Irritante

  • Finalizada
  • Cacalchan
  • Capitulos 1
  • Gêneros Comédia

Tempo estimado de leitura: 13 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 1

    Irritante

    Estava caminhando pelas ruas de Konoha com o meu inseparável aparelho de aparência fina, pequena e de um azul esverdeado; era meu insubstituível MP5 que eu havia ganhado de aniversário há um ano. Eu estava ouvindo um rock pesado, para ser mais precisa "Back in black" do AC/DC. Estava de olhos fechados fazendo gestos com as mãos enquanto cantava desafinada como sempre. Já podia imaginar que por onde passava recebia olhares curiosos, talvez me achando uma louca ou então pensando, como eu conseguia desviar das pessoas e objetos, como pedras, estando de olhos fechados. Sempre tive os sentidos bastante aguçados e as aulas de ninja na escola ajudaram bastante. Se bem que no começo muitos pais não aprovaram essa ideia de treinamento ninja, que a escola teve. Pais, como sempre, caretas. Fiz uma expressão de desagrado só de lembrar-me da cara dos meus, quando eu disse que ia fazer as tais aulas. Mas depois eles adoraram, ao ver que eu havia amadurecido deixando de ser aquela menina mimada que vivia chorando pelos cantos. Desviei de um objeto mediano que se encontrava no chão e logo em seguida, olhei de canto e vi duas mulheres, que aparentavam estarem na casa dos trinta, me olhando surpresas. Sorri. Mesmo quando não tinha essa habilidade toda, as pessoas sempre me olhavam com aquela expressão. Afinal, era difícil encontrar alguém que possuía as madeixas rosadas, ainda mais quando eram naturais. Sim é natural, porém ninguém acredita quando eu falo. Tirando o meu cabelo, eu era bastante "normal". Tinha uma altura mediana, pele branca, olhos esverdeados. Bem, o meu corpo não era tão evoluído como das meninas da minha sala, mas eu não me importava, de certa forma até agradecia a Kami-sama por isso. Não que eu não acho bonito, aqueles corpos fartos, só não combina comigo.

    Logo que a musica acabou, abri os olhos e comecei a mexer no aparelho mudando de musica, já que a maioria delas eu já havia me cansado de tanto escutar. Virei uma rua que conhecia bem, ela era larga, sem pedras no caminho, e suas casas eram tanto que luxuosas; era a melhor Rua de Konoha, e ali morava uma das minhas melhores amigas, Hinata. Podia parar ali e chamá-la, mas ela havia viajado com a família para a capital. Pois é, nas ferias eles continuavam no Japão. Não era algo estranho se tratando de Hiashi-sama, o pai da Hina, ele era do tipo patriota. Não saia de seu país de jeito nenhum. A casa da Hina era a mais bonita da rua, grande, dois andares. Sua fachada era do estilo tradicional, de cor creme. Passei por ela admirada. Depois disso, voltei minha atenção ao objeto, a bateria já estava fraca, apertei o botão nem vendo direito qual era a musica. Assustei-me e em seguida me xinguei mentalmente. De todas as 120 musicas eu tive que escolher logo essa, a musica que me lembrava ele.

    Seu nome era nada mais nada menos Uchiha Sasuke, o nome que não saia da minha cabeça, e que a cada momento eu sussurrava por entre os cantos. Era terrivelmente irritante sentir o que eu sentia por ele. Ri só de lembrar o quão idiota eu era em acreditar que poderia acontecer algo entre a gente. Ele só queria brincar comigo, com os meus sentimentos, apenas isso. Mas parecia tão real, aquilo tudo parecia real. Quando ele sorria pra mim, me olhava nos olhos. Lembro como ele me chamava de irritante, mas era de uma forma carinhosa. Quem eu quero enganar, aposto que eu era irritante pra ele. Ele era o tipo galanteador, para não dizer galinha, e eu era apenas mais uma na lista dele. Como eu pude me enganar. O que mais me irrita nisso tudo, é eu não ter nenhuma raiva daquele idiota. Mas ter raiva por quê? Fui eu que me iludi, ele nunca falou que gostava de mim, muito menos que me amava. Na verdade nunca chegamos a nos falar, eu era de uma sala e ele de outra. Víamo-nos apenas por entre os corredores da escola, foi ali que eu o conheci. E lembrar que eu o achava idiota, e achava mais idiota ainda as garotas que ficavam em cima dele. Agora eu era a idiota. A idiota que suspirava pelos cantos, só em vê-lo e saber que ele também estava olhando pra mim enquanto conversava com seus amigos. Talvez estivesse contando alguma piada sobre mim, o quanto eu era ridícula, ou algo parecido. Sorri de canto, lembrei do dia em que ele passou por mim e tocou em minhas mãos de propósito, do dia em que ele passou a mão em minhas madeixas ou do dia em que ele teve a audácia de pegar em minha cintura. Aquilo me irritou. Quem ele pensava que era? Cretino. Aposto que sabia que eu era afim dele, só estava brincando comigo. E se ele brincava com meus sentimentos, ele tinha culpa sim!

