Heaven Way

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    14
    Capítulos:

    Capítulo 10

    X - A História de um Herói

    Álcool, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Violência

    O retorno para casa foi bastante tranquilo naquela madrugada, e Kyo estava grato por isso. O treino intenso e a briga na Casa das Águias o exauriram de suas forças mais do que achou que fariam.

    Ao chegar em casa, colocou o vinho na cozinha e ia se dirigindo para o quarto, quando passou por sua mãe na sala. Ela estava segurando um álbum de fotos e tinha a aparência de quem esteve chorando não muitos minutos atrás. Kyo se aproximou e sentou-se ao seu lado e a abraçou. As fotos que estava vendo eram de seu pai.

    - Você se parece tanto com ele meu filho... - a voz parecia orgulhosa apesar do peso que o choro anterior havia lhe dado - vai se tornar um homem bom como ele também.

    - Queria te-lo conhecido melhor. Eu era tão pequeno... quase não possuo recordações dele.

    - O caminho para que você se torne como seu pai tem se aberto tão rápido para você, meu filho. Temo que acabe como ele. - Estava prestes a cair no choro outra vez.

    - Não se preocupe mãe, não vão conseguir me matar tão facilmente. - sorria enquanto falava para tentar animar a mãe - Você verá, irei me tornar um guerreiro muito mais forte e aclamado que meu pai, e morrerei de velhice nessa nossa linda casa. - soou o mais confiante possivel, e para ele isso era muito mesmo. sempre fora um rapaz confiante e carismático.

    - Eu sei que vai, filho. Seu pai também sabia. Ele sempre dizia: "Um dia esquecerão das minhas histórias por causa das que esse garoto irá criar." - a lagrima que se seguiu a essa recordação veio acompanhada de um sorriso - Tenho tido um mal pressentimento, filho. Algo ruim está para acontecer e você está tão no meio do lugar mais perigoso.

    Kyo abraçou sua mãe para reconforta-la.

    - Vou ficar bem mãe, não se preocupe.

    - Quer ouvir sobre ele? - desde quando Kratus estava ali Kyo não sabia dizer, mas estava.

    - Kratus? Como? Desde quando está aqui?

    - Desde que você demorou a chegar e sua mãe me procurou para saber onde estava. Suba, Yume. Está cansada.

    A mãe de Kyo respondeu àquilo com um ligeiro aceno de cabeça. Se levantou, fechou o álbum e deu um beijo na testa de Kyo. Quando passou por Kratus, indo para seu quarto, disse:

    - Cuide do meu garoto. - recebeu um aceno de cabeça como resposta, e subiu.

    - E então, quer saber como ele era? - disse Kratus se sentando ao lado de Kyo.

    - M-Meu pai? Sempre quis saber de seus feitos e como morreu mas... minha mãe apenas me contava como ele era enquanto pai e marido, e o quanto ela o admirava.

    - Sim, eu imagino que sim. Entenda que isso é muito doloroso para ela.

    - Entendo, mas realmente queria saber.

    - Certo, vou lhe contar um pouco sobre ele...

    "Seu pai sempre se destacou, eu e ele nos conhecemos quando entrei para o exercito, e mesmo que não viesse de uma família nobre que pudesse te-lo pago um bom mestre de armas, eram poucos os que conseguiam derruba-lo nos treinos, e mesmo esses não o derrotavam sempre. Naquela época eu ainda não era um lutador muito bom, e por alguma razão seu carismático pai se interessou por mim e me procurou num dia de treino. Já aviamos treinado um contra o outro antes, o resultado sempre o mesmo, mas naquele dia não apenas lutamos. Connor era três anos mais velho que eu e naquele dia, me ensinou. Corrigiu algumas posturas, alguns golpes e dali pra frente meu progresso cresceu muito, assim como nossa amizade.

    Passados alguns anos eramos oficiais e a nobreza de seu pai, bem como suas habilidades como guerreiro sempre foram admiradas, inclusive por mim. Éramos companheiros de batalha e muitas foram as vezes em que estive costa-a-costa com ele cortando inimigos. Houve uma vez em que nós dois e mais seis homens, sob comando de seu pai, arrasamos sozinhos um acampamento inimigo. Ele possuía uma inteligencia que você não conseguiu absorver muito bem. -uma pausa para uma risada e continuou - E então veio a ultima grande guerra.

    Foi travada contra o reino cujo príncipe irá se casar com sua amiga, daí você vê a importância desse casamento. Foi a mais sangrenta que essa terra ja viu em séculos e seu pai foi fundamental para a vitória de nosso povo. Mesmo que não tenha vivido para ver os frutos de seu trabalho. Depois de muitas batalhas e de anos de guerra, soubemos que teríamos uma chance de dar um golpe tão forte que decidiria a guerra. Era uma chance ínfima, mas pelo porte que a guerra havia tomado, qualquer chance era uma chance, e eu e seu pai, junto com mais alguns homens escolhidos por nós mesmos fomos preparados para o que todos chamavam a missão kamikase.

