregado de cuidar de Fenrir pelas próximas horas.

    ? Claro. Se ele ameaçar morder, meto-lhe um pedaço de ametista na boca ? Alberich responde sem entusiasmo. Prefere sair e explorar a cidade, coisa que vem fazendo sempre que há tempo, mas agora tem de cuidar de Fenrir.

    ? Não é má ideia ? Bado ri.

    ? Ei! Estou ouvindo! ? protesta Fenrir, mas os dois não lhe dão ouvidos.

    ? Boa noite, lobo. E boa sorte, Alberich ? Bado deseja antes de deixar o quarto.

    ? Obrigado ? Alberich diz, ajeitando a franja sobre os olhos. Depois senta na poltrona, e cruza as pernas com um ar blasé.

    ? Ah, Alberich, viu Shido? ? Bado reabre a porta do quarto e pergunta.

    ? Sim. Hilda o mandou para a enfermaria.

    ? Certo. Obrigado.

    ? De nada ? Alberich responde e suspira. "Espero realmente que esse Fenrir fique quieto e não precise de nada", ele pensa. "Assim que terminar essa noite de tortura acho que tentarei ver a senhora primeira-dama. Um encontro por puro acaso do destino."

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    Já perto da enfermaria, Bado encontra Ann de saída.

    ? Já vai, doutora? ? ele pergunta tentando parecer sério, mas há um tom de intimidade em sua voz que ele não consegue disfarçar. Tem se sentido cada vez mais atraído pela médica e já é difícil esconder dos outros que há algo acontecendo entre os dois.

    ? As médicas também dormem. Às vezes ? Ann responde, também tentando parecer séria.

    ? Hum... pensei que talvez quisesse companhia ? ele sussurra ao pé do ouvido dela.

    ? Tigre, tigre, está brincando com fogo.

    ? Eu gosto dessa brincadeira.

    ? Está indo para o hotel?

    ? Exatamente. É só o tempo de falar com meu irmão.

    ? Certo. Espere na praça em frente ao hospital porque hoje você vai conhecer a minha casa.

    ? Esperarei ? ele concorda sorrindo discretamente, e observa a médica se afastando.

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    Num telefone público próximo ao hospital, Johanna fala com Linus.

    ? Lin, eu não sei se vou conseguir continuar injetando a substância no soro do rapaz. Ele está num quarto com a princesa, e pelo que ouvi, alguém ficará com ele o tempo todo. Acho que a doutora Ann desconfiou de algo. Estou com medo!

    ? Fique calma. Você vai conseguir continuar, sim. A princesa nem vai saber o que você está injetando. Aja naturalmente e tudo correrá bem ? ele fala com voz afetadamente doce e sensual. ? Não vai querer desagradar seu prefeito, não é?

    ? Claro que não, Lin. Mas está cada vez mais difícil.

    ? Apenas vá lá e faça! ? Linus soa mais rude do que pretendia, e logo ameniza o tom. ? Sei que você pode dar um jeito nisso. Confio em você.

    ? Prometo tentar, mas repito que está complicado. Nos vemos hoje?

    ? É, passo na sua casa para lhe dar um... incentivo.

    ? Eu vou esperar, meu querido.

    ? Ótimo. Agora preciso desligar.

    ? Então até mais tarde.

    Linus recoloca o fone no gancho, recosta-se na poltrona, entrelaça os dedos atrás da cabeça e solta uma sonora gargalhada.

    ? Como as mulheres são idiotas, meu Deus!

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    Enfermaria do hospital de Narvik.

    Judith e Shido, sentados lado a lado, não trocam uma palavra sequer. Hagen dorme profundamente, aproveitando a ausência de Freya, pois prefere manter-se acordado quando ela está por perto. Há pouco trouxeram um novo paciente para a enfermaria masculina, um homem de meia idade, com a cabeça enfaixada. A senhora que o acompanha, provavelmente sua esposa, cochila numa cadeira. Bado entra na enfermaria.

