A grande aventura de Shanti

  • Finalizada
  • Aanonimaa
  • Capitulos 1
  • Gêneros Ação

Tempo estimado de leitura: 12 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Capítulo Único - A grande aventura de Shanti

    Heterossexualidade

    A GRANDE AVENTURA DE SHANTI

    Alguns minutos antes?

    O dia estava ensolarado e a casa agitada. Keytaro jogava videogame no quarto, de frente com o ventilador ligado na última velocidade, sem camisa e esparramado na cama. O Senhor Fugaku estava no trabalho, mas era possível imaginar o estado do homem que era obrigado a trabalhar de terno e gravata. Natsume Fugaku, nesse exato momento descia as escadas da casa vestindo um short curto branco e uma regata preta.

    ? Me chamou mãe? ? perguntou a moça indo até a cozinha onde a Senhora Fugaku se encontrava.

    E o ser continuou lá, sentado, observando o movimento agitado da casa. Estava lá fazia poucos meses, mas era tratado com todo amor e carinho; principalmente pela garota de cabelos negros e olhos azul-cobalto.

    ? Tome cuidado filha ? comentou a mulher da cozinha, a garota assentiu com a cabeça e passou na frente do animalzinho que seguiu-a até a porta, mas foi impedido quando o objeto fora fechado. Fitou a maçaneta que mexeu-se, a porta foi novamente aberta, Natsume colocou a cabeça para dentro da casa e chamou a mãe.

    ? É para comprar só o fermento? ? perguntou, sua mãe respondeu um "sim" rápido. A garota fechou a porta e saiu correndo indo comprar o ingrediente, mas nem viu um detalhe: o pequeno animalzinho havia ficado para fora.

    ?atualmente.

    E lá estava o animal de pêlos negros e olhos azul da cor do céu, céu esse que ele fitava distraidamente; nunca havia saído de dentro de casa, todos cuidavam para que isso não acontecesse. E, veja só a coincidência: lá estava ele, parado na porta da casa, só que do lado de fora.

    O gatinho levantou caminhando lentamente até o portão preto de ferro aberto e passou por ele parando na calçada. A rua estava vazia, naquela hora as pessoas estavam ou trabalhando, ou no parque, ou em alguma piscina. Afinal, estava um calor infernal, por que as pessoas ficariam na rua assando com o calor?

    Os olhos azuis ergueram-se para o céu e o animal tentou fitar o sol, mas seus raios e sua luz machucaram os frágeis olhinhos do filhote que piscou várias vezes para voltar a enxergar depois de desafiar a luz solar.

    O gatinho abaixou os olhos e fitou a calçada ao seu lado, para que lado sua dona havia ido? Direita ou Esquerda? Por fim decidiu ir para a esquerda.

    Observou o muro branco ao seu lado, não havia pixações, parecia ser recém-pintado; continuou andando e viu, acima do muro, flores azuis. Eram flores muito lindas presas em troncos, em um tom de marrom que fazia a árvore parecer nova, talvez realmente o fosse. O animalzinho parou diante da rua que se estendia à sua frente se perguntando se deveria atravessá-la ou virar para algum lado.

    Quando nascera fora entregue a uma pet-shop onde foi deixado de lado por ser preto; as pessoas costumavam dizer que se adotassem-no receberiam má sorte pelo resto da vida e até mesmo a veterinária evitava tocá-lo, o que deixava-o muito triste, afinal, nunca havia feito mal à ninguém para que fosse completamente ignorado.

    O filhote decidiu virar para a esquerda e viu, encostado na parede uma lixeira. Em cima dela encontrava-se um gato siamês: os pelos branquinhos, apenas o rabo, as patas, orelhas e parte do rosto eram cinza escuro, os olhos num tom de azul claro nublado. Curioso aproximou-se do animal que encarou-o longamente.

    ? ?O que faz na rua?? ? perguntou o gato siamês para o filhote que fitou-o; embora o pelo estivesse branquinho era possível notar que era judiado e rasteiro.

    ? ?Minha dona deixou a porta de casa aberta e eu sai? ? comentou meio arrependido, afinal, com certeza já estava perdido.

    ? ?Então é um gato doméstico!? ? comentou o outro pulando de cima da tampa da lata de lixo e rodando em volta do gato preto, analisando-o detalhadamente. ? ?Por que saiu de casa?? ? perguntou pulando de volta na tampa da lata e observando o mais novo sentar e encará-lo.

    ? ?Eu queria saber como é o mundo aqui fora? ? disse sinceramente, ambos os animais se encararam por longos minutos; o mais novo analisava o outro, aparentava ser velho e experiente.

    ? ?Quem dera eu tivesse uma casa para morar? ? comentou sincero o siamês, tristonho ?, ?meu filho, o mundo aqui fora é duro e difícil de se viver, deveria ter aproveitado sua vida de luxo, pois se não achar sua casa terá que batalhar todo dia para ter o que comer.?

