Olhou para a lareira em seu frente enquanto ajeitava mais os cobertores que estavam cobrindo-lhe. Encolheu mais o seu pequeno corpo, pensando em aquecer-se com o atrito. O quarto parecia maior do que o habitual, e o fogo, crepitando baixinho, não era suficiente para emanar calor paro todo o cômodo. Com ambas as mãos, esfregou seus braços cobertos para uma blusa grossa em um tom negro, fazendo o mesmo processo com suas pernas cruzadas.
Seus olhos violetas observavam com extrema atenção as pedrinhas ao redor da lareira, atento a elas como se isso dependesse a sua vida. A casa estava silenciosa, como sempre. Não ouvia sons além da sua respiração que se condensava a sua frente, e o do vento gelado lá fora. Era o único morando ali, e era esse o fato de sua solidão em noites do inverno rigoroso da Islândia.
Já não se lembrava da última vez que havia saído da posição em frente à lareira. Seu estômago reclamava por comida, e sua garganta estava sedenta por um pouco de água. Ignorou todos aqueles fatores, pensando em como seria uma morte trágica morrer por ter decido estancar em frente ao fogo.
Era quente. E a maneira como as pequenas labaredas dançavam eram hipnóticas. Pareciam querer mostrar algo em um código ainda não revelado. Talvez se aguentasse mais um tempo ali, desvendasse o segredo do mistério que havia contido ali. À sua frente. Com lentidão extrema, quase como se estivesse congelando aos poucos, moveu sua mão para tocar os cabelos alvos.
Caíam sobre o seu rosto pálido, vários fios claros como a neve que caía lá fora. Depois de ajeitar a mecha que havia interrompido a sua contemplação a lareira, voltou a sua posição inicial. Seus músculos pareciam que estavam enrijecendo pelo tempo, e sua face, mesmo não a vendo, paralisava-se em uma máscara de completa seriedade.
Um enorme barulho fez-se na casa. Sua face mexeu-se vagarosamente, olhando em direção à porta de seu quarto. Deveria ser ele, batendo a porta da frente com fúria sem sentindo. Esticou seus braços em direção ao fogo, tentando aplacar a rigidez deles como se fossem de gelo. À medida que seus olhos encaravam os membros superiores, ouviu passos ritmados subindo as escadas de madeira velha.
Não demorou até o portal de seu quarto ser violado. Como antes, seus olhos demoraram a encarar a figura ali. Constatou alguns minutos depois que era ele mesmo. Os cabelos loiros escorriam sobre as laterais daquele rosto bonito, onde se abriam dois olhos do mesmo tom violeta, e os lábios estavam brancos. Em contraste com as bochechas, que se encontravam rubras, assim como ao redor dos olhos.
Ele não vestia nenhuma roupa de frio, apenas seu típico uniforme roxo. Sua boina colocada um pouco de lado, e as mãos cobertas por uma luva marrom. Botas negras que iam até perto de seu joelho. E a face demonstrava monotonia. Era maior do que o de cabelos alvos. Ele andou a passos lentos, observando com atenção os olhos do outro. Porque será que Nor não sentia frio?
O recém-chegado se aproximou do dono da casa, agachando-se e ficando perto dele. Deixou que uma das mãos fosse ao encontro de sua própria boca, puxando delicadamente as luvas com os dentes. O de cabelos alvos olhou a cena com atenção, ponderando sobre a presença inesperada do outro. No entanto, ao passo que o outro retirava a sua outra luva, como o mesmo processe, a pergunta morreu em seus lábios.
As pontas dos dedos do loiro roçaram levemente as bochechas do albino, que sentia vibrações quentes percorrendo o seu corpo. Ante aquele contato, fechou os olhos. Havia se esquecido de como era a sensação de toque humano. Logo, sentia as costas da mão do outro executando movimentos circulares em sua face.
? Ice. ? Sussurrou naquela característica voz monótona, porém, rouca e macia.
? Sim? ? Em contraste, a sua soou esganiçada. Devia-se ao fato de não usá-la há muito tempo, somada a sua sede.
? Há quanto tempo está parado aí? ? Perguntou parando o carinho.