    ? Shido, estou indo para o hotel ? ele anuncia em voz baixa para não incomodar os pacientes.

    ? Pode ir tranquilo, está tudo bem ? o gêmeo nobre responde.

    ? Certo. Amanhã retorno. Ehr... Shido, será que pode me acompanhar até a porta?

    ? Claro ? ele concorda mesmo sem entender o porquê.

    ? Dá uma chance para a Judith ? Bado diz assim que os dois saem da enfermaria. ? Puxa conversa com ela, tenta ser agradável.

    ? Já disse que ela é uma criada e que criadas não me interessam. Não adianta tentar ser o cupido, irmão.

    ? Não estou dizendo para se casar com ela, apenas para ser gentil.

    ? E dar esperanças à moça? Melhor não. Não quero iludir ninguém.

    ? Ora, Shido, não seja rabugento. Vão passar a noite no mais absoluto silêncio, é?

    ? Era o que eu pretendia.

    ? Apenas converse com ela. Vai lhe fazer bem. E vai fazer bem a ela.

    ? Vou tentar. Até amanhã.

    ? Até. Me deseje sorte ? Bado pede com um sorriso de menino que vai fazer travessura.

    ? Por que razão?

    Bado olha para os lados, confere se não há mais ninguém por perto, e dispara:

    ? Porque passarei a noite na casa da doutora.

    ? Uh! Ela é louca e desbocada, mas se vocês estão se entendendo, desejo-lhes um bom divertimento!

    ? Obrigado. Para você também.

    ? Acho difícil.

    O gêmeo nobre retorna à enfermaria e senta novamente ao lado da criada. Depois de alguns minutos ruminando sobre qual assunto poderia conversar com a moça, ele finalmente abre a boca.

    ? Então, está gostando de Narvik?

    Judith volta-se para ele com uma expressão de assombro, já que não esperava que o moço lhe dirigisse a palavra.

    ? É... Sim... Bom... É uma boa cidade ? ela responde um tanto confusa, ainda sob efeito do susto.

    ? Sim, mas prefiro Asgard. Você não prefere?

    ? Sim ? ela responde automaticamente.

    ? Não é ruim ser uma criada? ? ele pergunta e se arrepende logo em seguida. Não era sua intenção deixar tão clara a diferença entre eles.

    ? Não, senhor ? ela responde, e respira fundo, tentando organizar o pensamento. ? Eu gosto do meu trabalho e gosto das princesas. São moças muito boas. E aprendo muito com elas.

    ? Aprende? Aprende o quê exatamente?

    ? Coisas. Educação. Elegância. Aprendo como me comportar.

    ? Está nervosa? ? ele pergunta.

    ? Não, senhor ? ela responde abaixando o olhar, e fica mais tensa a cada palavra que ele lhe dirige. ? É só que... não... não estou nervosa...

    ? Fique calma. Eu não mordo.

    ? Eu sei, senhor. Me perdoe.

    ? Certo. Vamos recomeçar, Judith. Você viu o estrago que fizemos no palácio Valhalla?

    ? Sim. Buracos enormes nas paredes!

    ? É! E o pátio também está bastante destruído. Vai dar um trabalhão para reconstruir tudo.

    ? Ainda não entendi bem a razão daquelas batalhas ? ela comenta, já conseguindo se expressar de forma mais articulada.

    ? É melhor continuar sem entender, acredite. Você se chama Judith, não é mesmo?

    ? Sim, Judith ? ela murmura e pensa: "Pelo menos ele sabe o meu nome. Já é alguma coisa."

    ? Então, Judith, acha que ainda vamos passar muito tempo aqui?

    E os dois continuam a conversar até a senhora que acompanha o outro paciente reclamar:

    ? Será que vocês podem fazer a gentileza de ficarem calados?