    Soubemos que o rei inimigo havia se dirigido a uma fortaleza dominada próxima. A comitiva que trouxe aliada à própria fortaleza a tornava quase inexpugnável, quase, e esse quase era mais do que havíamos conseguido em toda a guerra. Então nossa missão era entrar la, e terminar a guerra matando o coração do reino, porque quando isso acontecesse o resto morreria sozinho. E nós fomos, bravos, valentes e com muito medo, não se engane. Entramos por uma porta escondida durante a madrugada, ajudados por um dos ex-servos daquela fortaleza, agora escravisado pelos seus captores. A missão deveria ser feita de forma rápida e limpa e no começo, de fato, foi. Mas nossa presença tinha sido notada e quando chegamos ao salão principal, as portas se fecharam e estávamos cercados.

    Primeiro vieram as flechas. Nos protegemos atrás de nossos escudos o melhor que podemos e ficamos sendo beliscados por flechas de raspão, e foram tantas que bateram em nossos escudos e com tanta força, que a força de nossos braços se esgotava antes delas. Alguns escudos se abaixaram e muitos morreram naquela hora. Por fim as flechas acabaram e era hora das espadas. Com nosso pequeno número já um pouco reduzido, fizemos um circulo e esperamos a morte vir nos buscar, mas a esperaríamos com espadas nas mãos e não iríamos sozinhos.

    Espadas se chocaram contra espadas, contra escudos; homens nossos caíram, deles também. perdíamos um dos nossos para cada 10 deles e seu pai parecia um deus da morte naquele dia. Estávamos lado a lado quando aconteceu. Três soldados vieram na direção minha e de seu pai, nessa hora o circulo já havia se desfeito mas alguns de nós ainda resistiam em pé. Não eram soldados comuns, reparamos que eram capitães como eu e seu pai, o que nos encheu de esperança pois, se eles estavam ali era porque corríamos o risco de vencer. E então lutamos.

    Seu pai e eu combinamos forças e golpes para enfrentar aqueles que estavam a nossa frente, mas eles eram bons, e eramos acertados mais do que acertávamos. Após alguns minutos de luta eu havia perdido a capacidade de segurar o escudo por conta de um corte no braço, o mesmo corte que me deixou essa cicatriz, e seu pai também não estava nada bem, tinha um corte na coxa que sangrava de forma muito preocupante. E nós só havíamos matados um dos três e ferido um segundo mas não tanto quanto estávamos feridos. Até que fui atingido nas costas, aquilo me fez cair e teria morrido, se a espada furiosa de seu pai não tivesse trespassado a garganta daquele que havia me atingido. Mas sua distração acabou possibilitando que o terceiro desferisse um corte vertical que arrancou toda a pele e um pouco de músculos do braço esquerdo de seu pai. Este eu matei retribuindo o favor a seu pai. Estávamos exaustos mas seu pai ainda precisava cumprir uma missão. O rei estava tão confiante de que seríamos exterminados que se deu ao luxo de comparecer a carnificina.

    Seu pai foi em sua direção se arrastando sobre os pés, e todos os sobreviventes, nossos e deles, estavam perplexos pelo que tinham acabado de ver, e pela perspectiva do que veriam de forma que ninguém se interpôs a ele. O rei se levantou, desembainhou a espada e foi de encontro a Connor. Uma rápida luta se deu. O rei tentou uma estocada no coração que foi aparada seguida de um contra-ataque, mas Connor estava fraco demais e seu golpe também foi aparado e em seguida ele foi atingido no peito por um golpe do qual não conseguiu desviar a tempo, e sangrou mais. Depois de dar uma olhada ao redor, e me conceder um sorriso, Connor deixou abertamente que o rei transpassasse sua barriga com a lâmina, a manteve presa, e retribuiu o favor. Sua espada atravessou vísseras e a coluna, de forma que, mesmo que o rei ainda viva, vive até hoje em constante febre, enfermo e paralítico. Naquele momento me arrastei até ele e ele me disse: 'conseguimos Kratus, nós fizemos isto.' Mas eu estava em prantos e não consegui devolver a ele o sorriso que me concedeu ali, o seu último."

    - E foi assim que seu pai foi sagrado o maior herói de nossa reino. E você Kyo, é seu legado. Tenho certeza de que Connor estaria orgulhoso de ver o que tem feito nos últimos dias.

    Kyo ficou sem palavras depois de saber quem e o que seu pai havia feito. Conhecia os boatos, mas ouvir da voz de um dos poucos que sobreviveram àquilo era uma outra história. Agora mais que nunca estava motivado a igualar seu nome ao de seu pai, pois já não acreditava que superá-lo seria algo possível.

    Porém o que Kyo não sabia, é que enfrentaria poderes e forças que seu pai não havia conhecido.


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