Europa - Yami kara no Tenshi 闇からの天使

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 5

    A fuga: Apêndice.

    Álcool, Adultério, Drogas, Linguagem Imprópria, Mutilação, Suicídio, Violência

    ? Você está bem?

    ? Estou... Sua mão! Está perdendo muito sangue.

    ? Não se preocupe.

    ? Lave a mão! ? disse Esme alcançando a mochila e tirando ataduras de um bolso. Francesca lavou a mão e Esme enrolou a faixa.

    ? Tudo bem, mas agora precisamos sair daqui.

    ? Sim.

    Francesca subiu na pia e olhou para fora da janela. Era uma rota de fuga perfeita. A janela era alta, mas mesmo assim tinham montanhas de folhas embaixo.

    ? Esme, você vai primeiro, eu tenho mais forças nas pernas para dar impulso e subir sozinha.

    ? Mas você está machucada.

    ? Esme, vá primeiro. Faça como combinamos. Por favor. ? Esme hesitou, mas assentiu vendo que a amiga não desistiria da ideia.

    Francesca deu o impulso para que Esme subisse na janela.

    ? Está limpo, acho que todos estão na área da frente, onde fica a cantina.

    ? Você enxerga o portão dos fundos?

    ? Tem um guarda.

    ? Não importa, é por lá que sairemos. Ele está aberto?

    ? Sim, tem um carro estacionado lá, parece que é o da diretora, mas não há ninguém dentro.

    ? Certo, pule.

    ? É muito alto.

    ? Esme! Depois de tudo o que passamos você vai estragar tudo por uma janela alta? Tem folhas ai embaixo, você não se machucará. ? Esme fechou os olhos e respirou fundo. Por um momento pareceu estar flutuando, mas logo depois disso, sentiu folhas cutucarem sua pele dos braços e da nuca. Ela sentiu as pernas dormentes, mas não era nada de mais. Estava bem.

    ? Franky, eu consegui. ? Francesca pegou impulso. Sentou-se na janela com as pernas para dentro. Olhou para o corpo estirado de Anetta. Ela parecia ainda respirar, mas Franky não sabia até onde ela iria. Depois da ultima olhadela, colocou as pernas para fora da janela e pulou. Seus pés afundaram nas folhas meio secas e ela levantou.

    ? Vamos. ? Francesca e Esme avançaram até o portão que estava meio aberto. Um guarda, com uma pistola no cinto, ficava sentado em uma cabine alta. ? Nós passaremos encostadas na parede da cabine. Tente não fazer nenhum barulho. Ele está armado.

    ? Vou tentar.

    ? Esme, se acontecer qualquer coisa comigo, pelo amor de Deus, não hesite, não tente me ajudar. Continue. ? Esme assentiu com a cabeça. ? O endereço de Pierre está dentro da mochila. Pegue o trem para Paris, não dá quatro horas de viagem. ? Francesca beijou a testa de Esme que sorriu.

    ? Não Franky. Você vai sair dessa comigo. Chagamos tão longe. Nós conseguiremos juntas.

    ? Claro. Você está certa. ? Talvez ela estivesse, mas Franky sentia-se fraca de mais pela perda de sangue. A conseqüência do impulso que ela havia feito para subir à janela estava aparecendo com mais sangue agora. A faixa que uma hora fora branca, agora era de um vermelho escuro. Francesca respirou fundo e fez um sinal para que Esme caminhasse.

    ? Quando eu disser três, você corre para trás do carro da diretora. ? elas caminharam mais um pouco até ficarem quase visíveis pelo guarda que estava parado com as mãos nos bolsos. Francesca engoliu seco e contou: ? Um... Dois... ? o coração batia muito rápido. ? Três! ? As duas correram para trás do carro preto e se abaixaram. Nenhum som foi ouvido. Franky levantou a cabeça para olhar o guarda, mas não havia ninguém lá.

    ? Acho que ele não nos viu.

