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Em minha cabeça aquelas frases se repetiam compulsivamente ?Ela morreu, ela morreu, ela morreu? Aquelas paredes brancas me enlouqueciam, eu via o rosto dela ensangüentado por todos os lados, sentado na única cama do local totalmente branco, estava eu, novamente aquela frase se repetia em minha mente (Mesmo te amando pra que viver se eu desejo com todo meu ser a morte) Ao escutar aquele tiro teve fim a minha vida, não que esteja morto, ou seja, um espírito, apesar de que penso ser um, mas ela levou para o seu túmulo a minha sanidade, resumi-la? Ela era minha garota Cradle of Filth. Ela era minha garota Cradle of Filth. Ela era minha garota Cradle of Filth. Ela era minha garota Cradle of Filth. Ela era minha garota Cradle of Filth. Meu nome é Erik, hoje tenho 22 anos, hoje é natal, fazem 2 anos que ela morreu e 2 anos que estou internado nesse manicômio, manicômio, manicômio. Você quer conhecer a minha historia? Se não quiser eu vou contar do mesmo jeito, eu sou um louco e não tenho que explicar minhas ações.
Eu era um rapaz como todos os outros. Cabelos pretos, 1,80, magro, olhos castanhos, pele branca, morava num bairro agradável da grande cidade de Nova York, acordei-me pela manha e aquele dia nevava, olhei meu calendário em minha cômoda e era dia 23 de dezembro, lembrei-me que ainda não havia comprado os presentes de minha família, então após vestir as roupas pesadas de inverno desci as escadas até a cozinha pegando um pedaço de torrada e gritando um ?Até logo? para a minha mãe que preparava o café.
Dirigi-me até o ponto de ônibus mais próximo quando a vi, sentada no banco. Ela usava uma calça jeans, coturnos, um leve casaco de lã e uma camiseta escrita Cradle of Filth, sim ela era a minha garota Cradle of Filth. Ela tinha um rostinho redondo e apesar da maquiagem pesada carregada pelos olhos negros percebia-se que tinha os traços bem delicados, pelo fato de estar sentada no banco balançando os pés conclui que ela deveria ser baixinha, um pouco acima do peso para os padrões de moda atuais, cabelo ondulado e longo negros como a noite, a minha curiosidade foi maior e perguntei a ela: ?Ei moça, não está com frio?? Ela apenas olhou para mim e me mostrou o sorriso mais belo que eu já vi na minha vida, apesar dos seus olhos carregarem a tristeza. Ela tirou um fone do ouvido e disse: ?O frio de minha alma é maior que o de meu corpo? Achei estranho a resposta dela e me sentei ao seu lado e ela como se fossemos dois amiguinhos de escola estendeu sua mão até mim só então reparei que ela devorava uma barra de chocolate, ao qual me ofereceu um pedaço a esta hora.
Fiz menção a negar então ela quebrou o chocolate ao meio e depois depositou uma parte em minhas mãos, dizendo a seguinte frase: ?Meu coração se aqueceria um pouco mais se você aceitasse?. Então ao olhar os olhinhos piedosos dela em minha direção não tive como negar seu pedido e levei o chocolate até a boca, comendo um pedaço.
Perguntei a ela ?Também esta indo fazer as compras de natal?? Ela me respondeu ?Não tenho a quem dar presentes, apenas gosto de andar sem rumo? Fiquei sem saber o que dizer a sua resposta mais o olhar enigmático estampado em seu rosto despertaram minha curiosidade só que não pude perguntar mais nada, pois o meu ônibus havia chegado. Não queria deixá-la ali, mas ela era uma estranha, e não se deve andar com estranhos, então, ela mexeu em sua bolsa e se dirigiu até a porta do ônibus, entrando no mesmo. Senti certo alivio por estarmos no mesmo ônibus, mas senti também uma certa curiosidade, então entrei no ônibus em seguida, ainda no corredor do ônibus ela se virou para mim fazendo nossos corpos se chocarem, foi como se o calor do verão me invadisse, pela primeira vez senti uma coisa estranha se aquecer dentro de mim. Ela sorriu e disse ?A propósito, meu nome é Brenda, gostaria de se sentar comigo?? Tenho que admitir, eu ficava bobinho olhando aquele sorriso, então eu somente balancei a cabeça afirmativamente e ela fez a segunda coisa que me surpreendeu, ela pegou em minha mão me levando até o banco e talvez por ela estar usando pouca roupa de frio, eu senti sua mão gelada, mas deixei com que ela me guiasse e me sentei ao lado dela enquanto o ônibus seguia o percurso para o grande centro de Nova York.
?Você não esta mesmo com frio?? perguntei a ela novamente, ela então disse ?estava antes de tê-lo ao meu lado, talvez agora o frio já não me incomode mais? Eu não podia deixá-la com frio, não podia, não podia, não podia. Então tirei meu sobretudo e joguei em cima de suas costas, eu estava com muitas roupas então não me faria falta, ela não se negou apenas sorriu para mim, talvez ela já tivesse percebido o efeito que seu sorriso me causava, então para quebrar o gelo perguntei ?qual a sua idade??. ?17? Na hora que abri minha boca para falar que tinha 20 anos, com dois dedinhos ela tocou meus lábios, evitando que eu pronuncia-se as palavras e disse ?idade são só números, isso não importa para mim. Oque mudaria você ter 20, 40, 50. O fato é que estamos aqui agora, e não sabemos quando a morte dará o seu abraço amigo, então não vamos nós preocupar com números? Era estranho, até parecia insano o que ela dizia, mas eu, naquele momento consegui entender perfeitamente o que suas palavras significavam, não sei dizer ao certo o por que, mas paramos de conversar.