? Não sei. ? Respondeu enquanto abria os olhos, encarando os olhos da mesma cor que os seus.
? Não comeu nem bebeu, certo? ? O sorriso que se desenhou naquela face, era diferente de todos. Os lábios se repuxaram vagarosamente para um dos lados denotando puramente malícia.
? Não. ? Estreitou os olhos.
? Eu trouxe algo que vai te fazer ficar bem. ? Ele falava com extrema lentidão, ou talvez fosse sua mente que não estava bem.
? O que? ? Perguntou, vendo o loiro sentar-se com as pernas cruzadas, e retirar uma garrafa com um líquido rosa. Não havia o visto entrando com aquilo.
O líquido era claro, e podia-se ver através dele sem dificuldade. O loiro com um movimento sacou a rolha, provocando um pequeno estampido. O líquido espumou e derramou um pouco. O mais alto olhou para a garrafa, e logo deixava que o líquido encontrasse seu organismo. Lambeu os lábios olhando de forma predatória para o outro.
? Isso aqui, Ice, vai fazer você se sentir muito bem... Não quer beber comigo? ? A voz parecia estar cheia de um doce que atraía o albino, que deixando um pouco suas cobertas de lado se aproximou.
? Me sentir... Bem? ? Repetiu aquelas palavras, enquanto olhava o líquido incerto.
? Sim. ? Sorriu de canto, deixando que seu dedo tocasse o queixo do outro. ? Abre a boca...
Depois de morder o lábio inferior, e refletir sobre o assunto, o menor entreabriu os lábios.
? Bom garoto. ? Aproximou o líquido dos lábios pequenos e que também estavam brancos e deixou que o líquido fosse derramado.
Era extremamente doce. Tão doce que chegava a ser enjoativo. E depois de alguns segundos engolindo bastantes daquele líquido, engasgou. Fechou os olhos tossindo um pouco, sentindo que a garrafa era afastada de si. Sua roupa havia sido um pouco molhada, e nessas áreas, manchas rosa fluorescente brilhavam escandalosamente.
Sua cabeça girou, enquanto sua vista turvava. As cores pareciam que estavam sendo dissolvidas com água e óleo. Deixou que uma de suas mãos chegasse à testa, e conseguiu ver o loiro ingerindo mais do líquido. Sentia-se tonto, contudo, estranhamente quente e feliz. De fato, sentia que um sorriso inconsciente abria em seus lábios. Não se lembrava quando havia sido a ultima ver que havia sorrido, apenas sabia que os cantos da sua boca eram repuxados para cima.
? O que é isso? ? Indagou, e ouviu a sua voz sair suave e macia. Como se fosse um anjo cantando.
? A fada rosa que veio te ajudar. ? Lambeu os lábios, depois de mais um gole, e deixou que seu rosto ficasse a milímetros do outro.
A língua curiosa do loiro lambeu os lábios brancos do menor, que se arrepiou com aquele contato. Era estranho como seu corpo reconhecia os toques de seu amante tão facilmente. O albino puxou os ombros do maior, e caiu por cima dele. Sentando-se no baixo ventre dele, e deixando que aquele sorriso estranho tomasse conta de seus lábios.
Em retorno recebeu um sorriso macabro do outro. Aproximou-se dele, deixando que os lábios fossem selados de forma casta. Era como se um milhão de penas estivessem encostando ao seu corpo. Sentia a maciez daqueles lábios nos seus e as mãos que firmavam em sua cintura. Sua língua serpenteou indo em busca da do maior, e quando a encontrou, não demorou a degustá-la sentindo a textura aveludada.
Mesmo com os olhos fechados podia sentir as coisas ao seu redor girando freneticamente, e o líquido doce estava impregnado na boca do outro. No entanto, não conseguia afastar-se. Além de ser a boca de seu amante ali, aquele gosto era viciante. Talvez fosse devido ao fato de ser extremamente doce, o fazia querer mais daquele sabor. E havia o cheiro.