    Distraída com meus devaneios acabei virando em direção a rua errada, olhei ao redor, era uma rua larga, tinha até uma mini-pracinha no meio, é mini-pracinha, era minúscula aquilo lá. Eram praticamente duas arvores mediana, sem nenhum fruto, e um banquinho de cimento, onde não podia se sentar porque ele virava, é o banco estava uma porcaria, xexelento como a Ino dizia. As casas, algumas eram lindas e outras pareciam abandonadas, e algumas estavam mesmo abandonadas. Era uma rua um tanto perigosa à noite, sorte minha que a noite ainda estava muito longe de chegar. Mas o problema naquele momento não era a rua ser perigosa, e sim, estar andando pela rua onde o Uchiha idiota Sasuke mora. Que maravilha, não bastava eu pensar nele, eu tinha justamente que passar pela rua dele. Quando eu tive a brilhante ideia de me virar e voltar para a outra rua, já era tarde demais. Quem eu vi sentado na porta de sua casa? Pois é, o próprio teme (apelido ?carinhoso? que o Naruto dava ao seu melhor amigo). Eu não ia dar o gostinho a ele de me virar e voltar, com certeza ele ia achar que era por causa dele, o que seria, mas não importa. O jeito é enfrentá-lo. Ele estava ali sentado de frente a porta de sua casa que ficava exatamente em frente ao banco xexelento da super mini-pracinha, pelo menos ele estava com sua camisa azul, imagina se ele estivesse sem camisa, eu com certeza daria meia-volta e saia correndo. Por incrível que pareça ele estava sem BONÉ, o que o deixava mais lindo, eu não sei o que ele via naquele boné que ele usava TODO DIA, não combinava nada com ele. Prosseguindo, ele usava uma bermuda branca, que com certeza deve ter sujado ao sentar naquele cimento da calçada alta da casa dele, e por fim ele estava me encarando.Podia uma desgraça maior? Claro que podia, eu estava o encarando também. Só que eu tinha algo para me distrair, o meu lindo MP5 que no momento estava descarregado, mas ele não sabia disso, eu podia muito bem fingir que estava ouvindo uma música. E então em passos lentos, eu não sei por que eu estava andando tão lenta, passei bem na frente dele com o meu consciente gritando: NÃO FALE NADA SASUKE, NÃO VENHA COM PIADINHAS, NÃO FALE NADA, NÃO FALE NADA... Enquanto o meu inconsciente sussurrava: fala alguma coisa, alguma piadinha, fala, fala, chama meu nome.

    ― Oi Sakura! ? parece que meu inconsciente havia ganhado, não só ele me deu um olá como se levantou e ficou parado na minha frente.

    ?O que você quer?? Era o que eu devia ter falado.

    ― Oi! ? foi o que eu disse meio confusa ao tirar os fones do ouvido.

    ― Eu... Bem... Meu nome é Sasuke ? ?Eu sei o seu nome idiota? ― Você deve saber. ? ?metido?.

    OPA! Peraí! Ele hesitou, e se hesitou é porque não sabe o que falar, então porque me abordou?

