Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.
-I-N-C-
INCOMPLETOS
Chiisana Hana
Beta-reader: Nina Neviani
-I-N-C-
Capítulo VIII ? Amigos
? Seiya, você pode falar agora? ? Shiryu perguntou ao amigo pelo telefone. Do outro lado, ele podia ouvir os sons de risada e música alta da festa de Ano Novo que acontecia na mansão onde o amigo morava com a esposa.
? Espera, eu vou para um lugar mais tranquilo... ? Seiya disse aos berros e, pouco depois, Shiryu pôde ouvir uma porta fechar-se, fazendo o barulho diminuir. ? Pronto. Feliz Ano Novo, cara!
? Não tão feliz, Seiya ? disse Shiryu, e deu um suspiro. ? Estou no hospital.
? O que houve?
? Shunrei e eu estávamos no hotel, comemorando nosso primeiro ano juntos, quando ela passou mal.
? Algo com o bebê?
? Não sei... Levaram-na e ainda não me deram nenhuma notícia, cara.
? Não vai ser nada, meu amigo. Aposto que foi uma indisposição qualquer, ela vai ficar bem.
? Assim espero, Seiya. O médico está saindo, daqui a pouco eu ligo de novo ? disse e desligou. O médico se aproximava dele com ar grave.
? O senhor é o marido da paciente Suiyama? ? Shiryu respondeu afirmativamente. O médico prosseguiu. ? Fizemos tudo o que podemos para salvar a moça e o bebê, mas infelizmente a criança não resistiu. Sua esposa encontra-se em estado crítico e eu já comuniquei o acontecido à polícia, pois ela foi envenenada.
Shiryu mal conseguiu assimilar as palavras do médico.
? Envenenada? Estávamos no restaurante do hotel e ela só tomou um suco! Meu Deus! Mas por quê? Por que alguém do hotel envenenaria a Shunrei?
? Sugiro que o senhor fique por aqui, pois certamente os policiais vão querer falar com o senhor.
? Pode ter certeza de que não sairei ? Shiryu respondeu, ofendido. O médico não tinha dito nada, mas sabia o que ele pensou: "o marido é sempre o primeiro suspeito".
Quando amanheceu, a polícia chegou e Shiryu relatou o acontecido.
? Estávamos na festa, esperando a queima de fogos. Pedimos bebidas, eu pedi um drinque, ela um suco. Assim que tomou o primeiro gole ela passou mal. Foi a única coisa que ela ingeriu. E ela não tinha comido nada em casa antes de sairmos.
? A sorte dela é que foi apenas um gole. Mais que isso, ela não estaria viva. Ela tem algum inimigo?
? Não creio que tenha. Shunrei nunca fez mal a ninguém, mas... ? Shiryu hesitou. Levantar suspeitas seria algo muito grave, mas era a única possibilidade que lhe ocorria e a polícia tinha de saber para que pudesse investigar.
? Mas? Prossiga ? instigou o policial.
Shiryu respirou fundo e recomeçou.
? Mas eu não gostei do jeito que uma garçonete falou conosco. Era uma ex-colega da Shunrei e desde o começo do nosso relacionamento ela dizia coisas estranhas. Ela se chama Hu, não sei o sobrenome.
? Hu... ? murmurou o policial, pensativo. ? Sei. Deseja acrescentar mais alguma informação?
? Não, senhor ? respondeu com pesar. Assim que o policial se afastou, ele procurou saber da esposa. A situação dela não havia se alterado e ele, por fim, desabou no choro. Sentia a dolorosa perda do filho, mas sabia que essa perda seria ainda mais significativa para Shunrei, afinal aquele era o segundo bebê que ela perdia e a segunda tragédia seguida que ocorria no Ano Novo.
O celular dele tocou.
? Oi, Seiya ? cumprimentou tristemente ao atender.
? Oi. Agora que a bagunça aqui em casa acabou, me conta direito o que houve.
? Shunrei foi envenenada ? ele soltou, e desabou no choro outra vez. ? Não consigo entender, Seiya. Não consigo.
? Envenenada? Meu Deus! E como foi isso?
? Não sei direito, só sei que foi no hotel.
? Estamos indo para Rozan ? Shiryu ouviu Saori dizer.
? É ? Seiya confirmou. ? Não sei se vamos ajudar em alguma coisa, mas pelo menos estaremos do seu lado.
? Obrigado ? ele agradeceu comovido. A simples presença dos amigos seria uma ajuda imensurável.