Uma mistura do natural do maior com o que se desprendia daquele líquido. As coisas ao seu redor pareciam estar todos com aquele cheiro doce. Era apenas o termo que vinha em sua mente para descrever, à medida que se sentia impregnado por aquilo também. Sugou a língua do maior, como se pudesse retirar todo aquele gosto, e sentindo que o outro tentava fazer o mesmo. Já não havia mais ar em seus pulmões.
Separou-se devagar, mordendo o lábio inferior do maior. Quando abriu os olhos, tudo girou. Estranhamente, não sentia mais frio, no entanto, tudo ao seu redor girava em loops desiguais. Espalmou suas mãos sobre o peito do que estava por baixo, e encarou-o. Os olhos lilases estavam rodeados por círculos vermelhos claros, assim com as bochechas. Havia também um sorriso retorcido naquela face.
? Porque demorou tanto? ? Perguntou sem delongas o menor.
? Eu estava resolvendo algo... Que te deixará feliz. ? Com uma das mãos pegou a garrafa que estava próxima e bebeu mais um gole, o menor sentiu sua boca salivar, e retirou-a do outro, assim que este terminou de beber, e deixou que uma grande quantidade entrasse em seu organismo.
? O que é? ? Indagou ao deixar o líquido quase inexistente dentro da garrafa de lado, e olhar para o outro.
? Eu detive quem nos impedia de ficar juntos. ? Os olhos lilases cintilaram.
? Deteve?
? Ele está lá em baixo, quer ver? ? Perguntou sorrindo de canto.
? Eu adoraria. ? Disse de forma suave, selando os lábios brancos do outro para depois levantar-se.
Seus passos eram trôpegos, seus pés descalços e quentes encontravam o chão gelado. As pernas pareciam rígidas em consequência do tempo de não usá-las. Não demorou a sentir mãos quentes em sua cintura, olhou para o outro e sorriu pequeno. Tudo girava e havia quase desaprendido a andar, mas tudo estava bem, pois ele estava ali.
Com muita dificuldade andou até a saída de seu quarto e desceu as escadas de madeira escura. As luzes estavam apagadas, porém podia ver rostos indistintos dos quadros na parede. Aquela mansão decadente havia acompanhado a sua família, e seus parentes viam o que fazia a qualquer passo que dava. Por isso preferia seu quarto, que havia sido privado daqueles rostos medonhos.
Observou as sombras disformes que seus móveis da sala faziam. O seu equilíbrio se perdeu um pouco, e as luzes foram acessas. Percebeu com atraso que Nor havia se distanciado e acendido-as. Piscou diversas vezes para se acostumar à iluminação fictícia provinda dos lustres do cômodo. Sabia que estava andando tropegamente, e o chão parecia cada vez mais próximo de sua face. Arregalou os olhos, sentindo mãos fortes o segurando. O tapete vermelho estava a milímetros de si, e afastou-se até que estivesse longe.
? Não caia, cuidado. ? A voz rouca do maior soou, em uma mistura de ordem e sugestão.
? Desculpe-me. ? Pediu levemente, seus olhos foram atraídos por um corpo deitado perto de um dos sofás negro de couro. ? Vivo?
? Sim... Apenas desacordado. ? Segurando mais firmemente do que a outra vez, andou juntamente ao outro.
Um loiro estava amordaçado, com um corte que sangrava da cabeça. As mãos e pernas amarradas por vários nós de uma corda clara, que serpenteava pelo corpo, amarrando-o fortemente. Os cabelos loiros estavam manchados pelo sangue que escorria, contudo, o albino ainda conseguia distingui-lo.
? Denn. ? Sussurrou, deixando que mais um daqueles sorrisos estranhos abrisse em seu rosto.
? Certamente que sim. ? Com uma mão indicou o corpo. ? Quer antes ou depois?
? Depois. ? Olhou para o loiro ao seu lado. ? No momento, preciso de você.
? Vai conseguir fazer no estado que se encontra?
? Não importa. ? Murmurou antes de puxar o rosto próximo, e beijá-lo com ânsia.
Sentia-se necessitado daqueles lábios, que estavam mais viciantes do que nunca. O maior invadia sua cavidade úmida sem pudor, fazendo as línguas travarem uma batalha por espaço. Era repleto de desejo e saudades, misturados com o líquido rosado que fazia ambos ficarem entorpecidos, pela bebida e pelo contato.
