Todo meu odio

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 4

    Um dia pessimo

    Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo

    17 de maio de 2011. Londres, Chelsea. Residência dos Martins 13:58 pm.

    Acordei com uma porra de dor de cabeça que não me deixava em paz. Levantei e fui direto ao banheiro, lavei o rosto, vesti uma roupa só pra não ficar perambulando pela casa de camisola e decidi ir atrás de algum remédio que me aliviasse a dor. Desci as escadas chamando por minha mãe e não obtive nenhuma resposta; então fui até a cozinha e encontrei Henrique comendo alguma coisa que me parecia ser o seu almoço.

    - Cadê o Ben e minha mãe? ? Perguntei, enquanto me sentava a mesa.

    - Não faço ideia. Acordei agora e encontrei a mesa assim, vou comer e arranjar o que fazer. ? Rick falou e me encarou com um sorriso malicioso - Por quê? Você precisa de algo, maninha? ? Realmente, ele não tomava jeito.

    - Se você estiver se referindo ao que o seu sorriso indica que está, não, obrigada. ? Ri fraco ? Preciso de algum remédio, qualquer coisa, ou vou morrer de tanta dor de cabeça.

    - Ok, come alguma coisa e eu te arranjo um remédio. Devo ter algum guardado lá em cima.

    Assim que terminamos de almoçar Rick me chamou para ir até seu quarto buscar o remédio e eu não hesitei.

    - Então, como foi ontem à noite? Se divertiu? ? Perguntei como quem não quer nada, ao mesmo tempo em que me apoiava no batente da porta.

    - Digamos que sim, e você? ? Ele perguntou, enquanto vasculhava suas gavetas, sem sequer me olhar.

    - Bastante, a inauguração estava ótima, o pub estava cheio... Mas você deve saber disso, não é mesmo? ? Ele parou o que fazia, virou-se e me olhou tentando forçar uma expressão de ?não sei do que você está falando?.

    - Ahn? Eu devo saber? ? Dei uma breve risada e voltei ao assunto.

    - Para de se fazer de desentendido, Henrique. Eu te vi no pub ontem à noite enquanto você se agarrava com uma garota em frente ao banheiro feminino, não passou pela sua cabecinha a possibilidade de eu te ver lá? ? Rick voltou sua atenção às gavetas e encontrou o bendito remédio, entregando-me o comprimido branco logo em seguida e colocando as mãos nos bolsos de sua bermuda, parando bem à minha frente.

    - Tá, você me pegou. ? Rimos juntos ? Eu fiquei curioso sobre essa inauguração assim que você me falou sobre ela e, como não tinha nada programado pra ontem à noite, dei um jeitinho de descobrir onde iria ser e de entrar lá sem convite. Não foi nada fácil passar por aqueles seguranças.

    - Aham... E você não pretendia me contar? Digo, não pretendia me contar que foi até lá? ? Olhei-o com certa desconfiança.

    - Não queria que você pensasse que estava te perseguindo ou coisa do tipo. ? Assim que as palavras começaram a escapar pelos lábios de Rick, ele se aproximou mais e me puxou pela cintura.

    - Entendi, entendi... ? Falei, espalmando as mãos em seu peito e o empurrando de leve - Agora vou tomar um banho e dormir pra ver se essa dor de cabeça passa.

    - Fugindo de mim, senhorita Martins? ? Henrique falou com um sorriso de canto, cruzando os braços e parando ao lado da porta assim que saí do quarto.

    - Como se desse pra fugir de você, não é mesmo? ? Ri e me virei em direção ao meu quarto, entrando nele e trancando a porta para garantir que ninguém iria me incomodar.

    Ouvi fortes batidas na porta do meu quarto e mesmo sonolenta pude ouvir minha mãe gritar um ?Venha jantar, Katrielly!?. Esfreguei os olhos e vi no relógio da cabeceira que já eram 21:15h. Ok, eu tinha dormido muito. Eu tinha dormido muito mesmo. Escovei os dentes e fui até a sala de jantar sem a menor vontade, mas como já havia almoçado fora do horário, preferi obedecer minha mãe.

    - Ora, ora, ora, se a bela adormecida não acordou de seu sono eterno. ? Minha mãe disse sarcástica enquanto eu me sentava a mesa e Rick e Ben riam.

    - Eu estava morrendo de dor de cabeça, se não tomasse um remédio e dormisse bastante iria ter um colapso. ? Disse seca, ao mesmo tempo em que começava a comer.

    - Tá, tá. Amanhã você nem ouse tentar escapar do café da manhã. ? Concordei com a cabeça e comi em silêncio. Assim que terminei, dei boa noite para todos e subi as escadas sozinha. Ou quase sozinha.

    - Ei, Lil, espera um pouco. ? Ouvi Rick me chamar assim que abri a porta do meu quarto.

    - Que foi? ? Perguntei curiosa e me virei para ele.

    - Eu tenho uma pergunta pra te fazer, uma pergunta delicada... - Rick falou como quem não tinha muita certeza do que falava e bagunçou os cabelos da própria nuca. Algo estava errado.

    - Entra aqui. ? falei, fazendo sinal para que ele entrasse no quarto ? Quero saber que pergunta é essa.

    Sentamos na cama e ele juntou as próprias mãos, entrelaçando os dedos, enquanto seu rosto formava uma expressão séria e fechada. Algo estava muito errado.

    - Certo. O que você tem pra me perguntar?

    - Eu queria saber, só a nível de curiosidade, o que você faria se a Kate Campbell ressurgisse do nada em nossas vidas... Você a trataria normalmente? ? Dito isso, Henrique olhou no fundo dos meus olhos. Eu gelei. Como, de onde, e por que ele desenterrou essa mulher? O que ele estava querendo insinuar? O que ele queria, afinal? Não, essa definitivamente não era uma pergunta qualquer, sem significado, feita a nível de curiosidade. Tinha algo por trás disso, algo forte, algo realmente forte. Na hora eu me levantei e abri a porta do quarto, furiosa.

    - Não ouse pronunciar o nome dessa... Dessa vadia! ? Pronunciei a última palavra com ódio ? Eu a trataria da maneira que ela merece, da maneira que ela sempre mereceu e sempre vai merecer: com desprezo. Agora sai daqui, eu vou dormir.

    - Lil, calma, foi só uma pergunta e... ? Ele disse se levantando e tentando se explicar, mas logo o interrompi.

    - FOI SÓ UMA PERGUNTA? SAI DAQUI, AGORA! ? Falei, empurrando-o para fora do quarto, antes de fechar a porta pude ouvi-lo dizer:

    - Uma hora você vai ter que superar isso e, quando isso acontecer, você irá se tocar do tempo que perdeu com essa birra infantil.

    Fechei a porta com força e me deitei. Eu não ia deixar as lembranças me atormentarem... Não essas lembranças. Enrolei-me no edredom, as palavras de Rick não saíam da minha cabeça de forma alguma. Fiquei refletindo sobre todos os possíveis motivos pelos quais ele teria me perguntado sobre essa mulher, mas nenhum me pareceu fazer sentido, então decidi me acalmar e esperar pelo dia seguinte para que pudesse pedir um conselho a Cristiane.


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