O Hotel da Bürgersteig Trauer

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    Capítulos:

    Capítulo 1

    O hotel da Bürgersteig Trauer

    Mutilação, Violência

    Nunca gostei de cidades grandes e movimentadas, por isso resolvi me mudar para a pacata cidadezinha de Paradise, não colocaram esse nome por acaso, é um lugar calmo, onde todo mundo se conhece. O vínculo entre essas pessoas é tão grande que a maioria nem se lembra de como se conheceram. E foi aqui que resolvi viver. Aluguei um quarto no hotel da Bürgersteig Trauer , a maioria dos moradores vivem aqui há anos, isso é um bom sinal. As pessoas devem gostar daqui... Foi o que pensei no início. Nunca tinha visto nenhuma daquelas pessoas antes, os moradores do hotel da Bürgersteig Trauer parecem ser bem diferentes dos simpáticos moradores de Paradise.

    Fiquei sabendo na recepção que o segundo andar estava vazio, então resolvi alugar um quarto no terceiro andar, para manter uma distancia segura dos outros moradores, distancia saudável para colocar o som no último como sempre fazia.

    Durante a primeira noite dormi feito uma pedra, muito cansada da viagem. Mas durante a segunda, o barulho incômodo no segundo andar não me deixou pegar no sono. Reclamei no dia seguinte com o cara da recepção, mas ele lia calmamente um jornal velho e sequer me olhou.

    Frustrada, voltei ao meu quarto. Continuei arrumando o quarto, deixando ele com algo mais de "lar", ouvi músicas o dia inteiro e nem fui incomodada nenhum vez, como havia previsto, isso me deixou feliz. Porém durante a noite, mais uma vez os ruídos no segundo andar. Resolvi ir até lá e ver o que estava acontecendo, mas assim que saí do meu quarto para o corredor percebi que os sons vinham do elevador, que parecia repetir um trajeto do primeiro ao terceiro andar, sempre parando no segundo, e algumas vezes não chegava ao terceiro, tive medo de adentrar o elevador, poderia ter algo errado com ele, e não seria legal aquele elevador cair comigo até o térreo. Voltei para a cama, muito chateada com o barulho!

    No dia seguinte reclamei novamente com o cara da recepção. Contei que me levantei e pude perceber que o barulho vinha do elevador. Dessa vez ele me mandou cuidar da minha vida. Não respondi, nunca gostei de discussões.

    Caí em um sono profundo durante a tarde, depois de ler um romance de Shakespeare. Acordei quando já estava anoitecendo. Desci até o térreo para ver se havia chegado alguma correspondência e notei que havia chegado um grupo de amigos, eram quatro, dois rapazes e duas moças. Ouvi quando um dos rapazes pediu um quarto no segundo andar, o cara da recepção negou, dizendo que o segundo andar estava interditado. Então concordaram em ficar no terceiro... Eu teria vizinhos...

    Estava lendo, já que não conseguia dormir, quando outro barulho, além do que ouvia sempre vindo do elevador, eram passos e risos no corredor, me levantei e fui pedir que fizessem silencio. Era aquele grupo de amigos que vi durante a tarde. Me surpreendi quando um dos rapazes me disse para deixar de ser "careta". Ele disse aquilo como seu fosse uma velha ranzinza... Eu... Com apenas 21 anos de idade! Ele percebeu minha indignação e me chamou para que fosse com eles até o segundo andar. Eu os lembrei de que estava interditado.

    Mas é exatamente por isso que vamos até lá, madame!!!

    Novamente aquele que parecia ser o líder do grupo, rapaz abusado! Eu aceitei a proposta, não queria que continuassem me achando careta, entramos no elevador e fomos até o segundo andar, o corredor era aparentemente normal, como o do terceiro, ao qual eu já estava acostumada, os quartos também pareciam nada ter de diferente, porém no último quarto, assim que abrimos a porta, um cheiro horrível se espalhou pelo ar, uma das garotas vomitou até desmaiar. Ninguém entrou no quarto. No outro dia fomos todos reclamar na recepção. Disseram para procurar outro hotel, já que estávamos tão incomodados.

