Deixei meus olhos vagarem pelo lugar enorme. As pessoas andavam para todas as direções, em busca de algo, de uma passagem, do voo, do destino que se cruzavam por ali na forma de linhas invisíveis quase palpáveis para quem parasse para observar.
No entanto, ninguém realmente parava para observar. A vida passava por todos ali, enquanto estavam alienados preocupados com a hora de pegar a bagagem. Suspirei resignado, passando uma das mãos pelo meu cabelo roxo, que descia até abaixo de minha cintura. Estava preso, mas algumas mechas ainda caíam em meu rosto.
A minha intenção não era filosofar sobre a vida, mas parecia algo automático refletir sobre as pessoas quando estava rodeado, por todos os lados, delas. Parecia algo de extremo fascínio perceber seu egoísmo e egocentrismo, ou como se alienavam com os problemas reais.
Sorri sarcástico. Eu era um pouco de tudo daquilo, e nunca havia negado. Porém, elas nunca haviam perguntado. E isso levava a uma das características, de nós, os humanos. A capacidade de se iludir sobre as verdades expostas.
Andei a passos lentos e elegantes, até onde poderia pegar minha bagagem, as pessoas olhavam para frente, procurando por algo em seu campo de vista. Outras encaravam o chão, como se pudessem fugir dali. E outras, roçavam seus braços nos meus, para poder ter a oportunidade de sorrir e pedir desculpas, aos quais, eu recebia com gentileza e um sorriso a altura. Uma esteira rolante passava com as diversas malas, e eu esperei até poder ver a minha pequena mala preta passar.
Ninguém conferiu quando a peguei, confiantes que eu apenas pegasse a minha, em uma conduta exemplar. Esperando que nenhuma mente ousasse ao menos, cogitar a ideia de não ficar com seus próprios pertences.
Observei as pessoas ao meu redor, enquanto puxava a alça para cima, fazendo com que assim, as rodinhas pudessem fazer seu trabalho invés de machucar a minha coluna vertebral. Quando ergui meus olhos, ele estava me esperando no meio na multidão.
O que diferenciava dos demais, era seus cabelos azuis. Primeiro ainda não tinha percebido minha presença, e tinha um olhar perdido, procurando entre as muitas pessoas. Quando seus olhos me encontraram, demonstraram aquela alegria nítida. Eu sempre havia achado intrigante o sorriso fácil que vinha com aquele brilho nos olhos de Kaito. As pessoas não deveriam se alegrar tão frivolamente com a minha presença.
? Kamui-san! ? Exclamou sorridente, aproximando de mim. ? Faz tanto tempo que não o vejo, deveria aparecer mais aqui em Tóquio. ? Chegou perto de mim, e fez uma mesura educada.
Aquilo era tão improvável, e tão imprudente da parte dele com sempre fora. Ele deveria me expulsar daqui, me xingando com palavrões descabidos. No entanto, me convidava a romper em sua vida com um sorriso amável.
? Kaito-san. ? Apenas abaixei a minha cabeça levemente, assim minhas mechas caíram sobre os meus olhos. ? Fico lisonjeado com o seu convite para me hospedar. A conferência não durará muito tempo, tem certeza que não incomodarei? ? Ajeitei os fios atrás da orelha, sorrindo de leve, deixando a minha frase automática chegar a ele.
? Não será incômodo. Será um prazer hospedá-lo. ? Sorria. ? Só trouxe essa mala? ? Indagou parecendo preocupado.
? Sim. Como disse, não será muito tempo. A conferência será amanhã pela parte da tarde, e talvez a noite eu já deva partir.
? Tão cedo assim?
? Se não houver contratempos, sim. ? Respondi simples.
? Então, posso pelo menos lhe oferecer um café do aeroporto? ? Sorriu querendo fazer uma brincadeira. Olhei para a multidão ali e voltei a olhá-lo com o meu rosto que saberia que iria convencê-lo.
? Uma próxima vez Kaito-san. Só desejo no momento descansar um pouco, a viagem é cansativa. ? Argumentei, em tom ameno, o de cabelos azuis não iria tentar me persuadir, era uma pessoa boa demais.
? Certo, então vou lhe levar para casa. ? Apontou uma direção. ? Meu carro está no estacionamento.
? Obrigado Kaito-san. ? Sorri pequeno, tentando parecer agradecido, o que pareceu verídico ao outro.
? De nada, disponha! Amigos são para isso certo? ? Perguntou retoricamente.
Amigos. Aquela era uma palavra que não cabia no meu dicionário, era algo desnecessário e infrutífero que as pessoas falavam e pensavam ter, para poderem sentir que não estão sozinhas neste vasto mundo. O que era uma tolice, no final das contas, mesmo que você dependesse de alguém para nascer, você nasceu sozinho, mesmo que precise de pessoas em sua vida, você irá morrer sozinho.
E quando isso acontecer, não haverá ninguém ao seu lado. Não terá um amigo que te salve do buraco negro da morte, ou do inferno fervente. Ou o que crentes pensem sobre o assunto. Amigo é uma palavra que não tem significado algum. Como tantas outras que havíamos inventado para usar eufemismo em relação à vida.
Começamos a nos afastar do aeroporto, o aglomerado ficava longe, e entravamos no estacionamento. Nevava. Todos os tetos que cobriam os carros estavam cobertos por uma fina camada de gelo. Ajeitei o cachecol negro que estava em meu pescoço, dando mais uma volta, tentando me manter aquecido.
? Por aqui... ? indicou um carro quase da mesma cor de seus cabelos, que se destacava no meio de automóveis negros ou acinzentados.
