S-T-A-L-K-E-R

  • Finalizada
  • Sora Chan
  • Capitulos 1
  • Gêneros Romance e Novela

Tempo estimado de leitura: 7 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Maria.

    Linguagem Imprópria, Violência

    S-T-A-L-K-E-R

    O tempo estava fechado, mas, seu sorriso era quase que tatuado em seu rosto: nunca saía. Já havia alguns dias desde que o céu escurecera e começara a trovejar com certa frequência. Os cabelos iam até os ombros, e eram lisos, o que lhe dava um ar doce. Os olhos eram claros, lembrando um verde suave. Uma garota podre.

    A aula acabara a pouco tempo, e ela caminhava solitária na volta para casa. Sua farda era uma camisa branca com o símbolo do colégio e um zíper na gola, sem esquecer a calça larga que usava. O tênis era um All star de detalhes vermelhos. Nada de especial até aí. Chamava-se Maria. Isso era relevante?

    Chegou em casa, ficava em uma rua afastada, mas, era possível chegar na escola andando. Ao entrar, trancou a porta, e deslizou por esta até seu corpo encostar no chão. Coladas nas paredes, estavam às fotos dele. Sorrindo, praticando esportes, descontraído, dormindo... Era seu tesouro. Ele era seu tesouro também. Já o conhecia a o que? Três, quatro, cinco anos? Faziam pelo menos três desde que ela colocara as câmeras e os escutas em sua casa, ela se lembrava. O quão prazeroso fora espalhar os eletrônicos pela moradia do rapaz, enquanto ele estava fora? O quão bom era poder observá-lo dormir, comer... O quão bom era poder ver quem eram aquelas vadi... Não... Não era bom usar palavras assim. Garotas fofas não as usam. ?? O quão bom era poder ver quem eram aquelas indesejadas que o visitavam???. Maria não tinha certeza de quando começara a ficar tão possessiva com as pessoas. Teria sido porque desde cedo, tudo que tinha lhe fora tirado? Ser abusada pelo pai e ver a irmã ser estrangulada pelo próprio causara isso? Que importava? Ela só sabia que o desejava, e que ninguém poderia tirá-lo dela. Nunca.

    Deitou-se no chão de madeira, e pode ver o teto, onde estava preso o corpo emagrecido da última visita dele. Aquela garota, que ela sabia se chamar Clara olhava-a com os olhos assustados. Sabia também que ela era de classe alta, e que andava íntima dele. Íntima demais para Maria. Aparentemente tinha uma espécie de irmão mais novo, mas, não importava.

    Ela daria um jeito hoje, sem falta Daria um jeito em Clara. À noite, soltou as correntes que prendiam os pés de sua prisioneira, e abaixou as das mãos, fazendo com que ficasse ao seu alcance no primeiro andar (a casa tinha dois). A boca da vítima estava tapada ? aquela garota podre não podia perder a boa imagem que os vizinhos tinham dela. Foi até a cozinha, de onde tirou pegou a lâmina afiada, e fez um pequeno corte no rosto da menina. Rasgou devagar a gola da roupa até quase a altura dos seios: estava brincando com ela. Podia ter simplesmente matado-a naquela hora, mas, aquela era uma tarde especial.

    Guardou a faca na cozinha, e subiu para tomar um banho. Em alguns minutos estava pronta. E que fofa ela estava! Até mesmo uma presilha de flor residia em seu cabelo. Levantou Clara até o teto e saiu rindo-se. Os rapazes na rua a olhavam e assobiavam. Ela esperava que ele gostasse também... Seu amado Divalli. Haviam combinado de se encontrar no cinema ? ela finalmente o chamara para sair.

    Tudo fora perfeito. Ele havia sido tão maravilhoso! E aquela garota podre conseguira esconder toda a sujeira que suas mãos fizeram com um simples sorriso. Somente duas coisas a incomodaram: Ele lhe perguntar se havia visto Clara ? em tom preocupado disse não fazer idéia de onde ela podia estar ? e o misterioso rapaz que parecia segui-los. Mas, por ele parecer esquecer logo da outra garota, e o seguidor aparentar ser jovem nada daquilo a irritara. O passeio estava quase no fim, quando inesperadamente Divalli disse:

    - Chega Maria. Não dá mais. ? ele se virara para olhá-la nos olhos.

    - Hum? ? A Stalker respondera em tom inocentemente confuso.

