As almas gemias

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    Capítulos:

    Capítulo 1

    Almas gémias - Unico Capitulo

    Há muito tempo atras, num reino distante, existia um rei que possuia uma filha. Seu nome era Psique. Sua beleza era tão grande que enfeiticava todos os homens que a vissem. Isto que no comeco orgulhava o poderoso rei, com o tempo se tornava um martirio. Nenhum homem que surgia conseguia ama-la pela sua perfeicao. Reis, guerreiros, principes, todos nao se achavam dignos de tanta beleza.

    Assim a cada dia que se passava, Psique se tornava mais triste e soh. O que seus pais acreditavam ser uma dadiva dos deuses, agora se tornava um castigo para a bela moca. O rei, sem nunca desisitir da felicidade de sua filha, consultou mestres, magos, viajantes, mas nunca conseguiu algo que trouxesse um fim para infelicidade de sua filha.

    Numa noite, Psique teve um sonho. Ouviu seu nome sendo entoado por uma bela voz que vinha de um mundo distante, se viu voando pelos ceus, sendo protegida e amada por alguem muito especial. Psique logo ao acordar, contou aos seus pais sua feliz visao. Agora ela acreditava que seu destino jamais seria a solidao e acreditava que um dia encontraria aquela paz e felicidade tao sonhada.

    Psique passou a sorrir quando ouvia a voz de seu coracao e um belo dia sentada num campo de flores, se viu sendo erguida e levada aos ceus por um fio dourado.

    Psique voou por mundos distantes, por ceus, por mares, ateh chegar num castelo muito rico e belo. Lah Psique foi atendida por inumeros criados que jah a conheciam e a tratavam como se jah a esperassem há muito tempo.

    Psique perguntou de quem seria tao bela casa e para sua surpresa, os criados responderam que aquela era sua casa e que logo que o sol se fosse, conheceria Eros, seu marido. Marido? Psique sorriu, mas aguardou o encontro jah que seu coracao a tranquilizava e dizia que aquilo era a coisa certa.

    Ao anoitecer Psique fora levada para um dos mais belos quartos do grandioso castelo. Estranhamente o quarto não possuia nenhum luz ou janela. A medida que a noite cobria aquele belo lugar, o quarto de Psique se mergulhava na mais completa escuridao.

    De repente, Psique sentiu a presenca de Eros, e se virou para conhece-lo. Mesmo sem se verem , em meio a escuridao, os dois sentiram a mesma sensacao, sentiram o Amor fluindo dentro de seus corpos, sentiram um ao outro, se tocaram e se amaram pela primeira vez, sem ao menos poder se conhecer.

    No dia seguinte Psique acorda soh e assustada. Teria sido um sonho? Não, ainda podia sentir o calor das maos de Eros. Psique correu pelo castelo chamando Eros. Entrou em salas, saloes, quartos, perguntou aos criados, mas todos se emudeciam quando ouvia o nome de Eros. Desesperou-se frente a situacao. O que estava acontecendo? Chorou, amaldicoou aquele lugar e adormeceu...

    Ao anoitecer seus criados a levaram novamente para seu quarto e a deixaram soh, como haviam sido instruidos há muito tempo atras, antes mesmo de Psique ter chegado a aquela casa. Segundos apos o ultimo raio de luz deixar aquele quarto, Eros retornou e tocou o rosto de Psique. Psique despertou e se imaginou sonhando. Sim, ela sorria, Eros não havia a abandonado. Eros jamais a abandonaria. Mas ele com uma dor tao profunda em sua voz, contou a Psique que eles eram fruto de uma maldicao muito antiga.

    Uma maldicao que dizia que um dia nasceriam duas pessoas perfeitas, perfeitas em seus atos, em suas palavras, perfeitas em corpo e espirito. Um seria o complemento do outro. Um sorriria nos momentos tristes do outro, ou dividiriam as lagrimas. Um sentiria a presenca do outro. Se amariam inconscientemente. Se ajudariam tao longe estivessem. A perfeicao seria tanta que jamais haveria uma uniao que os satisfizesse, a não ser a deles mesmo. A uniao soh aconteceria com uma condicao: eles jamais poderiam se ver. Assim nasceu Eros e Psique.

    Muito anos se passaram, depois daquela triste noite de revelacao. Mas foram anos maravilhosos, recheados de felicidade, de cumplicidade. Tao perfeitos, Psique completava Eros e eles esqueceram aquela triste destino que alguem, algum dia havia lhes reservado. Apesar de jamais se encontrarem durante o dia e jamais poderem se ver, a felicidade plena reinava sobre a vida de Eros e Psique. Um belo dia Psique resolver retornar a casa de seus pais, em meio a tanta felicidade, não havia lembrado o quanto eles poderiam estar preocupados com seu estranho desaparecimento há anos atras. Psique se despediu de Eros, prometendo retornar dentro de alguns dias.

    Psique voou novamente pelas asas do vento e voltou ao seu antigo mundo, agora parecendo tao estranho e triste por não ser o mesmo mundo onde pode conhecer Eros.

    Estranhamente, ela percebera que em seu mundo não haviam passado tanto tempo. So faziam minutos que ela havia saido daquele lugar. Correu para seus pais e contou tudo que havia ocorrido. Sobre Eros, sobre o castelo maravilhoso e sobre sua felicidade tao almejada e agora conquistada. Mas jamais contaria sobre a maldicao.