O menor sentia seu corpo ser tocado pelas mãos do maior, passeando por todas as partes por onde passavam de forma afoita. Da mesma forma que enlaçava suas mãos no pescoço do último, puxando os fios da nuca. Sentia seus suspiros entre o beijo, à proporção que se moviam e mudavam a posição das cabeças, procurando a harmonia perfeita para aquela carícia.
O dono da casa começou a caminhar para trás, forçado pelo outro, até que estivessem perto do outro sofá. Seus pés descalços sentiam a maciez do tapete, mas seus olhos estavam fechados e apenas concentrados em sentir mais do sabor daquele ósculo. Até que o contato foi cessado, e Ice jogado suavemente contra o sofá.
Caiu com um baque surdo, mas sua cabeça não sofreu danos, uma vez que o móvel era macio. Logo sentia o corpo do loiro ser moldado ao seu. O encaixe perfeito se fez entre os dois, e logo os beijos recomeçaram, cada um querendo mais um do outro. Era uma luta incessante entre as línguas, havia uma saudade mútua desesperadora nos dois ali.
Havia mãos que dançavam pelos corpos, buscando sentir que o outro era real, e não mais um fruto de delírio. Havia suspiros e gemidos baixos, incentivando um ao outro a prosseguir com os atos. Os olhos fechados que se abriam de vez em quando apenas para apreciar a visão de seus respectivos amantes, sorrindo bobamente.
Tudo acontecia em um frenesi, mas havia ainda aquele sentimento que abrigava nos dois seres. E era movido a esse sentimento que estavam ali, se tocando em busca de se conectar daquela forma única. O loiro parou um momento, puxando o ar com dificuldade. Os olhos lilases se abriram, apenas para ver o abrir do outro par de olhos da mesma cor.
Como antes, deixou que as pontas de seus dedos deslizassem pela bochecha rosada, e pelos círculos da mesma cor ao redor dos olhos.
? O que você está fazendo? ? Murmurou vendo apenas a face na sua frente. O resto era tão sem importância que rodava.
? Admirando como você está rosado. ? Mordeu o lábio inferior.
? Pare com isso. ? Remexeu-se por baixo, friccionando os corpos e ouvindo um gemido contido do maior. ? Preciso de você.
? Está tão desesperado, Ice. ? Prolongou a última sílaba, enquanto abaixava-se um pouco e colocava suas mãos na barra da camiseta grossa. ? Está com frio?
? Nem um pouco. ? Sussurrou, enquanto sentia aquela primeira camada de pano deslizar. Sentou-se ajudando o outro a retirar aquela peça, tinha conhecimento de quantas camisetas havia vestido para aplacar o seu frio.
O loiro estreitou os olhos quando viu a outra camiseta, e logo começou a retirá-la. Seus dedos longilíneos se encontravam com os dedos do outro, enquanto deslizava a camiseta pelo corpo esguio. Depois de mais uma camada de roupa, pode visualizar o peito alvo do outro. Estava extremamente pálido, denotando a falta total de contato com o sol. Ele aproximou seus dedos passando pela pele, adorava tocar todas as partes daquele corpo de forma sutil. Parecia-lhe algo que merecia cuidado, pois era delicado e frágil.
? Você parece uma garota encantada com a boneca nova. ? Murmurou o menor olhando-o com um sorriso pequeno, estava apenas falando, pois tinha o conhecimento da gentileza do outro para consigo.
? Uma linda boneca de porcelana. ? Tocou nos mamilos, apertando-os levemente, fazendo o outro morder o lábio inferior. ? Mas eu não poderia fazer isso com uma boneca...
? Eu sei. ? Passou as mãos pelos cabelos e pendeu a cabeça para trás, sentindo o outro tocar com a língua seus botões rosa.
? Tão sensível... ? murmurou, subindo beijos leves até o pescoço, e o pomo-de-adão.
? Nor... ? suspirou, voltando a encará-lo. ? Ainda está com muita roupa.