Enquanto eu comentava sobre a cor de seu carro, nos aproximamos do mesmo. Ele retirou uma chave do bolso do casaco grosso, e abriu o carro. Deu a volta nele, e abriu o porta-malas, deixando minha mala lá dentro.
Andei até a porta do passageiro, abrindo-a, e sentando-me no banco. Olhei para a paisagem branca ao nosso redor. Logo, ele estava sentado ao meu lado sorrindo como sempre, ligou o aquecedor e o rádio.
Contou sobre a sua vida, e eu, por minha vez, ouvi com a mínima atenção possível, respondendo de modo vago as coisas, e ele parecia não perceber. Passou por tudo que estava acontecendo desde que não nos vimos, pela última vez. Não sabia o quanto tempo fazia, mas no meio da conversa ele comentou, parecia algo inútil de se guardar na memória.
Depois pediu-me para falar do que acontecia em minha vida, e eu sorrateiramente me esgueirei das perguntas, como uma cobra ardilosa. Outra vez, parecia não reparar o quanto as minhas respostas eram inconstantes e continuava a sorrir enquanto o trânsito parecia correr na velocidade de uma lesma.
Mais uma vez, estavam ali, as pessoas, todas juntas em seus carros, agora indo a lugares que julgavam importantes, indo encontrar, como no aeroporto, algo. A neve caía preguiçosamente, e dentro as conversas passavam pelos assuntos banais e que não passavam da zona de conforto, que ninguém ousava ultrapassar.
Não cansaria nenhum individuo com aquelas discussões simplórias. Parecia tão monótono, chegava ao ponto de eu adivinhar sua próxima fala, seu próximo assunto, tópico. Os minutos começaram a ser extremamente irritantes, e o meu sorriso saía mais forçado do que o costumeiro.
Depois de incontáveis prédios e casas, o de cabelos azuis parou em frente a uma casa tipicamente japonesa. Até para mim aquilo parecia impressionante, não sabia que ele gostava daqueles modelos de arquitetura.
? Você tem uma casa estilo japonesa? ? Perguntei enquanto pegava a minha mala, no porta malas do carro de cor chamativa.
? Sim, herança dos meus pais que moravam aqui, a minha mãe era mestre em cerimônia de chá. ? Respondeu fechando a porta do veículo, ligou os alarmes do carro e começamos a andar para a entrada que tinha um jardim ornamentado. Um lago que estava congelado perto do caminho que passávamos, e uma pequena ponte sobre o lago. ? Quando eles morreram eu fiquei com a casa...
? É muito bonita. ? Disse automático.
?Obrigada, é bem tradicional... Até por dentro. ? Passamos pela varanda toda de madeira, e chegamos ao portal, ele apenas deslizou a porta branca e uma mulher com uma roupa típica de empregada apareceu.
? Bem vindo, senhor Kaito. ? Ela disse em uma voz fina. ? Bem vindo senhor Kamui. ? Disse fazendo uma mesura, pisquei meus olhos.
? Eu havia anunciado sobre a sua chegada. ? Explicou Kaito. ? Venha, entre.
? Certo. ? Entrei arrastando a mala.
? Eu pedi que arrumassem o quarto de hóspedes para você. É por aqui. ? Indicou. - Tem um banheiro lá dentro, assim você poderá tomar um banho quente e se trocar.
? Obrigado pela hospitalidade. ? Agradeci enquanto ele indicava um corredor.
? Pare com isso Kamui-san. ? Exclamou. ? É um prazer tê-lo aqui... ? chegamos a uma porta ? é aqui ? abriu-a, revelando um quarto arrojado, mas ainda no modelo tradicional da casa ? é algo bem simples, mas tem toalhas limpas dentro do banheiro, um futon, um guarda roupa...
? É mais do que suficiente. ? Deixei a minha mala encostado a uma das paredes.
? Então tome um banho e venha jantar, tenho uma surpresa para você. ? Sorriu saindo do quarto, fechando a porta, sem ao menos dar chance de perguntar algo.
Suspirei. Andei em direção ao banheiro, abrindo o registro do chuveiro para deixar a água aquecer. Retirei minhas roupas, sentindo o frio do ambiente se opor com a água quente que saía junto com o vapor.
Puxei os meus cabelos em coque alto, temendo molhá-los. Depois, meu corpo se encontrou com a água quente. Senti meus pêlos se arrepiarem diante ao contato imediato, relaxei a medida que á água descia sobre as minhas costas. Demorei mais do que o devido e previsto, não era a minha intenção usurpar da hospitalidade de Kaito. Havia apenas me esquecido do tempo, enquanto me deliciava com a água quente em contato com meu corpo. Saí do banho com uma das toalhas limpas que ele havia mencionado, logo, me vestindo.
Coloqueis jeans pretos com uma blusa branca, sobreposta ao meu casaco da mesma cor dos jeans. Soltei meus cabelos do coque, fazendo um rabo de cavalo, deixando algumas mechas perto do meu rosto.
Andei pelo quarto, abrindo a porta e olhando para os dois lados do corredor. Fechei e não vi nenhuma pessoa por perto. Decidi voltar pelo caminho por onde tinha vindo, até que Kaito, com roupas casuais, entrou no meu campo de visão.
? O jantar está pronto, espero que goste. ? Sorriu me mostrando o caminho para a sala de jantar.
? Estou com fome mesmo, a comida será bem vinda. ? Pronunciei.
? Sente-se aqui. ? Indicou um kotatsu. ? Já irão servir o jantar.
? Está bem. ? Sentei, cruzando minhas pernas debaixo da mesinha. ? Qual é a grande surpresa?
? Calma. ? Disse também já sentado. ? A surpresa já está vindo..
?Vindo? ? Questionei.
? Sim... A surpresa chegou. ? Sorriu.
