Meus passos eram largos e desesperados, ruídos de galhos se quebrando e pedras se chocando rodeavam a atmosfera combinados com minha respiração ofegante. O suor escorria da minha testa beijando minhas pálpebras, impedindo meus olhos de continuar sua desesperada ronda. Era tarde, muito tarde, ao fundo se ouvia os murmúrios da floresta me desejando uma morte rápida.
Já estava sentindo câimbras, meu corpo todo tremia ao ritmo da arritmia, o ar me faltava aos pulmões, me concentrar seria pedir demais, porém mesmo assim conseguia te ouvir, passos firmes, respiração controlada, sei que seus olhos estão me seguindo, sentia eles sobre mim, aqueles orbes avermelhados, nesse momento com seu brilho sádico e que há tão pouco tempo me eram cheios de ternura e paixão.
Suplicas neste momento seriam em vão, seus lábios esboçavam um sorriso de satisfação, era isso que você queria. Isso lhe dava prazer, o deixava excitado, queria ver o medo em mim, se deliciava com meu desespero, os músculos de seu braço se contraiam, seus tendões do pulso estavam visíveis, pude ver suas juntas saltarem esbranquiçadas conforme ia apertando mais o cabo de madeira trabalhada, a lamina brilhava à luz da lua como se sorrisse para minha desgraça.
Em minha distração por seu olhar acabei tropeçando em um tronco de árvore no chão, senti meus joelhos se chocarem com o chão, bruscamente rodopiei o corpo me rastejando a medida que seus passos se aproximavam, fugir não ia mais adiantar, ali era seu território, e era exatamente ali que você me queria com aqueles olhos, com a minha expressão, afinal você era o caçador e eu a sua caça.