No final da tarde, Seiya e Saori, Hyoga, Shun e Ikki desembarcaram de um jatinho particular pertencente à milionária. Deram entrada num hotel vizinho àquele onde o envenenamento aconteceu e logo em seguida foram para o hospital. Estavam todos cansados da festa de Ano Novo e com cara de ressaca, mas a disposição para ajudar o amigo era maior que o cansaço. Quando encontraram Shiryu, rodearam-no e envolveram-no num abraço silencioso. Enternecido, ele voltou a chorar. Quando se acalmou, relatou todo o acontecido aos amigos, falou da perda do bebê, do estado de Shunrei e acrescentou um breve relato sobre suas suspeitas.
? Se quiser, dou uma prensa nessa vagabunda ? Ikki disse, batendo o punho direito fechado na palma da mão esquerda.
? E eu ajudo ? completou Seiya.
Shiryu recusou a oferta.
? Vocês não sabem a força que eu tenho de fazer para não ir lá torcer o pescoço dela eu mesmo ? ele disse. ? Mas ainda não temos certeza de nada. É só uma suspeita minha, que pode inclusive ser injusta. Se ela realmente estiver envolvida, a polícia vai descobrir.
? Bah! Polícia! ? revoltou-se Ikki. ? A gente tem que comer ela no cacete.
? Shiryu está certo ? ponderou Shun. ? Não se pode resolver as coisas com violência.
? É ? Hyoga concordou. ? E agora, Shiryu, você tem que ir pra casa, tomar um banho, comer, descansar um pouco. Depois você volta para cá.
Shiryu protestou, mas, diante da insistência dos amigos, acabou cedendo e deixou-se levar para casa. Lá, Shun fez com que ele fosse para o banho e, enquanto isso, dissolveu um ansiolítico no suco que preparou.
? Pelo menos ele vai relaxar e dormir um pouco ? cochichou com Seiya ao celular.
? Vê lá, hein? Não dá um negócio muito forte.
? É só para ele dormir um pouco, Seiya. Eu sou o médico aqui, certo? Pediatra, mas sou.
? Certo, doutor Amamiya. Já voltamos para o hotel, vamos descansar um pouco também. Estamos todos moídos. Depois passamos aí.
? Ok. Vou ver se descanso também quando ele dormir. Agora ele está saindo do banho. Depois falo com você. ? Shun desligou o telefone e voltou-se para Shiryu. ? O Seiya avisou que o pessoal já foi para o hotel.
? Entendo como vocês devem estar cansados depois da farra na casa da Saori... Bom, eu vou voltar lá para o hospital.
? Antes você vai comer o lanche que preparei e descansar um pouquinho. Mais tarde levo você lá.
? Não, Shun. Não quero deixar a Shunrei sozinha...
? Juro que levo você depois do lanche.
? Está bem ? rendeu-se Shiryu, e aceitou o suco e o sanduíche que Shun oferecera. ? Como você quiser, doutor.
Mais tarde...
Shiryu acordou atordoado e muito irritado ao perceber que dormira por mais de doze horas.
? Shun, seu filho da mãe! ? enfureceu-se. ? O que você colocou no suco?
? O que você precisava ? Shun respondeu calmamente.
? Me leve para o hospital agora!
? Sim, senhor. Mas antes, você vai tomar seu café.
? Nem pensar! Você deve ter colocado algo.
? Não coloquei nada, relaxe. Tome o café. Já liguei para o hospital. Shunrei está estável. E consegui conversar com o médico que a atendeu. Ele me disse que ainda precisam analisar o material que colheram, mas provavelmente o veneno usado foi cianureto. Ela teve sorte, Shiryu. Esse veneno é muito letal.
Shiryu engoliu em seco.
? Eu quero vê-la.
? Vou tentar levá-lo, mas não garanto. O médico daqui tem que permitir.
Mais tarde, os dois foram ao hospital. Seiya e Saori já estavam lá. Hyoga tinha ido à delegacia, saber em que pé andavam as investigações. E não se sabia do paradeiro de Ikki.
Depois de muita conversa com o médico plantonista, Shun conseguiu ter acesso à UTI, levando Shiryu consigo. Os dois paramentaram-se e, acompanhados do médico, entraram no recinto. Shiryu segurou a mão de Shunrei e chorou silenciosamente, revivendo os momentos que vivera com ela no último ano, o mais feliz de sua vida. O médico disse que deviam sair e Shun amparou Shiryu até o lado de fora.
? Não consigo nem imaginar o que você está sentindo ? Shun murmurou, abraçando o amigo. O médico também saiu do recinto e passou a explicar a delicadíssima situação de Shunrei. Além das sérias sequelas respiratórias, a mulher encontrava-se em coma, do qual talvez não saísse nunca. Por fim, o médico aconselhou Shiryu a desligar os aparelhos que a mantinham viva.
