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Cap. 1
- Lucy!... Lucy!... ? Ouvi chamar meu nome, provavelmente era a minha mãe.
- LUCY!!!
- Quê, mãe?... ? Abri meus olhos devagar, e fui tentando apoiar os braços para sentar na cama.
- Você me fez viajar pra você ficar dormindo ou pra ir à tarde de autógrafos??? Levanta já dessa cama menina, já são 15h e o Don não vai te esperar!!!
- É Dan, mãe, não Don. ? falei rindo. ? e lá só começa às 19h.
- Ah, sei lá, não sou eu a fã... ? me fez rir de novo ? mas mesmo assim, levanta logo que eu quero dar uma olhada nas lojas, parece que aqui tem belas roupas...
- Tá, mãe, já vou.
Ela saiu do quarto e eu fui tomar banho. Enquanto a água quente batia em minhas costas, eu fiquei pensando no começo de tudo... The White Sky era uma banda de rock recentemente formada por 5 jovens, que fazia sucesso pelo mundo mundo inteiro. Eles simplesmente me conquistaram com suas músicas românticas e dançantes. Mas por quem me apaixonei mesmo foi pelo seu vocalista Dan Carrew. Dan era o mais bonito de todos os cinco, tinha cerca de 1,80 m de altura, cabelos castanhos meio picotados, lisos caindo sobre sua testa. E seus olhos castanhos, os únicos que não saem da minha cabeça desde os meus 13 anos, quando o vi pela primeira vez. Eu já tinha ido pra vários shows deles, mas nunca pra uma tarde de autógrafos. Eu estava ansiosa, minha barriga doía um pouco. Não tenho a mínima noção do que eu irei fazer quando eu estiver tão perto dele...
Eu moro em Campinas, com minha mãe, meu pai e meu irmão caçula Taylor. Quando descobri dessa tarde de autógrafos antes do show, que seria na outra noite, quase dei um troço. O problema é que seria em São Paulo, logo no meio da semana. Mas de tanto eu insistir, chorar, fazer greve de fome, a minha mãe decidiu me levar. E hoje estou aqui.
Vesti um short jeans, um all star de cano alto e uma das várias blusas que tenho com a foto deles. Decidi não passar muita maquiagem, eu tinha certeza que iria chorar, e não queria sair com a cara toda borrada.
Entrei no carro com a minha mãe, e depois de uns 15 minutos chegamos ao shopping. Como ainda faltava 2h pra eles chegarem, fiquei olhando algumas blusas com a minha mãe, ou pelo menos tentando. Era difícil me concentrar em alguma coisa sabendo que hoje eu estaria realizado o meu sonho: conhecer o Dan.
Minha mãe, com sua obcessão, já estava mais uma vez no caixa pra pagar outra blusa que havia comprado, quando eu olhei no relógio: 18h.
- MÃÃÃÃÃÃÃÃEEEEE!!!!!!!!!! ? gritei no meio da loja, por sorte não haviam muitas pessoas ali ? Mãe já são 18h!!! Eles já devem estar chegando!!!
- Já vou, já vou!!!! ? falou minha mãe meio envergonhada, com certeza ela iria me dar um beliscão quando saírmos da loja.
- Quem você tá esperando? The White Sky? ? perguntou um dos vendedores da loja.
- Eles mesmos! ? respondi.
- Então acho bom você ir logo, passei por lá agora e a fila pros autógrafos tá imensa!!! ? ele falou gesticulando ? me disseram que daqui a 5 min eles estão aí.
De repente eu gelei. E aquela dor de barriga insuportável voltou. Minha mãe agarrou a minha mão, e, quando eu esperei o beliscão, nada veio.
- Lucy, você tá bem? Você está suando frio! ? disse, passando a mão na minha testa.
- Tô mãe, eu só preciso chegar lá. ? puxei a mão dela e fomos a passos rápidos pro local.
Como o vendedor havia dito, a fila estava enorme. Tirei os ingressos do show e mostrei ao segurança, pois só iria entrar e ganhar autógrafo quem tivesse com o ingresso do próximo show. Entrei na fila com a minha mãe. Deveria ter mais ou menos umas 70 pessoas na nossa frente, o que me deixou um pouco irritada com ela, afinal de contas o que nos atrasou foram suas ?comprinhas básicas?. Mas eu iria esperar.
Como prometido, às 19h, o anunciante gritou:
- THE WHITE SKY!!!!!!!!!!
Parecia que eu ia ficar surda. Além das 70 pessoas na minha frente, mais umas 300 atrás de mim começaram a gritar loucamente quando o baterista da banda apareceu. Mas eu estava apreensiva demais, não conseguia gritar, meus olhos só procuravam Dan. E ele foi o último a chegar, de óculos escuros e com um sorriso de canto de boca, para mim ele não parecia andar, para mim o temo parou quando ele entrou. Era como se eu estivesse olhando uma foto dele, ele estava tão longe e tão perto ao mesmo tempo...
Minha mãe me cutucou, e colocou um lenço na minha mão. Só percebi que estava chorando quando a imagem do rosto dele começou a embaçar, então eu fiz questão de limpá-los rapidamente para não perder um instante daquilo. Só que eu não consegui. Tremia mais que uma vara verde. Minha mãe ao me ver naquele estado, tirou o lenço da minha mão e ela mesmo começou a enxugar meus olhos. Ela não era daquelas mães que diziam que o nosso fanatismo é bobagem, mas pelo contrário, ela até gostava da banda e escutava às vezes algumas músicas comigo.
Eu me recompus e esperei cada autógrafo e cada foto. E depois de uma hora, lá estava eu, olhando a menina que estava na minha frente sair e o anunciante dizer:
- Pode vir, mocinha!!! ? eu gelei.