Tudo começara há muito tempo; Eu já havia me lembrado de cada parte de minha história. Era uma vez um pequeno vilarejo, sem muito dinheiro ou espaço, mas, apesar disso, era um bom lugar. Nesse lugarzinho, havia uma mulher bonita, gentil... Coffe. Por ser pobre, e conseguir ser sedutora e atraente, a moça acabou por chamar a atenção de um certo barão, que a cortejou. Encheu-a de presentes, elogios e mais várias outras boas coisas. Levou-a para viver com ele em sua mansão, onde foram felizes, até ela engravidar do primeiro filho. O povo já falava mal há algum tempo daquele barão casado com uma camponesa, e quando a notícia da gravidez se espalhou, os boatos se tornaram cada vez mais frequentes, até o homem não aguentar mais, e tirar a própria vida.
Que velório deprimente era aquele, do barão Cornélio. O bebê era menino, e sem ver muito o que fazer vivendo naquela casa enorme sozinha, a moça voltou a sua vila, ampliando a antiga casa onde vivia. A criança fora chamada de Elísio, e tinha a mesma beleza da mãe. Depois de algum tempo, Coffe acabou por superar a morte do antigo marido, e se apaixonou de novo, com um jovem camponês da vila, Lio. A felicidade encheu de novo o coração da mulher, que criava o filho sem maiores preocupações. Após alguns meses, a mulher começou a suspeitar de gravidez: Tinha enjoo, sentia mais fome... Mas, apesar de tudo, a ideia de ter mais uma criança a deixava feliz.
A tarde ia embora devagar, e Coffe voltava para casa, já um pouco tarde. Um demônio, vil criatura, a observava de longe. O nome de tal besta infernal? Não se sabe. Com a forma de um belo jovem, andou até a moça, e com um sorriso malicioso, fechou a palma da mão sobre a frágil da dama, e espalhou seus genes pelo bebê que se formava. Coffe gritava de dor, e caía de joelhos no chão, apertando a barriga. Lio, ouvindo o grito de sua mulher, corre para ajudá-la. Acontece, que o rapaz era um anjo disfarçado, vivendo um romance proibido... Logo, uma criatura do inferno não podia ver tanta felicidade e deixar como estava.
...
O momento do parto estava próximo. Pai e mãe eram os mais tensos, por não saberem que tipo de criança nasceria. O bebê veio, sem chorar. Quem deu parte a fraca foi a mãe: '' Que tipo de coisa é essa que não chora?"'. Pai e mãe lamentam amargamente. Era menina, e foi chamada de Rouse Coupé Ginéê, essa era eu. Uma criança que não sentia dor. Lio e Coffe tentavam, mas, só de olhar-me, já eram tomados pela tristeza e pela raiva. Para eles, Elísio era o bastante. Apesar de ser vangloriado pelas outras crianças do vilarejo, o rapazinho, aos quatro anos, não gostava muito mais da irmã do que as outras pessoas. Mostrava-se mais solidário quando ''aquela menina'' chorava pela negligência, mas, apenas nessas horas.
Não demorou muito para o casal não aguentar mais tentar ignorar a filha semi bastarda, e na primeira chance que tiveram, a venderam para estranhos, que a venderam para um daqueles mercados proibidos. Nos leilões, eles a machucavam e ela gritava, mas, não pela dor; Era o medo que a fazia berrar. Não chegou a ser comprada, porque acabou parando de gritar. Os sonhos pareciam o único lugar seguro para ela. Neles, podia fazer de tudo, e tinha uma amiga, de nome desconhecido. Logo, ela começou a conseguir trazer algumas coisas dos sonhos para fora deles: um doce, uma flor e um punhal. O tempo passava, e o público perdia o interesse nela, que não gritava. Os homens de roupas coloridas a moveram para uma caixa de madeira, com uma menina, muito semelhante a de seus sonhos, que dizia sonhar com ela. Seu nome era Cody. O quadrado de madeira fora movido para um caminhão, que viajou muito longe antes de largá-las a própria sorte. Cody não agradava o público por não queimar, afogar ou sufocar. Ela até sangrava, mas, também não fazia cara de dor, embora jurasse que a sentisse um pouco. Ela também gostava dos sonhos. Ao fim da conversa, choraram pela dor de velhos tempos, da negligência. Cody era filha de uma ex- prostituta, que a renegara.
O medo normalmente as cercava, mas, só poder sonhar, já ajuda a manter a saúde mental das duas. Já viviam com coisas materializadas do sonhar há quatro anos. Cresciam sozinhas, aprendendo com a natureza. Após mais seis anos, Ill veio. Mesmo os pais tendo se separado e desistido dele, era muito ligado aos dois, e a saúde dos dois era refletida na dele. Ele gostava dos sonhos, e depois de mais alguns anos, acredita-se que as figuras que o colocaram no mundo tenham morrido, pois sua saúde nunca mais foi a mesma.
O tempo passou mais e mais, até todos os três morrerem. Eles viriam ao mundo de novo, sem precisar de pais em certas vezes. Eram filhos dos sonhos. Seus primeiros nomes não são muito citados, mas, eles se lembram deles muito bem. Eu, Rouse Coupé Ginéê. Mihcaia, Cody. Angel, Ill.
Certo dia, sonhei com um rapaz de cabelos ora negros, ora prateados.