Não demorou a que quatro mãos retirassem a primeira parte daquele uniforme complicado. A mesma reação assolou Ice, admirou o contorno sutil do corpo do maior. Era menos pálido do que seu próprio corpo, todavia imaculado como o seu. Achou os lábios do maior, deixando as línguas se encontrarem mais uma vez, sorrindo internamente feliz com os atos.
? Ice. ? Prolongou a última sílaba enquanto cessava o beijo. ? Quero fazer algo por você.
? Algo...? ? Indagou franzindo as sobrancelhas.
? Quero que saiba que meu coração é seu. Eu quero dar ele pra você. ? Sorriu de leve.
? Irá fazer isso, mesmo? ? Indagou, arregalando levemente os olhos, não acreditando naquelas palavras.
? Por você eu faria mil vezes. ? Os dedos do loiro encontraram o próprio peito, deixou-os retos perto do lado direito, onde se encontrava seu coração. A seguir, com uma leveza extrema, deixou que aqueles dedos perfurassem a carne, enquanto mordia o lábio inferior tentando não grunhir com a dor fina.
Deixou que os dedos entrassem por completo, como se não houvesse ossos impedindo a passagem. Com um pouco de dificuldade, começou a movê-los, rasgando a carne do lado direito do peito, entorno do seu órgão vital. Era difícil rompê-la, mas não impossível. Por isso, depois de alguns minutos dolorosos, abriu um semicírculo em volta do coração, como se fossem uma tampa feita de carne viva.
Com um pequeno impulso para abrir aquela espécie de tampa, expôs seu coração pulsante para o outro.
? Ele é seu. ? Apontou para o coração exposto.
? O mesmo para mim, o meu coração é seu. Eu quero que você faça isso. ? Pegou os dedos ensanguentados do outro, e deixou-os em seu próprio peito. ? Faça-o.
? Como queira. ? Começou a fazer o mesmo processo, deixando que seus dedos rompessem todas as camadas de pele que existiam entre o órgão objetivado. Era complexo, pois via o seu amante fechar os olhos com a dor, e morder os lábios fortemente. Enfim, um semicírculo em volta do órgão estava feito, e deixando seus dedos impulsionarem, expôs o dele também.
? É seu. ? O albino levantou os dedos e tocou em seu coração, desligando-o de todos os vasos e veias, suspirando com o ato e trazendo-o para fora. Segurou-o com as duas mãos, em formato de concha, o órgão era apenas do tamanho de uma das mãos.
? Pegue. ? Fez o mesmo, pegando seu coração e soltando-o das ligações com um pouco de brutalidade. Olhou para suas mãos cheias de seu sangue, e logo para os olhos violetas. Aproximou-se do peito exposto do outro, e colocou seu órgão no buraco grotesco que havia feito. Ajeitou-o levemente, tapando com a tampa de carne.
Agora se via manchas vermelhas pelo tronco do albino, sorriu pequeno. Sentiu as mãos dele colocando o órgão em si, e escondendo-o com a carne cortada. Fechou os olhos e pendeu a cabeça, era estranha como podia sentir seu coração pulsando no peito do outro, ao mesmo tempo o dele disparava no seu corpo.
? Posso sentir você em mim. ? O albino sussurrou, aproximando-se dos lábios brancos.
? Eu também... Posso sentir nós dois. Eles batem no mesmo ritmo. ? Disse em tom quase inaudível, com os olhos ainda fechados e sentindo o hálito quente do menor batendo em seu rosto.
Os lábios foram selados novamente, o beijo regado a emoções cúmplices que agradavam aos dois com sua presença. As carícias em sintonia, vacilando entre o desesperado e o sutil. Arfares e gemidos de ambos se misturavam no ar, enquanto as últimas peças eram retiradas com um pouco de pressa contida. Os corpos se colavam em busca do outro, sentindo o roçar mútuo, a excitação crescente, o desejo compartilhado.
Quando as línguas não se encontravam, estavam presentes em outras das partes do corpo. Tocando tudo, sentindo o gosto, lambendo e acariciando. O albino arfou e mordeu o lábio, seus olhos violetas pareciam vagos e observavam a boca do outro. Desceu suavemente, chegando ao tórax e vendo as manchas de sangue, lambeu-as. O gosto férrico contrastava com o doce do líquido distante, e fazia uma combinação estranha.