    ? Perdão, senhora ? Shido desculpou-se e voltou-se para Judith ? Pode tirar um cochilo, eu ficarei acordado. Depois revezamos.

    ? Obrigada, senhor.

    ? Por nada. E não me chame de senhor. É muito formal.

    ? Tentarei.

    A criada vira-se levemente para o lado contrário ao que ele está e esboça um sorriso. "Sinto que isso pode ser um começo, que eu posso ter esperanças. Que não seja em vão, meu Deus."

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    Casa do prefeito Linus Jensen.

    Grethe tenta preparar um jantar ao menos aceitável, mas há dias não consegue fixar a atenção em nada. Esquece as receitas que já sabia de cor, descuida-se e quebra a louça, queima as roupas com o ferro de passar. Nos últimos dias tem andado tão distraída que sua falta de atenção não passa mais despercebida nem por Linus.

    ? O que é que há com você? ? ele indaga pouco antes de sair de casa. ? Está mais avoada que o normal.

    ? Acho que estou gripando. Tenho sentido uma fraqueza...

    ? Pois trate de tomar um remédio antes que fique realmente gripada.

    ? Claro, claro. Tomarei ? ela diz, mesmo sabendo que a real preocupação dele é com quem vai cuidar da casa se ela ficar de cama.

    ? Vou sair. Não volto para o jantar.

    ? Pois não, querido. Bom passeio ? ela se despede com seu indefectível sorriso, mais falso a cada dia, e deita no sofá assim que ele sai.

    ? Vai, encosto, vai ? ela diz fazendo uma careta. ? Vai se encontrar com a sua amantezinha de merda e me deixa em paz, caralho.

    Grethe gargalha descontroladamente.

    ? Nunca pensei que diria algo assim! Logo eu, a senhora perfeição, falando palavrões!

    Depois de seu minúsculo momento de rebeldia, a primeira-dama põe-se a pensar em Alberich. Não vê o guerreiro-deus desde o dia do quase-beijo que tiveram. Ela sente uma vontade imensa de aparecer no hospital de repente, ou de arriscar uma visita ao hotel, mas morre de medo da reação de Linus caso descubra. Ela estica as pernas e abraça uma almofada.

    ? Precisaria ter coragem, muita coragem para fazer o que tenho vontade, mas onde é que eu arranjo coragem, meu Deus do céu?

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    Praça próxima ao hospital municipal de Narvik.

    Um conversível vermelho para abruptamente em frente ao banco de pedra onde Bado está sentado. A motorista não diz nada, apenas sorri travessa. O rapaz dá a volta e entra no carro, que arranca logo em seguida. Ann liga o rádio e empurra uma fita cassete nele.

    ? Eye of Tiger? ela anuncia olhando para Bado.

    ? Hum... então essa é a famigerada música do olho do tigre? ? ele pergunta ao ouvir os primeiros acordes.

    ? Exatamente. É uma boa música, mas não existe nada como Iron Maiden.

    ? Quem?

    ? Iron Maiden ? ela pronuncia a expressão pausadamente. ? A banda do Bruce Dickinson. Iron não é rock, é religião.

    ? Não faço a menor ideia do que você está falando, mas se você diz que é então nem vou discutir.

    ? Melhor mesmo.

    Assim que chegam à casa, Ann pôs o carro na garagem, na verdade, um grande salão com instrumentos musicais por todos os lados, e uma bela coleção de guitarras num canto especial, com um espaço para o carro.

    ? Uau! ? ele exclama. ? É tudo seu?

    ? Claro. Às vezes uma galera vem tocar aqui, mas geralmente fico sozinha.

    ? Senta ? ela o impele, mostrando um sofá um tanto puído e com forte cheiro de cigarro. O rapaz se acomoda. Ann escolhe uma guitarra vermelha, conecta ao amplificador e começa a tocar uma música que Bado desconhece. Após um solo, ela cantarola um fragmento de letra olhando diretamente nos olhos do rapaz:

    ? Time is always on my side. Don't be afraid, you're safe with me. Safe as any soul can be...honestly, just let yourself go. (1)

    ? Não conheço nada dessas suas músicas, mas confesso que com você cantando até posso dizer que gosto.