? O que...? ? A minha frase morreu quando da porta, saiu um rapaz de cabelos rosa claro, vestido de maid.
? Kaito-sama, Kamui-sama. ? Ele estava com o uniforme tradicional. Que apresentava os tons de preto, vestia meias até a metade das coxas, da onde surgia uma cinta liga que se perdia entre os babados do vestido. Em sua mão continha um bandeja, ao qual ele deixou na minha frente e saiu do recinto.
? Eu sei que prefere garotos. Então fiz esse pedido aos meus melhores e mais bonitos empregados. ? Sorriu para mim. Encarei-o ainda meio sem reação, quando outro rapaz entrou, com o mesmo uniforme, só que em tom de um vermelho escarlate, em contraposição com seus cabelos azul esverdeados.
? Kaito-sama. ? Colocou a bandeja em frente ao outro presente na mesa. ? Kamui-sama. ? Fez uma mesura e ficou ali, perto da parede, com um olhar envergonhado.
O rapaz de cabelos rosa entrou e ficou ao lado do de cabelos azuis, ambos tinham as cabeças baixas e as mãos juntas, de frente ao corpo. Encarei-os por algum tempo, como eu havia pensado. Kaito não tinha responsabilidade em me convidar para vir aqui.
Não consegui comer muito, muito menos conversar de modo decente enquanto havia os rapazes com rostos corados e de cinta-liga presentes no ambiente. Parecia meio surreal aquela situação, ainda mais quando pensava que era o que estava jantando comigo que havia arquitetado tudo, porém em uma ingenuidade legítima junto com a vontade de agradar seu convidado.
Depois do prato principal, os rapazes recolheram as bandejas com um aceno de Kaito. E o que mudou a minha noite entrou logo em seguida, um garoto loiro, de aparência muito jovem, entrava com um uniforme azul claro, com meias brancas e segurando uma bandeja.
Ele andava a passos tímidos, e a franja que havia em seu corte de cabelo, caía sobre os seus olhos. Havia também o fato de ele estar com a cabeça muito baixa, em um ato, diria eu, de pura vergonha. Quando ele se aproximou o suficiente da mesa, colocou a bandeja, com o que parecia ser sobremesas, no meio, e olhou para mim.
Os olhos azuis continham uma vergonha infantil, misturada com uma inocência imaculada. As bochechas estavam vermelhas e ele logo desviou os olhos dos meus, não conseguindo sustentar meu olhar.
? Kaito-sama, Kamui-sama. ? Pronunciou em um fio de voz.
Aquele garoto só me fez ver o quanto à atitude de Kaito havia sido imprudente. Colocando garotos com roupas que o faziam corar, e tudo isso dedicado a mim. Um psicopata e ninfomaníaco. Ah, ainda não havia falando isso? Lembra quando disse que as pessoas não vêem a verdade exposta?
? Qual seu nome, garoto? ? Perguntei mostrando-lhe um sorriso.
? Meu nome é Kagamine Len, senhor. ? Disse ainda com a cabeça abaixada.
? Porque não se senta conosco Len-chan? ? Sorri amável. ? Tem problema Kaito-san?
? Nenhum... ? respondeu acenando com a mão.
? Venha. ? Dei umas palmadinhas em um lugar perto de mim. ? Você pode comer torta conosco.
? Sim, Kamui-sama. ? Ele sentou-se do meu lado, meio a contragosto. Dei-lhe um dos pedaços de torta, enquanto sentia suas pernas se cruzando debaixo da mesa, e se roçarem em mim.
? Quantos anos têm, Len-chan? ? Perguntei.
? Eu tenho treze, Kamui-sama. ? Respondeu em meio a uma garfada no bolo. Sorri internamente.
? Não é muito cedo para estar trabalhando? ? Continuei perguntando.
? O Len mora aqui. ? Kaito me respondeu. ? A mãe dele trabalha aqui, e ele a ajuda.
? Que nobre da sua parte Len-chan, ajudando sua mãe deste jeito.
? Muito obrigado, Kamui-sama. ? Agradeceu corando, deixou o bolo em cima da mesa e abaixou a cabeça, deixando a franja cair nos olhos novamente. Irritei-me, queria ver a inocência daqueles olhos.
Desvieis meus olhos para o garoto, e acabei percebendo que pela sua posição, as suas coxas que tinham apenas cinta-liga estavam expostas ao meu olhar. Sorri fraco, tentando não deixar os instintos me dominarem.
Ficamos mais um tempo ali, enquanto conversava com o pequeno Len sobre coisas banais, perguntando que escola freqüentava, como era. Mesmo depois de tudo, de meus sorrisos e gestos gentis, seus olhos ainda demonstravam um pouco de medo em relação a mim. E achei aquilo fascinante.
Ele saiu, retirando a bandeja que estava sobre a mesa, e se despediu fazendo uma mesura educada para nós. Sorri para ele, e depois para o Kaito.
? É como se a vovó desse a chapeuzinho de bandeja para o lobo... ?murmurei.
? O que você disse? ? Perguntou.
Ele não sabia sobre mim. Kaito era apenas mais um que não enxergava a verdade exposta. Ali estava eu, sorrindo falsamente para ele, tentando encontrar um jeito de colocar o meu plano em prática.
? Me mostre o resto da casa, Kaito. ? Pedi em tom ameno. ? Achei-a tão bonita, adoraria ver o resto dos cômodos.
? Claro, Kamui-san...
Assim, começamos a nossa pequena peregrinação pelos cômodos, e ele não tentou se conter em contar toda a história que havia envolvida neles, e eu fingia prestar atenção enquanto pensava no que estava por vir. Demorou, porém, chegamos a um último quarto do fundo.
