Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.
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MIT DIR
Chiisana Hana
Beta-reader: Nina Neviani
Consultoria para assuntos asgardianos, dramáticos e geográficos: Fiat Noctum
Consultoria para assuntos hospitalares: JuliEG
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Capítulo 11 ? Os Desobedientes
Depois de ver Siegfried, Hilda volta para enfermaria com a esperança renovada, quase sem conseguir conter a alegria que sente. Ao retornar do hotel, a criada encontra a nobre sentada na poltrona, com os olhos brilhando, um grande sorriso estampado na face e um punhado de rosquinhas caseiras na mão.
? Princesa Hilda! O que houve? ? a criada pergunta surpresa, ao ver a princesa sorrir de forma tão peculiar.
? Não foi nada ? a princesa responde e oferece rosquinhas a Judith. ? Quer? A esposa do prefeito trouxe de presente.
? Não, obrigada. A senhora está tão radiante que contagia! Perdão pela curiosidade, senhora, mas eu adoraria saber o que houve.
? Está bem, Judith curiosa! ? Hilda exclama e explica a razão de sua alegria com um sussurro: ? É que eu vi Siegfried! Toquei nele!
? Ah, sim? ? anima-se a criada.
? É. E eu sinto que agora ele vai melhorar.
? Tomara, senhora! Tomara! E o senhor Shido? A senhora viu?
? Não. Sinto muito ? lamenta-se a princesa, sentindo-se um tanto culpada por não ter sequer perguntado por Shido. ? Foi tudo muito rápido. Só vi o Hagen e depois Siegfried.
? Entendo... ? ela abaixa a cabeça entristecida. Também esperava boas notícias de seu amado.
? Mas podemos perguntar à médica ? a princesa tenta redimir-se.
? A maluca? Eu a vi no hotel.
? No hotel? ? intriga-se Hilda.
? É. Estava saindo de lá, fingiu não me ver. Não é estranho, senhora?
? Bom, ela pode ter algum conhecido hospedado lá e foi visitá-lo ? Hilda tenta amenizar.
? Durante o horário de trabalho? Não foi isso, senhora. Meu instinto diz que não foi. Não sei o que ela foi fazer lá, mas sei que não pode ser boa coisa. Disso eu tenho certeza.
? Bom, deixemos a médica de lado. Trouxe as roupas que pedi?
? Sim. Um pijama do senhor Mime e um do senhor Thor.
? Ótimo. Alberich também já saiu da UTI.
? Ih! Quer que eu volte lá para buscar um pijama pra ele?
? Não, não se preocupe. Daqui a pouco ligo para Freya e ela trará algum. Agora prove os biscoitinhos. Estão ótimos!
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Ao cair da tarde, Freya chega ao hospital acompanhada por Bado para trocar de "turno" com Hilda e Judith.
? Olá, irmã! ? Freya diz ao entrar na enfermaria. Hilda parece mais contida, porém conserva o sorriso. As duas se abraçam.
? Olá, querida.
? Aqui está o pijama do Alberich ? Freya diz deixando claro que não está satisfeita, e depois sussurra: ? Eu não consigo gostar dele.
? Esqueça-o. Tenho boas notícias. Ótimas notícias, aliás!
? Ah, meu Deus! Hagen! Diga que é algo com ele!
? Sim! Ele acordou!
? Eu quero vê-lo! Quero agora!
? Vamos ver se conseguimos, querida. Parece que ele foi sedado outra vez porque estava agitado, mas o importante é que saiu do coma.
? Claro! Nossa, que coisa boa, Hilda! Vamos agora para a UTI!
A irmã mais nova agarra firmemente a mão da mais velha e a leva consigo, caminhando a passos largos até a UTI onde o guerreiro-deus de Merak está. Uma vez lá, Freya para em frente ao vidro e fica olhando para o rapaz. Hilda, por sua vez, para defronte ao leito de Siegfried. "Pode ser só impressão, mas ele me parece melhor", ela pensa.
? Será que ele já percebeu a falta dos dedos? ? Freya pergunta à irmã.
? Não sei dizer, querida.