    Ann para de tocar e recoloca a guitarra no suporte. Caminha lentamente até o guerreiro-deus, de forma naturalmente sensual, nem um pouco afetada, e senta no colo dele, face a face. Inclina de leve a cabeça para o lado esquerdo e abre a boca como se fosse falar, mas nada pronuncia, apenas olha o rapaz. Ela ergue a blusa cantarolando baixinho o trecho da música que cantara segundos atrás, mordisca a orelha esquerda de Bado, já completamente envolvido, e sussurra:

    ? Não tenha medo, você está seguro comigo.

    ? Ann, eu não tenho medo de nada ? ele afirma antes de abocanhar o seio esquerdo da médica.

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    No quarto de Siegfried, Hilda acorda sobressaltada depois de um breve cochilo. Tivera o mesmo sonho de dias atrás, entretanto dessa vez conseguia ver claramente o rosto do homem que a perseguia: Linus Jensen.

    ? Não posso me deixar abalar por esses sonhos ? ela fala baixinho. ? Não mesmo. Afinal, logo tudo isso vai acabar e nós vamos voltar para Asgard, e eu nunca mais terei de ver aquele sorriso falso e aqueles olhos viperinos do senhor prefeito.

    Hilda ajeita o vestido meio amassado depois de um dia inteiro no hospital e vai até o banheirinho do quarto. No espelho, ela analisa a própria face. A batalha e o sofrimento dos dias que se seguiram a ela deixaram marcas em seu rosto, antes altivo e belo.

    ? Pareço cinco anos mais velha ? ela pondera ainda olhando a pele sem viço, os lábios um tanto ressecados e as olheiras profundas que escondiam o pouco brilho que restava em seus olhos cinzentos.

    Ao retornar para o quarto, a princesa tem a impressão de ver Siegfried mover levemente a mão direita. Ela para onde está e olha fixamente para ele, à espera de um novo movimento que não vem.

    ? Deve ter sido só impressão mesmo... ? ela constata tristemente e torna a sentar ao lado do rapaz.

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    Ann e Bado deixam a garagem e entram na casa da médica pela portinha lateral, ela usando a camisa dele, ele apenas de calça.

    ? Hum... então é aqui que a doutora mora? Parece uma casa muito comportada para alguém como você.

    ? E é. Mas eu gosto assim. Minha bagunça é lá na garagem.

    ? Percebi.

    ? Vamos comer alguma coisa e depois, quem sabe, subir para o meu quarto e recomeçar a brincadeira.

    ? Eu vou gostar de conferir suas habilidades culinárias ? ele diz ao sentar-se à mesa.

    ? Ih, disso eu tenho certeza que você não vai gostar.

    ? Ann, só não entendi uma coisa: nós andávamos fazendo as coisas mais absurdas em qualquer lugar e de repente você me traz para a sua casa e cria uma situação quase romântica. Por quê?

    ? Porque eu quis, ora essa! ? ela diz empurrando um sanduíche de frango defumado para ele.

    A campainha toca assim que eles começam a comer.

    ? Quem é o filho da mãe que veio me incomodar, hein? ? ela esbraveja, procurando uma calça ou bermuda para vestir. Sem encontrar, Ann puxa a camisa de Bado mais para baixo, na tentativa de deixá-la mais comportada, e vai abrir a porta. "Droga. É o Linus", ela pensa ao ver o visitante inesperado através do olho mágico. Mesmo surpresa com a visita, Ann tenta parecer natural.

    ? Olá, Linus? ? ela diz ao abrir a porta. ? O que quer?