O loiro suspirou, logo puxando o corpo do outro para mais baixo e chegando ao chão. Selou os lábios rapidamente, e virou o corpo do menor.
? Apoie-se no sofá. ? Disse naquela mistura sutil de pedido e ordem.
? Certo. ? O outro acatou, colocando as mãos no sofá, e empinando o bumbum como consequência. Rebolou devagar, o que fez o outro sorrir pequeno, moldando seu tronco as costas do menor.
Serpenteou três dedos até a cavidade úmida do albino, sentindo-os entrar sem barreira, e serem chupados avidamente. Ice sentia o gosto de sangue naqueles dedos, o seu próprio bem como o do outro. O loiro aspirou profundamente o cheiro proveniente da pele do outro. Seus lábios encontraram a pele em carícias leve, até ao ponto de sentir seu corpo pedindo desesperadamente pelo do outro.
? Já está bom. ? Murmurou rente a orelha, mordendo em seguida o lóbulo desta. Retirou seus dedos úmidos da boca do pequeno, e fez uma trilha de beijos pela coluna. Chegou à entrada, deixando que sua língua circuncidasse o local.
? Ah, Nor... ? gemeu com o ato.
O maior sorriu internamente, antes de deixar que sua língua penetrasse o canal, mexendo-a pelas paredes internas, que se contraiam levemente. Afastou-se, ouvindo um gemido desgostoso e deixou logo dois dedos penetrarem o menor. Os movimentos, de vai e vem, eram executados longamente, de forma precisa.
Depois de algum tempo regado a carícias e beijos nos ombros e costas, deixou mais um dedo entrar. Tomou os lábios do albino na hora, o contato entre as bocas abafava o arfar de dor. As línguas enroscavam-se de forma lenta e ritmada. O gosto era a única mistura de sangue e bebida rosa, dissolvidos em saliva. Esperou algum tempo visando o costume do outro, não iria machucá-lo. Sorriu quando o menor gemeu de forma prazerosa.
Os dedos logo foram retirados, e a glande do mais alto roçou na entrada preparada. Forçou-se vagarosamente, sentindo cada milímetro de seu membro invadir de forma prazerosa aquele canal. Fechou os olhos e impulsionou-se levemente, enquanto tateava as cegas a procura de algo.
? Segure na minha mão. ? Pediu surrando perto do ouvido dele, sentindo um arrepio pela parte do albino.
? Si-Sim. ? Disse de forma entrecortada pela dor, enquanto entrelaçava suas mãos meladas com as do outro da mesma maneira. Não demorou a estar completamente preenchido e arfou com isso. Fechou os olhos, pois tudo girava a sua frente. Sentia seu coração disparar no peito do outro, e ao mesmo tempo, o que estava em sei peito fazia o mesmo.
Rebolou de forma sensual aos olhos do outro, não queria fazê-lo esperar. Não queria esperar. Mesmo que doesse, no final das contas, havia apenas prazer devido a ele. Esses pensamentos rondavam o seu pouco juízo quando o sentia mexer-se devagar, até sair de si completamente. Era curioso como em poucos segundos acostumava-se, e quando o loiro saía, era como se estivesse vazio.
Naquela fração de segundos sem ele, sentiu-se sozinho. Como estava antes dele chegar, contudo, isso não durou muito. Tudo ao seu redor enviava informações que estava realmente bem, pois ele estava ali. A sensação de ser preenchido voltava, o coração dele batia em seu peito, e sua solidão momentânea se esvaía com seu gemido.
Aguentaria muito mais daquela dor de ser invadido, se a sua consciência lhe dissesse que não estava mais sozinho, que alguém no mundo se importava. Antes parecia falso aos seus olhos, porém a prova de tudo estava pulsando em seu peito. De forma ritmada como as investidas contra o seu corpo, sentia tudo girar e fincava as unhas no couro, buscando algum equilíbrio.