? Oh, Kaito-sama... ? uma mulher loira saía do quarto ? estou saindo, o senhor havia me dado folga, lembra-se? ? A mulher estava com um vestido preto justo e continha uma maquiagem extravagante.
? Sim, pode ir. Essa é a mãe de Len, Kamui-san...
? Ah, muito prazer. ? Fiz uma mesura.
? O prazer é meu. ? Fez o mesmo.
? Você tem um ótimo filho. ? Sorri.
? Obrigada. ? Sorriu de volta.
? Não se incomode conosco, só estava conhecendo a casa... A senhora deve ter algum lugar importante para ir certo? ? Eu disse.
? Sim, tenho sim. ? Olhou para mim. ? Boa noite senhores, com sua licença. ? Fez outra mesura e saiu andando pelo corredor indo em direção a porta.
? Esse é o último quarto, onde os Kagamine dormem. ? Explicou.
? Len, então deve estar dormindo aí sozinho? ? Perguntei, tentando parecer preocupado.
? Sim, mas não se preocupe! Nada de mal acontecerá com ele. ? Sorriu.
Era só o que ele pensava.
Depois de algum tempo de conversa, voltei ao meu quarto dizendo que já estava muito cansado, e que deveria estar disposta para amanhã. Vi o de cabelos azuis perder-se nos corredores da casa, e esperei uma hora passar para sair de meu quarto.
Andei a passos sorrateiros até o último quarto do corredor, abrindo a porta de correr, com cuidado para fazer o menor barulho possível. A configuração do quarto era igual a minha, a não ser que esse tinha entrada para uma varanda. Estranhei o fato de ter uma varanda no quarto dos empregados, mas afastei a ideia de minha mente.
Encontrei Len perto do armário, com as portas do móvel aberta, ainda com o vestido de maid. Sorri para a cena, ele parecia estar procurando algo, e estranhamente, ainda não tinha notado a minha presença. Aproximei-me a passos lentos, tentando não fazer barulho.
Quando cheguei perto o suficiente, passei, rapidamente, uma das minhas mãos para tampar a sua boca, e a outra passei por sua cintura, apertando-a e puxando o corpo até que se moldasse ao meu tronco. O primeiro impulso do loiro foi tentar se afastar, porém, o que conseguiu foi apenas debater fracamente o corpo.
O segundo foi gritar, o que a minha mão impedia. Percebi que na porta do móvel tinha um espelho. Ajeitei-me para poder ver a minha figura, de cabelos roxos, e de olhos cinza sorrindo lascivamente enquanto tinha um pequeno loiro, vestido de empregada, nos braços.
Quando olhei para os olhos azuis e inocentes, refletidos com a luz fraca do quarto, no espelho, os mesmo que havia visto anteriormente no jantar, me lembrei do motivo de gostar do que fazia. Os olhos estampavam um puro terror, enquanto ele ainda tentava espernear, e se debatia contra mim.
Deixei um sorriso enorme adornar meu rosto. A cena era perfeita até demais, Kaito me dava um loirinho vestido demaid, a mãe dele saía à noite e deixava-o pronto para mim. Noite de sorte para mim, noite de... Ainda não sabia o que ele ia pensar sobre o que iria fazer. No entanto, tinha uma vaga ideia.
Aproximei-me de seu ouvido, lambendo toda a pele que estava exposta no caminho, com lentidão extremada, sentindo-o tentar desviar de minha língua curiosa. A pele alva tinha um gosto suavemente salgado, como se fosse de suor. Talvez ele estivesse procurando a roupa para ir tomar banho. Ainda olhava meus movimentos refletidos no espelho.
? Pare com isso. ? Falei de forma rouca, quando enfim cheguei a seu ouvido. ? É inútil tentar se libertar de mim, eu sou muito mais forte que você... ? disse a verdade, não era como se aquela pequena criança tivesse forças contra mim.
Isso era algo que me deixava louco de desejo, a submissão e o não consentimento. Fazê-lo ser meu sem sua aprovação, causar-lhe dor de um jeito único. Marcá-lo para sempre. Ele olhava para mim, pelo espelho. Parecia cheio de um medo desconhecido, e isso somente me fazia sorrir de modo libidinoso.
? Sua mãe te deixou aqui... ? continuei a sussurrar ? ela não se importa. ? Comecei a mordiscar o lóbulo da orelha entre as palavras que soltava no ar. Era engraçado fazer isso com pessoas de emocional fraco, elas acabavam acreditando em tudo.
? E... Kaito-san... ? ouvi algo assim, entre as tentativas infundadas de falar alguma frase com a formação inteira.
? Ele está me dando você de presente ? menti descaradamente, sabendo que ele ia acreditar, e funcionou, pois nos olhos azul claro, havia mais medo ? para mim... ? desci as mordidas para o pescoço, vendo a pele alva, logo ficar vermelha.
? Pa-pa-.... Para... Com isso...! ? Não dava para entender o que dizia, mas parecia ser algo desse jeito, uma súplica que só fazia me atiçar mais, e ainda, mal havia começado.
A mão que estava em sua cintura, rodeou-o, e passeou pelo abdômen, depois enquanto mordia sua pele branca, vendo com satisfação, a marca de meus dentes ficarem em alguns lugares, e ele grunhir pela dor, desci a mão para uma das cintas-ligas.
Subi a mão pelo babado do vestido, achando onde estava a ligação, tirei-a. Fiz o mesmo processo com a outra, com certa dificuldade. Então percebi, que havia um volume contido na peça íntima de Len. Lambi os vermelhos de seu pescoço subindo até chegar ao ouvido.
