Desejo

  • Finalizada
  • Aanonimaa
  • Capitulos 1
  • Gêneros Deathfic

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Trecho único - Desejo

    Heterossexualidade

    Desejo

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    Trecho único

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    Em certa manhã, Fernando acordou e desejou ter uma namorada. Ao virar para o outro lado na cama, se deparou com uma linda moça.

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    Fernando desejou ter um carro do ano, bonito, para poder desfilar pelas ruas sorrindo. No dia seguinte havia um novinho em sua garagem.

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    Quando passou por um sufoco em sua vida econômica, desejou ter dinheiro, e assim aconteceu.

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    Fernando entendeu que tudo o que ele desejava acontecia, então desejou receber uma promoção em seu emprego.

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    Com a certeza de que tudo que queria, teria, contou para sua esposa que era abençoado pelos deuses.

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    A moça riu, afirmando quem era mais fácil ele ser o bichinho de estimação deles. Fernando nada comentou.

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    Dia vai, dia vem, e Fernando aproveitava de seus desejos.

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    Desejou poder, sabedoria, respeito. E, como sempre, os deuses lhe concediam seus desejos.

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    Até que, um dia, Fernando recebeu a notícia de que sua mãe havia falecido. Confiante de que os deuses lhe atenderiam, desejou que ela voltasse a viver, mas não foi atendido.

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    Irritado, Fernando amaldiçoou os deuses, e disse que preferia morrer a ficar sem sua "velha".

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    Alguns meses depois descobriu que estava com uma doença terminal. Suplicou ajoelhado, chorando como um menino, mas não foi respondido.

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    Os deuses haviam se cansado, um bichinho de estimação ingrato não merecia a benevolência deles.

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    E ainda haviam sido generosos em lhe conceder um último desejo?

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    Já à beira da morte, Fernando novamente tentou. Pediu dessa vez sem choro, sem súplica. Seu único resquício de esperança lhe dava forças para fechar os olhos e pedir com sinceridade, com todo seu coração.

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    E ele ouviu. Ouviu o riso debochado dos deuses, eles lhe sussurravam: "Havíamos sido legais com você, e o que ganhamos?"

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    E caíram no silêncio.

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    Se amaldiçoando por ter sido tão estúpido, calou-se e nada mais falou até seu último minuto de vida.

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    E uma voz suave lhe soou aos ouvidos: "Não podemos trazer os mortos à vida, mas você nos insultou não com seu pedido, mas sim com seu tom de voz exigente. Fazíamos porque queríamos."

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    E, enquanto sentia a morte lhe rondar, Fernando fez tudo o que poderia fazer no momento. A coisa mais importante, e que ele havia esquecido.

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    "Me desculpem por minha arrogância e insensibilidade. Agradeço por tudo que me deram, aprendi a minha lição?"

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    Mas já era tarde demais para ele?

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    Pobre Fernando.

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    Teve a oportunidade de ter tudo que quisesse, mas não soube administrar.

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    Sua língua lhe levara a ter seu futuro arrancado de suas mãos, e ainda deixou a dor para trás?

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    A bela moça, esposa de Fernando, ao descobrir que estava grávida, agradeceu aos deuses pelo presente.

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    Com toda a alegria cuidava da criança em seu ventre, se alimentando bem e não ingerindo coisas que o pudessem afetar.

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    Mas o pecado de Fernando não havia parado nele, os deuses eram vingativos e cruéis.

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    Aquele era o fruto de seu amor para com seu esposo.

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    Mas, alguns poucos meses depois, a moça teve um aborto espontâneo natimorto.

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    Chocada, machucada e ferida, ela chorou copiosamente na maca do hospital.

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    E desejou nunca ter conhecido Fernando, para não ter que passar por tudo aquilo.

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    Seu desejo foi realizado quando, depois de acordar de um desmaio, a moça já não se lembrava de um dia ter se casado?


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