Havia o cheiro que desprendia do outro, e o gosto dele misturado ao líquido rosa estava impregnado em sua boca, bem como em seu corpo. Sentia ainda as carícias que o outro tentava executar na sua pele, o que era entrecortado de forma invariável pelos movimentos. Parecia aumentar de forma gradativa, e os segundos sem o loiro dentro de si, diminuíam até quase se extinguir.
Nesse ponto seus gemidos estavam altos e agudos, diferentes dos do outro, roucos e controlados. Sentia a respiração quente do maior batendo em sua nuca, assim como as mãos dele apertavam de forma sutil sua cintura. Quando de repente, sentiu-se vazio por inteiro. Abriu os olhos quando não sentiu Nor voltando e virou-se. Seu corpo foi puxado até que estivesse sentado nas coxas do maior. Este se encontrava deitado no tapete da sala, e sorria para o outro.
O de cabelos alvos pendeu seu corpo para frente, isso fez com que sua boca ficasse próxima ao membro rijo. As mãos suavemente apoiaram-se na base, e beijou a ponta da excitação levemente. Depois, abocanhou-a, deixando-a deslizar pela sua boca. O que estava por baixo sentiu um arrepio, aquela cavidade úmida abrigando sua ereção era pequena e quente. Além daquela textura aveludada, ao qual adorava quando o beijava. No entanto, era diferente quando aquela parte tão sensível de seu corpo era estimulada de forma tão excitante.
Mordeu o lábio inferior com a visão dos cabelos alvos descendo e subindo em um ritmo constante, suas mãos não se contiveram e foram em busca daqueles fios. Acariciou-os, deixando seus gemidos baixos saírem. Gemeu chateado quando o outro deixou seu membro, um filete de saliva escorria dos lábios meio inchados. Viu-o ajeitar-se até que estivesse acima de sua ereção, encaixando-se devagar.
Não podia negar como aquela sensação era prazerosa, e abafou um gemido, pensando no rosto de dor e prazer na face do outro. Encontrou as mãos dele de novo, segurando-as. Sentiu-se por inteiro dentro de seu amante, que estava com os olhos fechados. Não precisou esperar para que o outro começasse a se mover, subindo e descendo pelo seu falo. Gemeu enquanto deixava os olhos bem abertos para apreciar a visão.
O pequeno jogava a cabeça para trás, fechando os olhos com força e não medindo o modo como gemia. De forma alta como se quisesse mostrar as sensações que assolavam seu pequeno corpo, apertava as mãos do maior, à medida que os movimentos se tornavam mais rápidos. Podia até ouvir o chocar entre os corpos, a fricção entre eles. Os gemidos roucos vindos de seu amante.
Sentia-se completado por ele, pois naqueles momentos, seus corpos eram apenas um. Se unindo em meio aquele sentimentos, tudo se misturava naquela ânsia pela busca do prazer conjunto. Os corações batiam na velocidade dos movimentos, de modo errático e descontrolado. E o mais importante, em sincronia. Cada um parecia saber exatamente o ritmo do outro, e faziam tudo em conjunto.
Em certo momento, mesmo que os movimentos fossem desesperados, o menor já não aguentava a falta daqueles lábios. Arqueou seu corpo para frente, alcançando a boca do maior, e beijando de forma ávida. Separou as suas mãos, para poder tocar a face corada do loiro. Sugou a língua, o lábio inferior e o superior. Já podia notar as mãos dele passeando pelas laterais de seu corpo, apertando levemente e deixando um rastro de sangue.
A forma como beijava deixou-o sem ar rapidamente, no entanto, apenas mudou o rumo de suas carícias. Aspirou profundamente o perfume que provinha da curva do pescoço do outro, enquanto beijava a pele clara, distribuindo beijos e chegando até a orelha. Mordia o lóbulo, ouvindo seu amante gemer baixinho. Toda aquela parte do pescoço era tão sensível que se demorou ali, brincando com a pele.
? Ice... ? o outro sussurrou, e logo inverteu as posições. Ficou por cima do menor, não rompendo a ligação com aquele corpo belo. Sorriu para ele, avançando no pescoço como ele havia feito consigo.