    ? Não tenho certeza disso Esme, fique aí. ? Francesca olhou para o lado. A diretora estava dentro de um mini vestido cinza e caminhava para o carro. Francesca apavorou-se. Tentou fazer com que Esme não a visse, mas já era tarde de mais. Por algum motivo, Esme morria de medo daquela mulher. Francesca a segurou pelo braço, mas ela largou a mochila e correu. No memento em que Esme saiu de trás do carro, Francesca ouviu o barulho de um tiro e viu quando Esme caiu sem vida ao chão. Não se permitiu gritar. Era tarde de mais para fazer alguma coisa. De seus olhos escorriam lágrimas e quando eles se fecharam Francesca ouviu um grito:

    ? NÃO! MINHA FILHA! ? era a diretora. A mulher que cabia dentro de um vestido minúsculo, mal parecia que conseguia se mexer enquanto o usava, mas ela correu, e correu rapidamente em direção ao guarda que estava parado em posição com a arma nas mãos, a diretora, depois de arrancar com força a arma das mãos do guarda que estava sem reação, apontou para a testa do mesmo.

    Francesca não ficou para ouvir ou ver. Correu beirando o muro alto de pedras, correu como se o mundo fosse acabar, correu como se sua vida fosse acabar. Apenas correu, sentiu o vento gelar as bochechas e as lágrimas escorrem pelas mesmas. Correu com o peso da mochila nas costas, mas o peso de estar deixando uma amiga para trás era maior. Correu com o peso de uma morte em suas mãos. Correu com o peso do medo. Com o peso do medo de não conseguir escapar, com o peso de que se algo desse errado, a morte de duas pessoas teria sido em vão. Mas agora ela só podia correr, correr e correr.

    Franky ouviu o barulho de um tiro e pensou se o guarda é quem havia morrido ou se alguém quisesse a acertar. Francesca aumentou os passos. Tropeçou em uma pedra, mas não caiu. Deu graças a Deus por não ter caído.

    Tentou lembrar-se do caminho, olhou para os lados. Viu as árvores da beira da estrada e logo depois o túnel do trem. Sentiu um alívio estranho nas pernas, mas não diminuiu o ritmo. Quando chegou ao túnel, se limitou a olhar para trás, mas olhou. Estava limpo.

    Francesca largou a mochila por alguns segundos e chorou, chorou como se tivesse dez anos. Aquilo era horrível. Tudo o que ela havia feito Esme passar. Todo aquele sangue derramado. Ela nem sabia se alguém se machucara no incêndio, mas agora que estava um tanto longe, nunca mais voltaria para saber.

    Ela segurou a mochila novamente e deixou de lado todas as preocupações, pelo menos por hora. Começou a correr novamente. Minutos depois, chegou a estação de trem. Tirou o dinheiro e foi até a bilheteria.

    Um homem com um chapéu e um sobretudo preto estava sentado no único banco de madeira que era visível por ali. Ela comprou o bilhete e sentou-se ao lado do mesmo homem.

    ? Vai para Paris? ? perguntou ele com uma voz rouca. Francesca deu de ombros, apenas continuou respirando fundo para tentar retomar o ar.

    Alguns instantes depois, o trem chegou. Francesca nunca se sentiu tão aliviada. Quando entrou no trem, olhou para seu reflexo no espelho. Estava acabada, toda suja, tanto de sangue quanto de terra.

    Ela tentou sentar longe do homem que tentara puxar assunto. Ele a fitava. Mas ela não tirava a razão, estava terrível. Começou sentir a dor na mão. Aquela dor latejava e fazia seu coração palpitar tão rápido como a batida de um tambor.

    Francesca adormeceu e acordou com algo tocando em seu ombro. Era o homem de sobretudo. Ele era um senhor de idade, ela conseguiu ver.

    ? Você está em Paris. ? Francesca abriu os olhos atordoada e olhou pela janela. Suspirou.

    ? Que bom...


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