Fizemos o relatório para a princesa Mellisa assim que retornamos, tentando explicar com o máximo de detalhes as palavras da Harpia, que acabara tendo que nos acompanhar, para repetir o que dissera. Todos pareciam de acordo na questão de não interrogar Unic naquele momento, porque esta, ainda parecia perturbada. A reação dela ao ouvir-nos contando á princesa que o rapaz Zero, havia sido possuído por Kurona, foi sinceramente digna de pena. Primeiro, seus olhinhos me encararam, como quem quer ouvir que é mentira, e respondi com os meus, que nunca havia dito tanta verdade. Baixou os seus para o chão, e continuou ouvindo silenciosamente. Para qualquer um de fora ,a cena iria parecer nem um pouco comovente, mas, só de vê-la se importar tanto com o menino, e saber o porquê, foi o bastante para me entristecer. Os outros ainda não sabiam o que eu vira na mente de Unic, mas, podiam ver sua tristeza. Mellisa não olhou nos olhos dela ao falar, mas, começou um triste discurso de seu trono:
- Meus nobres companheiros... Eu devia ter imaginado... Devia ter considerado o que ele poderia fazer com o menino... Eu devia... - nunca chegamos a saber o que ele realmente devia, porque antes de concluir sua frase, Mellisa caiu em pranto.
Inesperadamente, foi Unic quem se levantou, caminhou até ela e disse que não era sua culpa. Ela chorou um pouco mais, todavia, acabou continuando:
- Isso já aconteceu antes... Kurona possuir pessoas... - ela continuou, ainda com a voz chorosa. - É mesmo... Como meu velho meu pai contava. Já faz muito tempo,mas, um rapaz foi possuído por esse demônio antes. Foi terrível. Atacou o vilarejo onde morava, matou animais, e já ia começar a matar humanos, quando aquele cavaleiro veio, Arcanjo. Ou melhor, nesta época, era só outro rapaz comum, mas, sua habilidade com a espada era impressionante. Ou pelo menos, meu pai dizia assim...
Mellisa parou para respirar, e prosseguiu:
- Aquele homem, só havia usado sua arma com boas intenções, e o poder maligno não pôde resistir. Aliais, se me lembro bem, chega a ser irônico,mas, esse Arcanjo se me lembro bem... Era o pai do menino Zero, não? - ela comentou, vagamente. - Uma brincadeira, ou uma crueldade do destino?
- Isso é verdade, alteza?! - Lúcia perguntou, levemente agitada.
- Acredito que sim. Mas, prosseguindo, o jovem Arcanjo se tornou cavaleiro depois de sua vitória contra Kurona, separando-o do rapaz, e até hoje temos a espada em posse, para o caso de algo ruim acontecer. E parece, que algo finalmente aconteceu. - ela enxugou uma lágrima dos olhos. - Posso contar com vocês, para ajudar a separá-los?
Todos nos respondemos sem hesitação, inclusive Aghate, o que surpreendeu Melissa.
- É só um garoto. - respondeu dando ombros, quando questionada.
A princesa falou um pouco sobre o plano de combate, e logo, fomos cada um para a própria casa. Vi Unic dizer algo a Melissa com o canto do olho,mas, não dei muita atenção.
NO DIA SEGUINTE:
Assim que vi a sombra do castelo percebi que algo estava errado. Eu havia levantado cedo para fazer combinações de ataque com a princesa e os outros, e assim que tomei café, segui para o palácio. Os guardas estavam todos correndo para várias direções, parecendo realmente confusos e agitados, até me virem.
- Meu senhor, meu senhor, é terrível! - Um soldado mais experiente disse ao me ver. - A espada foi roubada! O ladrão foi para floresta do demônio! Seus companheiros já foram atrás do culpado, vá!
E com essas palavras de incentivo, segui para o local indicado. Após alguns minutos correndo sem uma direção exata, ouvi um grito feminino, e a dez metros a minha frente, vi Aghate caída, com Ukyo e Lúcia a seu lado. Suas penas vermelhas estavam sujas de sangue, e um corte de espada cobria a área abaixo de seu busto.
- Zidande! - Ukyo exclamou ao me ver. - É bom que esteja bem...
- Sim... - Lúcia concordou baixo, e notei que seus olhos estavam vermelhos.
- E aí, ladrão? - Aghate cumprimentou, fraca, do chão.
- O que houve? Pegaram o ladrão? - perguntei com agitação.
- Ah, sim, devia ter visto a surra que dei nele. - A Harpia ironizou. - E aliais, é ela.
Lúcia e Ukyo baixaram a cabeça.
- Ela? Como assim? - perguntei atordoado.
- Foi a tal da Unic que roubou, e entregou ao moleque, é claro. - respondeu, suspirando.
Tentei imaginar aqueles olhinhos, traindo a todos nós;