    Seus pais bastante felizes queriam conhecer Eros, faziam-lhe perguntas que Psique jamais saberia responder. Como era seu marido, de onde vinha, quando viria visita-los. Psique conseguiu inventar respostas, conseguiu se esquivar, apesar de se sentir traida por não poder confiar aos seus pais seu triste destino.

    Triste destino? Psique se esquecera completamente como ao lado de Eros, jamais sentira tristeza alguma.

    Talvez a volta ao seu antigo mundo, fizera Psique mudar alguns pensamentos. Agora acreditava que precisava conhecer Eros de qualquer maneira. E se ele fosse tao horrivel, como os piores seres do inferno? E se ele fosse um monstro?

    Psique se encheu de Amor e pensou... se Eros fosse uma criatura tao horrenda quando o pior ser que existisse na face da Terra, Psique ainda assim o amaria. Sim, Psique acreditava que a escuridao que reinava no relacionamente de Psique e Eros era por esta razao. Eros deveria ser uma criatura orrenda. Mas ela, protegida pelo amor verdadeiro e forte que sentia por Eros, amaria sua feiura e assim a maldicao da escuridao acabaria sobre Eros e Psique.

    Em sua volta ao mundo de Eros, Psique imaginava como poderia conhecer finalmente o rosto de seu amado esposo. Psique levaria um lampiao ao quarto, o esconderia e quando Eros adormecesse, iluminaria seu rosto e amaria qualquer imagem que visse.

    Assim Psique retornou, encontrou com Eros ao anoitecer, contou sobre seu encontro com seus pais e aguardou seu sono.

    Silenciosamente, ao sentir a respiracao de Eros, Psique pegou o lampiao, acendeu e se aproximou da cama.

    Aos poucos Psique comecou a ver Eros, o homem que Psique sabia que amaria eternamente, independente do que o futuro os reservasse.

    Psique chorou....

    Eros era perfeito .

    Eros era a propria imagem de Psique....

    Com o solucar de Psique, Eros acorda e se assusta. O lampiao que ela segurava cai e uma gota do oleo quente marca dolorosamente o braco dos amantes. Eros sem conseguir dizer nada, olha Psique e os dois se abracam....... Agora eles sabiam o que significava serem um do outro, Eros era o complemento de Psique e os dois juntos, unidos, criavam a perfeira uniao de suas almas.....

    Um estrondo ensurdecer invade o quarto, o castelo e todo o reino de Eros e Psique. Os ventos comecam a soprar, a terra a tremer, as estrelas somem, e um terrivel acontecimento comecaria naquele momento. Psique e Eros não respeitaram a maldicao, e agora pagariam pelo seu erro....

    Dos ceus, Zeus, o Deus de todos os deuses, aparece:

    -Como ousas, mesmo tendo toda a felicidade que os permiti, não obedecer as minhas ordens? Como podes enfrentar meu poder?

    Psique e Eros temendo a ira de Zeus, se ajoelham e pedem perdao. Prometeriam que voltariam a viver na escuridao,e jamais tornariam a se ver de novo... Zeus ri... ri estrondosamente... porque acharia que seu castigo seria tao ameno assim?

    Zeus amaldicoa Psique e Eros novamente e sem piedade... A partir deste dia Psique e Eros se tornariam cegos...

    Não cegaria seus olhos ... cegaria suas almas... A partir daquele dia, daquele momento, Psique e Eros jamais poderiam enxergar suas verdadeiras belezas, sua perfeicões.. Eles vagariam por diversos mundos... diversas vidas... viveriam se procurando... numa busca sofrida... Suas almas ficariam escondidas dentro de corpos fisicos, ora bonitos, ora feios, ora cansados, ora velhos... Psique e Eros teriam que se encontrar, se reconhecer e provar que se arrependiam de terem tido a necessidade de ver seus rostos fisicos, alem da verdadeira face de suas almas...

    Escondidos dentro de uma casca mortal, criada por Zeus e colocadas em volta de suas almas imortais e perfeitas, eles teriam que reaprender a usar novamente os olhos de suas almas, pois agora soh teriam os olhos do seu corpo. Olhos do corpo, olhos fisicos que soh enxergam a casca fisica que esconde a verdadeira beleza de suas almas...

    Um pouco distante dali... uma Deusa tambem presenciava aquela cena e compartilhava da dor que agora Psique e Eros carregariam.... Era Venus... esta , sem a forca que Zeus possuia... ainda conseguiu ajudar Eros e Psique...

    Venus colocou junto com a maldicao de Zeus uma bela magia:

    Aquela queimadura que o Eros e Psique tinham em seus bracos como marcas de seu primeiro encontro fisico... a cada vida seria uma pista para que Eros e Psique se reconhecessem... A cada vida... cada um traria um sinal que quando visto pelos olhos fisicos de cada um deles... despertaria os olhos de sua alma....

    Assim... algum dia... em algum lugar... Eros reconheceria Psique ... na maneira dela falar... na maneira de sorrir... na maneira de acordar de manha... de contar uma historia engracada... de odiar arrumar seus cabelos... naquele jeito estranho e maravilhoso de te abracar durante a noite... naquela mania especial de faze-lo sorrir, quando o mundo te força a chorar...

    Assim... algum dia... em algum lugar.... Eros, guardiao do Amor, e Psique, guardiã da alma... se unirão de novo... quebrarão suas cascas amaldicoadas... e provarão para Zeus que o seu Amor conseguiu unir novamente, o que jamais deveria ter sido separado... suas almas gêmeas...


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