? Você está excitado, Len-chan? ? Perguntei de modo sensual, vendo que seus olhos estavam agora marejados. ? Como irá pedir por ajuda se você está gostando? ? Ri com escárnio e as pequenas gotículas se acumularam em seus olhos. ? Você irá chorar? ? Sussurrei. ? Eu gosto mais quando choram... ? falei as palavras devagar - Me deixa excitado mais rápido. ? Lambi os lábios de forma maliciosa.
? Pare com isso Kamui-san! ? Repetia de forma insistente e com uma voz chorosa.
? Eu adoraria brincar com você um pouco... Como fiz com outros. ? As memórias me vinha a mente. ? Deixá-lo correr, gritar um pouco e pedir ajuda... Brincar de pega-pega só para depois eu ganhar...
? Deixe-me ir... ? implorava fechando os olhos.
? Mas você conhece a casa melhor que eu. E eu não gostaria de perdê-lo. ? Deixei minha língua passar pelas marcas que havia feito. ? Não quando você parece ser tão... Gostoso. ? Era como se eu fosse um canibal, que estivesse com muita fome, e houvesse acabado de encontrar minha carne favorita.
De súbito tirei a mão que estava em sua boca e coloquei em um dos lados da sua cintura, segurando de modo firme, assim, ambos os lados. Girei seu corpo, parando de ver a minha imagem e a do pequeno loirinho no espelho, e joguei-o com violência no futon. O corpo caiu com um baque surdo.
Fiquei de pé, observando o loiro se encolher e invés de aproveitar a oportunidade de gritar, ficar quieto. Era fácil demais. Não tardei a deitar-me sobre Len, prendendo suas pernas contra a minha. E mesmo que seus braços estivessem parados, fiz questão de segurá-los em cima da cabeça com uma das mãos e me aproximei-me da face dele.
Os olhos azuis estavam abertos, e mostravam aquele sentimento de medo e quase desejo, se contrastando mutuamente. Seu corpo tremia sob o meu, e ele mordias os lábios com força, tentando não chorar. Parecia querer pedir algo, mas não ouvia nenhuma palavra de sua boca.
Com a mão que não o segurava, deixei minhas unhas percorrerem as coxas roliças com força. Enquanto isso, ocupei meus dente de fazer os que os dele estavam fazendo. Mordi o lábio inferior, aumentando a pressão de acordo com a pressão de minhas unhas em sua pele. Logo, ele voltava a gritar.
? Já disse que isso não tem sentido! ? Falei pra ele. ? Ninguém precisa de você Len... ? sussurrei ? Eu sou o único que te quer... Vou fazer você ser útil...
? Pare com isso Kamui-san... ? desviou o rosto, falando em tom baixo e suplicante.
? É para o seu bem, Len. Você não entende? ? Perguntei enquanto fazia o caminho de volta pelas suas coxas, colocando mais pressão.
? Mas isso dó-dó-dói! ? Gaguejou tentando se libertar do meu aperto, se debatendo. Passei a mão que estava em sua coxa, em sua cintura, tentando conte-lo, então vi que as unhas já continham sangue. Sangue do pequeno Len.
Sorri ainda mais, sentindo uma pontada em meu baixo ventre, o meu nível de desejo por aquele corpo pequeno estava a níveis exorbitantes, e ele fazia tudo parecer ainda mais sexy. Não parava de tentar fugir, mesmo que já estivesse nas mesmas condições que eu.
Esfreguei a minha ereção na que estava contida nos babados, e ele gemeu. Fechou os olhos e se encolheu. Suas bochechas estavam coradas, e de seus lábios escorriam um pequeno filete de sangue.
Soltei seus braços e me levantei, olhando o corpo se encolher ainda mais. Sempre gostava de torturá-los um pouco mais, todavia, já não aguentava esperar. Retirei meu casaco, e ajeitei as mangas da camiseta branca. Desci os meus jeans, retirando a boxer que usava junto. Aproximei-me de Len, me curvando sobre o mesmo e o puxando pelos cabelos loiros. O fiz ficar de joelhos, ele gritou de dor e eu apenas sorria.
Deixei minha mão encontrar seu rosto com força, em um tapa que deixou a marca de meus cincos dedos marcado. O choque o fez cessar o choro, todavia, os olhos azuis que ainda estavam cheios de um terror inocente, começavam um choro silencioso.
? Bom garoto. Sem gritos, com choro, e agora... Você vai me chupar. - O puxei pelos cabelos ouvindo quase um grito, o qual ele mesmo parou sabendo o que viria. Puxei até que ele encarasse o meu membro ereto.
? O q-que? ? Perguntou gaguejando.
? Chupa Len-chan. ? Segurei com força os cabelos loiros, forçando-o a ir.- Sabe... ? mordi os lábios em antecipação ? como se fosse um doce bem gostoso. ? Sorri com a piada sem graça.
? Não! Eu não quero! Nã-Nãoo! ? Ele desviou a cabeça.
? Ele só é bem maior... E não é doce. ? Ri.
? Por favor... Pare com isso! ? Ele tentava dizer, entretanto, antes que pudesse argumentar, impus força contra sua cabeça, e sua boca tocou minha glande. A visão da boca pequena em meu membro me fez suspirar. Forcei-o a engolir por inteiro, e as lágrimas que tanto tentava não derramar, caíram, molhando sua face corada.
Sorri de forma sádica, as lágrimas caindo era um estímulo a mais, me deixava com mais desejo por corromper aquele pequeno corpo. Puxei os fios da nuca, fazendo com que a boca deslizasse pelo meu membro. Ele segurou, hesitante, em minhas coxas, tentando criar algum controle para que não caísse, e depois olhou para mim enquanto as lágrimas caíam. A visão me fez gemer alto, e depois estocar sua boca com violência.