    As palavras do mais velho afetaram profundamente o gato negro, jamais havia pensado que viver no mundo fora de sua casa era difícil. Sim, já havia desejado poder ser livre, continuar vendo sua dona, mas ser livre para ir e vir a hora que quisesse. Mas não era bem assim, antes não passava por sua cabeça que talvez se saísse não conseguiria voltar ou talvez pudesse ser morto no caminho.

    ? ?E o que eu faço?? ? perguntou exasperado levantando-se. ? ?Como posso achar minha casa?? ? os olhos novos e perfeitos brilhavam de esperança enquanto os velhos e já embaçados brilhavam de tristeza, o siamês sabia que talvez o outro não conseguisse voltar, como acontecera consigo mesmo. Ainda se lembrava dos cabelos da cor do sol e os olhos da cor de uma folha de árvore brilhando de carinho e amor de sua dona, enquanto abraçava-o proporcionando-lhe proteção, hoje arrependia-se por não ter ficado dentro de casa, quieto.

    ? ?Meu jovem rapaz, você terá que seguir seus instintos? ? comentou encarando profundamente os olhinhos azuis do outro; temia pelo filhote, mas acreditava que talvez o outro tivesse mais sorte que si mesmo, talvez seus instintos fossem mais aguçados que o seu.

    ? ?Obrigado por seus conselhos, até qualquer dia? ? comentou começando a andar, continuando seu caminho. O velho gato encarou as costas do mais novo, desejava-lhe toda a sorte do mundo.

    ? ?Se achar sua casa pequeno, até nunca mais? ? comentou pulando da lata e correndo para longe, entrando em um beco e indo atrás de um rato que por ali passara, era o único jeito de sobreviver.

    O filhote que deveria ter no máximo três meses continuou andando na calçada larga e cinza, sentia-se só, arrependia-se por ter desejado conhecer o mundo. Parou sentando no chão acinzentado e fitando a rua à sua frente, depois olhou para a direita e em seguida para a esquerda.

    A rua parecia-lhe enorme e o caminho longo, o pequeno animalzinho ergueu o focinho e levantou preparando-se para rumar para a direita, mas um homem, apressado, passou andando rapidamente e nem viu o filhote no chão, o que, acidentalmente, causou um atropelamento e um corpinho pequenino estendido na calçada quente devido ao sol.

    O gatinho ficou lá, deitado, desanimado; queria apenas voltar para casa, ser recebido com um abraço apertado por sua dona, ser amado e cuidado. Agora que havia conhecido o mundo, não queria mais sair de casa.

    O filhotinho levantou lentamente do chão quente e caminhou devagar pela calçada, os olhos baixos e o desânimo abatendo-o fizeram-no virar para esquerda quando à sua frente só havia rua.

    Não era aquilo que queria para si, queria deitar ao lado do irmão mais novo de sua dona, Keytaro, e dormir ouvindo o barulho do videogame e dos botões do controle sendo apertados com rapidez. Queria subir no ombro do pai de sua dona e lamber seu rosto algumas vezes áspero, recebendo depois um pacotinho com uma comida com gosto de peixe.

    Ver toda manhã a mãe de sua dona colocar água e comida para si com um sorriso gentil nos lábios. Dormir sobre a barriga do irmão mais velho de sua dona, por debaixo da coberta, nas noites em que ela dormia fora na casa de uma garota de cabelos cor de bronze.

    Cansado, o pequeno animalzinho deitou no chão quente com o focinho estirado pelo asfalto, o som baixo de um chiado podia ser ouvido, o barulho vinha do filhote que chorava de saudade da dona. A cena era de comover até o coração mais duro, até o mais gélido comovia-se diante da cena.

    Mesmo cansado, com fome e com calor o gatinho levantou meio zonzo e continuou andando pela calçada, se não se apressasse para chegar em casa acabaria anoitecendo e, no noticiário da manhã havia sido dito que a noite teria uma chuva de verão temporária.

    O filhote continuou a longa e árdua jornada com apenas um fio de esperança de achar sua casa. Seria difícil, mas não impossível, por isso ainda guardava uma última esperança em seu pequeno e humilde coração.

    Chegando de frente com outra rua virou rapidamente para a esquerda, estava completamente perdido em seus pensamentos. Sem parar de andar em momento algum continuou seguindo sempre em frente pela calçada.

    Parou repentinamente quando viu que havia uma outra rua em sua frente e de novo se perguntou para que lado era melhor; primeiramente pensou em ir para a direita, mas seus instintos insistiam em apontar para a esquerda.

    Deu de ombros indo para a esquerda mesmo, se fosse para não achar sua casa pelo menos havia seguido seus instintos. As pequenas patinhas já reclamavam de dor quando o filhote sentou na frente do portão de uma casa, já estava extremamente cansado. Fitou o portão negro da casa e depois a própria; era pintada de branco e passava um ar de aconchegante, grande e, sem dúvida, bonita.

    O pequeno animalzinho entrou pelos portões negros e caminhou pelo jardim parando sentado diante da porta branca.

    Natsume de longe viu a cabeleira ruiva de seu namorado parada diante do portão de sua casa, perguntou-se mentalmente o que ele estava fazendo ali se tinha trabalho na padaria que era dono. Deu de ombros correndo e pulando em cima do rapaz que se equilibrou para não cair para trás.

