Papeis, papeis, papeis. Minha mesa está cheia de documentos que no momento me parecem inúteis. Simplesmente não consigo me concentrar. Porque a Sakura está demorando tanto?
Recosto-me na cadeira pensando em como foi meu dia. Acordei tão feliz, me arrumei esboçando um sorriso, demorei mais que de costume para tomar o desjejum e a cada momento minha expectativa crescia ansiando para que a rosada surgisse na cozinha. Fiquei mal humorado ao sair de casa quando ela ainda não havia descido, passei o dia me torturando mentalmente com o pensamento de que ela estava fugindo de mim.
Não esquecendo de mencionar a Temari que percebeu toda minha inquietação durante o café da manhã. Acho que não devo culpa-la por isso afinal, eu observava a porta da cozinha ansiosamente o tempo inteiro e também suspirei pesadamente quando depositei minha xícara no balcão. Mas posso culpa-la por ficar dando olhares e sorrisinhos para mim, aumentando ainda mais a tensão que eu sentia no momento. Porque pedi conselhos amorosos justamente para minha irmã?
No prédio central tive que aturar os conselheiros, ler papeladas, rever decisões, reler documentos, consertar erros que nem por mim foram feitos e pior de tudo, fazer isso quando eu nem ao menos conseguia me concentrar perfeitamente em assuntos que não envolvessem Sakura. Mas acima de tudo sou profissional e me preocupo com a minha vila, tive que forçar minha concentração ao máximo para que deixasse meus problemas pessoais de lado e priorizasse Suna. No entanto, ao final da tarde decidi aparecer em casa para o jantar e claro, também tirar minhas duvidas sobre Sakura estar fugindo ou não de mim.
Assim que cheguei em casa percebi que todos já estavam jantando, parei na porta e observei Sakura gargalhar sobre alguma coisa que alguém havia dito e então Temari anunciou que eu estava ali parado, olhei para a minha irmã e depois voltei meus olhos a Sakura, ela me encarava mas logo desviou os olhos mordendo seus lábios. Lábios macios, rosados e que eu tanto queria voltar a beijar.
Sakura parecia constrangida mas tinha feito o jantar e isso deve significar alguma coisa, poderia ser que estivesse feliz ou quem sabe só tentando deixar que as coisas voltassem ao normal. Sentei ao seu lado e eu me sentia tão nervoso. Só para uma nota mental "Sakura cozinha muito bem".
A cerejeira parecia distante até a voz do Naruto a puxar de volta perguntando sobre o hospital. Admito que foi divertido a ver tão nervosa com a pergunta de Kankuro, como se realmente necessitasse provar que confiava nos shinobis de Suna, saber disso realmente me deixou feliz.
Tudo muito bem até Temari insinuar uma relação entre nós dois. Minha irmã realmente sabe como me envergonhar, se ela continuar falando essas coisas é bem capaz que o Kankuro e o Naruto descubram que eu tive uma conversa com a Temari sobre amor e uma médica de cabelos rosa.
A minha preocupação dela estar fugindo de mim sumiu realmente quando sorri para a Sakura, ela me retribuiu com o mais belo sorriso de todos e dando me um Fukashi Manju. Meu coração se iluminou com a garota do melhor sorriso.
Sakura me pediu para ajudar no hospital, um pedido que nenhum Kage recusaria já que é pupila da sennin Tsunade-sama, autorizei seu trabalho como médica aqui em Suna mas disse que ela deveria vir ao escritório pegar o documento comigo. Percebi que durante o pedido ela encarou meus lábios como se ansiasse em beija-los, a sua atitude me deixou bem animado pois isso é um sinal que ela havia gostado e que queria que acontecesse novamente.
Então batidas na porta me despertaram de meus devaneios. Era ela, a flor de cerejeira de Konoha. Eu precisava que fosse ela.