? Tomara que não. Queria estar com ele nessa hora. Queria estar com ele para dizer que não me importo.
? No fundo acho que ele sabe disso.
? É. E Siegfried?
? Estive com ele hoje ? Hilda sussurrou olhando para os lados, certificando-se de que ninguém a ouviria. ? A enfermeira me deixou entrar por alguns minutos.
? Ah! Hildaaa! Será que ela deixa eu fazer o mesmo?
? Eu não sei, querida. Podemos tentar amanhã. Se bem que acho que não será necessário. É muito provável que Hagen vá para a enfermaria muito em breve.
? Assim espero!
? Bom, vou para o hotel com Judith. Você vai ficar bem?
? Claro. Já estou acostumada com essa rotina de cuidar deles. Pode ir tranqüila.
? Certo. Até amanhã.
? Até.
Hilda ainda olha para Siegfried e, antes de deixar o hospital, despede-se dele mentalmente. "Até amanhã, meu amor. Espero que o novo dia traga boas notícias.", ela pensa. Freya demora-se olhando Hagen através do vidro. Por um momento passa pela sua cabeça a idéia de entrar na UTI às escondidas, mas ela logo recua, diante da possibilidade de piorar o quadro dele.
? Ah, mas não vou esperar até amanhã, não! Nem pensar! ? ela diz em voz alta e sai andando pelos corredores. ? Vou achar alguém que me deixe entrar lá agorinha!
A mocinha anda pelo hospital e acaba encontrando a enfermeira responsável pelos pacientes da UTI.
? Ah, ainda bem que encontrei você! Eu queria tanto entrar lá para falar com o Hagen!
? Ele está sedado e ninguém pode entrar lá ? a moça responde seca.
? Mas a Hilda entrou ? Freya sussurra marota, colocando as duas mãos na cintura.
? Bom, sim, mas... ? a moça não consegue negar.
? Mas você vai me deixar entrar também, não vai?
? Ai, meu Deus! Essas princesas!
E, puxando a princesa pela mão, a moça a leva para vestir os paramentos.
? Ebaa! ? Freya comemora dando pulinhos.
? Vou deixá-la entrar lá por alguns minutos, mas antes temos que ir ao vestíbulo.
? Mas por que não posso entrar logo?
? Para protegê-lo de infecções você tem que usar esta roupa e colocar máscara, touca e sapatilha.
? Tenho mesmo que vestir essa roupa? Meu cabelo vai caber nessa touquinha? ? Freya questiona ansiosa.
? Vai ter que caber ? a enfermeira ajuda a princesa a enfiar toda a cabeleira dentro da touquinha. ? Agora a máscara e as sapatilhas. Pronto. Pode ir.
A princesa se apressa e entra na unidade de tratamento intensivo. Hagen dorme, mas está amarrado à cama, medida necessária por causa de sua agitação. Freya se aproxima olhando-o ternamente. Ele abre os olhos e, surpreso, olha a princesa fixamente. Ela acaricia-lhe a face.
? Freya ? ele murmura, olhando-a maravilhado. Lágrimas grossas escorrem por seu rosto.
? Oi, meu querido ? ela diz, também entre lágrimas. ? Esperei tanto por esse momento. Que bom que acordou.
? Freya ? ele repete incrédulo e profundamente emocionado. ? Minha princesa.
? Como se sente?
? Não sei explicar. Eu estava morto e depois acordei aqui nesse... hospital... e com a mão enfaixada assim, faltando dois dedos.
Ele fala de forma confusa e demasiadamente triste ao falar dos dedos amputados.
? Não se preocupe com isso. Para mim, você é perfeito ? ela assegura.
? Acha mesmo?
? Claro.
? E o pato? ? ele pergunta desconfiado.
? Que pato?
? O cisne.
? O que tem ele?
? Você e ele...?
? Eu e ele, Hagen? ? Freya leva uma das mãos à cintura e prossegue: ? Não existe um "eu e ele". Existe um "eu e você".
? Eu e você ? ele repete e sorri. ? Soa bem. Você sabe que eu a amo, Freya.
