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A claridade começou a me encomodar, então abri lentamente os olhos me virando para o lado e notei que faltava algo, quando terminei de abrir meus olhos vi que ela não estava mais lá. Percebi que ainda estava coberto com seu pesado edredom e só então percebi que havia uma marca de sangue no colchão. Levantei-me, coloquei minha roupa, virei o colchão e estendi o edredom dela ali. Andei pela casinha procurando alguma pista da mesma, então vi um pedaço de papel em cima de mesinha e nele estava escrito:
?Eu precisava ir e você estava dormindo tão profundamente que não quis acorda-lo, se precisar de mim me ligue?
E deixou o número no papel.
Sentei-me no colchão, deveria ser 8 da manhã, precisava inventar alguma desculpa para minha mãe, então simplesmente resolvi dizer que havia dormido fora de casa. Desci da casa na árvore entrando pela porta dos fundos da cozinha, minha mãe já preparava a Ceia de Natal ?Menino, onde você estava?? ?Dormi na casinha mãe? ?Você já não tem mais 11 anos para fazer essas coisas, poderia deixar um bilhete avisando? Não dei importância para as preocupações de minha mãe, comecei a subir lentamente as escadas. Quando já estava no quarto degrau lembrei-me dela e voltei para a cozinha ?Manhê, eu poderia chamar uma pessoa para ceiar com a gente hoje?? ?É aquela sua namoradinha que veio com você até em casa ontem?? ?É mãe? ?Mas ela não tem a ceia com a família?? ?Os pais dela já morreram, mãe? ?Nossa, que coisa triste? ?É por isso que resolvi chamá-la para ceiar com a gente, se a senhora não se importar? ?Claro que não meu filho, afinal é natal, quanto mais gente melhor? ?Vou ligar para ela agora mãe? Fui até a sala e disquei o número, ela atendeu ?Alô?? ?Oi Brenda, é o Erik, lembra de mim?? ?Claro que sim, bom dia? ?Então Brenda, estou ligando pra perguntar se você não gostaria de ceiar com a nossa família essa noite? ?Eu estava pensando em te convidar para uma outra coisa, o que você acha da gente ir ver ser acendidas as luzes da grande árvore de natal do World Trade Center à noite e depois voltarmos e ai sim ceiarmos com a sua família?? ?Combinado? Deixei o papel em cima da mesinha do telefone na sala, voltei para a cozinha junto de minha mãe e disse ?Mãe, nós iremos ver ascenderem as luzes da grande árvore, depois voltamos para casa e ceiamos, combinado?? ?Combinado meu filho?. Subi para meu quarto, tomei um belo de um banho, me vesti e desci para ajudar minha mãe com os preparativos para a ceia, foi isso a tarde inteira. Ajudei minha mãe, rimos muito, conversamos, falamos sobre tudo. Quando deram 7 horas da noite subi para meu quarto, tomar um banho e me arrumar para meu encontro, combinamos de nós encontrar as 8 no ponto de ônibus. Eu vestia as típicas roupas de inverno, coloquei meu sobretudo marrom e desci as escadas. Mamãe mandou eu ter cuidado, eu disse para a mesma não se preocupar.
Cheguei ao ponto de ônibus e novamente estava ela, sentada balançando seus pezinhos, então me aproximei dela e ela se levantou, só então notei que ela vestia um vestido grosso de lã preto fosco, dois palmos acima do joelho, uma meia calça preta grossa, coturnos de salto, um sobretudo grosso negro e um gorrinho de inverno também negro, uma bolsa pequena em mãos. Ela estava divina, linda, a abracei com carinho e ficamos ali, abraçadinhos, esperando o ônibus. O ônibus encostou, subimos e sentamos juntos e ficamos conversando trivialidades até chegarmos ao Centro Comercial de Nova York. Chegamos, fomos tomar um chocolate quente, haviam muitas pessoas no local, estava um clima natalino bem calmo e acolhedor, eu e Brenda riamos muito, me sentia eu mesmo ao lado daquela garota, seriamos eternos, se ela não tivesse feito a terceira e ultima coisa que me surpreendeu, ela então pegou na minha mãe me arrastando e disse ?Erik, vamos tirar uma foto de baixo da árvore de natal? Ela me posicionou em determinado local de frente com a árvore, tirando lentamente uma coisa de sua bolsa e então ela olhou para mim e deu aquele lindo sorriso que eu tanto amava, e pronunciou AQUELAS MALDITAS PALAVRAS! ?Mesmo te amando pra que viver se eu desejo com todo meu ser a morte? Então rapidamente ela retirou o objeto de dentro da bolsa e levou até a boca, só então que eu notei que era um revolver. Na hora que fiz mensão a correr para tirar o mesmo da mão dela com ele apontado para o céu de sua boca ela puxou o gatilho. Então aquele maldito barulho começou a ecoar pela minha cabeça, eu corri, a abracei, gritei e chorei muito.
-Tudo bem Erik, vejo que você esta muito agitado, deve estar na hora do seu remedinho ? Disse o doutor tentando acalmar o garoto a sua frente que tremia
-EU NÃO QUERO O MALDITO REMÊDIO, EU QUERO A BRENDA DO MEU LADO ? Disse o garoto levantando da sua cadeira e a jogando para o canto do quarto.
-ENFERMEIROS, ENFERMEIROS!
Nessa hora entraram dois enfermeiros de grande porte no quarto e o doutor se retirou do mesmo, eles agarraram Erik e deram um sossega leão nele, fazendo que na mesma hora o garoto entrasse em um sono profundo, então o colocaram na cama e se retiraram do quarto.
Ao abrir a porta de seu consultório o doutor encontrou uma mãe aflita e um pai desesperado
-Não houve melhoras no quadro dele, ele ainda insiste na existência de uma garota chamada Brenda.
-Mas não há doutor ? Disse a elegante dama da alta sociedade.
O doutor se sentou confortavelmente em sua cadeira e disse
-Você poderia me contar a historia de natal em que o seu filho perdeu a sanidade?