O Coração da Areia

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    Capítulo 11

    [GaaSaku]11

    Heterossexualidade

    Quando Sakura e eu entramos na casa, ela com a mão quente segurando a minha, encontramos meus irmãos e o Naruto na cozinha. Eles agiam como se coisa alguma houvesse acontecido, como se não estivessem espionando meu momento com a rosada, mas eles não são nada bons em disfarçar alguma coisa, pois quando adentramos a cozinha eles pararam de conversar: Temari sorria enquanto mexia alguma coisa na panela, Kankuro apertava os lábios segurando uma gargalhada olhando para o seu prato e Naruto nos encarava, sim, o mais "discreto" de todos, o loiro nos encarava com um sorriso que tomava conta do seu rosto inteiro.

    Por mim estava tudo bem fingirem, eu sou muito bom nesse jogo. Se quiserem aparentar que não nos viram, farei o mesmo, me sinto mais confortável assim.

    - Ah! ? minha irmã exclamou como se tivesse se surpreendido com algo, mas logo identifiquei uma falsa surpresa ? As mãos de vocês. Porque estão entrelaçadas? ? ela nos interrogou ainda com aquele tom de surpresa na voz apesar de conseguir identificar no seu rosto um sorriso que teimava em crescer.

    Detesto que me façam esclarecer coisas que já estão mais do que claras. Minha resposta ela não obteria. Senti Sakura fazer menção de separar nossas mãos, mas ela não o fez, provavelmente lembrou que Temari já sabia a resposta, alias os três agora estavam nos olhando ansiosos por uma resposta. Eu estava certo que não responderia, mas sabia que Sakura não conseguiria ficar calada.

    - Ah! Isso? ? eu estava completamente certo, era a minha flor falando e levantando levemente nossas mãos unidas ? Elas estavam meio... Solitárias.

    Minha garota. Eu mal pude segurar um riso quando vi as expressões que se formaram no rosto dos três esperançosos com alguma confissão. Naruto parecia querer entender o significado do que ela dissera, Kankuro crispou a boca e Temari ficou nos olhando sem nenhum humor aparente.

    - E suas bocas também estavam solitárias agora a pouco? ? minha irmã soltou a pergunta que pareceu cair em Sakura como uma bomba, ela estremeceu ao meu lado.

    Eu nada disse. Por que diria? Mas gostei dela estar falando abertamente ao invés de tentar conseguir informações usando o fingimento como arma. Fui caminhando em direção a mesa de jantar e trazendo Sakura comigo já que nossas mãos pareciam ter sido grudadas.

    - E nossas línguas e corpos também. ? parei no mesmo momento. Fiquei em choque com a fala de Sakura, agora se eu já fiquei assim, os outros pareciam ainda piores. Eu não estava esperando por isso. ? Ah sim... E mais uma coisinha, é muito indigno espiar, sabiam?

    E terminando de falar, ela me guiou a mesa. Sentamos nos lugares de sempre, lado a lado. Servimo-nos do que a Temari chamou de comida, mas que pela aparência eu duvido que seja algo realmente comestível.

    Quando eu achava que o assunto já havia se dado por encerrado, e usava parte de minha atenção para cutucar aquilo que se encontrava no meu prato e tentar identificar o que era, o loiro abriu a boca. Parte do que estava em sua boca caiu de volta no seu prato nesse momento e acho até que algumas partículas do que ele comia voaram no rosto de Kankuro já que este parecia enojado enquanto passava sua mão na parte que parecia ter sido atingida.

    - Então quer dizer que a Sakura-chan e você estão namorando agora? ? a pergunta foi direcionada a mim. Por quê? Agora até a Sakura me olhava parecendo esperar por uma resposta.

    Ponderando bem a situação toda, parece obvio que não estamos namorando. Eu não fiz pedido algum, ela muito menos deu alguma resposta, não combinamos nada e nem tratamos sobre esse assunto ainda.

    - Não.

    O que há com todos? Temari olha abismada de mim para Sakura sem saber onde deter os olhos, a rosada encara a comida, Naruto praticamente cuspiu o que ainda tinha na boca e Kankuro parece me avaliar. Se não fosse pelo modo que meus irmãos agiram, eu juraria que o comportamento de Sakura e Naruto tem haver apenas com a gororoba que estamos usando como alimento. Mas eu pareço ter feito algo errado.

    Meus irmãos estariam pensando que já pedi a Sakura em namoro?