? Eu sei. E eu também amo você ? Freya diz, e abaixa a máscara que cobre parte de sua face. Sorri ternamente e aproxima os lábios dos dele. ? Será que um beijinho pode fazer mal?
? Faz nada.
Ela então encosta levemente os lábios nos do rapaz. Uma enfermeira bate no vidro, e, desesperadamente, faz sinal de negativo com a cabeça e com as mãos. Freya não separa os lábios dos dele. A enfermeira bate no vidro outra vez e só então a princesa se afasta.
? Ih... parece que não podia... ? Freya sorri travessa, erguendo os ombros.
? Quem se importa? Se eu morrer por beijá-la, morrerei feliz.
? Não vai morrer não, meu anjinho. Tenho certeza.
? É, espero que não. Freya, você não se importa mesmo com os dedos?
? Claro que não. Seria uma boba se me importasse.
A enfermeira bate novamente no vidro, agora chamando Freya.
? Acho que acabou meu tempo. Vou sair, mas volto assim que puder. Amo você, meu anjinho. Com dedos ou sem os dedos.
? Também a amo, Freya, minha princesa.
Freya sai eufórica da unidade e nem liga para a bronca que está prestes a receber.
? Não podia beijar ele! Não podia! Sua inconsequente! E agora? Se ele tiver uma infecção, hein? A Ann vai me matar, vai me matar!
? Relaxa! Ele não vai piorar! Eu sei que não!
? Espero que não! Pelo meu bem e pelo seu. Ann mata nós duas.
? Mata coisa nenhuma! ? ela diz e sai andando faceira pelos corredores brancos, em direção ao vestíbulo. A enfermeira vai logo atrás dela, resmungando, e continua a resmungar enquanto Freya se desfaz da roupa da touca e da máscara. Mas a princesa nem ouve. Só pensa que em breve voltará para sua terra, com seu futuro marido. Ao retornar à enfermaria, sua alegria incontida salta aos olhos de Bado que, diferentemente de Judith, nada comenta.
? Ah, estou tão feliz! Agora tudo vai se ajeitar! Estou certa! E esses biscoitos? São nossos?
? Sim. A princesa Hilda disse que foram um presente da primeira-dama.
? Ih, dá até medo. Aquele prefeito é tão esquisito. Mas vou comer assim mesmo!
? Ah, é? O prefeito é esquisito? ? Alberich pergunta. ? A esposa pareceu muito boazinha.
? É ? Freya diz, sem se estender no assunto.
? Por que acha o tal prefeito estranho, princesa? ? Alberich insiste.
? Porque sim ? ela retruca um tanto ríspida, mas sem perder a aura alegre. Diante disso, Alberich recua.
"Certo, princesa, não quer contar, mas eu descobrirei por outras fontes." ele pensa, dá um suspiro e finge voltar a dormir.
? Para quê tanto interesse em saber? ? Freya sussurra para Bado.
? Pode ser apenas curiosidade, senhorita.
? Pode, mas vindo do Alberich eu tenho medo.
? Não se preocupe, ele já deve ter entendido que o melhor é ficar quieto.
? É, espero que sim ? Freya se senta na poltrona e pega um punhado de biscoitos na cesta trazida por Grethe. Ela prova um. ? Gostoso! Acho que vou guardar alguns para o Hagen. Com certeza logo ele poderá comê-los!
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Pouco antes do fim de seu plantão, Ann vai à UTI onde Fenrir está.
? Vou transferi-lo para um quarto, mas você vai ter que colaborar, e se comportar direitinho. Sua situação não é nada boa e lembre-se que ainda corre risco de perder a perna. Então, ou ajuda ou se ferra, entendeu?
? Entendi ? ele resigna-se diante da perspectiva de perder a perna.
? Ótimo.
De lá, Ann vai até a outra unidade intensiva examinar Shido. Depois de fazê-lo, a médica volta a sua sala, pega a bolsa e segue para a enfermaria. Ao entrar no recinto, ela sussurra para Bado: "E aí, olho de tigre?"