Senti com facilidade, minha excitação chegando a sua garganta, e a reação de vômito automática o abalando. Ele apertou as minhas coxas, tentando surrá-las, para que eu parasse. Isso só me fez aumentar o ritmo com que investia contra ele. Olhei para o rostinho dele, havia algo lindo nos seus olhos, o medo do começo e o nojo por mim de agora, por estar fazendo isso a ele, por colocá-lo em uma situação daquelas.
O repúdio por si mesmo, por estar excitado com o ato que praticava. A inexperiência ainda era mais sexy nesse ponto de vista, eu estava sendo o primeiro a macular aquele corpo inocente e delicioso. Ele lembraria para sempre das ações que ele e eu praticávamos.
Ele seria profundamente marcado pelas sensações de medo e angústia, do nojo de si e dos outros. Talvez, até pudesse sentir raiva da mãe que não o protegeu.
Estoquei com mais força, mesmo achando que era impossível, e somado aos pensamentos anteriores me fez chegar ao ápice. Segurei sua nuca com força, sentindo meu membro tocar sua garganta, deixando os espasmos me assolarem.
Gemi alto, gozando em sua cavidade úmida. A única razão de ainda segurá-lo, era por que queria que engolisse meu esperma por inteiro. O jato saiu de meu membro, escorrendo e indo parar direto na garganta.
Ele tentou se soltar, mas prendi os seus cabelos. Vi seu rosto se transformar em uma careta e sabia que ele devia ter engolido boa parte. Para deixá-lo sentir realmente o gosto, esperei até normalizar a minha respiração, para soltá-lo. Ele caiu de bruços cuspindo e tossindo. Sorri diante daquilo. Arrastei-o e voltei a deitá-lo no futon.
? Porque faz isso? ? Chorava, enquanto havia um filete de meu esperma escorrendo de sua boca. ? Pare com isso! Por favor! Peço-te! ? Continuou com as lástimas, e aquela visão voltou a me excitar.
? Mas agora é que vem o melhor... ? sussurrei em seu ouvido enquanto ele ainda chorava.
? Melhor? Isso não é b-bom senhor... ? tentava desviar seu corpo do meu. Então me lembrei que ainda estava de roupas. Ajoelhei-me contemplando a visão mais uma vez, e o virei de bruços.
? O q-que está fazendo...? ? Indagou de forma inocente.
? Não te contaram nada sobre isso, Len-chan? ? Desabotoei rapidamente os botões do vestido, fazendo-o deslizar pelos ombros alvos do pequeno. Sorri vendo mais lugares para se marcar, comecei a morder na base das costas, enquanto minhas unhas arranhavam as laterais do seu corpo.
Cheguei aos ombros rapidamente, distribuindo chupões por ali. Len gemia de prazer diante disso, mas se contorcia e gemia dolorida com as minhas unhas que estavam ferindo sua pele sensível.
Desci, vendo a peça íntima branca do outro. Puxei-a de uma só vez, podendo enfim mirar o lugar que almejava desde o começo. A entrada virgem do loiro, só com a possibilidade de ser o primeiro a entrar me deixava ainda mais excitado.
Mordi aquele lugar também, fazendo o mesmo processo com o interior das coxas. No entanto, sabia que aquilo já não era mais suficiente. Deixei uma palmada na bunda do pequeno, deixando aquele lugar ficar vermelho.
? Fica de quatro. ? Lambi os lábios.
? Co-como? ? Olhou-me de forma assustada.
? De quatro... Len.
? Não... ? disse e entortei a boca. Teimosia era algo desnecessário naquele momento. Simplesmente, puxei o quadril do menor, forçando a ficar na posição que eu queria. Ele se apoiou em suas mãos, olhando para mim com medo do que viria a seguir.
Olhei nos olhos azuis, para fazer o próximo passo. Sem mais nenhuma palavra a ser proferida, antes daquilo. O meu membro encostou na entrada, e ele mordeu os lábios com avidez, e então entrei de uma vez no corpo pequeno.
Um grito alto e agudo cortou a noite, enquanto sentia-me totalmente dentro do loiro, lembrei, com o pouco de juízo que nunca tive, de tapar a sua boca. Mesmo que os gritos me estimulassem, a dor profunda, não queria que alguém interrompesse o momento.
? Morde... ? sussurrei no seu ouvido de forma rouca. Mal eu havia entrado e saí por inteiro, voltando a penetrar no mais fundo do interior de Len, eu ouvia os gritos sendo abafados e agora, minha mão era mordida pelo pequeno. ? Isso mesmo Len... Você não me odeia? Não odeia, Len? ? Perguntei enquanto me embriagava com o movimento que fazia.
Ele não falou nada, só sentia minha mão quase chegar à carne viva, sentir seu ódio profundo me fez forçar meu corpo ainda mais. A entrada virgem me apertava, e eu sentia toda a extensão dela, que tentava de forma inútil me expulsar dali. O canal quente me fez delirar, e era quase como uma droga, que te levava a um mundo de apenas prazer.
Meu membro entrava com dificuldade, e isso só me deixava mais contente. Puxei seu rosto para trás querendo ver os olhos tão azuis cheios de inocência e medo, Len chorava copiosamente, todavia mordia com força tentando não demonstrar.
Soltei a minha mão de seus dentes, vendo-a sangrar. Não me importei com isso, voltando a observar, seu rosto vermelho pelo tapa e corado, manchado de lágrimas. Seus lábios entreabertos soltavam lástimas desesperadas, enquanto pedia para eu parar com os atos, e me perguntando o motivo daquilo. Isso me fazia arrombar seu corpo com mais intensidade.
