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Relatos de uma garota sem amigos
Trecho único
Apresentar-me? Decerto que posso. Onde se põe o sol, lá estou eu, acompanhada de meu inseparável companheiro.
Se lembra do irmão da esperança? E do primo da alegria? Bom, eles decidiram me seguir e, na escuridão, cá e lá, vivemos. Não há o que dizer, palavras fúteis e vazias enroladas na ilusão e recheadas de abandono.
Oh Deus, será hoje o dia? Onde está a luz no fim do túnel que disseram que apareceria? Ou não sou merecedora, nem sequer de uma fresta de alegria?
Acompanhar o brilho da majestosa lua? Sim, eu já o faço, mas por quê não posso ter um amigo de verdade? Bem sabes que Bonten é apenas uma de minhas múltiplas facetas?
Sim, estou a rir-me de mim, porque, no fim, cá estou eu, mais uma vez procurando o impossível: um amigo.
Será possível que mais uma vez me decepcionarei, e fugirei, porque dói não ter ninguém, como eu fiz agora há pouco? E qual o sentido de viver se já não me interesso pelo amanhecer ou pelo júbilo?
Pois bem, que assim seja feito: que me arrebentarei como fiz uma vez e, no fim, não conseguirei o que tanto procuro: alguém para chamar de amigo.
Porque você Ryuuna, você foi o meu triunfo e minha queda, não sei se te odeio ou se por ti guardo carinho, se agradeço por teres ido ou se te procuro no improvável.
Levaste contigo minha alma, garota má! Tu que foste minha única amiga, me deixou sem escolhas ao ir e não voltar. Agora colho os cacos de uma dor que não se finda, porque depois de tanto ser traída, meu raio de luz se foi por entre meus dedos... (malditos dedos!)
E dentre tantas pessoas, nunca acho alguém que me entenda. Alguém que olhe para mim com verdadeira afeição.
Há no mundo alguém perfeito, oh Deus? Não fostes tu a criar todos nós? Então porque não encaminha a mim alguém para chamar de confidente? Já não há paredes para que eu possa desabafar!
A vida levou de mim a alegria e, no fim, cá estou a escrever este relato. Se você tem amigos, agradece e preze por eles, são joias raras que você pode nunca mais encontrar.
Se você está à procura deles ainda, espero e desejo-te boa sorte em seu intento, não que eu vá torcer por você? (pois você não torcerá por mim!)
Sei que apenas os fracos jogam a culpa nos outros, mas não posso evitar culpar aquela pessoa por me tornar nisso. Seu odioso nome? Joyce, uma sombra em minha alma e coração que nunca se apagará e que desejaria apagar, mas não posso evitar agradecer por toda a dor? (maldito seja o sangue masoquista em mim!)
Finalizo o relato lhe lembrando que, nem todas as pessoas podem ser chamadas de amigo, mas que não é fácil descobrir quem é ou não digno. Esconder-se e não tentar não levará a nada, por isso, procure sem medo de errar, a vida te guiará até seu alvo? (infelizmente ela é cruel comigo!)