O PALHAÇO

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    Capítulos:

    Capítulo 1

    O palhaço

    Muito já se falou ou escreveu sobre ele, o omino di paglia, ou homem de palha, ou simplesmente O Palhaço.

    Antigamente, quando o circo chegava a Coaraci, ou noutra cidade qualquer do interior do Brasil, aparecia um personagem circense levando nas mãos um pedaço de madeira contorcida denominada estrovenga. Andando sobre enormes pernas de pau e como o Flautista de Hamelin encantava a meninada que o seguia gritando pelas ruas: Hoje tem marmelada? Tem sim senhor! Hoje tem espetáculos? Tem sim senhor! O palhaço o que é? É ladrão de mulher! Arrocha negrada! Arrocha! Respondia a criançada eufórica. Era o anúncio de que a lona estava armada e o picadeiro montado para dar inicio à grande estréia.

    Quem estava no centro do espetáculo era sempre ele, o ladrão da tristeza, o mensageiro da alegria. Ora auxiliando outros artistas, ora ele sendo protagonista daquele universo de felicidade.

    Com seu nariz vermelho, seu colarinho folgado, a boca enorme, os sapatos grandes desencontrados, um em cada direção, seu rosto maquiado, com expressões indecifráveis, fazendo mímicas, contando piadas e arrancando do publico gargalhadas intermináveis. Assim se apresentam os nobres arautos do riso.

    Vários Circos passaram por nossa cidade, entre os melhores e os mais famosos estão: O circo Nerino cujo proprietário era o famoso palhaço Picolino; O circo de Moscou: O circo Vostok, e tantos outros da mesma categoria, porém, o que mais agradava a garotada era quando chegava algum circo mambembe, humilde, de lona remendada, ali estava a garantia de que o palhaço era ?fulêro?, portanto mais engraçado.

    Esses adoráveis personagens são basicamente classificados em dois tipos: o Palhaço Branco - aquele que usa chapéu branco em forma de cone, se acha muito esperto, julga-se o principal. É autoritário, mandão, quase nunca admite seus erros. Procura vestir-se com elegância, para reforçar a sua suposta superioridade: nos circos europeus, ele se distingue por usar túnicas chiques e um chapéu cônico que lhe dá mesmo um ar superior. No circo brasileiro, em que os palhaços não têm um papel tão definido, suas roupas largas e sapatos enormes não diferem tanto das do parceiro. Além disso, ele é chamado de Clô ou Clum - pronúncia abrasileirada de clown, "palhaço" em inglês.

    O palhaço Augusto ? o que é quase sempre submisso ao Branco, é ingênuo, reconhecidamente estúpido e atrapalhado, tanto que parece estar sempre fazendo arte. Se o Branco prepara uma cena, pode ter certeza: o Augusto vai atrapalhar. Derruba alguma coisa, fala o que não deve, esquece o combinado, bobagens assim... Nos circos brasileiros ele é conhecido como Excêntrico - e o nome já diz tudo: fora de centro, fora do eixo. Ou seja: ele parece maluco.

    Às vezes me pergunto: Os palhaços da minha infância onde estão hoje? Por onde anda aquela comicidade, às vezes ?violenta? que era hilariante e nos transportava ao mundo da alegria?

    Os palhaços ainda divertem, ou será que o mundo a qual pertenciam não mais existem?

    Cadê aqueles cenários ingênuos e a credulidade infantil do publico, por onde anda? Será que dos palhaços antigos restam apenas traços sutis?

    Pobre palhaço, às vezes nos diverte com um sorriso escondido e um coração partido, sem ter o direito de sofrer. Pois ali, no picadeiro, ele é somente a alegria.

    Aplausos aos nossos maravilhosos palhaços.


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