    ? O faz aqui Se-kun? ? perguntou manhosa tomando os lábios do namorado com os seus, incrível como ela tratava-o diferente quando estavam à sós; era o único momento que a estranha garota deixava seu lado frio e calculista de lado para tratar seu namorado com amor e carinho.

    ? Vim te procurar ? comentou segurando a cintura da moça e lhe dando um selinho rápido, logo colocou a namorada no chão.

    Natsume cruzou os braços e fez bico virando de costas para o Michaelis em sinal de protesto. O ruivo sorriu abraçando a namorada por trás e distribuindo beijinhos pelo pescoço alvo, mas foram interrompidos por uma voz masculina e muito conhecida por ambos.

    ? Ei, vocês estão no meio da rua! ? comento Yue divertido enquanto aproximava-se do casal de amigos, adorava brincar com a cara de seu melhor amigo Sebastian, por isso sempre chegava e atrapalhava os dois.

    ? Vocês não deveriam estar trabalhando? ? perguntou Natsume mais para sua amiga Ryuuna, namorada de Yue, do que para o moreno.

    ? Sebastian liberou-nos mais cedo ? comentou Ryuu de mãos dadas com o namorado; o ruivo ignorando os amigos recém-chegados apertou a cintura da namorada colando seus corpos e distribuiu beijinhos leves pelo ombro exposto.

    ? Aliás ? comentou o Michaelis parando de beijar o ombro da namorada ?, quem deixou a porta da sua casa aberta? ? perguntou encostando a cabeça no ombro dela.

    ? Porta? ? a garota de longos cabelos pretos demorou alguns segundos para raciocinar. ? Não, ela ficou o tempo inteiro fechada ? comentou virando o rosto de lado e encarando o namorado.

    ? E por que eu vi o Shanti saindo e indo embora? ? perguntou pensativo, Yue e Ryuuna encararam-se sem entender o que o casal dizia. Será que entenderá direito? Mas como? Ficara apenas cinco minutos fora de casa.

    ? O SHANTI O QUE? ? Natsume gritou desesperada desvencilhando-se do namorado e preparando-se para correr pelas ruas a procura do filhote, mas Sebastian foi mais rápido, agarrou o pulso da garota e puxou-a para si fazendo seu rosto esconder-se em seu peitoral. A garota tremia de medo, não podia e não queria perder o animalzinho que tanto aprendeu a amar. Sebastian pegou o pacote de fermento das mãos da namorada e abraçou-a protetoramente sobre os olhares atentos de Yue e Ryuuna. Sabiam que o casal se amava verdadeiramente. ? Sebastian, por favor ? implorou a Fugaku ?, eu tenho que procurar o Shanti! ? choramingou apertando a camiseta preta do rapaz de modo a transpassar seu nervosismo.

    ? Não precisa ? comentou sorrindo, a garota encarou-o indignado, como assim não precisa? ?, eu o segui e? ? parou de falar deixando um ar de curiosidade entre a namorada e os dois amigos.

    ? E o que Sebastian? ? perguntou a Fugaku curiosa, o ruivo riu e roubou um selinho da namorada.

    ? Ele deu uma volta no quarteirão e voltou para casa ? uma gota enorme apareceu na cabeça de Natsume, o mesmo aconteceu com Yue e Ryuuna, ele havia dado uma volta no quarteirão?

    Quando Natsume iria protestar algo pulou no ombro de seu namorado, encarou o algo e viu o gatinho de pelos macios e negros miar pulando em sua cabeça como sempre fazia; lágrimas de felicidade escaparam dos olhos azul-cobalto.

    Um estrondo alto pôde ser ouvido, os quatro olharam para o lado e viram a Senhora Fugaku correndo na direção da rua e procurando algo no chão.

    ? Natsume, Shanti sumiu! ? exclamou a mulher desesperada, mas parou ao ver a bolinha preta na cabeça da filha. ? Óh menino, que susto que você me deu! Venha, vou colocar um pouco de leite para você ? exclamou pegando o animalzinho da cabeça da filha com uma mão e com a outra pegou o pacote de fermento da mão do genro.

    Céus! Deus sabia como a mulher havia ficado quando não achou o pequeno Shanti em canto nenhum da casa; conseguiu imaginar sua filha chorando e até mesmo entrando em depressão por causa do gato.

    Os quatro jovens se entreolharam e riram, logo entrando dentro da casa e fechando a porta para que o pequeno Shanti não saísse novamente.

    Do outro lado da rua, na calçada, o velho gato siamês observava a cena contente; era bom saber que o pequeno filhote havia achado sua casa.

    ? ?Que bom que achou seu lar, jovem rapaz? ? exclamou o siamês olhando para o céu, mas uma cabeleira loira invadiu sua visão; duas mãos gentis envolveram seu corpo magro e ele foi levantado no ar.

    ? SIMBA! ? exclamou a jovem feliz, finalmente havia achado seu amado gato siamês, o animal ronronou lambendo o rosto de sua dona, reconhecendo-a. A garota abraçou-o e saiu andando na direção de sua casa, saltitante.


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