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"Desculpe, mas você está enganado...
Não são laços que nos unem, no nosso caso... São correntes inquebráveis.
E eu quero que elas permaneçam assim por toda eternidade."
Silêncio.
Fora da casa nada podia ser ouvido. A tempestade sumira deixando para trás galhos e árvores menos fortes caídas no chão enlameado. As nuvens escuras ainda estavam presentes no céu escondendo a majestosa lua cheia.
Tal que logo se esconderia na linha do horizonte daqueles que podiam ver através das nuvens negras. Logo o sol apareceria, e então a maldição o deixaria por hoje, e ele a deixaria mais uma vez.
Dentro da casa os gemidos roucos femininos quase não podiam ser ouvidos devido ao desgasto das cordas vocais, as pernas que antes envolviam a cintura larga masculina, jaziam caídas, enfraquecidas demais. Mal conseguia manter os olhos abertos, mas não sabia se de fato era pelo cansaço ou pelo prazer absurdo que estava sentindo.
Ele não parara nem um minuto, nem mesmo quando suplicara por um descanso, ou quando ele derramara sua semente dentro dela. O macho investia furiosamente contra si, como se estivesse a castigando e a cada vez que investia, parecia fazê-lo com mais força. Porém, ele não demonstrava sinais de cansaço, sua face, apesar de estar parcialmente escondida na escuridão, não se alterara. Continuava devidamente belo, selvagem e apenas uma gota de suor sorrateiramente desceu por sua têmpora e escorreu por sua face.
A força e a velocidade com a qual a penetrava eram inumanas, mas de fato ele não era humano. Por um segundo lembrou-se que ao alvorecer devia fazer algo de importante, só que duvidava que pudesse andar ou sequer levantar da cama.
Assustou-se quando ele a puxou para si e a levou para seu colo e sem sair de dentro dela levantou e bruscamente a prensou contra a parede firmemente. Enlaçou suas pernas marcadas, por hematomas roxos provavelmente feitos por ele, com os braços e retirou-se de dentro dela apenas para se enterrar, se possível, mais fundo. Colou o máximo que pode o corpo suado ao dela, e passou a língua por toda a extensão do pescoço feminino. Parecia ainda estar muito sensível, fazendo-a se arrepiar enquanto a penetrava avidamente fazendo as costas dela baterem repetidamente contra a parede. Ele urrou quando sentiu o interior dela se contrair ao redor de seu membro. E então libertou a perna direita dela e com a mão em forma de garra abriu um buraco na parede ao mesmo tempo em que derramou seu prazer, afundando-se na carne dela. Enterrou sua face no pescoço delicado e afundou suas presas afiadas como lâminas na carne macia e pequenas gotas de sangue escorrerem, manchando ainda mais o corpo alvo cheio de arranhões e mordidas.
Exausta e dolorida seu olhar se prendeu ao dele. Os olhos castanhos sempre tão selvagens estavam parcialmente arregalados em surpresa. Seu corpo começou a tremer e ele se separou imediatamente dela agarrando sua própria cabeça em desespero. Do fundo de sua garganta saiam grunhidos e rosnados angustiados tomaram conta do recinto. Tremores percorreram seu corpo e Sakura anestesiada demais para fazer qualquer coisa que fosse, assistia assustada as garras de seu amante retrocederem e se tornarem mão humanas. Ele se ajoelhou no chão ainda em agonia e escondeu sua cabeça entre os joelhos e depois de um angustiante "crack" ela pode perceber que ele parecia estar ficando menor. Seus músculos, antes tão evidentes, agora eram suaves, nada exagerado. A besta estava dando lugar a um homem.
A mulher se encolheu ao ouvir o rugido doloroso e suas orbes encheram-se de lágrimas ao ver o quanto ele estava sofrendo, mas antes que pudesse pensar em fazer alguma coisa, o quarto ficou em silêncio. Apenas a respiração pesada e dificultosa vinda dele, ecoava até seus ouvidos. Ele estava parcialmente imóvel, somente suas costas subiam e desciam de acordo como respirava.
? *O-omae... - A voz entrecortada saiu quase em um sussurro, torcendo para que ela tivesse ouvido. - Eu machuquei você?
Com certa dificuldade levantou a cabeça e olhou em direção á ela. Seus olhos vasculharam o corpo nu e delicado com arranhões que sabia que fora ele o causador. As janelas de sua alma oscilavam entre preocupação, culpa e ódio por si mesmo.
? *Nani? - Ele realmente estava preocupado com ela? Não era ela que até segundos atrás parecia a personificação da agonia. - Eu... Não. Me sinto ótima. - Sua expressão determinada não foi suficiente para convencê-lo. - Estou falando sério! Tudo o que fez... Eu gostei! Eu consenti. Mas você...
Deixou sua frase morrer no ar. Não era preciso palavras para mostrar o quanto estava preocupada com ele.
Já o homem riu sarcasticamente. Que cretino ele era. Em toda sua miserável vida jamais imaginara que os sonhos que tinha eram reais. Sabia da maldição que se apossava dele toda noite de lua cheia, sabia que mutilava animais e até mesmo já matara um humano. Todas as lembranças de uma noite de terror sempre voltavam de manhã quando acordava. Mas a bela garota de cabelos róseos, as noites de prazer... Tudo aquilo apenas parecia alucinação, um delírio de sua mente. Algo bom demais para ser verdade, mas agora que sabia que todos os seus sonhos eram reais, experimentou a amargura de saber que em todas aquelas noites machucara-a e se apossara de seu corpo frágil de modo cruel e possessivo.
? Não gaste sua preocupação comigo. Não mereço esse tipo de coisa e nem o desejo. Sou um monstro. Me pergunto ainda por que estou vivo... Tsc! - Em seus lábios se formou um sorriso irônico que logo se apagou deixando sua face ser tomada pela tristeza. Sua voz enquanto falava era suave, macia e um tanto arrastada. Parecia querer saborear cada som, cada palavra.
? Ainda bem que está. - Apenas seus lábios se mexerem, mas ele parecia ter entendido.
Nu, levantou-se do chão com certa dificuldade se apoiando na parede. Seguiu cambaleante até onde estava o que um dia fora sua calça. Agora estava parcialmente rasgada e até um pouco mais larga para seus quadris humanos.
? Você vai embora? - A tristeza e a conformação sobressaíam em sua voz, não havia nada que pudesse fazer. Estava dolorida de mais para se levantar e exausta demais para discutir.
? Hn...
? Voltará? -Seus olhos estavam pesados demais para mantê-los abertos.
Ele apenas suspirou ao longe. Escutou os passos dele e percebeu que se aproximava. Sentiu-se ser erguida carinhosamente e logo suas costas agradeceram ao sentir o macio colchão sob si.
Os lábios dele tocaram os seus em um breve selinho.
? Como poderia não voltar?
? Isso é bom... Muito bom. - Estava prestes a entrar no mundo dos sonhos, mas se obrigou a dizer uma última coisa. - Você nunca me disse seu nome...
Sua mente escureceu, mas não antes de ouvir um suave sussurro.
? Sasori...
End.
*Omae = Você.
*Nani= O que? Que? Etc...