    ? Conversar. E talvez, fazer outras coisas ? diz ele, já entrando e fechando a porta sem cerimônia.

    ? Nem vem. Vai para a casa da sua outra amante.

    ? Na verdade, venho de lá.

    Ele se acomoda no sofá, colocando os pés sobre a mesinha de centro.

    ? Você sabe que eu não gosto que façam isso ? Ann diz e torce para que Bado fique quieto na cozinha. Sua intuição lhe diz que Linus falará sobre os asgardianos.

    ? É, eu sei, mas faço mesmo assim.

    ? Fala logo o que você quer. Estou ocupada.

    ? Hum? quanta pressa. Você não era assim, leoa.

    ? Desembucha, Linus!

    ? Fiquei sabendo que você transferiu o último asgardiano que estava na UTI para um quarto, mesmo ele não tendo melhoras significativas.

    ? E o que você tem a ver com isso? Já disse que não gosto que se meta nos assuntos do hospital.

    ? Ann, Ann, transferi-lo para o quarto não foi uma boa ideia.

    ? Eu que sei dos procedimentos adequados ou não.

    Linus levanta-se do sofá lentamente e segura ambos os braços da médica. Olhando-a nos olhos, ele profere, articulando cada sílaba calmamente:

    ? Você está brincando com coisa séria e a brincadeira pode acabar mal.

    ? Estou pagando pra ver ? Ann retruca olhando no fundo dos olhos dele, que faíscam de raiva, mas ele continua falando pausadamente.

    ? Eu vou ter o que eu quero, não importa o que eu tenha de fazer.

    ? Veremos.

    ? Vai me desafiar?

    ? Talvez.

    O prefeito aperta os braços de Ann com mais força e, num gesto rápido, joga a médica contra o sofá.

    ? Eu não tenho medo de você! ? ela se levanta furiosa e parte para cima dele, socando-o com força, mas ele torna a segurá-la e dessa vez, joga-a no chão. Ann cai, derrubando a mesinha lateral junto com o telefone.

    ? Devia ter ? ele diz. ? Está avisada. Não fique no meu caminho.

    ? Pois saiba que é aí que estarei, seu filho da mãe!

    Linus deixa a casa batendo a porta com força, causando grande estrondo.

    ? Agora o bicho vai pegar ? Ann murmura consigo, levantando-se do chão e recolocando a mesinha e o telefone em seus lugares.

    Bado se aproxima e os dois se sentam no sofá. Ele a abraça e faz com que se aconchegue em seu peito.

    ? Não devia deixar você me abraçar assim ? ela diz. ? Abracinhos românticos não fazem o meu estilo.

    ? Mas eu quero abraçar você! Está machucada?

    ? Não. Eu não sou de porcelana. Estou é com ódio daquele miserável.

    ? Fiquei lá na cozinha porque pensei que se aparecesse podia ser pior se ele me visse aqui, mas se imaginasse o que ia acontecer teria vindo.

    ? Não, eu queria mesmo que você ficasse quietinho lá.

    ? Está tudo bem agora ? ele diz.

    ? Não me trate como se eu fosse uma das princesinhas indefesas ? ela retruca. ? E não está tudo bem. Eu o conheço, Bado. Ele não vai parar.

    ? Talvez não por conta própria, mas e se outra pessoa puser um fim nisso?

    ? Assassinato? ? ela se surpreende com a ideia de Bado.

    ? Não disse exatamente isso, mas se for preciso...

    ? Deixa quieto, Bado. Vamos esquecer essa cena e ficar de olho nele. Só isso.

    ? Se ele encostar nas princesas ou em você de novo, eu juro que não fica vivo para contar a história.

    Ann sorri, lisonjeada com as palavras protetoras de Bado, mas ao mesmo tempo preocupada com o rumo que as coisas andam tomando.

    ? Bonitinho você querer me defender, Bado, mas é melhor deixar para lá, certo?

    Continua?


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