    ― Agente estuda na mesma escola. ?Jura? Nem reparei. Você por acaso é aquele menino que pegou na minha mão, disse que eu era doidinha por você, e que quase me beijou na festa da escola? Bom te ver!? Minha língua estava coçando pra dizer tudo aquilo, mas eu apenas disse:

    ― Eu sei. ? ter sido monossilábica acabou com ele. STRIKE 1

    ― Será que.. err... podemos conversar?

    OK! Quem é esse? Algum alienígena o abduziu e se apoderou do corpo dele ou isso é uma alucinação? Desde quando o metido do Sasuke iria querer conversar comigo? E porque ele hesitou de novo e ainda mexeu em seu cabelo, o que foi fofo por sinal.

    ― Por que você quer conversar comigo? ? eu não sei se eu pensei aquilo ou falei aquilo.

    ― Eu queria te pedir desculpas.

    Parecia que eu havia levado um choque, eu fiquei simplesmente parada que nem uma estatua. Desculpas? Por que ele me pediria desculpas? Será que ele bebia? Só podia ter bebido. Até que uma ideia bizarra veio na minha cabeça, era uma pegadinha, com certeza. Comecei a olhar pros cantos, olhei pra roupa dele, olhei pro alto, pro chão, pras arvores da ?mini-pracinhazinha?, pro banco xexelento, até pras minhas próprias roupas.

    ― O que foi?

    ― Estou procurando alguma câmera ou um microfone. ? sussurrei sem parar de procurar.

    ― Por quê?

    ― Você me pedir desculpas, é uma pegadinha não é?

    ― Não. ? disse com um riso de canto. ― Você é mesmo doidinha, eu gosto disso.

    Fiquei vermelha em um ato, enquanto minha cabeça rodopiava. ?Eu gosto disso.? ?Eu gosto disso.? ?Eu gosto disso.? ?Eu gosto disso.? ?Eu gosto disso.? Ele gosta de mim, meus olhos brilharam por um momento, até eu me lembrar, não, Ele gosta disso.

    ― Desculpas, mas por quê? ? consegui dizer.

    ― Por que eu fui um idiota com você. ? não sabe o quanto eu vibrei por dentro. ― Eu soube que você era afim de mim e então, - ah! Não sabe o quanto eu quis matá-lo. ― eu acabei brincando com os teus sentimentos.

    Imaginei um carro atropelando-o nesse momento, ou então um avião que deixava cair uma tonelada bem na cabeça dele, melhor ainda, o avião caindo na cabeça dele.

    Eu podia dizer tantas coisas, como:

    ?Eu, afim de você? Há há há. Faça me o favor.?

    ? Quem te disse isso??

    ?Acho que você está confundindo, era a Hinata que era afim de você.? Com certeza a Hinata me mataria por tal calunia.

    ?VOCÊ NÃO SABE O QUANTO ME FEZ SOFRER, EU TE ODEIO!? Eu não faço o tipo de novela mexicana. Apesar de que um tapa na cara dele daria um belissímo gran finale.

    Mas acontece que eu não disse nada.

    ― Você deve me achar um babaca.

    ― Acho. ? disse vendo a cara dele desmanchar. Não estava animada pra dizer STRIKE 2. ― Por que você fazia isso?

    ― No começo, era pelo meu ego, mas depois era por...

    ― E porque esta fazendo isso? ? o interrompi, irritada.

    ― Isso o que? ? o burro não entendeu.

    ― Por que esta me contando?

    ― Por que eu queria me desculpar.

    ― Você não parece o tipo de pessoa que pede desculpas.

    ― Você não me conhece.

    Realmente eu não o conhecia e nem ele me conhecia, talvez eu esteja o julgando mal esse tempo todo, e se ele não for o idiota que todos dizem na escola, pelo menos é o que dizem os garotos invejosos, mas se ele tem um amigo como o Naruto, (que era muito legal apesar de tapado por não perceber que a Hinata é afim dele) ele talvez não seja tão idiota assim.

    Eu decidi então dar uma de louca e falar tudo que eu penso. Ou seja, estragar toda a situação. Mas antes disso eu tive que me sentar, sentei na calçada dele enquanto ele continuava em pé de frente pra mim.