? Pa-pare! ? Só que tudo que ele dizia era entrecortado pelas lágrimas incessantes. Lambi as lágrimas sentindo o gosto salgado e ele desviou seu rosto, do meu. Enfiei-me com mais força, até que seu corpo, que há muito tremia por causa da brutalidade, cedeu.
Ele caiu, e eu cessei os movimentos. Vire-o para mim, constatando que ainda permanecia consciente, sentei-me no futon, e puxei seu corpo para cima do meu. Coloquei cada uma de suas pernas, em um lado de meu corpo. E logo, obriguei-o a sentar em meu membro, ouvindo o choro aumentar e as lágrimas encharcarem, novamente, seu rosto infantil.
Segurei com determinação em sua cintura, compelindo-o a descer e subir. A cena era a mais linda que já havia visto, e me perguntei a razão de não visitar os que me chamavam de amigo. Len cerrava os olhos tentando fazer com que as lágrimas parassem, porém, não dava certo. Seu rosto estava vermelho pelo esforço, e pela bofetada que eu havia dado.
E agora, seu corpo subia e descia contra o meu membro. A fricção contra seu corpo pequeno e o meu, fazia todos os pêlos do meu corpo arrepiar. Mesmo que o violasse repetidas vezes, ele parecia não se acostumar e continuava difícil penetrá-lo, o que me deixava tentado a ir cada vez mais fundo e rápido. Ele pedia que eu interrompesse e reclamava de dor, porém, sentia sua ereção negligenciada batendo contra o meu abdômen
? Faça isso Len, suplique pela minha boa vontade, diga o quanto dói... Deixe suas lágrimas te mancharem. Sinta-me corrompendo o seu corpo. ? Repeti aquelas frases quase como um mantra, forçando o pequeno contra mim. Mordi depois tudo que encontrava pela frente, seus ombros, pescoço e seu abdômen que ainda estava intacto.
Belisquei os mamilos de forma que sabia que doía, vendo-o se contorcer de dor, e gritar ainda mais. Não sabia como ninguém havia percebido ainda, mas aquela altura, isso era algo que eu não pensava. Só conseguia sentir minha excitação forçando a entrada pequena sem dó, enquanto eu encontrava maneiras de ver mais lágrimas caindo dos olhos azuis.
Por tudo aquilo, aquela cena sexy que Len protagonizava aos meus olhos, deixei meu corpo transmitir o quanto me sentia satisfeito. Gozei em seu interior, vendo por um segundo aquele branco total, um momento em que podia ir ao nirvana.
Puxei o ar com dificuldade, como se estivesse em um lugar com ar rarefeito, como se há muito tempo não respirasse. Abri os meus olhos, que não me lembrava de ter fechado, e encarei o loiro ainda chorando, só que baixinho.
Deixei-o sair de meu membro, ele caiu no chão, tentando se manter em pé, arrastou-se pelo quarto, com muita dificuldade, encontrando um canto. Vi a trilha de sangue que denunciava o trajeto que fizera, e sorri sabendo que tinha feito um bom trabalho com sua entrada. Um pouco mais recuperado do clímax, procurei meus jeans, retirando um maço de cigarros. Retirei a camiseta branca que pregava em meu corpo, e observei o loiro chorando baixo.
Sentei-me no futon, de modo que pudesse vê-lo. Acendi o cigarro e o observei, ele ainda continuava acordado. Sorri com aquilo, tragando o cigarro e deixando a fumaça sair de meus lábios. Não sei quanto tempo fiquei parado naquela posição, fumando enquanto contemplava Len. sabia que meu cigarro havia acabado e que o loirinho me espiava por entre os braços que tentavam se esconder.
Mesmo depois daquilo, ainda continuava firme e forte. Mesmo que eu pudesse sentir daqui o cheiro de medo que ele exalava, ali estava ele. Tentando ver o que eu faria em seguida. Fiquei, então tentado a ver até onde Len aguentaria, queria ver o seu máximo, seu limite.
Com isso em mente, levante-me. Ele me seguiu com os olhos, e aproximei-me devagar do corpo mais novo. Lembrei de outros estupros, porém aquela cena parecia ter algo de maravilhoso e mágico. Como tudo se encaixava de forma certa e exata.
Como havia parado ali, com ele, justamente um garoto de treze anos, que era virgem, e havia se vestido de empregada para agradar o convidado, e acabava sendo estuprado de forma doentia. Ou talvez, fosse simplesmente por causa dele. De seus olhos azuis, que me lembraria por décadas a fio, seu corpo pouco definido e meio infantil, seus atos de tentar fugir, mesmo estando excitado com aquilo.
Seus olhos com o azul mais bonito de todos, cheio de inocência, medo, dor, angústia, nojo, e todos aqueles pensamentos eram causados por mim. Tais pensamentos se confundiam em minha mente enquanto chegava próximo a ele, e quando enfim, estava próximo do corpo pequeno, ele se encolheu mais, e recomeçou a soluçar baixinho.
Puxei os fios claros, coagindo-o a deitar-se contra o chão gelado. Aliás, a atmosfera era todo de um frio glacial, o vento parecia intrometer-se por todos os cantos. E nem havia percebido que o tremer dele podia ser de frio também.
No entanto, eu me sentia muito quente. O chão gelado pareceu esquentar diante ao meu contato com ele. Fiquei por cima do menor de novo, vendo a excitação do mesmo ainda ali, esperando que algo acontecesse.
Invés de fazer algo a respeito, aproximei-me do rosto dele, com a intenção de morder os lábios que sangravam mais cedo, e o fiz. Mordi com vontade o lábio superior, vendo a mesma situação acontecer. O ciclo recomeçou, ele grunhia abaixo de mim, enquanto se debatia.
