Cinco Momentos

  • Finalizada
  • Chiisanahana
  • Capitulos 21
  • Gêneros Romance e Novela

Tempo estimado de leitura: 2 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 7

    Capítulo VI

    Homossexualidade

    Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes

    Setsuna pertence a Nina Neviani.

    CINCO MOMENTOS

    (QUE DEFINEM UM RELACIONAMENTO)

    Chiisana Hana

    PARTE 2

    O BEIJO

    Venha embora comigo e nos beijaremos

    No alto de uma montanha.

    Venha embora comigo,

    E eu nunca vou deixar de amá-lo.(1)

    Capítulo VI

    Shun esperava que os amigos rissem dos seus passinhos de dança na chuva, mas todos olhavam-no embevecidos com a história, incapazes de tecer comentários. Sabiam que tinha acontecido algo no dia do quase casamento, afinal os dois sumiram, entretanto não tinham conhecimento dos detalhes.

    ? Eu quis matar esse moleque ? Hyoga desabafou, quebrando o silêncio.

    ? Quis nada! ? Shun rebateu. ? O soco nem doeu tanto assim. Foi só um soquinho para fingir que ficou bravinho!

    ? Eu fiquei sem saber o que fazer, poxa! Nunca tinha beijado um homem.

    ? Eu também não!

    ? Mas você já tinha certeza do que sentia e eu não. Até aquele dia você era só o meu melhor amigo. Fiquei sem entender por que correspondi ao beijo...

    ? A June ficou insana quando você não apareceu ? Seiya disse. ? Achei que ela ia matar alguém ali mesmo na frente do padre.

    ? E com razão, né? ? Shun admitiu, constrangido. ? Entendo toda a revolta dela. Fui muito cruel. Eu sei que devia ter me decidido e acabado o relacionamento antes, mas seria pior se eu tivesse me casado sabendo que amava o Hyoga.

    ? Com certeza ? assentiu o russo. ? Enganá-la seria péssimo.

    ? Péssimo foi o processo que ela meteu em você ? Ikki disse, rindo. ? Arrancou apartamento, carro, grana, tudo.

    ? É. Fui obrigado a pagar todas as despesas que ela teve, inclusive a viagem à França, o vestido caríssimo e mais algumas coisas, fora a indenização, mas não tem importância. Estou feliz e em paz com a minha consciência, isso é o que conta.

    ? Sim, sim, isso não tem preço ? concordou Shiryu.

    ? E ela ainda ficou te chamando de bichona por todos os lugares. Mas eu dei um jeito nisso.

    ? Ah, é? ? Shun indagou, surpreso.

    ? Claro. Você é meu irmão, pô! Eu não contei isso antes, mas quando soube que você estava com o Hyoga, ela foi lá na academia. Já chegou xingando, falando que você era um viado filho da puta.

    ? Ikki... ? Minu começou a censurar o marido, imaginando o que ele diria a seguir.

    ? Aí eu mandei ela se...

    ? Ikki! ? ela exclamou.

    ? O que é que tem? Somos todos adultos!

    ? É, mas estamos num restaurante, meu querido!

    ? Tá, tá... Bom, vou moderar as palavras. Mandei ela se ferrar e disse que não é da conta dos outros pra quem o Shun dá o...

    ? Ikki! ? todos gritaram juntos.

    ? Bom, vocês entenderam.

    ? Pois é ? Shun concordou, corando com as palavras de Ikki. ? Em outras palavras, é isso, não é da conta de ninguém.

    ? Além do mais ? continuou Hyoga ?, acabou sendo bom pra ela também. Podia estar casada com um pianista infeliz, mas acabou se casando com aquele milionário grego, amiguinho da Saori.

    ? O Julian! ? Saori disse. ? E isso graças a mim, que convenci a June a ir para a viagem de lua-de-mel mesmo sem marido. Já que estava pago, então que aproveitasse!

    ? Isso tudo muito foi muito interessante, mas o primeiro beijo também pode ser lindo ? Shunrei disse, retomando o assunto original.

    ? Ih, lá vem história melosa! ? Ikki disparou, provocando risadinhas.

    ? O nosso foi na festa de formatura do colégio... ? Shunrei começou, ignorando o comentário de Ikki.

    Dez anos atrás...

    ? Tudo bem ? Shunrei disse a si mesma, ao entrar no metrô. ? É só uma festa idiota.

    Usava um vestido rosa-bebê, cujo saiote tinha várias camadas de tule fininho, salpicado de perolinhas, único traje de festa que possuía. O sapatinho branco fora comprado para sua missa de aniversário de quinze anos, estava um tanto apertado e machucava o dedo mindinho, mas ela não tinha outro calçado adequado. Antes de sair, arrumou o cabelo num coque, arrematando-o com umas fitinhas cor-de-rosa, passou um brilho nos lábios e borrifou um pouco de colônia.

    Desceu na estação mais próxima ao colégio e foi andando até lá. Entrou no ginásio timidamente, meio constrangida ao ver os colegas chegando com suas respectivas famílias, enquanto ela chegava sozinha.

    ? Só espero ver Shiryu ? disse baixinho, enquanto procurava por ele. Resolvera ir à festa por causa dele já que talvez aquela fosse a última vez que se vissem. Prestariam vestibular em faculdades diferentes, para cursos diferentes e, embora ela quisesse acreditar que não, era bem possível que um nunca mais cruzasse o caminho do outro.