Pedi para que entrasse e vi a porta se abrir enquanto Sakura timidamente colocava apenas sua cabeça dentro do recinto e assim dizendo:
"- Estou atrapalhando agora? Se você quiser posso pegar a autorização amanhã de manhã."
Eu não queria que ela fosse embora mas sabia que mesmo que entrasse, ela logo sairia.
"- Tudo bem. Pode entrar."
Pouco a pouco o restante de seu corpo foi surgindo e logo ela se aproximava da minha mesa. Nesse momento eu pensei em como as coisas foram mudando repentinamente, como aquela garota que no passado não representava nada podia ter me transformado tanto. Como ela podia ter me mostrado o amor em poucos dias quando todos que deveriam ter me dado haviam me decepcionado, e por um momento fiquei com medo de me magoar novamente, pensei em como eu me sentia triste e aquelas pessoas que pareciam não se importar com as coisas ruins que faziam comigo.
"- Gaara, você esta bem?"
Levantei meus olhos e a encarei só então percebendo que eu tinha formado uma expressão tristonha no meu rosto. Eu a tinha deixado preocupada comigo.
"- Sakura, pode sentar e esperar um instante? Não tive tempo de preparar sua autorização."
Fiz sinal para que ela sentasse na poltrona a minha frente. Eu havia esquecido de escrever sua autorização. Enquanto eu tomava todas as providencias, anotando as instruções que o diretor do hospital deverá tomar em relação a Sakura, percebi que ela me fitava com cuidado. Terminei de assinar o documento e entreguei a ela que ainda tinha um olhar inquieto sobre mim. Ela pegou o papel e indagou:
"- Você vai trabalhar até tarde hoje?"
Ela parecia nervosa enquanto aguardava minha resposta.
"- Provavelmente. Tenho muitos documentos para analisar."
Então ela me surpreendeu se jogando na poltrona e perguntando:
"- Posso ficar aqui fazendo companhia? Prometo não atrapalhar."
Eu a encarei e sorri. Ela realmente não precisava ficar e é claro que eu estava feliz pela decisão dela, ela não precisava mas ficaria comigo, por mim.
Decidi organizar a minha papelada, assinar, ler e reler, etc.
Olhei para Sakura, ela me fitava e depois voltou seus olhos para os seus pés. Vi ela ruborizar, se continuasse assim seu rosto se confundiria com os cabelos.
Realmente linda, Sakura é perfeita. Com esses pensamentos eu levantei de minha cadeira e caminhei em sua direção, ela levantou o rosto e me encarou sorrindo. Fiquei bem em frente a poltrona e peguei suas mãos a puxando para cima, nos encaramos e ela ficava dividindo sua atenção entre meus olhos e meus lábios, isso me fez sorrir. Apertei seu corpo ao meu e coloquei minha mão em seu rosto, ela fechou os olhos e eu a beijei, senti novamente aqueles lábios que tanto desejava.
Quentes, macios, doces, saborosos, assim é o resumo de como seus lábios são. Enquanto nos beijavamos era como se não existisse mais nada a nossa volta, eu só queria saber dela e de como tudo parecia tão perfeito. Nossos lábios se encaixaram de forma perfeita, nossas línguas estavam sincronizadas que era como se nossas bocas fossem velhas amigas, mas ao mesmo tempo estavamos tão ávidos um pelo outro que parecia que essas velhas amigas haviam sido separadas durante uma eternidade.
Desgrudamos nossas bocas e olhamos um ao outro enquanto tentavamos puxar todo o ar que havia nos faltado. De repente ela sorriu, passou suas mãos pelo meu pescoço e me puxou para ela novamente, eu não negaria seu pedido. Nos beijamos de novo e durante esse beijo eu fui guiando nossos corpos para a parede mais próxima, o corpo de Sakura se chocou a parede e ela deu um gemido que foi abafado pelo beijo. Ela puxava meus cabelos na nuca, isso me deixou enlouquecido e comecei a pressionar sua cintura com minhas mãos, ouvindo seus gemidos em aprovação.
