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Eu me recompus e esperei cada autógrafo e cada foto. E depois de uma hora, lá estava eu, olhando a menina que estava na minha frente sair e o anunciante dizer:
- Pode vir, mocinha!!! ? eu gelei.
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Cap. 2
Dan estava a um metro e meio de mim. Nunca estive tão perto dele. A sensação era estranha, ao mesmo tempo boa, ruim, e às vezes não sentia nada. Eu olhei pra ele, e ele sorriu pra mim. Eu queria ir lá, abraçá-lo, beijá-lo, dizer que o amava. Mas minhas pernas não saiam do lugar.
- Érr... desculpa meninos, é que ela é muito fã de vocês e tá super nervosa!!! ? falou minha mãe tentando me empurrar ? vamos Lucy, você não me fez sair de Campinas e perder trabalho pra chegar aqui e não fazer nada, né??? ? dessa vez ela falou baixinho, no meu ouvido.
Eu estava paralisada. Em completo estado de choque. Minha consciência dizia ?imbecil, tá perdendo sua chance, faz alguma coisa!?, mas eu não conseguia. Somente o olhava.
Mas uma confusão que eu percebi uns 7 metros de onde nós estávamos quebrou o gelo. Estava muito barulho para alguém perceber. Alguém que não fosse eu. Um homem estava discutindo com os guardas, provavelmente querendo entrar sem ingresso, ele gesticulava e tentava entrar a força. Até que um guarda grandão chegou e o empurrou tão forte que ele caiu de bunda no chão, quase batendo a cabeça. O homem levantou com uma expressão de pura raiva, levantou um pouco a blusa e segurou firme em algo.
Era uma arma. Pude ver claramente. Meu pai tem uma em casa, onde ele só me mostrou uma vez, dizendo que era pra nos proteger. Nunca gostei. Mas o homem estava lá, com a arma na mão, os guardas se assustaram e deram um pulo para trás. Foi quando eu vi pra quem ele estava apontando aquilo.
Era pro Dan. Estava apontado pro Dan. Mas por quê? Ele não era um fã, que mesmo sem ingresso queria entrar?! Porque ele queria machucar o Dan? Logo ele, que era o mais gente boa da banda, sempre atendia os fãs tão bem! Logo ele, que era.... o amor da minha vida!
O homem pôs o dedo no gatilho. Eu precisava fazer alguma coisa! Talvez gritar e pedir para eles se abaixarem? Não, não daria tempo. Puxar ele pro chão? Não, eu nunca fui tão forte para derrubar um homem como ele. Então, o único jeito era...... Bem, meus pais diziam que por quem você ama de verdade, tudo vale apena. E eu o amava de verdade. Então não pensei duas vezes: saltei o degrau e pulei na frente dele.
Eu nem consegui ouvir o tiro. Foi uma pressão tão forte, que me jogou em cima de Dan. Eu não sentia dor, só parecia que alguém tinha me empurrado com apenas um dedo. Levantei a cabeça e consegui ver os guardas tirando a arma do homem e o imobilizando.
- Lucy!!!! Lucy!!! Ai meu Deus!!! Alguém me ajuda!!! Minha filha!!! Lucy!!! ? ouvi a voz da minha mãe, e olhei pro seu rosto. Ela parecia gritar tão alto, mas eu estava ouvindo baixinho, como se fosse um sonho. Meus olhos estavam embaçados, eu via as pessoas ao meu redor, minha mãe chorando desesperada pedindo um médico, um senhor olhava pra mim com uma cara triste balançava a cabeça em sinal negativo. Até que meus olhos pararam e eu pude ver um rosto. Um colo. Eu estava no colo dele.
Dan segurava minha cabeça com uma das mãos, e a outra estava pressionando o meu coração. Quando ele viu que eu estava o olhando, ele retirou a mão para acariciar o meu rosto, e eu pude ver. A mão dele cheia de sangue. Do meu sangue. Então a bala pegou no meu coração. Deus, eu sempre fui uma boa aluna em Biologia. Eu sabia que, se um médico não chegasse rápido, eu iria.....
- Não!!! Não!!! Não!!! Olha pra mim!!! Você vai ficar bem!!! ? falou Dan, segurando o meu rosto com força, seu rosto a centímentros do meu.
? Olha pra mim!!! O médico vai chegar e vai ficar tudo bem!!! Você consegue falar?? Ou melhor, não fala!! Fica respirando, eu prometo, vai dar tudo certo!!! ? mais uma vez ele disse, dessa vez, um pouco menos desesperado, tentando me acalmar e me manter viva.
Tentei uma vez pegar na mão dele. Tentei pela segunda vez. E na terceira, eu finalmente consegui. Ele se assustou quando eu o fiz, mas depois me olhou com ternura. Como se nós dois nos conhecécemos a muito tempo. Como se eu fosse a namorada que desmaiou após o inesperado pedido de casamento.
Dois homens vestidos de branco tentavam passar pela multidão que se aglomerava cada vez mais no shopping.
- Os paramédicos!!! Deixe-os passar pelo amor de Deus!!! ? ouvi minha mãe gritar, sem saber que seria pela última vez.
Dan segurou minha mão com força. Ele conseguia sentir que eu já não estava bem. Que eu não iria conseguir...
- O show de amanhã! Eu quero você lá, tá bem? Eu quero você lá! ? disse ele, me abraçando logo em seguida. Senti uma coisa molhada na minha bochecha, quando vi era ele chorando. Quem diria. Eu que tanto já chorei por ele agora o vi chorando por mim. Eu não podia ficar calada, tinha que dizer alguma coisa, eu nadei, nadei e literalmente vou morrer na praia? Não. Eu tenho que juntar forças, e falar pelo menos...
- D...a...n... ? sussurei baixinho e ele me olhou com os olhos bem abertos, quase esboçando um sorriso. Eu queria dizer que o amava, mas minha boca não mais se abriu. E a única coisa que vi foram os paramédicos me tirando do colo dele, de onde sempre eu quis estar, mas não nessa situação.
De repente tudo ficou escuro. Dan, você prometeu que ficaria tudo bem. Mas eu não atendi a condição. Desculpa, Dan, eu não consegui respirar.