Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.
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INCOMPLETOS
Chiisana Hana
Beta-reader: Nina Neviani
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Capítulo X ? Completos
Claire e Shunrei travaram uma luta que logo começou a ser vencida pela loira. A chinesa tentava tirar forças de onde não tinha, mas tinha dado à luz os gêmeos havia pouco mais de vinte e quatro horas e sua derrota era mais do que evidente.
Enquanto isso, já dentro do carro e prestes a deixar o hospital, Shiryu sentiu uma vontade inexplicável de voltar para perto de Shunrei. Ele tentou ignorar o que sentia e deu partida no carro, manobrando-o para sair da vaga. Entretanto, a sensação era tão forte que ele resolveu ceder e voltar ao quarto. Ao chegar lá, deparou-se com Claire sobre Shunrei, apertando-lhe o pescoço. Sem dizer nada, Shiryu envolveu o pescoço da ex-mulher com o braço flexionado, o que a fez soltar Shunrei de imediato. Continuou apertando enquanto a loira se debatia e arranhava seus braços tentando desvencilhar-se, até que depois de um estalo, os movimentos delas cessaram.
Shunrei ficou deitada no chão, esgotada, tentando recuperar o ar que as mãos da loira lhe roubaram. Shiryu soltou a ex-mulher e correu até ela.
? Meu amor... ? ela murmurou, tossindo e quase sem voz. ? Ela queria levar os bebês.
? Foi Deus que me fez voltar ? ele disse, aninhando-a em seus braços. ? Shiryu apertou a campainha chamando a enfermeira para que ajudasse Shunrei. Quando a mulher chegou, deparou-se com Claire deitada no chão, a cabeça numa posição antinatural.
? Mas o que é isso? ? ela indagou, olhando perplexa para Shiryu. Ele explicou rapidamente o que tinha acontecido, aproveitando a ocasião para praguejar acerca da segurança do hospital, uma vez que ele tinha proibido quaisquer visitas além das que constavam na lista que ele deixara na recepção.
? O senhor entende que não posso ignorar isso, não é? ? a mulher perguntou.
? Eu não pedi que ignorasse. Faça o que tem de fazer ? ele disse, calmo, e ligou para Hyoga. ? Preciso que venha para o hospital agora.
? Hein? Tem certeza? ? indagou o advogado do outro lado da linha, confuso. ? O médico é o Shun, está lembrado?
? Eu sei, mas no momento eu preciso dos seus serviços.
? O que foi que houve?
? Eu matei a Claire.
? Como é?
? Ela veio aqui, atacou Shunrei, queria levar os bebês. Eu cheguei bem na hora e... bom... eu a matei.
? Tem certeza de que ela está morta?
? Eu senti quando quebrei o pescoço dela. Agora pare de me fazer perguntas e venha pra cá. O pessoal já está comunicando à polícia, logo isso aqui vai estar lotado.
? Então saia daí agora!
? Claro que não! Eu não vou fugir. Isso está fora de cogitação. Só quero que você venha pra cá.
? Ok, fique calmo. Estou indo para aí.
Quando Hyoga chegou, a polícia já estava no hospital e Shiryu já estava sendo levado para a delegacia. Shunrei estava com Shun, que acabara de examiná-la e informara a Shiryu que ela estava bem, apesar do susto.
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Cinco meses depois...
Nos meses de espera até o julgamento, Shiryu conseguira a prerrogativa de aguardar em liberdade, mas estava se preparando psicologicamente para a condenação e consequente prisão. Tinha certeza de que sairia do julgamento direto para a penitenciária, condenado pelo assassinato da ex-mulher. Entretanto, estava tranquilo. Com Claire morta, Shunrei e as crianças estavam finalmente seguros. E ele cumpriria a pena que lhe fosse determinada sem reclamar. Era justo. Ele tirara uma vida, afinal. Uma vida que não valia lá muita coisa, mas uma vida. Já tinha inclusive calculado a possível pena com Hyoga, cerca de seis anos, eles imaginavam, uma vez que tinha sido para defender a esposa de ataque em curso e levando-se em conta que Claire já tinha tentado matar Shunrei anteriormente.
Shiryu e Shunrei amaram-se sem pressa naquela que poderia ser a última noite em casa nos próximos anos. Depois, ele foi buscar os filhos e colocou-os no berço desmontável ao lado da cama do casal. Os dois não gostavam que os filhos dormissem no mesmo quarto que eles, mas abriram uma exceção nessa noite, pois desejavam que ficassem todos juntos.
? Meu consolo é que vocês ficarão bem ? Shiryu disse a Shunrei, enquanto ninava Eiji. ? Se precisar de alguma coisa você sabe que pode contar com nossos amigos. Temos dinheiro na conta, uma boa poupança, algumas aplicações. Creio que será suficiente para manter vocês. E também tem a casa da praia e outros imóveis de menor valor. Não hesite em vendê-los. O Hyoga pode ajudá-la com isso.
? Vamos ficar bem, meu amor ? Shunrei disse, aproximando-se do marido. ? Não se preocupe. Além do mais, quero acreditar que você pode sair livre disso.
Shiryu franziu o cenho.
? Acho muito improvável...
? Temos que ser otimistas, Shiryu!
Ele colocou Eiji no berço, depois abraçou e beijou Shunrei.
? É, temos que ser ? ele disse, mais para satisfazê-la do que como algo em que realmente acreditava. ? Prometa que vai ser forte, Shunrei.