Recomeçou com os movimentos, os gemidos provindos do que estava por baixo eram altos como sempre. O pescoço se contorcia com as carícias distribuídas ali, e logo, o menor deixou suas mãos enlaçarem a nuca do outro. Suas pernas não demoraram a fazer o mesmo processo com a cintura de Nor, querendo mais contato com aquela pele.
Tudo ao seu redor turvava, a não ser o loiro. Fechava os olhos aspirando o perfume, sentindo-se tonto por todas aquelas sensações. Em algum momento soube que o outro se afastou um pouco, apenas para colocar uma de suas pernas nos ombros dele. Sentiu-se ser invadida de forma mais profunda, como se fosse possível.
Abriu os olhos quando sentiu algo cair em si. Olhou para o teto, que turvava, e por incrível que pareça, parecia que algo brilhante caía. Como uma chuva de pó brilhante, sorriu internamente, pois não conseguia fazer isso com seus lábios. Quando estes não estavam ocupados sendo beijados, gemiam de forma de forma audível. Até um ponto que escorria pequenos filetes de saliva do canto de sua boca, o que o mais alto não demorava em lamber lascivamente.
Para adicionar mais um estímulo, sentia uma mão começando a estimular seu membro. Arfou surpreso, pois as estocadas atingiram aquele ponto que o fez delirar e revirar os olhos nas órbitas. Não demorou a sentir os primeiros espasmos assolarem o seu corpo, e o momento do ápice chegou, quase ao mesmo tempo em que o outro. Gemeu languidamente, junto com o outro. Desmanchou-se nas mãos quentes de seu amante, enquanto sentia-se a essência do outro provando que ele era real. O pó brilhante caía como se fosse um véu cobrindo tudo.
Fechou os olhos, indo ao paraíso nos braços de seu amante. Era onde queria estar por muito tempo, sentindo o aperto quente contra o seu corpo sempre tão gelado. Sempre precisando de outro para ficar quente. Contudo, não se importava se fosse Nor quem estivesse aquecendo-o, na verdade, acreditava piamente que somente se sentiria tão quente, se fosse naqueles braços.
? Hey, Ice. ? Beijou os lábios brancos e inchados, vendo o outro com os olhos fechados.
? Sim? ? Perguntou sem se abalar.
? Ice... ? sussurrou de novo, sorrindo quando os olhos lilases abriram devagar.
? O que foi?
? Ice... ? o outro apenas sorriu. O loiro saiu devagar de dentro do seu pequeno, sentando-se ao lado dele.
Era vazio sem ele ali, por isso, sentou-se e aninhou naqueles braços que pareciam nunca estarem gelados. Fechou os olhos, ainda sentia-se tonto. E aquele cheiro doce ainda estava impregnado na atmosfera a sua volta.
? Está com frio? ? Perguntou levemente o loiro.
? Apenas queria ficar um pouco aqui. ? Disse se referindo aos braços que estavam a sua volta.
? Por quanto tempo me esperou?
? Não sei... Perdi a conta... Não contava. ? Murmurou.
? Por quanto tempo ficou naquele quarto?
? Não contei...
? Você é muito imprudente quando fica sozinho...
? Desculpe.
? Talvez eu tenha que ficar aqui e cuidar de você.
Ele disse em tom ameno, todavia os olhos do albino se arregalaram e cintilaram com aquela informação.
? Sério? ? Perguntou animado.
? Talvez... No momento, minha prioridade é você. E sei que está com fome. ? Olhou para o outro finalmente.
? Não sei se estou...
? Vem cá. ? Estendeu uma das mãos enquanto se levantava, o que o outro pegou sem demora.
Andaram de mãos dadas, até o outro corpo que estava na sala, ainda desacordado. O albino lambeu os lábios.
? Eu sabia que estava com fome.
? Você sempre parece saber o que eu quero.
? Talvez. ? Murmurou. ? Agora seu coração bate no meu peito, eu sei quando ele dispara...
? O mesmo. ? Sussurrou, sentindo o outro beijar o topo de sua cabeça.
? Vem, se não comermos agora ficará ruim depois. Estocaremos para o inverno.
? Fico feliz que esteja de volta, Nor. ? Sussurrou olhando para os pés descalços, e não vendo o sorriso pequeno que se formava no rosto de seu amante.