    Sentou-se sozinha num canto e de vez em quando olhava ao redor, procurando por Shiryu, mas nem sinal dele.

    ? Ele me garantiu que vinha ? murmurou, esforçando-se para ser otimista. Depois do trabalho de literatura, vinham se falando todos os dias e saindo juntos muitas vezes, mas ela nunca tivera coragem de falar sobre o que sentia por ele.

    Mais tarde, Shiryu chegou ao local da festa de táxi, acompanhado pelos pais. Estava elegante com o terno escuro e os cabelos amarrados. Os três escolheram lugares e acomodaram-se, enquanto ele procurava Shunrei com o olhar. Encontrou-a sozinha num canto distante e foi até ela.

    ? Olá ? cumprimentou-a com um abraço discreto. ? Não quer sentar-se conosco?

    ? Claro ? ela aceitou, feliz por poder ficar mais algum tempo perto dele, e o acompanhou até onde os pais dele estavam. Shiryu apresentou a colega aos pais.

    ? Mãe, pai, essa é a Shunrei.

    Ela deu um sorriso tímido.

    ? Muito prazer, senhorita ? o senhor Hirotaka(2) Suiyama cumprimentou a moça polidamente.

    ? Ah, mas é a moça de quem você tanto fala? ? a senhora Mitsuko Suiyama disse, abraçando Shunrei com muito entusiasmo. ? Deixe-me vê-la direito! Que bonitinha! Parece uma bonequinha de louça! Uma graça! Uma graça! Você tem bom gosto, meu filho!

    ? Mãe, por favor... ? ele disse, tremendamente envergonhado, mas conhecendo a mãe como conhecia, sabia muito bem que ela faria isso.

    ? Querida, vem cá, senta aqui ? Mitsuko disse, fazendo Shunrei sentar-se a seu lado. Shiryu sentou ao lado da moça. ? Ele fala de você o tempo todo, o tempo todo! Ele até liga pra mim pra falar de você! Shunrei isso, Shunrei aquilo, porque a Shunrei, quando a Shunrei, enquanto a Shunrei, se a Shunrei... de cada dez palavras, uma é o seu nome!

    ? Mãe, está me deixando sem graça... ? Shiryu protestou, corando.

    ? Estou falando alguma mentira? Estou? Estou? Não. Você fala mesmo!

    ? Deixa o menino, Mitsuko ? o pai pediu, mas ele e Shiryu sabiam muito bem que não adiantava. Mitsuko era impossível!

    ? Então, querida, o que pretende fazer agora que terminou o colégio? ? ela perguntou a Shunrei, arrumando uma mecha de cabelo que se desprendera do coque da menina.

    ? Ehr... eu quero ser professora. Vou tentar a faculdade de Pedagogia.

    ? Ah! Vai ser professora! Que bom! É uma profissão muito digna! Muito digna! Meu bebê quer ser médico, você deve saber disso. Eu tenho muito orgulho dele!

    ? Sim... eu sei.

    ? Ele vai ser um médico muito competente. E como é bonito, o consultório dele vai encher de moças!

    Shiryu ruborizou e deu graças a Deus quando a cerimônia começou.

    ? Mãe, já está começando ? Shiryu disse. ? Depois vocês conversam, sim?

    Dona Mitsuko sorriu para o filho e ficou quietinha durante boa parte da longa e enfadonha cerimônia. Depois, na hora da festa, ela voltou a conversar com Shunrei como se fossem velhas conhecidas, mas quando a música começou a tocar, Shiryu encheu-se de coragem e convidou Shunrei para dançar. Os dois caminharam para a pista de dança de mãos dadas, sob os olhares atentos dos pais de Shiryu.

    ? Não é lindo, meu velho? ? Mitsuko perguntou ao marido, enquanto observava o filho dançando. ? É o primeiro amor da vida dele!

    O pai sorriu assentindo e completou:

    ? Eu gostei da mocinha.

    ? Eu também! É uma boa moça! Boa moça! Formam um belo casal. Ele é um bom menino, estudioso, esforçado, nunca deu trabalho, mas não tem muito traquejo social. Já estava me perguntando quando ele finalmente arrumaria uma namorada.

    ? Tudo tem a sua hora, eu sempre digo isso.

    ? É, estou vendo. Estou vendo.

    Na pista de dança, Shiryu e Shunrei tinham começado meio desajeitados, tensos, depois, acabaram relaxando um pouco e quando começou a tocar uma balada romântica, abraçaram-se. Rodopiavam pelo salão quase flutuando. Ela já nem sentia os dedos serem esmagados pelo sapato apertado. Ele sentia uma vontade imensa de beijar Shunrei e já não se importava com o que os comentários que a mãe certamente faria depois.

    Quando a música parou, ficaram se olhando alguns segundos, até que, quando perceberam, seus lábios já haviam se tocado. Abriram-nos levemente, encaixando-os e deixando que se tocassem com mais intensidade, e que as línguas naturalmente se procurassem. Quando se separaram, Shunrei sentiu que o chão lhe faltava e Shiryu abraçou mais forte, aconchegando-a em seu peito.

    Nas mesas, o senhor Hirotaka deu um discreto sorrisinho satisfeito, enquanto dona Mitsuko bateu palminhas nervosas de felicidade por presenciar esse momento tão importante na vida do filho.

    ? Esse é o meu garoto! ? ela disse. ? Meu garoto!

    Continua...


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