    A situação que se instalou depois foi constrangedora. Tanto que eu levantei da mesa e me dirigi para o escritório, aproveitar para fazer meu trabalho de líder desta vila, pensar em problemas pessoais, fugir da comida ruim da Temari e principalmente... ficar longe desse silêncio perturbador. Nunca achei que fosse me sentir tão incomodado estando em um lugar calmo.

    A paz do meu escritório me parece bem mais acolhedora. Espero que a Temari ? a mais enxerida ? não venha me atrapalhar com suas perguntas inconvenientes e com aquele ar de quem sabe das coisas, mas na verdade não sabe nem de sua própria vida.

    Mal havia me assentado a minha bela e confortável poltrona quando ouço não batidas na porta como de costume, mas o barulho desta já abrindo. O ruído veio logo seguido do som de passos apressados e antes que minha cabeça estivesse totalmente erguida para encara-la. Sua voz começou a destruir meus tímpanos.

    - Gaara, como pôde dizer aquilo no jantar? E ainda saiu sem se justificar. Viu a cara da Sakura? Você sabe o quão insensível pareceu ser? Poderia ao menos justificar sua resposta se é que existe uma razão real por trás do que foi dito. Pobre Sakura. Primeiro o Sasuke e agora...

    Meu sangue fervia. Que direito Temari tinha de me comparar aquele Uchiha traidor?

    - Já basta.

    Ela percebeu que eu estava muito irritado. Provável que pela minha fala ter saído mais como um grunhido do que com minha voz normal. Seja por qual motivo, ela se calou. Não disse nada, apenas me olhou por uns segundo e depois se aproximou calmamente me envolvendo em seus braços quentes. Como ela conseguia estar brigando comigo em um momento e segundos depois estar sendo maternal?

    Enquanto ela me apertava mais a ela, foi conversando.

    - O que houve? Quer me contar porque ficou chateado?

    A voz dela saiu tão doce, diferente da Temari mandona a quem me era mais comum. Eu simplesmente não pude recusar uma resposta para ela.

    - Você... Temari, apenas não me compare, nem a ele e nem a ninguém.

    Ela afagou meus cabelos. Não recusei as suas mãos no meu cabelo por que ela agia do jeito que eu imaginava que uma mãe faria. E eu desejava tanto minha mãe. E naquele momento com ela, eu não era o Gaara-kazekage, eu voltei a ser o Gaara-chan, o menino que desejava o carinho, o amor e os cuidados de alguém.

    - Desculpe Gaara, eu deveria ter pensado antes de falar. Mas você sabe que eu não faço isso. ? ela riu ? Agora você quer me contar o motivo do seu "não" no jantar?

    Ela me afastou de seus carinhos, segurando meus ombros para que enxergasse meus olhos. Eu a encarei e respondi com sinceridade.

    - Porque eu não a pedi em namoro.

    Temari escutou isso e riu. Riu tão alto que me despertou e percebi o quão vulnerável eu me encontrava.

    - E quando pretende pedi-la? ? ela perguntou entre uma gargalhada e outra.

    - Ora, isso não é um assunto que você devesse ter interesse.

    Ela parou de rir, me encarou, pareceu me analisar por alguns segundos, sorriu e foi em direção a saída dizendo.

    - Só não demore muito, ta?

    Voltei a me jogar na poltrona e suspirei. Como ela podia ser tão irritante. E por que e como minha vida tinha mudado tanto? Mal havia começado a pensar em coisas que eu não compreendia e barulhos vieram da porta. Não era a porta abrindo, era o som de batidas leves e tímidas. Por eliminação só poderia ser a Sakura ? acho que nenhum outro ser presente do lado de fora do meu escritório é tão educado quanto ela, aqueles rudes. Ajeitei-me na poltrona para que eu ficasse em uma posição que parecesse confortável e ao mesmo tempo, imponente. Mandei que a pessoa entrasse.

    Eu estava certo, era realmente a Sakura. E quando ela entrou naquela sala, o lugar pareceu ficar abafado e eu tive uma estranha necessidade de esfregar meu próprio pescoço, mas me contive.

    Será que ela também exigirá explicações sobre o jantar?

    - Boa noite Gaara, vim lhe fazer companhia. ? dizendo isso, ela se arremessou na poltrona de frente a mesa e sorriu me encarando.

    Eu surpreso, lhe encarei abobalhado e só depois abaixei a cabeça para ler os papéis. Lembrei-me da pose que eu queria apresentar, eu não estava nada imponente com ela me encarando daquele jeito. Com esses pensamentos, não pude evitar um sorriso se formar, mesmo que no canto de meus lábios.


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