Ela ainda com apenas um fone de ouvido, observava distante o movimento pela janela do ônibus e eu apenas olhava ela, em determinado momento da viagem, sem nem perguntar se podia ou não, ela deitou sua cabeça sobre meu ombro, sorrindo com os olhos fechados, eu não me incomodei, por extinto protetor ou sei lá por que passei meu braço por cima da sua cabeça e a abracei, deixando-a mais confortável, então colocou suas mãos sobre meu peito e disse ?Obrigada?.
Não sabíamos onde seria a parada dela, mas não queria que ela se afastasse de mim, jamais, então, o ônibus parou no meu ponto de decida, fiz menção a me levantar, ela me segurou pela mão, disse com uma voz chorosa ?fica comigo?, como eu negaria esse pedido? Depois eu poderia pegar outro ônibus e retornar para o meu ponto, quem sabe acompanhando ela até o ponto dela, conheceria sua casa, talvez nos tornássemos amigos. Não, não, a nossa ligação era alem de amigos, depois de um certo tempo o ônibus parou em um determinado lugar e ela me disse ?a nossa parada é aqui? ela desceu do ônibus e eu também, então ela segurou novamente na minha mão e começou a andar alegremente pelas ruas, era até irônico o quão grande eu era perto dela, o meu sobretudo que para mim ia até o joelho, para ela havia ficado a 2 palmos a cima de seu calcanhar, mas ela parecia não se importar com isso, caminhamos, conversávamos sobre as lojas, os enfeites de natal, o coração natalino, a neve, todas essas coisas que trazem a mágica do natal, andamos muito, sinceramente, eu não fazia idéia de onde estava, até que ela entrou numa floricultura e começou a olhar a sessão de rosas que haviam sido colhidas aquela manhã, ela disse a mim, estendendo uma rosa branca e pegando duas vermelhas ?Sabia que minha mãe adorava rosas? Principalmente as brancas e as vermelhas, você poderia segura-las para mim?? Segurei elas enquanto ela caminhava pela floricultura ?Eles eram botânicos? disse ela se referindo aos seus pais ?Meu pai, achava a rosa uma flor delicada só que não era a sua preferida, ele era fascinado por lírios brancos? Dizia enquanto pegava 3 lírios brancos. Ela então tomou delicadamente as rosas de minha mão, indo até o caixa e pagando pelas flores, saindo da floricultura e voltamos a nossa calma e alegre caminhada. Até que paramos num lugar que parecia ser enorme, com seus altos muros brancos e um portão enorme, ao lado tinha uma pequena e bela pracinha, bem arborizada, e ela me disse ?é aqui que os meus pais moram, venha, eu vou te apresentar a eles? Senti minha barriga gelar, afinal, eu não estava preparado para conhecer os pais de ninguém, mas ela me arrastou portão adentro.
Ao entrar no local percebi que ali se tratava de um cemitério, só então notei havia usado as palavras, eram a todo momento que se referia a eles, fiquei um pouco triste com a situação da menina que se encontrava a minha frente, mas ela me parecia alegre, alegre até demais, chegamos num local que ficava abaixo de uma árvore ali lado a lado, haviam 2 túmulos grande e imponentes de mármore, no começo, tinha uma placa indicando que o terreno pertencia a uma única família. Na placa estava escrito ?Família Brelly?.
Ela se aproximou dos túmulos, depositando as rosas no direito e os lírios no esquerdo ?feliz natal papai e mamãe? Então ela se virou para mim se sentando no túmulo de mármore que era alto e ficando com os pezinhos balançando ?Aqui é um lugar tão tranqüilo e agradável não acha?? me aproximei dela e disse ?Não venho muito a esses lugares? ?Você deveria vir, aqui eu encontro paz para minha alma, fora da correria da grande cidade de Nova York.? ?Por que você é assim?? ?Assim como?? ?Não sei explicar, você é diferente? ?Você quis dizer estranha?? ?Não? ?Bem, eu só acho que nem tudo na vida é ruim, as vezes é melhor fingir sentimento e a solidão é melhor do que estar rodeado de pessoas falsas e a dor de um coração partido é melhor do que nunca ter amado, então, se você achar que eu estou estranha, pode seguir, ir embora, meu coração se partirá, mas pelo menos, eu te amei? Fiquei sem resposta para as palavras dela, como assim me amava? Ela não sabia quem eu era, mas percebi, que a todo momento que estivemos juntos, ela sempre me tratou com muito carinho e mostrava ter depositado toda sua confiança em mim, ela se entregou ?Acredita em amor a primeira vista?? ela respondeu ?Foi assim que me apaixonei por você? ?Eu não vou embora, eu vou ficar aqui, com você? ?Eu sabia? Ela sorriu novamente para mim, então me aproximei mais perto, ficando entre suas pernas, segurei com as duas mãos em seu rosto erguendo-o em minha direção, então toquei seus lábios, fazendo uma leve pressão pedindo passagem com a minha língua, até que encontrei o molhado interior de sua boca e aprofundei o beijo, nessa hora soltei seu rosto e peguei em suas mãos, levando-as até meu pescoço, e a segurei possessivamente pela cintura, nesse momento senti meu coração aquecer, o toque dos lábios dela era suave e delicado, ela tinha o agradável aroma de tons doces e florais, o que me fazia sentir acolhido, ao fim do beijo ela me deu apenas um selinho e voltou a sorrir dizendo ?Estou com fome vamos rachar o almoço??.