? Por favor... De novo não... Porque faz isso? O senhor é muito ruim... ? falava de uma vez, ou entrecortado pelas sensações que eu o fazia sentir.
? O que foi pequeno Len? Não está gostando? ? Desgrudei-me de sua boca, e me posicionei atrás dele, puxando para que ficasse de lado também. Estiquei uma das pernas para cima, deixando-a em um ângulo estranho. Ouvi-o gemer de dor.
? Vamos... Implore para eu não fazer isso. ? Encostei minha glande na entrada que ainda pingava um pouco de sangue.
? Por favor... Por favor... Não faça isso! É dolorido... Dói demais... Eu não gosto. ? Fez exatamente o que eu pedi, e eu sorri.
? Bom menino. ? Violei sua entrada com mais força do que a outra vez, a posição era favorável as minhas estocadas bruscas e sem piedade. Ele puxava o ar com dificuldade, e voltava a chorar desalentado.
O cheiro de sexo impuro e obrigado me encheu as narinas, e meus olhos giraram nas órbitas com o prazer que parecia atingir cada molécula do meu ser. Eu voltava a me acomodar no estreito canal de Len. Era como se fosse voltar ao lar, era tudo tão certo. Eu me perdendo em um mar de prazer, que havia dentro do corpo pequeno. E ele sentindo pura dor, medo e ódio. Sua inocência indo embora com os meus gemidos baixos, e os seus gritos desmedidos, suas vida evoluindo uma fase com o consumo do ato pecaminoso e sujo.
Ele buscava com as mãos algo que pudesse segurar, e não encontrava nada. Gritava em nome de alguém, e eu deixava-o, pois parecia que ninguém aparecia por ali. Troquei de posição, me pondo sobre ele. Peguei suas pernas e coloquei sobre meus ombros.
Não via mais nada além dos cabelos loiros, dos olhos azuis, do suor que passava por todo o menor, suas lindas lágrimas de cristal, sua boca entreaberta, que não sabia se gemia ou gritava e chorava. Por diversas vezes, acertei em sua próstata, e ele gemia.
Via em seus olhos o nojo de gostar quando acertava naquele ponto, e só conseguia repetir a ação, observando ele se martirizar pela situação. Fazia isso enquanto arranhava e mordia sua pele, imaginando como ele estaria pela manhã.
A tez pálida tinha agora marcas vermelhas, e alguns lugares já arroxeavam. Passava minhas unhas com força, para vê-las voltar com a derme e sangue. Minha droga estava ali, esperneando e gemendo.
Em um instante, senti seu corpo desfalecer. Seu corpo tinha chegado ao máximo, ele desmaiava. No entanto, meu ápice ainda não havia chegado. Saí por inteiro dele e me enterrei, ele se virou apenas. Parei para esbofetear seu rosto, ao qual ficou mais marcado.
Ele acordou assustado, como se um de pesadelo, porém encontrou outro de tamanho duplicado. Recomeçou a chorar, e enfim pude deixar-me gozar pela terceira vez na noite. E duas vezes em seu interior. Sentia meu corpo exausto ser arrebato pelo orgasmo mais forte de toda a minha vida, e depois caí em cima de Len.
Ele havia desmaiado de novo, e parecia em um estado de inconsciência profunda. Demorei a poder me levantar, minha respiração não queria normalizar, e meu coração poderia sair pela boca, junto com os pulmões.
Observei o corpo dele, pondo-me, com dificuldade, de joelhos. A noite de extrema perfeição, de supremacia que ultrapassava qualquer tipo de escala. O melhor orgasmo, junto com todas as cenas que eram os maiores sonhos eróticos de homens. A submissão total de alguém.
Ainda mais quando esse alguém era a junção de todos os atributos físicos que eu achava perfeito. Principalmente sua inocência, que agora, havia sido, totalmente perdida. No entanto, o corpo também era, a virgindade, o estupro, a submissão, seus atos que continuavam persistindo, que não desistiam de tentar me parar, e ate a sua pequena excitação que continuava negligenciada.
Levantei-me indo à busca do maço de cigarros. Peguei um e procurei a varanda, o frio me cortou com uma faca afiada. Meu corpo nu tremeu um pouco, sentindo todo o cansaço do esforço que havia feito. Entretanto, mesmo que o frio atingisse-me com força, meu ser continuava quente.
Ainda sentia resquícios da minha droga, e demorou até que eu me lembrasse que tinha um cigarro nas mãos. Acendi-o, tragando-o e deixando a fumaça sair. Amanhã, seria fácil inventar algo, ou se o garoto resolvesse contar, inventar que ele estava mentindo. Isso parecia uma possibilidade interessante, ver Len acusar-me de estuprá-lo no meio da noite.
Sabia, porém que isso era improvável. As pessoas sentiam vergonha de contar sobre isso, elas fingiam que nada havia acontecido, e se tornavam pessoas amargas por causas de seus traumas sem resolução.
Len inventaria uma desculpa e não contaria a ninguém. Ou então, inventaria uma desculpa qualquer e sua mãe fingiria que acreditava. Sabendo que fora alguém da casa, mas não se pronunciando com medo de perder o emprego.
Eu iria embora dali, e talvez, nunca mais pudesse ver o garoto que havia com tanto prazer, corrompido. Um dia, quando eu voltasse, eu o veria adulto, ou talvez, Kaito me convidasse de novo para vir para essa casa típica japonesa, e assim, eu pudesse brincar com o loirinho de novo.
Aquela ideia fez um sorriso brotar em meu rosto cansado. As pessoas se perguntam se o tipo de pessoas como eu sentem culpa. Respondo. Nenhuma, e se alguma vez eu tivesse sentido algum resquício desse veneno perigoso, ela como as espirais de fumaça de meu cigarro, se desfazia.