A cada segundo que passava eu me sentia intoxicado. Sakura beijava meu pescoço, eu sentia aqueles lábios úmidos me arrepiarem e eu estava desejando que aqueles lábios fossem meus para o resto da minha vida. Quando ela levantou seu rosto e me encarou com a boca entreaberta e os olhos brilhando, não me segurei e comecei a brincar mordiscando o lóbulo da sua orelha e então a ouvi suspirar, desci para seu pescoço e comecei a dar leves beijos que logo se converteram em chupões, Sakura gemia meu nome e ainda segurava meus cabelos como se estivesse me forçando a não largar seu pescoço, sorri com isso e voltei a beijar seus lábios.
Nos encaramos enquanto buscavamos ar para nossos pulmões, fui me afastando de seu corpo e ela se apoiou na parede. Ficamos apenas nos fitando, ela estava linda, a observei bem e vi que estava arfando com os cabelos levemente bagunçados, face rubra, lábios vermelhos e inchados, também observei alguns lugares avermelhados no pescoço.
Sentamos cada um em uma poltrona, de frente para o outro, ela sorriu e se afundou na cadeira buscando uma melhor acomodação. Ela perguntou em tom brincalhão:
"- Você não deveria estar trabalhando?"
A encarei sorrindo e lembrei que realmente havia que assinar documentos para entregar no dia seguinte. Levantei e me sentei a mesa analisando toda a papelada, ela puxou a cadeira e sentou próximo a minha mesa. Eu a fitei e disse:
"- Não precisa ficar."
Ela me olhou sorrindo e respondeu:
"- Eu quero ficar." - em seguida acrescentou se levantando da cadeira - "Mas se eu tiver atrapalhando..."
Não a deixei terminar, não queria que ela fosse. Desejava sua companhia ao meu lado... todos os dias.
"- Você não atrapalha. Pode ficar se assim quiser."
Vi ela se sentar novamente e olhar o luar através da janela. Então eu sussurrei:
"- A lua fica no céu escuro, em uma hora em que quase ninguém está acordado para vê-la. Ela não brilha como o sol e muito menos aquece."
Ela continuou observando a lua e me respondeu de forma calma, fazendo com que eu sentisse carinho em sua voz:
"- A lua está cercada de várias estrelas que podem lhe fazer companhia, não importa se muitas ou poucas pessoas a veem porque isso não a tornará menos bonita. E de que importa o sol brilhar tanto se não podemos olhar para ele sem nos cegarmos? - ela virou o rosto me fitando com aquelas esmeraldas e continuou ? Ah Gaara... A lua aquece o coração dos apaixonados."
Depois de ouvir o que ela disse eu simplesmente não sabia o que dizer, estava completamente estagnado. Afinal, eu era a lua solitária, a Sakura entendeu a metáfora e me mostrou outras possibilidades de encarar o que estava ao meu redor e a mim mesmo. Sakura é realmente especial, e ela estava certa sobre o que falou. Será que eu aquecia o seu coração?
Ficamos conversando durante um bom tempo, depois Sakura se calou e eu continuei a trabalhar. Quando terminei tudo a chamei para irmos dormir, ela não respondeu então eu a fitei e vi que estava dormindo. Comecei a sorrir vendo aquela mulher de cabelos rosados dormindo serenamente na poltrona, fiquei sem coragem de acorda-la por isso, a peguei no colo e fui subindo as escadas até a deixar acomodada na sua cama improvisada no quarto da Temari, sinceramente não sei porque Sakura decidiu dormir aqui tendo tantos quartos para ficar. Beijei a testa da rosada e já estava saindo do quarto quando:
"- Boa noite Gaara."
Olhei de volta para o quarto vendo Temari acenando e sorrindo depois de ter me dado boa noite. Sorri para ela e fui em direção ao meu quarto.