? De jeito nenhum ? Shiryu respondeu, irado. ? Ninguém vai desligar nada!
? Entenda que o mais provável é que ela nunca mais acorde ? insistiu o médico.
? Que seja! Não vão matar a minha mulher!
O médico assentiu. Já tinha visto cenas semelhantes muitas vezes antes e sabia que, em geral, depois de algum tempo, maridos assim acabavam cansados demais e aceitando o desligamento. Era só uma questão de tempo.
-I-N-C-
Dias depois...
Shiryu e os amigos estavam no hospital quando receberam a notícia da prisão de Hu. Imediatamente, ele foi à delegacia, acompanhado de Seiya.
? Você tem algo a ver com isso, não tem? ? Hyoga perguntou, chamando Ikki a um canto. ? Andou sumindo misteriosamente por esses dias... Eu conheço você, Ikki.
? Eu só disse umas coisinhas a ela... ? retrucou Ikki, rindo.
? Imagino o tipo de coisa. O que você fez exatamente?
? Bom, segui a vadia por uns dias. Queria saber aonde ia, o que fazia, com quem falava. E acabei ouvindo conversas suspeitas. A partir daí foi fácil. Esperei ela sair do hotel e arranquei as informações.
? Não quero nem imaginar como você "arrancou as informações".
? Digamos que eu as arranquei literalmente ? ele disse. ? Alicate é uma coisa muito útil. Muitíssimo.
Hyoga olhou aterrorizado para o amigo.
? Ikki! Tortura? Pelo amor de Deus!
? Estou brincando, porra. Só fiz umas ameaças, falei que era um torturador do exército japonês e que se ela não fosse à delegacia e abrisse o bico por conta própria eu arrancaria os olhos dela com uma colher e faria com que ela os comesse.
? Você é doido.
Ikki deu de ombros.
? Funcionou, não funcionou?
Na delegacia, depois de ouvir o que o delegado tinha a dizer sobre a prisão e posterior confissão de Hu, Shiryu exigiu vê-la.
? Só quero saber o porquê ? ele disse ao ser colocado em frente à cela onde ela estava presa. A mulher ignorou-o. ? Vamos, fale!
? Porque ela tinha tudo! ? bradou Hu. ? Eu continuava me arrebentando de servir mesas naquele hotel e voltava para casa de madrugada, enquanto ela agora tinha vida de madame! O que ela tinha a mais que eu? Eu já estava cansada de vê-la andar pela cidade, exibindo-se de carro novo, e agora, exibindo aquela barriga de grávida, me ignorando, nem falava direito comigo.
? Ela não falava porque você era hostil! Fazia perguntas incômodas! Meu Deus, você tentou matá-la só por isso? Não posso acreditar que você matou nosso filho por isso!
Shiryu avançou para as grades e, se pudesse, teria desferido um soco na mulher.
? Espero que aproveite seus últimos dias de vida na cadeia ? ele disse. ? Até a hora em que meterão uma bala na sua cabeça.
Hu deu um sorriso alucinado e disparou:
? E que você aproveite os dias da sua mulherzinha em coma, seu babaca!
Seiya arrastou Shiryu dali.
? Ainda não posso acreditar que foi tudo por inveja... é tão vil... ? Shiryu confessou a Seiya, que coçava a cabeça intrigado.
? Você tem mesmo certeza de que foi só isso? ? ele perguntou. ? Estou achando essa história toda muito esquisita.
? O que você quer dizer, Seiya?
? É que eu achei a Claire muito quieta, Shiryu.
? Claire? Não creio que seja possível, Seiya. Ela não faria isso. Além do mais, como ela teria contato com aquela... aquela mulher?
? Não sei, não sei. O que eu sei é que uma mulher magoada é capaz de muita coisa. Ainda mais uma mulher impulsiva como a Claire. Acho que devíamos comentar isso com o delegado... pelo menos para investigarem ela...
Shiryu concordou e os dois foram falar com o delegado.
? Hum... ? o homem disse, remexendo em papéis que se encontravam em cima de sua mesa. ? Interessante. Não tinha comentado nada porque ainda estamos investigando, mas já que os senhores tocaram nesse assunto, descobrimos que a Hu foi vista conversando com uma turista que identificamos como Claire Thompson, sua ex-mulher.
Shiryu recuou na cadeira, incrédulo. Era como se tivesse recebido um soco no estômago.
? Claire? Aqui?
Continua...