Ele responde com um sorriso envaidecido e satisfeito, e meneia a cabeça indicando a princesa que cochilava na poltrona. Ann ri e murmura: "Está preocupado com essa tonta? Ok, não vou dar bandeira.". Ela logo assume sua tradicional postura indiferente e diz:
? Vim dar uma olhada na galera aí. E também quero saber quem é que vai ficar lá com o menino-lobo. Preciso que alguém fique com ele praticamente o tempo todo.
? Creio que serei eu o "escolhido" ? Bado diz sem entusiasmo, diante da falta de alternativa.
? Hum... coitado de você. Ele vai para o quarto 102. Primeiro andar, segunda porta à esquerda. Um enfermeiro estará lá para lhe dar instruções.
? Certo.
A médica examina os pacientes da enfermaria, inclusive o misterioso paciente do canto, de quem não se sabe muita coisa, deixando Alberich por último. Com a cara fechada, ela se aproxima para examiná-lo. Alberich perscruta a face dela em busca de qualquer pequena expressão que indicasse mistério. Como isso não ocorre, ele resolve provocá-la.
? Vou procurar saber o número do Conselho de Medicina assim que eu sair ? diz.
? Procure ? ela responde indiferente.
? Vou denunciá-la.
? Faça o que quiser. Olha a minha cara de preocupação! Está vendo? Estou tremendo de medo.
? Você pode acabar proibida de medicar.
? Azar dos ferrados como você que precisam de mim.
? Você se acha mesmo indispensável?
? Acho, rosinha. E você? Acha mesmo que serei proibida de medicar só porque eu o chamo de rosinha? Eu acho que não.
? É um desrespeito.
? Pode ser, mas você está vivo, e deve sua vidinha medíocre a mim. Passar bem, rosinha ? ela diz e se afasta. Antes de ela deixar a enfermaria, Bado pergunta:
? Ann, digo, Dra. Ann, e quanto ao meu irmão?
? Examinei-o hoje. Vou fazer mais algumas avaliações para ver se já é possível cortar os medicamentos que o induzem ao coma.
? Isso é uma boa notícia?
? É. E acho que em breve você terá mais alguém para ajudá-lo a cuidar dos demais. O ruivinho aí está bem melhor. Terá alta muito em breve, em dois ou três dias. E o grandão também não deve demorar mais que uma semana. Já o rosinha, eu não sei. Depende de ele melhorar o humor.
? Humor? ? Bado indaga.
? Estou brincando. Ele também deve ter alta em breve.
? Que bom. Então logo voltaremos a Asgard.
? É, parece que sim.
? Vai sentir minha falta? ? ele sussurra.
? Não sei. Faça com que eu sinta. Agora tenho de ir. Até qualquer hora.
? Até.
Quando Ann deixa a enfermaria, Alberich acena para que Bado se aproxime.
? Quer alguma coisa? ? Bado pergunta seco.
? Já está assim íntimo da médica desbocada?
? Por que pergunta?
? Você a chamou pelo primeiro nome. E ela lhe chamou de "olho de tigre".
? Nossa, que ouvido bom! Mas eu não lhe devo satisfações.
? Então, o que é que está acontecendo entre você e a desmiolada?
? Nada. Vou cuidar de Fenrir. Se precisar de alguma coisa, chame a princesa Freya. Mas se for para qualquer idiotice, não se dê ao trabalho de incomodá-la.
Alberich simplesmente sorri. "Estão tendo alguma coisa", ele pensa. "Tenho certeza."
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Bado sobe até o primeiro andar e bate levemente à porta do quarto 102. De dentro do quarto, alguém diz que entre. O mesmo enfermeiro que levara Alberich à enfermaria agora veste Fenrir com o tradicional camisolão aberto atrás.
? Boa noite ? Bado diz.
? Boa noite ? o enfermeiro responde. Parece estar de alto-astral.
? Boa noite ? Fenrir murmura entre grunhidos de dor, pois o enfermeiro mexe na perna que está com o fixador externo(1).
? É o seguinte, meu bom, ele precisa de cuidados ? o enfermeiro começa a explicar. ? A perna com o gesso está legal, mas a outra não. É preciso estar sempre com as mãos muito limpas e manuseá-la cuidadosamente. Isso para qualquer doente, mas no caso dele é ainda mais importante. Qualquer infecção e ele pode perder a perna. Esses pinos são chatos que só vendo. Pode infeccionar a base deles e aí dá um problemão, tem que tirar tudo e reposicionar. Dra. Ann odeia quando isso acontece.