    Anna, Vitória, Thomas e Steven, fomos apresentados de uma forma bem estranha e só falamos nossos nomes quando já estávamos reunidos no meu quarto. Demoraram um pouco para compreender o meu nome, Harley...

    A partir dali nos tornamos bons amigos, difícil acreditar, mas foi isso, nos tornamos melhores amigos em apenas uma noite.

    No dia seguinte Anna desceu para comprar pizza, esperamos por algumas horas, imaginando que ela pudesse estar em algo importante, mas ela não voltou, durante a noite não ficamos no hotel, procuramos Anna por toda Paradise, mas não encontramos, ninguém a vira, e o Ben, o cara da pizzaria disse que ela não esteve lá, depois que fizemos uma breve descrição. Voltamos para o hotel.

    Thomas sugeriu que procurássemos no segundo andar, eram dez da manhã, teríamos de ir em silêncio para não sermos surpreendidos pelo cara da recepção. Nos detemos diante da porta do último quarto. Quem iria abrir?

    Steven tocou a maçaneta e afastou a porta, de novo aquele cheiro. percebemos que eram cadáveres em decomposição, fétidos...

    Entre eles pudemos ver Anna... Teve os olhos arrancados. Vitória abraçou Thomas por alguns segundo e em seguida saiu correndo até o elevador...

    Subimos novamente para o terceiro andar, estavam todos falando alto, talvez por medo. Então pedi aos três que ficassem calmos. Victória não conseguia conter o choro.

    Todos sabiam que tínhamos que sair o quanto antes do hotel. Caminhamos até o elevador... E começaram novamente os sons estranhos, ficamos com medo do peso dos nossos corpos fazer o elevador ceder, então resolvemos descer em dupla.

    Victória e Thomas foram os primeiros, Steven e eu ficamos esperando impacientes. O elevador demorou mais do que esperávamos para subir novamente, assim que o elevador chegou novamente ao terceiro andar, abri a porta apressada.

    Os dois ainda estavam lá dentro. Assim como Anna tiveram os olhos arrancados, estavam mortos. Steven me puxou pelo braço, a ideia era descer pela escada.

    Conseguimos descer até o segundo, mas encontramos ele na estrada, aquele mesmo homem que me ignorava na recepção. Era muito maior do que eu pensei que fosse. E nós fizemos exatamente o que ele esperava, indo pelas escadas. Steven não pensou muito antes de tentar agredir o homem, não foi uma boa idéia, pois antes mesmo que chegasse onde o outro estava, já estava com uma faca fincada na perna... Ele realmente bom em atirar coisas. Ajudei Steven a subir o mais rápido que pude. E ele apenas nos olhava, parecia gostar, pois sabia que não teríamos como sair. Conseguimos chegar até o ultimo quarto do terceiro andar, foi a mais longe que consegui chegar com Steven ferido. Tentei abrir a porta, mas estava trancada, me sentei alo lado de Steven, no fim do corredor, estava chorando como uma criança, não queria morrer.

    E lá estava ele, nos olhando como se fossemos sua presa, chorei ainda mais alto quando o vi, Steven tentava me acalmar, mas ele mal conseguia se manter acordado, havia perdido muito sangue.

    Aquele ser monstruoso se aproximou mais de nós. pegou uma mecha do meu cabelo e cortou com uma faca, eu não parava de gritar. E ele gostava disso. Steven desmaiou quando foi chutado no estomago. Ele mantinha meu rosto virado para o seu, apertando com força meu pescoço, então pegou a longa faca e aproximou do meu olho esquerdo, rindo incontrolavelmente. Eu fechei os olhos. Senti que sua mão largou meu pescoço e ouvi um barulho, algo pesado indo em encontro ao chão. Quando abri os olhos, notei Ben com um machado nas mãos. O ameaçador cara da recepção estava agora sem a cabeça.

    Eu... Pensei que poderiam estar precisando de ajuda.

    Eu agarrei o braço do Ben como se não houvesse mais chão para de apoiar, chorei, enquanto pronunciava um obrigado que ele não pode compreender. Sua ajuda não parou por aí. levamos Steven para o hospital.

    Ben foi o padrinho do meu casamento com Steven... Hoje em dia ele conta histórias de terror "inventadas" ao meu filho. ;)


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