    ― Engraçado. ? suspirei. ― Nós dois não nos conhecemos, mesmo assim eu fiquei afim de você... ? o fitei observando um sorriso aparecendo em sua face, como aquilo me irritou. ― E você não parava de pegar no meu pé. O que você pensa sobre mim?

    Vi que ele não ficou confortável com aquela pergunta, até resolveu sentar ao meu lado, talvez pra não me encarar enquanto respondia.

    ― Eu penso que você é louquinha por mim. ? eu juro que ia dar uma cotovelada nele. ― Que você é maluca, doida de pedra. ? aquilo estava me deprimindo. ― Irritante, divertida, doida, e totalmente linda. E você o que acha de mim?

    Respirei fundo após o ?totalmente linda? e respondi:

    ― Um completo idiota, irritante, metido, galinha, e.., - pousei o dedo indicador nos lábios, pensativa. ― Bem... Você também é bonito.

    Eu o fitei, ele estava rindo, o que me deixou surpresa.

    ― Por que esta rindo?

    ― Você esta mesmo apaixonada por mim. ? disse na maior cara de pau.

    ― Você se acha não é? Vai começar a brincar com meus sentimentos de novo?

    ― Claro que não. Confesso que eu brincava com seus sentimentos, mas depois eu... Bem... Eu gosto de você de verdade, quer dizer, eu sou louco por você. Apaixonado.

    ― Como? ? minha boca estava entre aberta, meus olhos piscavam sem parar. Uchiha Sasuke estava bem ali na minha frente confessando que era louco por mim, apaixonado. Eu já ia virar o rosto à procura de um microfone ou alguma câmera quando ele pousou sua mão em minha face.

    ― Não é nenhuma pegadinha. ?disse sorrindo. ― Eu estou apaixonado por você.

    Ele se aproximava cada vez mais perto, seus olhos estavam tão fixos em mim, ele me encarava tão profundamente que me fez arrepiar com o toque de seus dedos em meus lábios. O que ele pensava que ia fazer? Só porque ele se declarou ele acha que pode ir logo me beijando? Como se eu fosse esquecer o que ele me fez. Sasuke realmente não me conhece.

    Ou talvez eu não me conheça. Ele me beijou. E eu... Bem... Eu retribuí.

    Ficamos ali nos beijando como dois apaixonados, até o ar nos faltar.

    ― Você é bem maluquinha.

    Eu não sei o que tinha acontecido com aquele garoto, pelo beijo deu pra perceber que ele não havia bebido então só podia ser um alienígena que havia se apoderado do seu corpo ou então alguma alucinação. Só sei que eu queria que aquele momento congelasse.

    ...

    ― Ei! Ei! Ei! Você esta bem?

    ― Como é? ? perguntei sem entender.

    ― Você esta parada ai em pé já faz 15 minutos.

    ?Como é? Em pé?? Em pé? Pensei que eu estava sentada, como é que eu fui parar aqui? E o Sasuke ele também estava sentado, e porque ele disse que eu estava a 15 minutos, parada aqui?

    ― O que aconteceu? ? perguntei.

    ― Você estava vindo andando com o seu celular e de repente ficou parada aqui.

    ?É um MP5!? quis corrigi-lo, mas não estava com cabeça pra isso. Então não passou de uma ilusão, ele ter me abordado, as desculpas, o beijo. Ah! Como eu fiquei irritada, como eu fui uma idiota! É claro que aquilo nunca iria acontecer!

    Comecei a caminhar em passos pesados, aquilo tudo me frustrou, maldita hora que eu fui sair de casa. ARGH!

    ― Ei! ? ele chamou.

    ?Ei! Ei! Não sabe chamar pelo meu nome, é SAKURA!? pensei ao me virar.

    ― O que foi?

    ― Não vai agradecer? ? perguntou com deboche. Com certeza aquele era o Uchiha Sasuke.

    ― Cala a boca!- gritei irritada.

    ― Sua louca! ? disse aquele...

    ― Idiota!

    Virei-me e comecei com meus passos pesados outra vez, até eu e ele dissermos em unisomo:

    ― Irritante!

    FIM


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