? Certo. Vou fazer o melhor possível.
? Vai demorar para eu ficar bom? ? Fenrir pergunta.
? Olha, vou te enganar não, vai levar uns três meses para você conseguir andar de novo.
? Três meses?
? É. Isso com muita fisioterapia.
? Ótimo ? Fenrir ironiza. ? Três meses como um bebê.
? É isso, ou ficar sem perna ? o enfermeiro diz. ? Melhor virar bebê, não?
? É, não tenho escolha ? ele cruza os braços.
? Vai passar logo!
? Para você que está aí muito bem, andando normalmente. Para mim vai ser uma eternidade.
? Não seja tão ranzinza ? Bado diz.
? Pois é! Podia ser pior! Você já podia estar sem perna! ? o enfermeiro diz. ? Boa noite pra vocês!
? Boa noite ? Bado e Fenrir respondem ao mesmo tempo, o segundo com boa dose de ironia na voz, imaginando como seriam os próximos dias e não vendo nada de bom neles.
O guerreiro-deus de Alcor senta-se na poltrona e cruza os braços.
? Se precisar de alguma coisa, é só chamar ? Bado diz. Um pensamento se repete em sua cabeça: "Vai ser uma noite longa."
Fenrir, por sua vez, responde com um grunhido assemelhado a um sim, fecha os olhos e finge dormir.
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Mais tarde. Em sua casa, num bairro nobre da cidade, Linus recebe Lars em seu escritório.
? Então é isso? ? Linus diz, esfregando o queixo compulsivamente. ? A princesa voltou ao hotel acompanhada do motorista japonês e da criada?
? É ? Lars confirma. ? Vigiei ela exatamente do jeito que você mandou.
? Excelente. Faça o mesmo amanhã. Quero saber se ela faz isso todos os dias. Quero saber de cada passo que ela der.
? Pode deixar. Eu vou contar tudo. Outra coisa, Linus. Eu soube que Grethe esteve no hospital.
? O que a retardada da minha mulher foi fazer lá?
? Não sei. Camille, a recepcionista que anda meio caidinha por mim, disse que ela entrou com uma cesta.
? Mais tarde descubro o que ela foi fazer lá. Continue com seu trabalhinho. Em breve, darei novas instruções.
? Beleza. Então, estou indo.
? Vai, vai ? ele diz impaciente.
? Ah! Quase esqueci ? Lars diz quando já saía do escritório. ? A recepcionista também comentou que ficou sabendo que sua amante foi ao hotel das princesas hoje.
? O que ela teria ido fazer lá? Ela nem gosta das princesas!
? É, mas Camille disse que aquele cara, o tal guerreiro-deus que já teve alta, tinha acabado de ir para o hotel.
? Hummm... certo. Pode ir ? Linus diz, fingindo ignorar o tom malicioso de Lars.
? Ok. Amanhã à noite trago mais notícias.
? Certo ? Linus concorda. Pouco depois, ele pega a chave do carro e também sai, com destino à casa de Ann. Lá, ele toca a campainha. A médica abre a porta.
? Quantas vezes tenho que dizer para não vir à minha casa sem avisar? ? ela pergunta irritada.
? Hoje eu não quis avisar. O que foi fazer no hotel?
? Na minha pele está escrito "propriedade de Linus Jensen"?
? Você transou com o imbecil asgardiano?
? O que acha? ? ela sorri desafiadora.
? Você transou com ele, sua vadia?
? Vadia? Eu? ? Ann solta uma sonora gargalhada. ? Posso até ser, mas com diploma da melhor universidade do país.
? Continua sendo uma vadia.
? Está com ciúmes porque eu transei com o asgardiano, Linus?
? Então transou?
? Claro. Eu queria, ele também. Transamos. Não sou sua.
? Não brinque comigo, Ann.
? Vai fazer o quê? Me matar? Pode vir. Vamos ver quem morre primeiro.
? Foi só essa vez?