? Não preciso prometer. Você sabe que eu sou.
Na manhã seguinte, todos os meios de comunicação traziam notícias sobre o julgamento de Shiryu. Ele não queria alimentar o circo da mídia, mas acabou cedendo e dando uma entrevista, que saiu na primeira página de um jornal matinal:
"O JULGAMENTO DO ANO. ENCAMINHA-SE PARA O FIM A NOVELA SUIYAMA-THOMPSOM.
Começa hoje o julgamento de Shiryu Suiyama pelo assassinato da ex-mulher, Claire Thompson. A modelo foi morta quando tentava estrangular a atual mulher dele e sequestrar-lhe os filhos gêmeos recém-nascidos. Meses antes, ela tinha sido acusada de mandar envenenar a moça e estava foragida desde então.
Leia agora nossa entrevista exclusiva com Shiryu Suiyama:
"O senhor atacou a vítima?"
"Sim."
"O senhor utilizou alguma arma?"
"Apenas as minhas mãos."
"Tinha a intenção de matar sua ex-mulher?"
"Não exatamente."
"E sente remorso por tê-la matado?"
"Na verdade, não. Não era o que eu queria, mas está feito e agora sinto apenas alívio."
"O senhor faria tudo de novo?"
"Talvez se eu tivesse condições de pensar na hora, teria apenas imobilizado-a. Mas isso é só uma suposição. Só compreende o que aconteceu ali quem já passou pelo que eu e minha esposa passamos nos últimos meses. Só quem viveu o que nós vivemos entenderia a raiva que eu senti naquela hora."
"Acha que será condenado ou absolvido?"
"Condenado, provavelmente."
"E está com medo disso?"
"Não. Estou pronto. Quando eu vi a Claire com aquele olhar alucinado, sufocando a Shunrei, eu só quis que ela tirasse as mãos de cima da minha mulher e que tudo acabasse rapidamente. Eu sei o que fiz, entendo as consequências e estou pronto para arcar com elas."
Conseguimos também uma declaração exclusiva da esposa do réu:
"Shiryu fez o que fez para me defender. Sem dúvidas, aquela mulher teria me matado e feito sabe-se lá o quê com nossos filhos. Ela já tinha tentado me envenenar antes e por conta disso perdi um filho e passei meses em coma. Vocês acham que era fácil viver como a gente vivia? Sempre com medo de que aquela mulher tentasse nos agredir? Com a segunda gravidez, o medo só aumentou. Por isso, Shiryu tinha dado ordens expressas no hospital de que eu não poderia receber visitas além dos nomes na lista que ele dera. Mesmo assim, de alguma forma, aquela mulher conseguiu chegar ao quarto onde eu estava e se ele não tivesse vindo, era eu quem estaria morta."
Acredita-se que o julgamento será concluído dentro de alguns dias. O caso gerou manifestações em todo o Japão de pessoas a favor da absolvição do réu, mas especialistas acreditam que o mesmo será condenado a cerca de dez anos de prisão. Mais notícias sobre o caso em nossas próximas edições."
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O julgamento arrastou-se por três dias, mas finalmente estava perto de acabar. Shunrei fizera um depoimento emocionado, que levou diversos jurados às lágrimas. Depois, foi a vez de Shiryu depor, onde reafirmou a autoria do crime, bem como os motivos que o levaram a cometê-lo. Agora o júri estava reunido na sala secreta para decidir o destino de Shiryu.
"Eu posso aguentar a pena", ele pensava, enquanto aguardava a decisão. Shunrei estava ali perto, aguardando angustiadamente. Tinha esperanças de que ele fosse absolvido depois de seu depoimento e da leitura da carta de Hu, mas júri popular era sempre imprevisível. Então tinha de estar preparada também para a prisão de Shiryu.
"Não tem problema", ela pensava. "Eu levo as crianças para vê-lo em todos os dias de visita".
Ao final das deliberações dos jurados, o juiz anunciou o veredicto:
? Considerando a decisão soberana do Tribunal do Júri, absolvo por unanimidade o réu do delito que lhe é imputado.
Shiryu vibrou e caiu num choro quase incontrolável, enquanto era abraçado por Hyoga e Shunrei. Na plateia, os outros amigos também comemoraram.
? Você está livre, meu amor! Livre! ? Shunrei disse, abraçando o marido.
Todos os amigos se aproximaram e abraçaram o casal. Juntos, fizeram uma oração agradecendo. Depois, foram para a casa de Shiryu. Ele ainda não conseguia acreditar que tinha saído livre do tribunal. Sentia-se envolto numa névoa, como num sonho estranho, como a neblina do dia em que conheceu Shunrei em Rozan.
Desceu do carro na garagem de forma automática. Shunrei e os amigos falavam, mas ele mal conseguia compreender. Entrou no elevador impelido por seus acompanhantes e procurou fixar-se na realidade, mas era extremamente difícil. Só quando Shunrei abriu a porta de casa foi que ele assimilou o que tinha acontecido. Então, beijou a esposa. Depois, correu até o quarto dos filhos, pegou os dois no colo, abraçou-os, beijou-os, aspirou o cheirinho de lavanda que vinha deles. Depois, Shunrei se aproximou devagar e envolveu-os num abraço. Então, ficaram os quatro ali, abraçados, sob os olhares emocionados dos amigos, sem dizer nada, só agradecendo por estarem juntos, e saboreando a certeza de que todos os espaços vazios de suas vidas estavam finalmente preenchidos.
FIM