    - Olha, eu sei que você quer algo mais de mim, mas, eu não sinto a mesma coisa, ok? ? Ele lhe deu as costas ? Eu vou indo, tenho que achar a Clara. Tchau, Maria.

    ?? Eu não posso simplesmente ficar com ela?? Divalli pensava. ?? Não posso ficar com ninguém. Não agora.?? Sua mãe já estava no hospital a duas semanas, e ele se preparava para ter que começar a ajudar o pai e a sustentar o irmão mais novo. Não tinha tempo para namorar nenhuma garota, e Clara fora muito gentil falando com seus ??contatos?? e ajudando o garoto a arrumar um emprego.

    Maria enxugou uma lágrima, e se pôs a caminhar para casa. Ela acabaria com aquela vad... Indesejável quando chegasse em casa. A espancaria... A faria chorar, gritar... Teria tempo para conquistar Divalli depois. Depois de acabar completamente com o provável amor dele. Afinal, que chance melhor de dar o primeiro passo do que com alguém de coração partido?

    Ignorou completamente os assobios dessa vez: se reagisse a eles, perderia a paciência e o controle. Simplesmente passou direto.

    Já em frente à porta de casa girava a chave. Empurrou levemente a porta, e entrou na sala escura. Antes que pudesse reagir, sentiu seus ombros serem agarrados, e seu corpo ser lançado contra uma parede. Por cima dela, estava o rapaz de mais cedo, que realmente era jovem. Teria o que? Treze anos? Seus olhos eram castanho escuro, e os cabelos castanho chocolate. Era bonito, e apertava com força pescoço de Maria, que não conseguia reagir.

    - Foi... Foi ela, Rafa! ? Clara disse por trás dele, com um grito assustado. A Stalker olhou diretamente nos olhos de sua antiga prisioneira, e essa percebendo, deu um sorriso malicioso.

    Rafa, provável Rafael, finalmente largou o pescoço da garota, mas, em compensação, pegou a faca caída a seu lado, e enfiou no peito de Maria. Ele estava ofegante, e apertou os próprios braços, com certo medo. Clara colocou as mãos pelos ombros do garoto, e o tirou de cima da outra, que gemia. Ela o deitou em um canto separado, e se aproximou perigosamente de sua quase assassina. Os cabelos negros e curtos caíam-lhe bem, e combinavam com os olhos quase negros dela.

    - Ele é parecido com você, sabe? ? Clara sussurrou ao ouvido de Maria, e riu baixo. ? É um amor.

    - É seu brinquedo? ? a outra conseguiu perguntar.

    - Quase. Ele gosta de mim, e não tenho nada contra ele. Se eu quero outra pessoa, é só ficar uma vez, e fazer um teatro... ? ela tossiu propositalmente. ? ?? Rafa... Ele...Ele me atacou... Rafa!?? ? riu depois de encenar a frase com voz dramática. ? É um ótimo cachorrinho. Gente como você é fácil de domesticar. Só preciso acalmá-lo depois de fazê-lo... Você sabe... ? ela fez o gesto de passar o dedo pelo pescoço. ? Os pais do coitadinho o deixaram aos cuidados da minha família, e como você não deve saber, nós somos assassinos, Maria. Minha mãe, meu pai... Até a minha falecida avó era uma. Desde muito jovens somos preparados para tirar a vida dos outros em um piscar de olhos ? ela deu um riso baixo, e apertou mais a lâmina contra o peito da moça, que deu um grito abafado ? Eu devia ser a responsável por ele, mas, deixei que outra pessoa fizesse isso... Assim, ele sempre terá a boa imagem de mim, e não vai hesitar em me proteger. O único problema é essa falta de costume em assassinatos... Tsc.

    - Hu... Parece que eu não tinha chance afinal... ? Maria riu com dificuldades e disse, antes de cair no sono eterno. ? Eu vou sempre te odiar. ? O sorriso continuou estampado em seu rosto.

    Clara já sabia o que fazer. Rafa faria treze no dia seguinte, e seria só um ano mais novo que ela. A polícia nunca culparia nenhum dos dois, já que sua família tinha muita influência sobre ela. Desde pequena ela criara o garoto para ser dela, e ela já sabia que ele faria tudo que lhe fosse mandado. Andou até ele, e passou a mão sobre sua cabeça.

    - Rafa, vamos querido? ? Clara dissera carinhosamente.

    O seu ??yandere?? levantara devagar. Ela o segurava pelos ombros quando saíram.


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