Os dias passaram e, Nina ficara muito amiga de Haldis, todos os dias, ao raiar do sol, a menina seguia sozinha para a floresta, caminhando por instinto em meio às árvores, ela conseguia chegar a um poço onde trazia um pequeno balde de água para o seu pai enfermo, menina órfã de mãe, vivia apenas com o velho doente, num pequeno vilarejo entre poucas pessoas, onde ninguém se oferecia para carregar o balde para a menina cega, que apesar de sua deficiência não estava restrita de ter uma vida normal como todos os outros.
No caminho para o poço, a menina sempre se encontrava com o amigo Haldis, que apesar de ser um espírito inconveniente mantinha todas as suas características humanas, ele era alegre, engraçado, fazia Nina rir de histórias inventadas, contava sobre seus sonhos, idealizando sempre fugir daquela prisão e se tornar um menino de verdade, contava sobre sua mãe imaginária, ele enchia os olhos d?água quando falava nisso, pois ele queria ter uma mãe, talvez ele tivesse, mas toda a sua vida como humano fora apagada de sua memória, e o pobre espírito não sabia nem quem ele era, também dizia ter vários amigos, mas na verdade todas as suas histórias eram tentativas frustradas de se tornar um menino real, sempre maravilhado com as histórias de Nina, uma menina simples, com a visão do mundo belo, sem a violência, sem a miséria, ela não via nada disso, o mundo para ela era perfeito, enquanto o mundo dele era assombroso, à noite ele ouvia gritos, e via demônios também, seu mundo paralelo era diferente ao de Nina, talvez isso que o fascinava, ele também era cego, não podia ver o mundo como os outros viam.
Nina vinha logo no começo da tarde e antes do anoitecer ela voltava para casa, Haldis mentia ser humano, inventava uma família, dizia morar em um vilarejo próximo ao da menina, mas sempre com o receio que ela descobrisse quem ele era realmente.
Era meia noite a menina já havia partido, Haldis se encontrava sentado na lápide, olhava para a lua, para as estrelas, e ficava intrigado com o que poderia ter acontecido com ele, eis que de repente um homem senta ao lado dele, e no mesmo instante Haldis sentiu a energia pesada que aquele ser trazia.
- Quem é você?
Perguntou o menino com medo, pois sabia que aquele homem não era humano.
- Meu nome é Danton, eu sou um núncio e estou aqui para te guiar na nova jornada que terá pela frente.