? Por enquanto. Não se preocupe, Lars lhe dirá quando eu transar com ele outra vez. Ou com outro. É o Lars que faz o servicinho sujo, não é?
? Não interessa.
? Mandou ele vigiar a princesa?
? Mandei. E espero que você não se meta também nisso.
? Eu não me meto nisso, você não se mete na minha vida. Que tal assim?
? Isso quer dizer que vai continuar tendo um caso com o asgardiano?
? Com quem eu quiser.
? Certo. Não vou me meter.
? Ótimo. Agora vai pra casa que eu estou cansada. Tive um dia agitadíssimo.
? Ir para casa sem me aproveitar do seu maior talento? ? ele pergunta já agarrando-a pela cintura.
? A sua sorte é que eu não tenho muita vergonha na cara. Entra.
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Dia seguinte.
Hilda e Judith retornam ao hospital. Antes de ir para o hotel, a irmã mais nova conta a mais velha como foi sua visita a Hagen.
? Freya, você foi tão inconsequente! ? censura Hilda. ? Não devia ter beijado Hagen.
? Eu sei! Mas eu não resisti! E tenho certeza que não fez mal nenhum a ele. Pelo contrário.
? Assim espero, querida. Mas não devia...
? Você que devia ter feito isso com Siegfried! ? ela interrompe. O comentário faz Hilda corar. Nunca beijara o guerreiro-deus de Duhbe e fazê-lo enquanto ele estava desacordado parecia-lhe totalmente fora de cogitação.
? Freya, você está ficando moderna demais ? ela censura.
? O que tem demais nisso? O mundo evolui, natural que as pessoas evoluam com ele!
? Certo, certo. Vá descansar. Onde está Bado?
? No quarto de Fenrir. A maluca mandou ele ir para lá.
? Pobre Bado. Sabe em que quarto é?
? Primeiro andar, 102.
? Judith, vá lá. Fique no lugar dele até a tarde. Diga-lhe que são ordens minhas.
? A senhora vai ficar sozinha na enfermaria? ? a criada questiona.
? Sim. Não se preocupe. Eu dou conta.
? Então eu vou ficar também! ? Freya exclama. ? Não estou cansada! Pelo contrário, estou eufórica!
? Não, querida. Vá descansar com Bado. Depois você volta.
? Está bem, eu vou. Mas se o Hagen acordar de novo você me avisa?
? Claro.
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Grethe está sentada à mesa, com o café pronto, esperando por Linus. Ele entra em casa. Veste a mesma roupa do dia anterior, agora um pouco mais amassada, e parece cansado. Ele senta-se à mesa sem dizer uma palavra sequer. Grethe recebe-o com seu indefectível sorriso.
? Bom dia, querido! ? ela diz.
? Por que não me disse que foi ao hospital ontem? ? ele retruca ríspido.
? Achei que era uma coisa sem importância. Só fui levar um agrado para as princesas e os rapazes. Já estão há tanto tempo longe de casa, coitadinhos.
? Não é pra fazer nada sem a minha autorização. Muito menos ir ao hospital.
? Só fui fazer uma gentileza. Nada demais.
? Já disse que não quero que faça nada sem autorização.
? Quer um bolinho? ? ela pergunta.
? Não finja que não ouviu o que eu disse.
Grethe se mantém em silêncio por alguns segundos, depois sussurra:
? Se tem medo que eu arranje confusão com a sua amante, não se preocupe. Não vou arranjar.
Linus se levanta de chofre, derrubando a cadeira.
? O que disse? ? Linus segura o braço de Grethe com força.
? Que não me importo com a vadia com quem você me trai ? Grethe diz olhando o marido nos olhos.
Linus ergue a mão e bate com força na face de Grethe. Ela vai ao chão, e derruba um vaso, que se espatifa.
? Isso foi para você deixar essa ousadia de lado e aprender a pensar antes de falar ? ele diz e sai, deixando a esposa no chão, com um filete de sangue escorrendo pelo canto da boca, sem o menor remorso.
Continua...
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(1) Fixador externo: é aquele ferrinho com parafusos, para ajustar o osso quebrado e ajudar na recuperação.